quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lula pede à África que condene golpe

Marcelo Ninio
Enviado especial a Sirte (Líbia)
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O presidente Lula fez ontem na cidade líbia de Sirte um apelo aos membros da União Africana para que incluam na declaração final de sua reunião de cúpula um "repúdio" ao golpe de Estado que derrubou o presidente de Honduras, Manuel Zelaya.

O apelo foi feito a poucos metros do anfitrião do encontro, o líbio Muammar Gadaffi, que chegou ao poder por meio de um golpe militar há quase 40 anos, e de vários outros ditadores do continente africano.

Lula usou seu discurso, na abertura da cúpula, para pedir aos países africanos que apoiem a exigência da OEA (Organização dos Estados Americanos) de que Zelaya seja reconduzido à Presidência. Ao tratar do tema, foi aplaudido pelos africanos.

Pouco após o discurso de Lula, o chanceler Celso Amorim comentou a decisão da OEA de dar um prazo de 72 horas para que o novo governo hondurenho permita a volta de Zelaya ao poder, sob o risco de o país ser suspenso da organização.

"Essa é uma resposta adequada no momento", disse o ministro, que na véspera defendera "medidas enérgicas" para devolver o poder a Zelaya. "Depois vou conversar melhor com o presidente [Lula] e ler a resolução, mas esse é um primeiro passo importante", afirmou.

Lula mostrou otimismo de que os líderes africanos atenderão a seu pedido. Segundo ele, há uma "unanimidade" mundial contra a deposição de Zelaya.

O apelo à UA foi mais uma das iniciativas brasileiras para condenar o golpe em Honduras. Antes, o país já decidira não reenviar a Tegucigalpa o embaixador, que estava fora do posto, em férias.

O Brasil suspendeu ainda programas de cooperação com Honduras, principalmente nas áreas de energia e de saúde. O BNDES suspendeu a análise dos três projetos em tramitação em Honduras, incluindo os de duas hidrelétricas.

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