sexta-feira, 12 de junho de 2009

Uma nova democracia numa outra Itália

Alfredo Reichlin
Fonte: L'Unità & Gramsci e o Brasil.

Tradução: A. Veiga Fialho

Desde a morte de Enrico Berlinguer se passou um quarto de século, e desde então tudo mudou: o mundo. Do comunismo empalideceu até a lembrança, e o ethos do país está dominado por ideias, culturas, modos de viver, em relação aos quais aquele homem esquivo, que invocava austeridade e pedia aos jovens do seu partido que se submetessem à dura disciplina do “árido estudo”, pareceria um estrangeiro. Por que, então, voltamos a falar dele? A verdade é que — como sempre, no caso de certos aniversários — são os problemas de hoje que nos interrogam. [...]

Berlinguer foi o emblema de um nó fundamental da história italiana, enfrentado conscientemente (seus amigos podem testemunhá-lo), mas não resolvido: o peculiar sistema italiano tal como fora edificado depois da Resistência e da Constituição e progressivamente se desenvolvera durante a guerra fria num complexo jogo de equilíbrios internos e internacionais. Uma democracia incompleta, a qual, no entanto, garantira o progresso do país. O Berlinguer que hoje volta a ocupar nossos pensamentos assume a responsabilidade pela secretaria comunista como um duro dever e em nome da recusa de todo mito (iniciou citando Maquiavel, que exorta a não fantasiar em torno de “repúblicas que não existem”).

Mas ele estava animado por uma profunda convicção: voltar a pensar a política em função do fato de que os fundamentos do Estado não se haviam consolidado e que, portanto, o que se fazia necessário não eram reformas pelo alto, mas uma segunda etapa daquela autêntica revolução democrática que, entre 1943 e 1946, transformara a Italietta dos Savoia e do fascismo na Itália republicana. Parece-me que aqui está o ponto em torno do qual se deveria voltar a refletir. Porque este não era o sinal do seu anacronismo, mas de um problema italiano ainda crucial: falo da necessidade de uma política concebida como instrumento de um novo protagonismo das massas subalternas.

Não estou falando de movimentos de protesto, mas de um amplo projeto político baseado numa combinação diferente das forças históricas, na formação de um bloco cultural, na ideia de colocar a defesa e o desenvolvimento da democracia em base mais sólida, numa nova relação entre dirigentes e dirigidos. Este era o seu tema. Mas, se se tratava disso, era inteiramente evidente que ele não podia fugir da necessidade de acertar as contas com as ambiguidades e o modo de ser do PCI, tal como a geração de Togliatti nos legara. Era preciso sair da condição de uma oposição ambiguamente colocada entre uma velha cultura comunista alternativa ao sistema e uma visão nacional (não só de classe) dos problemas do país, voltada para tornar possível uma função de governo.

O desbloqueio do sistema político criado pela guerra fria e o fim da democracia atrofiada não podiam mais ser separados da saída do campo soviético. Daí a ruptura. E, coerentemente, a declaração sobre a Otan como instrumento também de garantia para a própria gestão da luta democrática. [...] Penso que Berlinguer deva ser julgado em relação ao seu projeto político, ou seja, ao modo como enfrentou o problema da democracia italiana tal como naqueles anos 1970 volta a se apresentar.

Anos dramáticos, assinalados pelo fracasso da centro-esquerda, pela inflação de dois dígitos, por grandes agitações sociais que alcançavam as escolas e as fábricas; pelo advento, em escala mundial, de uma virada conservadora, que punha fim ao compromisso entre capitalismo e democracia, pelo terrorismo que começava a disparar e a matar. Ressurgia o grande tema da “democracia difícil” (como a chamou Moro), isto é, das frágeis bases do Estado italiano. [...]

Um problema crucial e, sob certos aspectos, análogo ao que ainda nos perturba estava diante de nós. Falo do desaparecimento das condições fundamentais que haviam possibilitado o extraordinário salto da economia italiana que foi o “milagre econômico”, isto é, o regime tipicamente italiano de baixos salários, milhões de camponeses que abandonavam suas aldeias e se ofereciam nos portões das fábricas, câmbio fixo, uma demanda mundial crescente de bens de consumo duráveis (automóveis, geladeiras). Todo este equilíbrio é que desaparecia, com a internacionalização dos mercados, e o sistema político foi abalado por isso desde suas bases.

Tentou-se o caminho da centro-esquerda, e 1968 e o “outono quente” enfunavam nossas velas. Criava-se assim — é verdade — uma situação nova, favorável ao PCI, mas também altamente perigosa, porque, se de um lado grandes forças impeliam no sentido da superação do sistema político bloqueado, de outro ressurgiam todas as fraturas da sociedade italiana: das cegas resistências das forças reacionárias à mobilização do subversivismo dito de esquerda. Enrico Berlinguer teve aguda consciência de tudo isso.

Sua obsessão (posso testemunhar) era que, tendo se rompido algo muito profundo nos velhos equilíbrios italianos, a situação chegara àquele momento crucial em que, se os impulsos do país para a mudança não encontrassem uma saída política, “logo teríamos uma feroz reação do sistema”. Aqui está a razão originária daquilo que tomou o nome de compromisso histórico. A ideia de fundo era que, para sair do dilema, era preciso uma espécie de pacto constituinte, o qual, apoiando-se no entendimento entre os grandes partidos populares, permitiria ao mesmo tempo uma mobilização de velhas e novas potências sociais.

Coisa que ele chamou de uma segunda etapa da revolução democrática. Era um projeto forte. Mas os fatos, os duros fatos, dizem que não chegou a bom termo. Todavia, a prova trágica de que tal hipótese não era irreal está no fato de que Moro foi assassinado. E a contraprova de que a questão em jogo era muito mais séria do que um “conchavo” entre comunistas e democratas cristãos está no fato de que, logo em seguida, termina a república dos partidos. A DC foi decapitada, o PSI sofreu a metamorfose que conhecemos, e o PCI foi levado às cordas, sem mais capacidade de incidir nos grandes processos de reestruturação já em curso (a mundialização, o neoliberismo, a revolução conservadora).

O vazio político que se veio a criar era grande e muito perigoso. Abriu-se a fase da longa transição italiana que não sei se já está concluída: o longo esforço voltado para colocar sobre novas bases o desenvolvimento de um país que se europeizava. Desde então passaram-se vinte e cinco anos. Terminou o século XX. A URSS não existe mais. A história do comunismo italiano é, de fato, história encerrada. Por que, então, ainda falamos de Enrico Berlinguer?

Substancialmente, acredito, porque na sua obra ainda existe algo politicamente operante.

Este “algo” — para dizer com poucas palavras e usar o seu léxico — creio que seja a necessidade objetiva de um pensamento mais longo que não se entregue a uma nova filosofia da história, mas seja capaz de ler a nova estrutura do mundo, que resta em grande parte desconhecida nos mapas de que dispomos. Nisso reside o sentido da minha lembrança: na necessidade de um pensamento que produza sentido e que nos diga para onde nos encaminhamos.

Alfredo Reichlin foi membro da secretaria, da direção e do comitê central do PCI, além de responsável pelo Departamento Econômico e ministro do “governo sombra” daquele partido. Foi também presidente da Direção Nacional dos DS (Democratas de Esquerda). Esteve à frente da comissão responsável pela redação da “Carta de valores” do PD (Partido Democrático). Dirige a Fondazione Cespe — Centro Studi di Politica Economica, em Roma.

