quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Serra diz que é "amigo dos pobres" e faz críticas a Lula

Catia Seabra
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Governador anuncia redução de juros e afirma que medida é "de mãe para filho" Fala vem no mesmo dia em que governo Lula mantém inalterada a taxa Selic; tucano afirma que não joga "bilhete premiado no vaso"

Potencial candidato à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), declarou-se ontem "amigo dos pobres" ao anunciar medida que classificou como de "mãe para filho": a redução de 1% para 0,7% da taxa mensal de juro aplicada em empréstimo para a população de baixa renda.

Em evento em tom de campanha, Serra anunciou a redução da taxa praticada pelo Banco do Povo Paulista para 7,68% anuais e reiterou suas críticas ao governo Lula."Num país civilizado, que tem uma política econômica sensata, esse é até um juro alto. Mas, no Brasil, é um juro de mãe para filho", afirmou.

A medida foi anunciada no mesmo dia em que, interrompendo trajetória de queda, o Banco Central manteve em 8,75% a taxa Selic.

Atribuindo ao ex-ministro da Saúde Adib Jatene a constatação "perfeita" de que "o problema de pobre não é ser pobre, mas só ter amigos pobres", Serra afirmou que aquele era um gesto de amizade. "Não vou dizer que o governo do Estado é rico, porque não há dinheiro sobrando, mas somos amigos dos pobres. Esse crédito do povo é uma forma de amizade".

Ao discursar, o secretário de Fazenda, Mauro Ricardo Costa, disse que a redução fora decidida na segunda-feira. Segundo ele, o governo prova que é possível reduzir juros no país. A baixa incidência de inadimplência, de 1,29%, justificaria a flexibilização do crédito, que incluiu dispensa de avalista no segundo empréstimo.

O Banco do Povo beneficia o eleitorado de baixa renda, oferecendo empréstimos que variam de R$ 200 a R$ 7.500.

No discurso, Serra disse que, contrariando um costume nacional, seu governo não desperdiça oportunidades: "Tanto quanto sorte, é importante a capacidade para aproveitar oportunidades, coisa que não é comum no nosso país. A gente tem, inclusive, um complexo de muitas vezes ganhar bilhete da loteria, jogar no vaso sanitário e puxar a descarga, em matéria de perda de oportunidade".

Embora tenha participado da cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a descoberta do pré-sal de bilhete premiado, Serra negou que se referisse às reservas recém-descobertas no país.

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