sábado, 7 de novembro de 2009

Centrais admitem negociar em troca de reajuste maior

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Maior reajuste real em 2010 e 2011 é a condição para rediscutir projetos que beneficiam aposentados

Isabel Sobral e Vera Rosa

Os dirigentes das centrais sindicais vão pressionar o governo federal para aumentar o reajuste real oferecido, para 2010 e 2011, aos aposentados e pensionistas que ganham mais do que o salário mínimo. Só assim acham possível abrir mão dos projetos de lei que estão prontos para votação na Câmara dos Deputados, especialmente a proposta que estende a todos os benefícios previdenciários o mesmo reajuste dado ao salário mínimo, que, por pouco, não foi votada pelos deputados na última quarta-feira.

"Acho que estamos perto de um acordo melhor. É só o governo ceder mais um pouco no sentido de um reajuste real mais elevado", afirmou à Agência Estado o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho.

Segundo o deputado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve discutir o assunto na quarta-feira, em Brasília, com os presidentes das seis centrais sindicais - Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nova Central Sindical, Central Geral das Trabalhadoras e Trabalhadores (CGT), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) - e das entidades representativas dos aposentados.

Os dirigentes das pequenas centrais, que não aceitaram o acordo firmado em agosto passado, se dizem dispostos a discutir. "Vamos ver o que o governo propõe, mas para nós é muito importante aumentar esse reajuste e também acabar com o fator previdenciário", disse o presidente da CTB, Wagner Gomes, uma das centrais que não participaram do acordo.

O governo, no entanto, insiste por enquanto na proposta definida em agosto: reajuste das aposentadorias pela inflação, associada a um aumento real de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes - o que daria, em 2010, pouco mais de 6%. "A linha é a mesma do acordo com as centrais sindicais, além de um esforço para efetivar a política permanente de aumento do salário mínimo", afirmou ao Estado o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O acordo beneficiaria 8,2 milhões de aposentados e pensionistas cujo rendimento é superior a um salário mínimo.

A preocupação do governo em evitar que o Congresso aprove o projeto de lei estendendo a todas as aposentadorias e pensões o índice de correção do salário mínimo foi tema de reunião realizada ontem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência. Além de Padilha, o encontro reuniu os ministros José Pimentel (Previdência), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e os líderes do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), e da bancada do PT, Cândido Vaccarezza (SP). Lula voltará a tratar do assunto na segunda-feira, em reunião com Pimentel, em São Paulo.

O Ministério da Previdência Social estima um impacto financeiro de R$ 6,9 bilhões nas contas previdenciárias em 2010, se for dada a todos os aposentados a correção igual à do salário mínimo. No cenário em que se repassa apenas metade do PIB do ano anterior, o impacto cai para R$ 3 bilhões.

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