sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lula relativiza crimes para reforçar a defesa de Sarney

DEU EM O GLOBO

"Uma coisa é matar, outra é roubar, outra é pedir um emprego, outra é relação de influências e outra é lobby’

Depois de afirmar que o senador José Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum e pedir a procuradores cuidado com a biografia dos investigados, o presidente Lula reforçou ontem a defesa do presidente do Senado, minimizando as acusações que pesam contra o aliado.
Alegando que nem todo julgamento é de pena de morte, Lula disse que, antes de punir, é preciso saber o tamanho do crime. "Uma coisa é você matar, outra coisa é roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra coisa é relação de influências, outra coisa é o lobby”, declarou Lula, defendendo que o Senado tem condições de investigar Sarney sem que ele deixe o cargo. Com as gravações que provam sua ligação com atos secretos, o senador começa a perder apoio. Até então sua ferrenha defensora, Ideli Salvatti (SC), líder do governo no Congresso, já admite que a situação se agravou e pode levar o PT a rever sua posição.

"Uma coisa é matar, outra coisa é o lobby"

Para defender Sarney, Lula agora relativiza crimes e diz que nem todos são "de pena de morte"

Segundo o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), um dos titulares do Conselho de Ética, o partido está juntando munição para blindar Sarney. Ele admitiu ter feito um levantamento de todos os atos aprovados pelas Mesas Diretoras da Casa nos últimos dez anos, e ameaça divulgar essas informações toda vez que algum colega decidir atacar o presidente do Senado.

— Quase tudo nesta Casa é decisão de colegiado. Quando o presidente Sarney foi eleito, os partidos que não o apoiaram invocaram o critério da proporcionalidade para o preenchimento dos demais cargos da Mesa. Não dá, agora, para ninguém se esquivar dessa responsabilidade proporcional.

O aumento do tom das ameaças começa a incomodar um número cada vez maior de parlamentares.

— Se o senador Wellington Salgado sabe de alguma coisa errada, tem obrigação de dizer. Não dá é para ele ficar fazendo acusações genéricas — reagiu o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

— Podem entrar com 50 representações no Conselho de Ética, mas a primeira que tem de ser analisada é a do Sarney — emendou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

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