quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ciro e Marina no jogo

Merval Pereira
DEU EM O GLOBO


A pesquisa do Ibope divulgada ontem traz boas notícias para dois candidatos: Ciro Gomes, do PSB, mostra-se uma alternativa governista à candidatura oficial de Dilma Rousseff. E a senadora Marina Silva, do PV, desponta com consistência como a grande novidade, com potencial até mesmo para disputar o segundo turno, na opinião do presidente do instituto, Carlos Augusto Montenegro.

Como pesquisa é um retrato do momento, e não a certeza no dia da eleição, nada garante que o resultado em 2010 será o mesmo encontrado pela pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem. Mas, como ressalta o presidente do instituto, Carlos Augusto Montenegro, “é preciso analisar as curvas” ao longo do tempo.

As curvas de José Serra e de Ciro Gomes são de estabilidade, a de Ciro com viés de alta.

A curva da provável candidata Marina Silva, do PV, é certamente ascendente, e a da candidata do presidente Lula, ministra Dilma Rousseff, claramente de baixa.

A entrada em cena da senadora Marina Silva causou um rebuliço na corrida presidencial, mas até o momento o maior prejudicado com a novidade é o candidato tucano que, embora tenha se mantido em um patamar bastante confortável diante de seus adversários, perdeu a possibilidade de ganhar a eleição no primeiro turno.

Outro ponto importante a notar é que quando o candidato do PSDB passa a ser o governador de Minas, Aécio Neves, não apenas o candidato do PSB, Ciro Gomes, ganha a dianteira, como o número de votos brancos e nulos e os de indecisos cresce muito, chegando a ser, num dos cenários, de 31%.

Quando a ex-senadora Heloísa Helena, do PSOL, sai da disputa, aumentam os votos para todos os candidatos, sendo que Ciro Gomes cresce mais que Dilma e Serra, e Marina fica com o lugar de Heloísa Helena, com 8% dos votos.

Mesmo nos cenários em que Serra aparece na frente como candidato dos tucanos, o índice de brancos e nulos e o de indecisos continua muito alto, em torno de ¼ do eleitorado fica sem se decidir.

Montenegro acha que o de brancos e nulos acaba ficando na média histórica, em torno de 8%, o que deixa quase 16% de votos para se espalharem entre os candidatos.

Boa parte desses pode migrar para a candidatura de Marina, que o presidente do Ibope considera mais consistente do que a de Heloísa Helena, que está nesse patamar de 7% a 8% desde a última eleição em 2006.

Montenegro considera que Marina é mais equilibrada politicamente, e “está está envolvida com uma causa que agrada a todos, o meio ambiente, já foi ministra, é mais centrada”.

Ele lembra que, na eleição de 2006, a ex-senadora “era a válvula de escape do eleitor que estava desiludido com o mensalão do PT, e depois com o caso dos ‘aloprados’”.

Tanto que levou o Alckmin para o segundo turno, e ele teve menos votos, porque os da Heloísa Helena voltaram para Lula. Montenegro acha que Marina está entrando em um outro contexto, e está convencido de que ela “vai mudar essa eleição toda”, mesmo sendo difícil vencer, por ter pouco tempo de televisão.

O presidente do Ibope acha que a queda de Dilma “já é sinal de que as pessoas estão entendendo que o PT sem Lula é uma outra coisa”. Montenegro tem uma tese, defendida há muito tempo, de que, com o mensalão, ficou separado o petismo do lulismo, e ele diz que o que tem 80% de popularidade é o lulismo.

O fato importante nessa pesquisa, ressalta, é justamente esse: a popularidade do presidente Lula continua estável, e a candidatura de Dilma Rousseff descolou-se dele. Ele levou-a a um patamar de cerca de 20%, e ela não se sustentou.

“Como ela é baseada toda em cima do Lula, isso é grave”, analisa Montenegro, para quem “não é absurdo termos mais adiante três candidatos disputando quem vai para o segundo turno: Ciro, Dilma e Marina, podendo até a Dilma ficar no quarto lugar”.