A defesa de Battisti

Merval Pereira
DEU EM O GLOBO

Como os leitores da coluna devem saber, já me posicionei contra a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de não extraditar o ex-terrorista italiano Cesare Battisti, que estava foragido há 26 anos, foi um dos chefes da organização de extrema-esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) e condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos, pois não imagino que a Justiça da Itália não seja independente do governo, e não creio que uma democracia tão sólida pudesse perseguir um preso político sem que outros poderes protestassem, e até mesmo a imprensa livre.

Além do mais, tudo indica que há um consenso na Itália sobre as medidas adotadas durante o período de combate ao terrorismo, dentro de um sistema democrático que o terrorismo queria destruir, medidas aprovadas pelo Congresso.

Não creio que nem o governo do direitista Silvio Berlusconi, nem qualquer governo de esquerda, como o da época da condenação do Battisti, tenham ingerência sobre a Justiça italiana, e não vejo como um ministro do Brasil possa revogar uma decisão soberana de uma justiça de um país democrático.

Seria totalmente diferente se essas medidas tivessem sido tomadas em um período ditatorial. Como já escrevi aqui, não corresponde à "soberania brasileira" avaliar decisões do Poder Judiciário de um país democrático.

A medida apenas explicita a distorção dos critérios do governo Lula, que considera que a Venezuela tem democracia demais e a Itália, democracia de menos.

Dizendo tudo isso, considero, no entanto, que a minha coluna deve ser um local de discussão dos grandes temas atuais, e o advogado Luiz Roberto Barroso me enviou as seguintes considerações sobre o caso, que considero importante divulgar:

"Há algumas semanas, depois de estudar o processo, aceitei atuar na defesa do refugiado Cesare Battisti, no processo de extradição a que responde no STF. Convenci-me de se tratar de uma causa juridicamente interessante e moralmente justa. Após entrar no caso, no entanto, descobri que ele se encontra enredado em uma teia de preconceitos e de interesses políticos que ficariam melhor em um folhetim do que em um processo judicial. Os preconceitos são os seguintes:

"1. Contra o próprio Battisti, antigo militante de extrema-esquerda. Embora os episódios dos quais participou tenham ocorrido há mais de 30 anos, ele é visto como um espécime anacrônico, um tipo fora de época. E o chamam de "terrorista", quando foi um ativista político radical, como tantos outros, ao redor do mundo e na mesma época.

"2. Contra o ministro da Justiça, que tem adversários ideológicos e eleitorais à direita e à esquerda, que gostariam de vê-lo desmoralizado por uma decisão do STF que anulasse a concessão do refúgio.

"3. Contra o advogado de Battisti que competentemente atuou no caso até meu ingresso (Luiz Eduardo Greenhalgh), igualmente devido a razões políticas e por associarem-no (injustamente, ao que saiba) à Operação Satiagraha.

"A maior dificuldade que enfrento nessa matéria é que a Itália, havendo perdido os dois processos de extradição anteriores - relativos a ativistas de esquerda que atuaram no mesmo período - procurou nesse terceiro caso, injusta e insistentemente, caracterizar Battisti como um criminoso "comum".

"Como você sabe, o Brasil não concede a extradição no caso de crime político, por força de norma constitucional. No entanto, a própria sentença italiana afirma que os crimes foram políticos, em tentativa de subversão do regime.

"Gosto da frase de que "as pessoas têm direito à própria opinião, mas não aos próprios fatos" e a circunstância de você propiciar o debate já fará grande diferença. Faço três observações:

"1. As palavras "terrorismo" e "terrorista", aplicadas à atuação da esquerda revolucionária italiana, são impróprias. Esses termos, sobretudo depois do 11 de setembro, ficaram associados a atentados de larga escala, com vítimas inocentes.

"Battisti participou de uma organização que pretendia derrotar o regime e implantar o comunismo. E houve vítimas. Mas não foi acusado nem condenado por atentados terroristas. O fato de que estava historicamente equivocado e de que foi derrotado não dá direito ao vencedor de chamá-lo assim.

"2. O ministro da Justiça não revogou a decisão italiana. Ele apenas afirmou que ela pode ter sido proferida em um contexto que, em razão do contágio político, impediu a ampla defesa, sobretudo por ter se baseado em delação premiada feita contra um réu revel. Por isso, não ajudaria a cumpri-la, reconhecendo ao acusado a condição de refugiado.

"3. Você tem razão de que se formou um consenso poderoso na Itália contra os ativistas de esquerda e em favor da condenação de todos eles. Governo, Parlamento, Judiciário e imprensa do mesmo lado, unidos pelos mesmos sentimentos. É precisamente contra esse tipo de consenso que existe a Constituição e os direitos fundamentais: para que as maiorias não passem a achar que podem tudo.

"O julgamento de adversários políticos derrotados é problemático em qualquer parte do mundo. Mas observo que os fatos se passaram há mais de 30 anos. Battisti constituiu família, tem duas filhas, publica seus livros pela renomada editora francesa Gallimard e não apresenta perigo para ninguém.

"Sou convencido de que ele é inocente e há muitos elementos objetivos que parecem confirmar isso. Mas, mesmo abstraindo desse fato, por qual razão o Brasil abandonaria sua tradição humanitária e acolhedora de perseguidos políticos de diferentes partes do mundo (desde integrantes das Brigadas Vermelhas até o paraguaio Stroessner) para mandar para a prisão perpétua, sem luz solar, um homem que não oferece perigo a ninguém?."

O ilícito é a lei

Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Por muito menos, qualquer outra instituição ou pessoa envolvida em ilícito de natureza pública já teria sido objeto de abertura de comissão parlamentar de inquérito para investigar fatos plenamente determinados.

Mas, como a instituição em foco é o Parlamento e as pessoas envolvidas são congressistas, a saída por enquanto tem sido a anistia do passado e juras de apreço à probidade no futuro.

A última descoberta da série de ilícitos em exibição desde fevereiro, contudo, reduz muito a margem das manobras que vêm sendo usadas pelo Poder Legislativo no intuito de remendar uma história que não suporta mais remendos.

Quanto mais se tenta suavizar a situação com restaurações pontuais, mais danificada fica a credibilidade do Congresso, dos parlamentares, dos políticos, da política.

Na quarta-feira, o Estado desvendou um mistério, mostrando como foi possível nos últimos anos o Senado se transformar numa confraria de benesses sustentada por uma rede de ilícitos comandada a partir da diretoria-geral da Casa.

Os repórteres Rosa Costa e Leandro Colon revelaram a existência de mais 300 atos secretos por meio dos quais foram distribuídos empregos em troca de favores, criados cargos em comissão para acomodar apaniguados, assinados aumentos de salários, permitidas operações bancárias fora dos limites da lei, estendida a assistência médica vitalícia destinada aos senadores para funcionários, autorizados pagamentos de horas extras não trabalhadas e toda sorte de decisões a serem mantidas longe se qualquer controle.

Uma instituição onde existe esse tipo de prática sem justificativa legal e que contraria frontalmente um dos princípios constitucionais da administração pública - o da publicidade - não pode ser vista como o "Poder mais transparente da República", muito menos ser considerada a "casa do povo".

