quinta-feira, 30 de abril de 2009

Com corte de juros, caderneta amplia vantagem sobre fundos de renda fixa

Felipe Frisch
DEU EM O GLOBO

Poupança rende mais que aplicações com taxa de administração acima de 1,5%

A redução da taxa básica de juros, Selic, ontem, de 11,25% para 10,25% ao ano, pelo Banco Central (BC), deve tornar a caderneta de poupança ainda mais atraente para os investidores.

Isso porque a aplicação passará a ser ainda mais vantajosa em relação aos fundos de renda fixa, que compram títulos públicos atrelados à Selic. Em contrapartida, deve ficar mais difícil a vida do pequeno investidor que aplica nos fundos. Para esse público, as taxas de administração passam de 4% ao ano e corroem boa parte da rentabilidade.

Segundo cálculos do matemático José Dutra Sobrinho, o rendimento da poupança — garantida até R$ 60 mil por CPF e sobre a qual não incide Imposto de Renda (IR) — deve ficar em torno de 0,58% ao mês. A rentabilidade é superior à média de ganho estimada para os fundos com taxa de administração de 1,5% ao ano ou superior. Ou seja, para ganhar da poupança, agora será preciso investir em fundos com taxa de administração igual a 1% ao ano, ou menor.

Para o cálculo, o matemático considerou um IR de 20% sobre a rentabilidade dos fundos de renda fixa, mas a alíquota pode chegar a 22,5% para quem ficar na aplicação menos de seis meses.

O rendimento da poupança leva em conta a rentabilidade média de uma carteira de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) emitidos por vários bancos, descontada de um redutor, a Taxa Básica Financeira (TBF), dependendo da Selic vigente.

Crédito será beneficiado por ganho menor de tesouraria O problema é que os fundos com taxas de administração menores só estão disponíveis para investidores com muitos recursos.

Levantamento do GLOBO constatou que a aplicação mínima média dos fundos que cobram de 0% a 0,50% ao ano é de R$ 800 mil, resultando num universo de 99 fundos. Já nos fundos que taxam entre 0,51% e 1%, a aplicação mínima média é de R$ 85 mil, totalizando 53 fundos, de acordo com dados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid).

Já no comércio, a queda da Selic “terá um efeito muito pequeno”, segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Os juros para pessoas físicas devem cair cerca de 0,07 ponto percentual das taxas mensais. No comércio, as taxas devem cair de uma média de 6,18% para 6,11% ao mês. No cartão de crédito, as taxas devem cair para 10,61% ao mês, e, no cheque especial, para 7,68% mensais.

Mas, segundo a Anefac, o efeito no crédito será indireto, já que a Selic mais baixa desestimula as aplicações de tesouraria (em títulos públicos) dos bancos, o que deve fazê-los emprestarem mais.

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