Pela situação de hoje, diz ele, não seria absurdo imaginar que Marina e Ciro podem chegar ao segundo turno.

“Vai depender da força da televisão”, diz.

“Fica difícil para a Marina se ela tiver apenas 1 minuto, ou o Ciro com 3 minutos, mas se eles fizerem algum acordo de televisão, passam a ter chance”, analisa Montenegro.

Se chegarem à conclusão de que Dilma não dá mesmo, os petistas vão buscar outro candidato dentro do seu partido ou apoiam o Ciro, pergunta Montenegro, para quem o PT não tem alternativa viável para essa substituição. “Não se fabrica mais candidato”, adverte ele, que considera que “o PT perdeu todo aquele glamour, todas as lideranças”.

Nos últimos anos, lembra, “só saiu gente do PT, não entrou ninguém de peso”.

Essa pesquisa do Ibope não traz simulações do segundo turno, por ter sido encomendada pela CNI sem essa especificação, mas Montenegro considera que nada mudou em relação à pesquisa feita anteriormente para o PMDB, que deu “uma proporção de 70 a 30 a favor de Serra contra Dilma em votos válidos”.

Em uma próxima pesquisa, Montenegro pretende fazer simulações com a possibilidade de a base governista ter apenas um candidato, — no momento ou Dilma ou Ciro —, mas ele considera difícil que isso venha a acontecer.

Ele considera que o quadro mais provável é o que contrapõe os quatro principais candidatos: Serra, Dilma, Ciro e Marina. “Acho que o Ciro não desiste mais, está provado que ele tem potencial”.

Montenegro causou espanto quando afirmou, em uma entrevista para a revista “Veja”, que Lula não fará seu sucessor.

Ele está refraseando seu ponto de vista: “O que eu digo é que Lula não elege o sucessor do PT”.

Mas, “se der a louca nele de apoiar a Marina, apoiar o Ciro, se o Aécio nesses dez dias sair para o PMDB, o que acho quase impossível, aí ele pode fazer o sucessor”.

Carlos Augusto Montenegro diz que o candidato para ser viável “tem que ter luz própria, ter currículo, já ter disputado eleições. Qualquer candidato teria 14% com o apoio do Lula”.

Os russos estão chegando

Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


O resultado da última pesquisa Ibope fotografa o momento em que PT e PSDB testemunham o abalo do jogo muito bem combinado e previsível da disputa plebiscitária entre governo e oposição.

Se era o projeto do presidente Luiz Inácio da Silva pôr sua força à prova, tampouco não desagradava aos tucanos concorrer com Dilma Rousseff, uma candidata inexperiente, cujo atributo mais visível nem é a antipatia pessoal, mas a apatia política.

Estavam ambos confortáveis, na convicção de que a sorte estava lançada de acordo com as regras previamente determinadas, quando a senadora Marina Silva apresenta a candidatura, o deputado Ciro Gomes reafirma a sua e entra em cena a evidência de que faltava um dado fundamental para aquele acerto dar certo: combinar com o eleitorado sempre ávido por novidades.

Os dois principais oponentes foram os que mais perderam. O governador de São Paulo, José Serra, quatro pontos porcentuais; a ministra da Casa Civil, três pontos. Com a agravante, para ela, de ter caído do segundo para o terceiro lugar.

Ultrapassada - pouca coisa em termos numéricos, mas suficiente para provocar um efeito psicológico negativo - por Ciro Gomes, que, em relação à pesquisa anterior, ficou no lucro de cinco pontos porcentuais.

No cenário mais provável, o que põe na disputa Serra, Ciro, Dilma e Marina, o governador tem 34%, o deputado 17%, a ministra 15% e a senadora do PV, 8%.