A descoberta deveu-se ao trabalho da comissão de sindicância interna criada há 45 dias para investigar irregularidades. Seria um ponto a favor do Senado, caso não tivesse havido a tentativa de ocultar a existência dos atos secretos que, uma vez detectados, passaram a ser publicados com data retroativa e sob a rubrica de "boletins suplementares".

Com isso, fica patente que as transgressões no Senado ocorreram por premeditação criminosa - única qualificação possível para aplicação de dinheiro público em vantagens pessoais -, cujo plano incluiu a ocultação dos esqueletos na gaveta do então diretor-geral, Agaciel Maia.

Não há desleixo administrativo. Ao contrário, pelo que se vê é tudo feito com muito esmero. E doses oceânicas de cinismo.

Os atuais e ex-integrantes da Mesa Diretora do Senado pretendem que se acredite na inocência deles. De nada sabiam. Agaciel Maia contratou a ex-presidente da Câmara Municipal de Murici, município politicamente dominado pela família Calheiros, por iniciativa própria.

Assim como achou por bem e espontânea vontade requisitar o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá - domicílio eleitoral de Sarney - para prestar serviço no conselho editorial.

Chega ser constrangedor ouvir e ver homens adultos tentando disfarçar o indisfarçável de maneira tão pueril.

Mas admitamos que Agaciel tenha formado um feudo transgressor pelas costas - não obstante embaixo dos narizes - de gente com décadas de experiência no ramo da esperteza. Nessa hipótese, seria aquilo que no auge do escândalo do mensalão o presidente Luiz Inácio da Silva chamou de "traidor".

Um homem assim tão venal, inclusive recentemente exonerado de suas funções por esconder patrimônio da Receita Federal, mereceria a desconfiança dos inocentes por ele iludidos.

No lugar disso, recebeu tratamento de compadre no casamento da filha dia desses, em Brasília. Estavam lá José Sarney, como padrinho, Renan Calheiros, Garibaldi Alves e Edison Lobão, todos com passagem pela presidência do Senado, onde o pai da noiva reinou absoluto durante quase 15 anos, cometendo infrações à revelia da chefia, uma gente completamente desatenta.

Tudo muito adequado. Mais não fosse pela escolha do tema musical extraído da trilha sonora de O Poderoso Chefão.

Hora incerta

A decisão da Petrobrás de divulgar informações obtidas por meios de comunicação privados "ao primeiro minuto do dia previsto para a publicação da matéria" ou é fruto da relutância em reconhecer por completo um erro ou é produto de autoritarismo incurável.

Não é da alçada da empresa petrolífera as decisões tomadas numa redação de jornal, revista, emissora de rádio ou televisão. A prerrogativa é exclusiva dos editores que não são obrigados a prestar contas ao Estado sobre quando, como e onde divulgarão seu material jornalístico.

Queira o bom senso, portanto, que a Petrobrás não se proponha a fazer como a ditadura na época da censura prévia e montar um serviço de controle do noticiário a ser publicado.

O futuro da aliança com o patronato

Maria Cristina Fernandes
DEU NO VALOR ECONÔMICO

Sete anos depois que o "risco Lula" elevou o dólar a US$ 3,9 -entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais - o Brasil registra um taxa cambial menor que a metade daquele valor e o mais baixo patamar de juros desde a criação da Selic, há 23 anos. Naquela campanha de 2002, ficou clara a reação do setor financeiro, forte aliado do governo Fernando Henrique Cardoso, à expectativa de vitória do PT.

Ao final deste segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confirmam-se as previsões de que o governo petista, sem colocar em risco a hegemonia do capital financeiro, promoveu a ascensão política do setor produtivo nas relações com o Estado.

Essa promoção, que havia ficado clara com a paulatina mudança no papel do BNDES, de financiador do amplo programa de privatizações - não revertidas por Lula -- a fomentador da produção nacional, ganhou novo impulso com a crise, que acelerou a redução da taxa de juros e incrementou a produção para o consumo interno e as exportações.

As pontes lançadas por Lula para a aliança com o setor produtivo já haviam sido sinalizadas na primeira eleição para a presidência da Fiesp, vencida, pela primeira vez em 24 anos, por um candidato da oposição. A solidez da aliança foi confirmada pela reeleição de Paulo Skaf, em 2007, que acabou levando também o Ciesp, até então reserva de poder do grupo que dominou a federação empresarial politicamente mais robusta de São Paulo.

A modificação de três para quatro anos do mandato reeleito, era apenas mais um sinal do desapego das lideranças empresariais ao preceito de que não se mudam as regras de jogo em curso. Assim como haviam apoiado a reeleição de FHC, os empresários, ainda que informalmente, foram grandes fomentadores da tese do terceiro mandato para Lula.

A aproximação do governo Lula com o setor produtivo estende-se até a uma aliança branca com os sindicalistas, pela manutenção do imposto sindical, que serve tanto às estruturas de poder das lideranças dos trabalhadores quanto dos empresários da CNI e das federações estaduais da indústria.

Esta aliança foi verbalizada nos elogios às medidas do governo federal no enfrentamento da crise por metade dos 24 executivos eleitos como os melhores do ano pela nona edição da revista "Executivo de Valor". Há depoimentos entusiasmados:

- "O governo Lula está na direção certa. Ele é um grande presidente e político e um excelente comunicador" (Rubens Ometto/Cosan);

- "O Brasil é o país que tem tomado as medidas mais efetivas no gerenciamento da crise" (José Drummond Jr./Whirlpool);

- "O gerenciamento macroeconômico do Brasil tem sido muito responsável. O país tem sido um dos menos afetados pela crise porque o governo, com pragmatismo, incentiva setores geradores de empregos" (José Luciano Penido/VCP).

Em todos os 24 depoimentos intitulados "Se eu fosse presidente do Brasil" há demanda por mais reformas - a tributária no topo - , agilidade dos investimentos públicos e queda de juros, até de Roberto Setúbal (Itaú): "Tudo que está sendo feito, como baixar os juros e aumentar o PAC, está na direção certa". Os depoimentos foram colhidos antes da redução histórica dos juros para 9,25%.

Salta aos olhos no conjunto das declarações a adesão empresarial ao mercado interno e o reconhecimento do peso que as políticas sociais ganharam no país. São depoimentos que confirmam estudo da USP com 829 representantes das elites de seis países latino-americanos, relatado por Cristian Klein no EU& (05/06).

As elites brasileiras foram as que mais concordaram (69%) com a frase: "A democracia formal não basta para resolver a imensa desigualdade social na América Latina". Ainda que as respostas tenham que ser ponderadas pela composição diversificada desta elite ("pessoas com capacidade de influenciar seus pares e os destinos da nação nas áreas econômica, política, sindical cultura, acadêmica e jornalística"), a aliança com Lula fica explícita quando se confrontam as respostas dos entrevistados no Brasil e na Bolívia.

De origem social e política semelhante à de Lula, o presidente Evo Morales fez opções políticas mais marcadamente voltadas para as reivindicações da base da sociedade boliviana sem transigir com as demandas das elites. A Bolívia é, ao lado da Venezuela de Hugo Chávez, o país em que as elites mais concordam com a frase "As políticas de distribuição de renda prejudicam os mais competentes". A elite brasileira está entre as que mais discordam.

