domingo, 4 de outubro de 2009

Alianças trincam em 5 Estados

Luciana Nunes Leal
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Coligações que elegeram governadores não devem se repetir na Bahia, no Rio, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul

Cinco dos dez maiores colégios eleitorais do País já expõem, a um ano das eleições, a fragilidade das alianças que elegeram os atuais governadores. A união dos partidos governistas dificilmente se repetirá na Bahia, no Pará, no Paraná e no Rio. No caso do Rio Grande do Sul, a crise não envolveu legendas, mas as próprias autoridades, após o vice-governador Paulo Feijó, do DEM, acusar a governadora Yeda Crusius (PSDB) de desvio de recursos da campanha. Yeda é investigada em CPI da Assembleia gaúcha.

Em Minas, a ruptura está na oposição ao governador Aécio Neves (PSDB). PT e PMDB, coligados em 2006, trabalham por candidaturas próprias ao governo.

"Nas eleições passadas, ainda havia a regra da verticalização. Em 2010, as alianças são livres. O PMDB, por exemplo, tem tradição de formar alianças locais separadas da nacional", lembra o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). As normas anteriores impediam que partidos coligados na eleição nacional se unissem a legendas adversárias nas alianças estaduais. O PMDB não formalizou coligação nacional em 2006 e para poder firmar alianças com partidos governistas e oposicionistas nos Estados. Com o fim da verticalização, todas composições partidárias serão possíveis em 2010.

Por enquanto, apenas na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do País, a ruptura da antiga aliança implicou a saída do governo. Liderado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o PMDB deixou o governo do petista Jaques Wagner, entregou duas secretarias e o comando da Junta Comercial do Estado (que era ocupada pelo pai do ministro, Afrísio Vieira Lima) e anunciou intenção de disputar o governo com o ex-aliado. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pedido entendimento entre Geddel e Wagner, para garantir palanque único e forte para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na disputa pela Presidência, a reaproximação é praticamente impossível.

ROMPIMENTOS

A insatisfação com o espaço da administração petista foi um fator decisivo para o rompimento do PMDB com o PT na Bahia. O mesmo motivo afastou o presidente do PMDB do Pará, deputado Jader Barbalho, da governadora petista Ana Júlia Carepa. O PMDB perdeu a Secretaria de Saúde, mas tem a Secretaria de Obras e comanda setores como transporte, habitação, turismo e saneamento.

"O PMDB tem o desejo legítimo de ter candidato próprio, mas ainda estamos dialogando. Propomos ao PMDB uma aliança e o apoio ao deputado Jader Barbalho em uma das vagas para o Senado. A base tem as dificuldades normais, mas estamos melhor do que a oposição", diz o presidente do PT paraense, Jonas Paulo. Já o PSDB não consegue chegar a um nome de consenso para disputar o governo do Pará em oposição a Ana Júlia.

Enquanto não se entendem no Pará, os tucanos buscam aproximação com Jader Barbalho, na expectativa de um apoio ao candidato do PSDB a presidente. Fazem o mesmo movimento na Bahia para atrair Geddel. Hoje aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tanto Jader quanto Geddel já estiveram na base do tucano Fernando Henrique Cardoso.

No Rio e no Paraná, é o PT que faz movimentos de oposição a governos do PMDB, embora continue com cargos nas administrações estaduais. Por mais que petistas aliados do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tentem demover o companheiro de partido Lindberg Farias de lançar candidatura própria, o prefeito de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense) não pretende mudar de planos. Enquanto o impasse não se revolve, a ex-governadora e ex-senadora petista Benedita da Silva continua à frente da Secretaria de Assistência Social.

A presença de petistas nas secretarias de Ciência e Tecnologia e Planejamento do governo do Paraná não inibiu o movimento de parte do PT em defesa da candidatura do senador Osmar Dias, do PDT, adversário do governador Roberto Requião (PMDB).

Requião quer ajuda para o vice, Orlando Pessuti. Os petistas favoráveis à aliança com o PMDB apelam para a necessidade de garantir o apoio do governador a Dilma. Entre os simpatizantes da proximidade com o PDT está o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

DESGASTE

Não só entre os aliados do presidente Lula há risco de rompimento na aliança que sustenta os governadores. Apesar da resistência da cúpula do PSDB, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, desgastada por denúncias que partiram do vice, Paulo Feijó (DEM), insiste em disputar a reeleição, o que implica a saída do PMDB da base tucana. Os peemedebistas querem lançar o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, ao governo do Estado, pare enfrentar o ministro da Justiça e ex-governador Tarso Genro (PT).

Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique, peemedebista opositor do presidente Lula, se esforça para preservar a aliança com o PSDB e o DEM. Pré-candidato apoiado por Luiz Henrique, o ex-governador Eduardo Moreira (PMDB) resume o cenário eleitoral catarinense, a um ano da eleição: "Neste momento, se mantém a conversação para a continuidade da aliança. O problema é que os três partidos querem a candidatura ao governo." No Estado, o DEM tem planos de lançar o senador Raimundo Colombo. Já o PSDB tenta emplacar o vice-governador, Leonel Pavan.

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