Ciro ganhou muito, mas, em termos relativos, Marina Silva ganhou mais. É a única sem padrinho e sem "recall" de cargos e eleições anteriores. Se levarmos em conta que Dilma teve quase um ano de exposição diária na companhia de Lula para entrar na casa dos dois dígitos das intenções de votos, os 8% de Marina em um mês de candidatura não assumida, representam um desempenho e tanto.

A rejeição da senadora (37%) beira a marca do pênalti. Segundo os especialistas no tema, candidato com 40% de rejeição dificilmente se elege. Foi o único quesito em que Dilma subiu. Está com exatos 40%. Ciro fica com 33% e Serra com a menor, 30%. Esta poderia ser a boa notícia para o governador, como contraposição à perda na vantagem.

Afinal, ele é conhecido por 66% dos entrevistados. Marina por apenas 18%, Ciro por 45% e Dilma por 32%. De Serra e Ciro um bom naco do eleitorado já conhece qualidades e defeitos. Sobre Marina quase ninguém sabe nada, o que tanto pode apontar para um bom futuro como pode resultar em decepção. Por ora, Marina ainda é um símbolo. E para poucos.

Ciro faz o impetuoso, adversário dos erros e companheiro dos acertos do governo Lula.


Estabelece contraponto com o desempenho anódino dos postulantes da oposição, embora possa a qualquer momento se tornar seu maior inimigo.

Seja como vier a ser, fato é que a campanha presidencial desponta fugir à fórmula elaborada nos laboratórios tucano-petistas. O que, em algum momento, poderá resultar numa circunstancial, mas inusitada aliança.

Aos costumes

O ex-governador Orestes Quércia desembarcou ontem em Brasília para uma conversa com o presidente da Câmara, Michel Temer, também presidente licenciado do PMDB, já agastado com o fato de Temer vir adiando um encontro para tratar do assunto com ele.

Quércia fecha com José Serra, domina a máquina do PMDB paulista, da qual Temer dependeu para se eleger deputado federal em 2006, com a mais modesta das votações entre os eleitos pela legenda.

Em miúdos: para ser vice Michel Temer pode até depender da vontade do PT, mas para ter assegurada a sobrevivência política precisa mesmo é se acertar com o PMDB.

Contrato de risco

Até a concessão de asilo político ao presidente deposto de Honduras, entende-se.

Mas, se o governo brasileiro não impuser limites à ação de Manuel Zelaya dentro da embaixada brasileira, compreendendo também as próprias limitações, vai se tornar parte num conflito que não se resume ao embate entre um presidente constitucional contra um governo golpista.

Trata-se, antes, de um choque entre duas concepções autoritárias forjadas na violência. De um lado o governo de facto impondo a regra do jogo a ferro e fogo e, de outro, o deposto a bordo de seu lema "pátria, restituição ou morte".

Zelaya tem contra ele o Legislativo, o Judiciário, parte considerável da opinião pública e o fato pretender ignorar - ao molde de Hugo Chávez - as outras instituições em nome de um projeto de prolongamento anticonstitucional de permanência no poder.

A maneira de se lidar com essas situações é pela via legal e não por meio da força, isso é ponto pacífico.

Só que não cabe ao Brasil se imiscuir nos meios e modos internos de outro país, muito menos quando o asilado em questão não demonstra dispor de organização e apoio político suficientes para fazer valer seu mandato em termos negociados.

Democracia desorganizada

Fernando Rodrigues
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - O presidente Lula recebeu um prêmio em Nova York. Disse que o "Brasil é país de instituições sólidas e democráticas". Sobre democracia, não se discute. Já solidez das instituições é um conceito relativo, sobretudo no aspecto organizacional.

Enquanto Lula continua nos EUA, um documento da Presidência foi divulgado na Câmara, aqui em Brasília. Informa, de novo, que o Planalto guarda as imagens do seu circuito interno de segurança apenas por um prazo médio não superior a 30 dias. A história vai para o lixo porque falta memória no disco rígido do sistema.