A adesão do empresariado brasileiro ao governo Lula não se transfere automaticamente para sua candidata à Presidência da República, a ministra Dilma Rousseff (PT), nem aos principais candidatos da oposição, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), como demonstrou série de reportagens de Yan Boechat, César Felício e Raquel Landim, do Valor (3, 4 e 5/06).

Em Dilma veem o perfil de executiva que Lula nunca encarnou, mas temem pela falta de carisma que sobra em seu principal cabo eleitoral; em Serra identificam maior disposição de enfrentar o BC, mas temem pela vocação à intolerância, ausente do atual governo e do anterior; e em Aécio, atestam adesão às teses empresariais, mas temem pela excessiva vocação conciliadora.

A habilidade de cada um deles em convencer o empresariado de que continuarão a contar no Planalto com um aliado que não sai das graças da esmagadora maioria da população, funcionará com um dos principais vetores de seu apoio.

A todos interessará mostrar que são capazes de manter o jugo sobre a instituição melhor dotada para submeter esta aliança incondicional ao crivo do interesse público, o Congresso Nacional. As críticas de que o crivo parlamentar dificulta a governabilidade cresceram à medida que os setores empresariais tiveram êxito em levar suas demandas diretamente ao Executivo. Foi assim que se enraizou a cultura de que medida provisória traz eficiência ao Legislativo, emenda parlamentar para a construção de uma ponte é paroquialismo e a corrupção é um problema de índole, enquanto empréstimo do BNDES é política industrial e política monetária é tema para sábios.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras

O meu voto (inútil) para 2010

Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


SÃO PAULO - Antonio Estella, professor de direito da Universidade Carlos 3º, de Madri, faz, para "El País", uma bela análise sobre "o paradoxo de que a direita ganhe as eleições europeias após naufragar o neoliberalismo", que é ou era o seu navio-insígnia.

O paradoxo talvez se explique pelo fato de que a esquerda aplica as políticas da direita em praticamente todos os países europeus. Vale para o Brasil também, em especial o seguinte trecho do artigo: "Se você quer continuar mantendo-se no poder, faça o que seu concorrente fazia de maneira bem-sucedida e, se possível, de forma melhor".

De alguma maneira, foi o que Lula fez: manteve o controle da inflação, iniciativa do antecessor e fonte primeira de prestígio dos governantes, e ampliou enormemente os programas sociais do tucanato.

Todas as pesquisas mostram que esse tipo de comportamento funciona, do ponto de vista do prestígio do governante.

O problema começa quando se tem a ambição de promover transformações estruturais, que era não tão antigamente assim o navio-insígnia da esquerda. Na Europa, escreve Estella, "é mais difícil encontrar partidos social-democratas que de fato tenham uma agenda de mudança própria, estejam intimamente convencidos dela e dispostos a desenvolvê-la, levando em conta as limitações existentes".

Suspeito que valha para o Brasil, por mais que, do meu ponto de vista, esteja esgotada ou perto do esgotamento a agenda da estabilidade que foi o forte dos quatro períodos presidenciais mais recentes.

O período 2011/14 pediria acoplar a essa agenda, que é permanente, um desenvolvimento econômico, social e ambiental muito mais forte e muito mais transformador.

É uma pena que ambição não seja o forte do político brasileiro -nem, de resto, do eleitorado, extremamente conservador.

Articulação de minorias dificulta reforma, diz Ibsen

Da Agência Folha, em Porto Alegre
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


Relator do texto que previa o financiamento público de campanha e o voto em lista, o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) afirmou que o naufrágio da reforma política foi resultado da articulação de "minorias que se apropriaram do processo de decisão" no Congresso.

"O produto final é a ineficácia do Legislativo", diz o ex-presidente da Câmara (1991-1992).Segundo ele, a submissão do Congresso à vontade de articulações corporativas de minorias -como evangélicos, ruralistas, bancadas regionais- tem resultado mais prejudicial do que casos de corrupção. "O desvio de conduta não é tão numeroso e é envergonhado, enquanto o desvio corporativo é orgulhoso, numeroso e articulado."

PP, PR e PTB e setores de outros partidos da base de Lula ameaçaram obstruir as votações na Câmara se a proposta de reforma política fosse votada em regime de urgência em maio. Com isso, tornaram-se incertas as chances de votação neste ano.

Para Luppi, campanha antecipada "aflora disputas internas"

Rumo a 2010
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

A antecipação pode fragilizar as relações entre governo e partidos da base, disse o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, também presidente do PDT. "Como administrar dez partidos da base aliada, cada região com um palanque?", questionou, ao chegar a Genebra para conferência anual da OIT.

Governadores do PT querem garantir candidatura própria em seus estados

Efrém Ribeiro
DEU EM O GLOBO

Exigência pode causar racha com PMDB e enfraquecer palanques de Dilma

TERESINA. Reunidos em Teresina, os governadores do PT discutiram e manifestaram suas posições a favor da coligação nacional com o PMDB para reforçar apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, mas exigem que, nos estados administrados por petistas, o partido tenha direito à reeleição ou à candidatura própria.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que o projeto político do PT é ampliar o leque de alianças, porém afirmou que em cada estado vai haver uma discussão diferenciada com o PMDB, com quem defende uma coligação nacional com o PT. Os dois partidos, no entanto, enfrentam dificuldade de aliança em oito estados e podem enfraquecer o palanque eleitoral para Dilma em 2010.

A situação na Bahia é delicada e envolve a disputa entre o governador petista e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), na Bahia. Os dois pretendem disputar o governo local em 2010, com ameaça de o PMDB se aliar ao DEM e até ao PSDB, o que daria um forte palanque no estado para o provável presidenciável tucano, o governador José Serra (SP).

- No Rio, por exemplo, o PMDB tem o governo do estado e, portanto, tem legitimidade para querer a candidatura à reeleição. Na Bahia, o PT tem o governador e defende a legitimidade para disputar a reeleição. Eu defendo que nós fortaleçamos essa unidade do PMDB com o PT, reconheço que o PMDB tem características estadualizadas, e cada vez acredito mais na possibilidade objetiva de uma aliança formal nacional entre o PT e o PMDB - falou Jaques Wagner.

Dificuldades no Pará e no RS

O encontro dos governadores e ex-governadores do PT, que continua hoje em Teresina, reuniu Jaques Wagner (BA), Wellington Dias (Piauí), Ana Júlia Carepa (Pará) e Binho Marques (Acre), os ex-governadores petistas Cristovam Buarque (Distrito Federal, hoje senador pelo PDT), Jorge Viana (Acre) e Olívio Dutra (Rio Grande do Sul) e os vice-governadores Luciano Cartaxo (Paraíba) e Professor Pinheiro (Ceará), e o ministro da Previdência, José Pimentel.

Essa posição de ter candidaturas à reeleição pode criar também dificuldades para Dilma no Pará. Ana Júlia está enfrentando problemas com o deputado federal Jader Barbalho (PMDB). Ele está rompendo com seu governo e pode apoiar o tucano Simão Jatene.

A governadora Ana Júlia diz acreditar no apoio do PMDB à sua candidatura, mas admite dificuldades.

