quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Aliado de Lula, Dornelles pede mais tempo para debate

Cristiane Agostine, de Brasília
DEU NO VALOR ECONÔMICO

Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ) contestou, de forma contundente, a maneira como o governo encaminhou a discussão do pré-sal e pediu mais tempo para o debate: "Não colocar tempo para a discussão não significa que os projetos não serão votados em um prazo curto. O que não pode é determinar o tempo para o debate".

O parlamentar argumentou que apesar de o governo federal discutir o projeto há quase dois anos, desde a descoberta dos poços na camada do pré-sal, o Congresso não teve acesso ao conteúdo dos projetos.

A líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), discordou: "Não dá para alegar desconhecimento. Houve debate durante esses dois anos, com audiências públicas no Congresso." "O que foi divulgado agora é o detalhamento das leis, mas a discussão é antiga", comentou. " Essa crítica sobre a urgência é coisa da oposição. Se não estivessem reclamando sobre isso, estariam criticando uma vírgula do segundo parágrafo", ironizou e líder do governo.

Outro ponto de divergência na base governista é o modelo de partilha. Na análise de Dornelles, a mudança "só se justifica por um viés ideológico". "O governo poderia estabelecer todas as regras à exploração do petróleo do pré-sal com o sistema de concessão. A partilha é para o Estado ter participação maior", disse. Dornelles, entretanto, elogiou o adiamento da discussão sobre a distribuição de royalties e participação especial. "Será que temos que discutir sobre a distribuição dos recursos de um petróleo que só vai jorrar em 2018? O melhor caminho, agora, é discutir como obter investimentos para a exploração", afirmou.

Senadores aliados já negociam a relatoria. "Já coloquei minha candidatura a relatora", disse ontem Ideli Salvatti, que reivindica o comando do debate sobre o marco regulatório, que trata do sistema de partilha.

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