Trata-se ainda do episódio do final do ano passado entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a então secretária da Receita Federal, Lina Vieira. Sem imagens, ficou a palavra de uma contra a da outra sobre a existência da reunião na qual o governo teria pedido para "agilizar" um processo a respeito de empresas da família Sarney.

A indigência gerencial nos órgãos públicos é de dar dó. No documento de ontem, o Planalto informava como registra os carros no principal edifício da administração federal: "Os veículos que transportam autoridades, após reconhecidos, não têm suas placas anotadas".

Como é característico nessa cultura da desídia, nenhuma medida foi anunciada para corrigir tamanha esculhambação. O desmazelo não é de hoje, é verdade. Mas a atual gestão já teve tempo suficiente para adotar as ações necessárias. Não custaria nada obrigar todos os órgãos federais a registrar quem entra e sai de prédios públicos.

Outro exemplo é a decisão do Supremo Tribunal Federal, há um mês, determinando a liberação de notas fiscais usadas por deputados para justificar o uso de verbas indenizatórias. A Câmara desdenha do STF. Não cumpre a decisão. Se essas são instituições sólidas, como disse Lula, há um novíssimo conceito sobre solidez na praça.

Governo quer liberdade total

Rosângela Bittar
DEU NO VALOR ECONÔMICO


Sem Tribunal de Contas da União, seria risonho e franco o mundo do Poder Executivo de uma maneira geral. Incluindo na festa as Estatais, as Universidades, os bancos federais, as instituições diversas que manipulam dinheiro público e também os repassam. Para ficarem estas entidades vulneráveis a uma fiscalização mínima é preciso que aconteça algo quase impossível, a criação de uma comissão Parlamentar de Inquérito que funcione bem e apure de fato denúncias dos desvios de recursos. Os mecanismos de controle interno reaparecem de vez em quando no governo, por espasmos, em períodos de crise. Resta ao contribuinte a confiança de que sua contribuição terá o controle exercido pelo TCU, que é insuficiente e às vezes equivocado, mas é o único e deve ser preservado.

No atual governo houve vários momentos de campanha contra o Tribunal de Contas, depois uns ataques mais diretos, um recuo estratégico nos protestos e um momento, como o de agora, de discrição, que não se sabe quanto vai durar. Transformou-se o TCU em alvo também do Legislativo. Os primeiros, para evitar avaliações incômodas da atuação de gestores que pretendem ter a unanimidade, a favor, do público e da crítica. Quanto aos parlamentares, estão acusando o golpe da transferência de poder que imaginam ter ocorrido quando o Tribunal de Contas passou a dar a última palavra sobre as obras que poderiam ou não ser contempladas no orçamento. Uniram-se à pressão do Executivo.

Com a atribuição de exercer a fiscalização sobre a aplicação de recursos públicos, foi o TCU que abriu, no ano passado, investigação sobre o empréstimo de R$ 4,3 bilhões pelo Banco do Brasil à Oi para a compra da Brasil Telecom. O objetivo do tribunal: verificar se as condições do empréstimo seguiram os padrões de mercado e os critérios técnicos do BB. A auditoria do TCU, que produzirá um relatório a ser votado no fim deste mês, foi criticada como exorbitante. Ao avaliar os procedimentos, o tribunal poderá tão somente pedir correções nas regras do empréstimo, ou, se identificadas irregularidades, aplicação de multas aos responsáveis. Pode ser pouco, mas é algum controle.

Recentemente, auditoria do TCU descobriu irregularidades no planejamento e execução das obras do Arco Rodoviário, no Rio, projeto que levará cerca de R$ 1 bilhão do PAC, o programa de obras do governo federal que tem diversas delas retidas pelo filtro do Tribunal. A fiscalização de obras é uma das atribuições mais pesadas, para a qual o TCU conta com grande estrutura e até um cargo especial, o de secretário de fiscalização.