- Relações difíceis nós temos não só com os aliados, mas dentro do próprio PT. Isso depende muito das realidades regionais - declarou Carepa.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, (PT) diz que o PMDB no seu estado está propondo a candidatura do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Presidência da República e não quer dar apoio à Dilma Rousseff:

- O PMDB está apostando em candidatura própria à Presidência e só vai sair do governo da Yeda Crusius quando o caixão sair do cemitério. O PMDB tem personalidades políticas que se posicionam aqui e ali, segundo interesses muito específicos, alguns regionais e outros pessoais. O PMDB do Rio Grande é neoliberal, da privatização do Estado, do desmonte da máquina pública, da renúncia fiscal para grupos poderosos.

O governador Wellington Dias afirmou que o PT tem uma pré-candidata, Dilma Rousseff, que depende da formatação de um bloco de alianças mais amplo:

- Mesmo dependendo dos problemas com o PMDB, há um entendimento a partir das lideranças nacionais, como o deputado Michel Temer e o senador José Sarney, de que precisamos sair em um bloco organizado, mas temos que tratar isso em 2010.

O secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República, Alexandre Padilha, por sua vez, diz que o PT e os partidos da coalizão de apoio ao presidente Lula compreenderam a necessidade de construir um governo amplo, com vários partidos e alianças fortes e de não perder a oportunidade de manter o modelo atual com o apoio à Dilma.

- Estamos bastante otimistas com isso, vários partidos deram sinais de que querem a candidatura da ministra Dilma e vamos ter que promover conversas nos estados. O PT está muito maduro em relação a isso -- Padilha, reafirmando que a direção nacional do partido decidiu que nenhum estado pode fechar sua candidatura ao governo antes de fevereiro de 2010.

- A direção nacional do PT foi clara e decidiu que não se faz prévias ou se decide sobre candidatura até o ano que vem - acrescentou Padilha.

Berzoini referenda decisão de petistas

Germano Oliveira
DEU EM O GLOBO
Mas tenta acalmar aliados, acenando com negociações no futuro

SÃO PAULO. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, referendou a decisão dos governadores petistas reunidos no Piauí, que pode gerar rachas na base aliada nos estados. Segundo ele, é natural que os governadores da base do governo Lula com chances de reeleição tenham prioridade para encabeçar as chapas em 2010. O objetivo é que a coligação tenha palanques fortes nos estados para a eleição da ministra Dilma Rousseff, candidata do partido à Presidência.

- Nossa decisão é a de que, onde há um governador do partido com possibilidades de reeleição, toda a base trabalhe para a reeleição. Não que seja uma verdade absoluta. Mais para a frente, podem nos convencer de que há outro candidato mais viável - confirmou Berzoini.

Ele diz não ver, com isso, divergências intransponíveis em estados como a Bahia, onde o governador petista Jaques Wagner pretende disputar a reeleição, contrariando a vontade do PMDB baiano, que deseja lançar a candidatura do deputado Geddel Vieira Lima.

- Acho que Wagner e Geddel vão se entender mais ao final desse processo. Se conheço bem o Geddel, é típico da política baiana esse debate público em torno de uma candidatura. Tenho certeza que tanto Wagner quanto Geddel querem trabalhar para eleger Dilma. O ideal seria Jaques para governador e Geddel para senador - defendeu Berzoini.

O presidente petista disse que o próprio PT da Bahia decidiu, com o aval da direção nacional, que o único posto fechado é o de governador, mas que o partido deixa em aberto para negociar com a base aliada o cargo de vice-governador e as duas vagas para o Senado.

- Vamos trabalhar para reeleger os governadores da base, independentemente se do PT ou de outro partido aliado, do PMDB, PDT ou PR. O ideal é que tenhamos candidaturas unificadas em todos os 27 estados. Sabemos que não é fácil, que teremos problemas, mas estamos conscientes de que precisaremos ter muita paciência nesse processo. Em 2010, além de eleger Dilma, queremos fazer o maior número de governadores possível e também eleger uma bancada com maioria folgada na Câmara e também no Senado - pregou Berzoini.

Ele disse que, além da Bahia, o PT pode enfrentar dificuldades no Rio de Janeiro, onde a direção nacional defende que o partido trabalhe para reeleger o governador Sérgio Cabral (PMDB), apesar da movimentação de Lindberg Farias, que pleiteia a candidatura petista.

- Nosso candidato no Rio deve ser o Cabral. Até porque nossa estratégia é ter o PMDB firme na aliança com Dilma - explicou.

Berzoini disse que essas divergências aconteceram no passado e foram superadas.

- Em 2006, uma parte do PT do Ceará queria Luiziane Lins para o governo e outra parte queria o José Airton, mas acabamos por fechar uma coligação com Cid Gomes. Na Paraíba, havia gente querendo candidato próprio e acabamos elegendo José Maranhão, que levou dois anos para assumir, por causa da demanda judicial envolvendo Cassio Cunha Lima.

Marisa Monte - Não é Fácil

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Brasil no mundo

Fernando Gabeira
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


RIO DE JANEIRO - "A Agenda Internacional do Brasil" é o nome do livro de Amaury de Souza que acaba de sair. Trata da política externa brasileira, de FH a Lula. Amaury trabalha em cooperação com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), um núcleo de intelectuais que se dedicam ao tema.

O livro é uma pesquisa feita na comunidade brasileira de política externa, isto é, entre as pessoas que trabalham, estudam ou dependem, de alguma forma, das decisões nacionais sobre a inserção do Brasil no mundo.

Não se trata de uma comunidade homogênea. Há divergências, e Amaury chega a dividir as correntes, para efeito didático, em globalistas, regionalistas e pós-liberais. As nuances aparecem aqui e ali, por exemplo, na ênfase que a primeira corrente dá aos acordos internacionais envolvendo os países mais avançados.

Neste espaço, o mais viável é falar das tendências majoritárias. No momento, a preservação da democracia na América do Sul é considerada uma tarefa prioritária pela maioria dos entrevistados, que defende também a construção da infraestrutura comum, estradas, energia, telecomunicações.

O aquecimento global e o tráfico internacional de droga são vistos como os maiores desafios. A corrente isolacionista que existia no passado sumiu. Quase todos elogiam o crescente papel brasileiro.

Não esperava, no início da democratização, que o Brasil andaria tão rapidamente. Na comissão de política externa, temos sempre visita de estudantes. Delegações de deputados de todo o mundo nos procuram com diferentes demandas.

São tantos os acordos para aprovar, tantas chances de diplomacia parlamentar, que era preciso qualificar gente, melhorar a estrutura. Os escândalos nos paralisaram. Mas a nova realidade do Brasil enfatiza a urgência da tarefa.

O QUE PENSA A MÍDIA

Edioriais dos principais jornais do Brasil

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Longe não existe

Panorama Econômico :: Míriam Leitão
DEU EM O GLOBO

Houve um momento nesta turbulência econômica em que a Islândia assustou a Europa. Agora, a preocupação é com a Letônia. No mundo globalizado é assim: tamanho é relativo. Mas o que é que a Letônia tem? O risco de um colapso do câmbio fixo que pode contaminar outros países da região e depois a Europa oriental. Ela parece ser o elo perdido entre as crises, porque a dela lembra mais os problemas dos anos 90, que ficaram conhecidos como "a crise da Ásia".

O economista Nouriel Roubini, incansável colecionador de más notícias, fez uma pergunta num boletim distribuído quarta-feira aos assinantes: será que o colapso da Letônia pode provocar o mesmo contágio que a quebra do baht tailandês espalhou em 1997? "Os olhos estão focados na pequena economia do Báltico, em meio a crescentes rumores sobre desvalorização, por causa do potencial de contágio sobre seus vizinhos bálticos, na Suécia, e mais amplamente na Europa Oriental", disse ele.

Na época do baht tailandês, quando ele teve que ser desvalorizado em julho de 1997 acabou detonando um processo que levou em sequência várias economias asiáticas como as da Indonésia e Coreia. Chegou à Rússia em 1998 e seis meses depois, no começo de 1999, desembarcou no Brasil. Os processos de contágio às vezes nem respeitam a geografia, se espalham pelas similaridades das fraquezas econômicas.

A Letônia era uma queridinha dos investidores nos tempos anteriores à crise. Um desses casos estranhos que só acontecem em épocas de exuberância irracional. Mesmo assim, seu forte crescimento foi acompanhado por sérios desequilíbrios: o maior déficit em transações correntes do mundo: 25% do PIB. A dívida externa chegou a 140%. Péssimos números para entrar numa crise global. O que piora a situação é que o Lat, a moeda local, tem um peg, um câmbio fixo com o euro, com uma banda de flutuação de 1%. Foi assim, com este regime cambial, que o Brasil entrou na crise de 99. Usado aqui para sair da armadilha inflacionária, ele acabou criando uma camisa de força que impediu políticas para nos proteger quando outros países de câmbio fixo caíram na Ásia. No caso da Letônia, a política cambial foi estimulada como pré-requisito para adotar o euro como moeda.

O FMI e a Europa deram ao país um empréstimo de US$10 bilhões num pacote de resgate da economia há seis meses e exigiram condições draconianas de corte de gastos públicos para liberar novas parcelas. A previsão era de que o PIB do país encolheria 5%, mas os temores agora são de que caia 18%. E porque cai tanto não consegue atingir as metas. De novo, a lembrança: na crise da Ásia o encolhimento do PIB da Indonésia foi mais ou menos dessa ordem.

O problema não é a Letônia em si. O país é mínimo. Alguns dados do Banco Mundial mostram isso. Ex-integrante da União Soviética, a Letônia ficou independente no ano seguinte à queda do Muro de Berlin. Tem cerca de 2,3 milhões de habitantes, menos que o Distrito Federal, e ocupa uma área de 64 mil Km. Fosse um estado brasileiro, seria apenas o 21º maior. Seu PIB, de US$26 bilhões, ao câmbio de hoje seria do tamanho do Espírito Santo, ou um quinto do PIB do Rio de Janeiro. O espanto é ser um pólo de atração de capital como foi nos anos anteriores à crise. Só isso mostra que o mundo vivia um delírio.

O problema é que se o país não receber a última parcela do empréstimo do FMI pode ter que desvalorizar abruptamente sua moeda, provocando uma onda de falências. Ela tem muito comércio e transações financeiras com seus companheiros da região: Lituânia e Estônia. Mas a Suécia também está muito "exposta" ao risco Letônia: tem enorme participação no mercado bancário do país e dos dois vizinhos.

Se os contágios pudessem ser confinados na economia globalizada, tudo bem. Mas para além dos Bálticos e da Suécia, há risco de se espalhar por outros países já fragilizados pela crise: Hungria, Bulgária, Romênia, República Tcheca, Eslováquia, que têm também fragilidades semelhantes e um comércio intenso entre si. A Polônia já foi buscar dinheiro do FMI.

Em março, a correspondente Graça Magalhães-Ruether avisou que a crise econômica na região tinha virado crise política. A instabilidade derrubou governos em efeito dominó. Caíram os governos da Letônia, Hungria e República Tcheca, em menos de um mês. O tcheco era o presidente da União Europeia, mesmo assim a instabilidade financeira e política não teve piedade: ele perdeu o emprego.

A grande dúvida é: se espalhar assim pelos outros países do Leste, a crise dos bálticos pode também enfraquecer mais ainda a Europa? Risco existe, porque os bancos da Europa controlam o mercado bancário dos países do Leste através de instituições financeiras das quais eles têm a maioria do capital.

Nunca se sabe como terminam as crises econômicas em um mundo globalizado. Nos Estados Unidos começam a aparecer notícias que, se não são boas, pelos menos acalmam um pouco, como as do Livro Bege do Fed, na quarta-feira, informando que a economia está ainda em queda, mas num ritmo menor. É bom lembrar que há outros pontos de fragilidade no mundo e eles podem produzir mais tremores.

Sinais de mudança na ação do BC

Luiz Carlos Mendonça de Barros
DEU EM O GLOBO

Copom ignora pressão feita pelo mercado e mantém a redução de cem pontos na Selic

ESCREVO ESTA coluna sob o impacto de dois eventos que mostram as grandes mudanças que vivemos na economia brasileira. Tenho repetido que é preciso estar atento ao NOVO para evitar erros de análise e de entendimento sobre momentos como este. A primeira e agradável surpresa veio da decisão do Copom de ignorar a pressão feita pelo mercado e manter a redução de cem pontos na taxa Selic. O Banco Central já havia mostrado irritação com o conservadorismo das instituições financeiras ao mostrar, na ata da reunião do Copom de abril, as inconsistências entre os juros futuros e as projeções de inflação para 2010.

Fato inédito em sua história, esse verdadeiro puxão de orelhas levou a uma imediata redução das taxas de juros de prazo mais longo na BM&F. Mas, nos últimos dias, houve uma reversão desse movimento e as taxas chegaram a níveis recordes novamente. Na última quarta-feira, antes de conhecida a decisão do Copom, a taxa Selic para dezembro de 2010 estava sendo negociada a 12,7% ao ano. Como as previsões do próprio mercado apontam para 4,3% de inflação no próximo ano, estaríamos voltando a um juro real de 8%. Nada hoje permite prever que tenhamos de voltar a esse nível para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo sistema de metas em vigor.

As justificativas balbuciadas pelos operadores e alguns membros do Copom são, para dizer pouco, patéticas. Em uma coluna do jornal "Valor", uma anônima fonte do BC citou o fato de que sempre em ano de eleições a taxa de câmbio se desvaloriza e provoca um aumento da inflação.

Aqui o desconhecimento de questões econômicas se junta a uma total ignorância da dinâmica política atual. Os dois candidatos de maior potencial para as eleições de 2010, pela primeira vez em muito tempo, são contra a qualquer descontinuidade da política econômica que prevalece a quase 16 anos no Brasil.

E cito agora o segundo evento que reforça esta minha tese de que o Brasil de hoje é diferente daquele que os conservadores do mercado financeiro ainda têm na cabeça. Em entrevista à agência internacional de notícias Reuters, o presidente Lula declarou: "O BC não tem de atender a apelo político. O Banco Central tem de fazer as coisas que precisa fazer para garantir a estabilidade de nossa política econômica".

Será que preciso discorrer mais sobre o significado histórico dessas palavras ou elas falam por si só? Será que ainda precisamos pagar um prêmio elevado por conta das incertezas quanto à atuação do Banco Central na busca de seus objetivos de política monetária? Além desse novo ambiente político para ação do Banco Central, tenho insistido à exaustão sobre um novo marco que foi criado por ser o real hoje uma moeda forte e internacionalmente aceita. As importações como fonte de oferta de bens estão hoje consolidadas na nossa economia, representando um novo mecanismo auxiliar no controle da inflação.

Como vivemos um período em que moedas de países emergentes, o real entre elas, passam a representar um canal importante na diversificação de ativos dos grandes investidores, sua eficácia fica ainda maior.

Volto a dizer que, nessas novas condições do mercado de câmbio, será necessário que os juros reais no Brasil convirjam para os de outros países emergentes sob o risco de uma valorização adicional de nossa moeda. O Banco Central não deve, como quer o mercado, continuar trabalhando com um prêmio de cerca de 2% ao ano na taxa Selic por conta de riscos que não existem mais.

Luiz Carlos Mendonça de Barros , 66, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

No Rio, indústria se vê em plena crise

Luciana Casemiro
DEU EM O GLOBO

Pesquisa da Firjan com empresários aponta ainda produção baixa para este mês

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e economistas afirmam que o pior da crise já passou, mas os empresários do Rio de Janeiro discordam. Para 61% dos entrevistados pela "Pesquisa de nível de atividade e expectativa da indústria do Estado do Rio", da Federação da Indústria do Estado do Rio (Firjan), estamos no meio da crise. Os números do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) do primeiro trimestre, divulgados na última terça-feira, mostraram uma retração forte no setor: 3,1%, frente ao último trimestre de 2008 e de 9,3% ante o primeiro. E o segundo trimestre não deverá ser grandioso, de acordo com a pesquisa, feita na última quinzena de maio.

- Para 36% dos entrevistados, as encomendas em abril e maio foram menores do que em março. Isto quer dizer que a produção da indústria em junho também está comprometida - destaca a diretora de Desenvolvimento Econômico da Firjan, Luciana de Sá.

Na pesquisa da Firjan, divulgada com exclusividade pelo GLOBO, um terço dos entrevistados declara ainda ter reduzido quadro de funcionários desde o início da crise e um quarto alterou planos de investimento. Outro dado preocupante, na avaliação de Luciana, é o fato de 44,2% dos empresários terem dito não precisar de crédito. Para ela, sinal de estagnação:

- Até porque, as empresas costumam ter de pagar impostos, antes de receber. Pelo menos capital de giro deveria ser necessário. Declarar não precisar de crédito é um sinal ruim.

Nem a queda da Taxa Selic (juros básicos da economia), de um ponto percentual, na última quarta-feira, para 9,25% ao ano, diz Luciana, ajuda a incrementar a produção industrial:

- A queda dos juros demora seis meses para se refletir no crédito. O maior problema do setor é o spread bancário (diferença entre o custo de captação do dinheiro e os juros cobrados pelos bancos). O crédito está até voltando, mas ainda muito caro, para empresários e consumidores.

Para Paulo Picchetti, professor da USP e da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV/SP), não há sinal claro de reversão da atividade econômica:

- A reversão provavelmente não começou a ponto de se imaginar que teria um fim para recessão. Há um crescimento na margem, mas a base de comparação é muito fraca. Alguns itens fundamentais para se falar em recuperação não mostraram alta, caso de empregos e investimentos.

Picchetti destaca que o setor industrial é bastante heterogêneo, havendo segmentos menos afetados:

- Caso dos produtores de bens duráveis beneficiados pelo governo, como automóveis e linha branca.

Perspectivas de investimento são melhores para 12 meses

O levantamento da Firjan confirma essa teoria. Entre os setores industriais mais afetados pela crise no Rio, segundo a Federação, estão: edição, impressão, borracha e plástico, têxteis, minerais não-metálicos, veículos e calçados. Já os setores químico, de refino de petróleo, produtos metálicos e vestuários têm tido números melhores, em alguns casos, até alta.

Antônio Carlos Berenguer, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Têxteis (SindTêxtil) e da Firjan, diz que, desde dezembro, o setor demitiu cerca de 28 mil trabalhadores:

- Já vínhamos sofrendo com a valorização do real, o que dificulta a exportação, e com a retração do mercado externo e a invasão de importados. Em 2008, importamos US$1,4 bilhão a mais do que exportamos. Este ano o déficit deve ser ainda maior.

Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, por sua vez, tem uma posição mais otimista:

- Se olharmos os índices de confiança do consumidor já há melhora. Isso quer dizer, entre outras coisas, que esse consumidor está mais disposto a comprar bens duráveis. Há indicadores de retomada já este mês.

Em meio a dados preocupantes, Luciana destaca o ajuste de estoque como um ponto positivo da pesquisa: 30,9% dos entrevistados declaram estar com o estoque menor, abrindo caminho para uma produção maior.

Ainda segundo Luciana, a expectativa é melhor a longo prazo:

- Quando perguntados sobre os próximos 12 meses, 65,1% dos entrevistados disseram que vão investir e 25% previram aumento no volume de recursos.

Juro ao consumidor continua a 131%

DEU NO JORNAL DO BRASIL

Queda da taxa básica até agora tem pequeno impacto prático para brasileiros, diz a Anefac

O impacto da queda de 1,0 ponto percentual da taxa básica de juros para o consumidor deve ser pequeno. Simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que a redução da Selic de 10,25% ao ano para 9,25% deve trazer a taxa média de juros cobrados à pessoa física dos atuais 133,7% ao ano para 131,62% ao ano.

De acordo com a Anefac, a modalidade de crédito mais cara ao consumidor é o empréstimo pessoal junto a financeiras, que deve cair de 259,03% cobrados ao ano atualmente para 255,94% após o corte da Selic. Em seguida, no ranking do crédito mais oneroso, aparece o cartão de crédito, que deve cobrar 235,01% ao ano pelo dinheiro emprestado, frente os atuais 237,93%.

De acordo com a Anefac, o maior benefício com a redução da Selic vem da queda da rentabilidade dos bancos em aplicações de tesouraria (títulos públicos). A taxa básica de juros serve de parâmetro para, entre outros, regular quanto o banco ganha aplicando o dinheiro que possui em títulos do governo. Com retorno menor neste tipo de aplicação, a Anefac crê que as instituições financeiras busquem ganhos maiores emprestando mais ao consumidor, provocando maior competição no mercado e taxas um pouco menores.

Simulação feita pela associação mostra que a redução da Selic trará os juros cobrados no cheque especial de 7,66% ao mês para 7,58%. Um consumidor que utilize esta modalidade por 20 dias para um empréstimo de R$ 1 mil pagará apenas R$ 0,54 a menos de juros com a nova Selic.

Já para o consumidor que pega emprestado R$ 25 mil para a compra de um veículo na modalidade CDC e paga este valor em 60 meses verá a prestação cair de R$ 880,23 por mês para R$ 864,97, segundo a simulação da Anefac.

Reduções dos bancos

Logo depois do anúncio da redução da Selic, alguns bancos começaram a divulgar redução em suas taxas de juros cobradas nas operações de empréstimo. O primeiro a se manifestar foi o Banco do Brasil que informou que a nova tabela de juros entrará em vigor na próxima segunda-feira. O BB anunciou que os beneficiários da Previdência terão taxas a partir de 1,57% ao mês. O financiamento de material de construção terá juros de 1,66% a 2,58% e o crédito consignado em folha de pagamento terá juros a partir de 1,59% para servidores públicos federais do Executivo. Esta última redução só entrará em vigor no dia 1º de julho.

No cheque especial, a taxa máxima vai cair para 7,69% ao mês e a mínima, para 1,25%. No cartão de crédito, a taxa máxima cede para 12,56% ao mês e a mínima vai ser de 2,99%, com redução de 17,6% na taxa mínima.

De acordo com o comunicado do BB, a decisão dá sequência a uma série de reduções de juros ocorridas nos últimos meses também em relação às operações de crédito de pessoas jurídicas. O Itaú Unibanco foi outro banco a informar que, em função da redução da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), diminuirá pela quarta vez no ano suas taxas máximas de contratação do crediário e do cheque especial, tanto para pessoa física quanto para empresas. A medida valerá a partir da próxima quarta-feira. A redução será de 0,8 ponto percentual sobre as taxas máximas mensais praticadas atualmente pelo banco privado.

FMI e Bird: economia só melhora em 2010

Washington, Santiago e Londres
DEU EM O GLOBO

As medidas de estímulo à economia adotadas por diversos países desde o agravamento da crise financeira, em setembro do ano passado, farão o mundo crescer mais em 2010. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou sua estimativa de expansão global para o próximo ano, de 1,9% para 2,4%. Mas, para este ano, as previsões não são animadoras: o Banco Mundial anunciou ontem que espera recuo de 3% na economia mundial, enquanto a previsão anterior era de -1,75%.

Fôlego após o baque

FMI prevê expansão maior da economia global em 2010, mas Bird eleva projeção de recuo a 3% este ano

Estimativas de dois organismos internacionais mostram que o ano de 2009 está perdido, mas que o mundo voltará a suspirar em 2010. O Banco Mundial divulgou ontem uma projeção mais pessimista para a economia internacional este ano: contração de 3%, ante previsão anterior de 1,75% anunciada em março. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima sua estimativa de crescimento para o próximo ano, de 1,9% para 2,4%. A maior rapidez na recuperação, segundo o Fundo, deve-se às medidas de estímulo fiscal adotadas por diversos países desde o agravamento da crise financeira, em setembro passado.

Os novos prognósticos vêm à tona um dia antes da cúpula dos ministros de Finanças do G-8 (que reúne os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), que acontece até domingo em Lecce, na Itália, e que vai discutir os rumos da economia mundial.

No comunicado divulgado ontem pelo presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, não há detalhes das razões que levaram a instituição a rever estimativas. É ressaltado apenas que os países pobres e emergentes vêm sendo os mais atingidos pela crise global. "Embora a previsão seja de retomada do crescimento ao longo de 2010, o ritmo é incerto, e os pobres em muitos países em desenvolvimento vão continuar a ser castigados", disse Zoellick na nota. Ele disse ainda que esses países enfrentarão perspectivas cada vez mais sombrias, a não ser que a queda em exportações, remessas e investimentos estrangeiros diretos seja invertida até o fim de 2010.

Menos 1 milhão de empregos na AL
Um dos sinais do forte impacto da crise sobre os países menos desenvolvidos tem sido a retração do mercado de trabalho. Ontem, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apresentaram relatório em que mostram o crescimento da taxa de desemprego urbano em nove países da região para 8,5% no primeiro trimestre de 2009. O índice estava em 7,9% um ano antes. Isso significa que mais de um milhão de vagas foi fechado em apenas três meses. De acordo com o boletim, a taxa média anual de desemprego na região subirá para uma faixa de 8,7% a 9,1%.

No mundo desenvolvido, o panorama não é menos desanimador. Ontem, o Japão confirmou que enfrenta sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. O Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) japonês recuou 3,8% no primeiro trimestre, ligeiramente inferior à leitura preliminar de 4%. Anualizada, a queda foi de 14,2%, ante o percentual de 15,2% anunciado mês passado.

Apesar do cenário sombrio para 2009, o FMI já está apostando em uma recuperação mais forte em 2010, segundo uma fonte da agência de notícias Reuters que teve acesso a um relatório com números atualizados. O documento - no qual o crescimento da economia mundial foi revisado de 1,9% para 2,4% - foi elaborado para a cúpula do G-8. "Para 2010, os dados do FMI sugerem uma melhora dos EUA, ao lado de um pequeno aumento da estimativa para a Europa", disse a fonte. Em abril, o FMI previa que o PIB dos EUA teria crescimento nulo ano que vem e o da Europa, contração de 0,4%. Para 2009, o FMI manteve sua previsão de queda de 1,3% da economia mundial.

Um dos indícios de que o rumo da economia começa a mudar de direção é que a Agência Internacional de Energia revisou para cima, pela primeira vez em dez meses, sua projeção de demanda global de petróleo para este ano, embora tenha mantido perspectiva de queda em relação a 2008: o recuo de 2,47 milhões de barris por dia ante a anterior de 2,56 milhões. A notícia fez o barril de petróleo leve americano subir 1,89% na Bolsa de Nova York, para US$72,68.

XXVIII Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos

LASA2009 / Repensar as desigualdades

11- 14 DE JUNHO 2009
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea /Rio

Presidente da LASA
Eric HershbergSimon Fraser University

Co-presidentes do programa
Evelyne HuberUniversity of North Carolina _ Chapel Hill

Cynthia SteeleUniversity of Washington _ Seattle

Tema do Congresso

Há muito que a América Latina é conhecida como a região do mundo com os mais altos níveis de desigualdade, ainda que o grau e a natureza dessas desigualdades variem nos campos econômico, político e cultural. Há séculos, a luta para superar o problema da desigualdade gera movimentos sociais e, atualmente como em várias ocasiões no passado, tem motivado intervenções pelos formuladores de políticas. Muitos desses esforços tiveram efeito, mas suas realizações podem ter sido subestimadas tanto pelos meios acadêmicos quanto pelos cidadãos. Mesmo assim, a distribuição da riqueza e do poder continua fundamentalmente desigual, apesar de a região passar por mudanças profundas em suas estruturas sociais e econômicas, instituições políticas e normas culturais. Nem a teoria nem a prática conseguiram explicar adequadamente as complexidades das desigualdades latino-americanas ou os fatores que as apóiam ou prejudicam. A compreensão das desigualdades exige a percepção de diferentes disciplinas das ciências sociais e humanas e atenção às circunstâncias e estratégias tanto dos ricos quanto dos pobres, tanto dos privilegiados quanto dos subalternos.

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Concerto nº 5 op. 73, “Imperador” – parte 3

Ludwig van Beethoven
Confira a parte 3

Clique no link abaixo

http://www.youtube.com/watch?v=419h93TiCFg&feature=related

Confira este vídeo em que Glenn Gould executa o Concerto nº 5 para piano, op. 73, “Imperador”, de Ludwig van Beethoven, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Toronto, regida pelo maestro Karel Ancerl.

O genial pianista Glenn Herbert Gould nasceu em 25 de setembro de 1932, em Toronto, no Canadá, e faleceu em 4 de Outubro de 1982, após um derrame profundo.
Gould "conversava" com a música e o piano durante as execuções, em verdadeiro transe de envolvimento interior intenso.Foi também organista.
Quando aparecer a tela do YouTube, clique na tecla HQ para ter imagem com melhor resolução.