As joias do PAC, mostrou reportagem de Raymundo Costa e Daniel Rittner, no Valor, não poderiam, a rigor, figurar no palanque de realizações do governo Lula, na campanha de 2010, porque não houve avanços em sua execução. Levantamentos sucessivos mostram que apenas 7% das principais obras do programa foram concluídas, ou seja, execução rasteira. São avaliações que o trabalho do TCU permite fazer.

Falhas de gestão também são ali detectadas. Foi o TCU que descobriu não estar o governo aplicando 18% de sua arrecadação tributária de 2008 em Educação, como manda a Constituição, e identificou sobrepreço e erros em licitações de obras da Petrobras, empresa, por sinal, com pendências em várias auditorias do tribunal, já convidada a ajustar seu falho sistema de concorrência pública.

O programa Bolsa Família, que desperta temor reverencial e afasta avaliações sob pena de seus executores politizarem o debate e acusarem o crítico de querer acabar com a bolsa, é tema de análises frequentes no TCU, que já apontou equívocos no cadastro de beneficiários e fraudes na execução.

A má qualidade gerencial dos programas do governo, já reconhecida até por ministros mais atentos ao que se desenvolve em suas áreas, é a principal causa do péssimo resultado apontado pelas auditorias.

Os parlamentares da aliança governista vêm tentando podar o TCU em suas atribuições de fiscalizar obras. O Executivo está adotando medidas para, apesar dos vetos do TCU, garantir que suas obras, mesmo se declaradas irregulares, recebam recursos. E não se trata de uma reação a um aumento da pressão do tribunal sobre os gestores.

Não é de hoje que o TCU é integrado por políticos, parlamentares que não renovaram seu mandato. A tradição da casa é esta, muitos políticos importantes na história do Brasil passaram por lá: Golbery do Couto e Silva foi ministro do TCU; Etevilno Lins também, Silvestre Peres de Góis Monteiro, Tales Ramalho, Augusto Tavares de Lyra, José Américo de Almeida, Gustavo Capanema, Abgar Renault, Luiz Octávio Gallotti, Clóvis Pestana, Thales Ramalho. Os dois mais importantes diretores da Câmara em diferentes períodos, Luciano Brandão e Paulo Afonso Martins integraram o tribunal.

O Tribunal de Contas da União, previsto na Constituição, não está no sistema Judiciário mas no Legislativo, e deve auxiliar o Congresso na fiscalização financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta. Já era previsto na Constituição de 1824 mas desde 1808 foram plantadas suas bases com o Erário Régio ou Tesouro Real Público, criado por Dom João.

O TCU é uma instância de satisfação ao contribuinte quanto ao dinheiro dele arrecadado, e seu quadro de auditores é considerado o que há de melhor no serviço público.

Governos, reconhecem ministros do TCU, não gostam de fiscalização, muito menos de controle. Mais ainda quando são altos os orçamentos gastos a fundo perdido. Quanto mais fiscalização, mais se encontram irregularidades, corrupção e se evidencia a impunidade. As tentativas de enquadrar o Tribunal, neste momento, fazem parte do arsenal preparatório da campanha eleitoral de 2010.

Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras

"Identificação ao PT derrota Dilma"

Heloisa Magalhães, do Rio
DEU NO VALOR ECONÔMICO

A população não quer mais quatro anos de PT sem Luiz Inácio Lula da Silva, avalia o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Para ele, a alta popularidade do presidente República não está sendo transferida para a ministra Dilma Rousseff em grande parte devido ao desgaste do PT.

Ao comentar a pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, Montenegro voltou a afirmar que a ministra não tem chance. Para ele, o eleitor cada vez mais vai ficar com o sentimento de que Dilma vencendo serão "quatro anos com as coisas ruins do PT e sem as coisas boas de Lula".

Montenegro diz que, nas últimas eleições, quem estava à frente nessa altura da campanha, acabou levando
. A seguir, a entrevista:

Valor: Não é cedo para tanta certeza de que Dilma não se elege?

Carlos Augusto Montenegro: Lula está tentando fabricar alguém. O PT sofreu desgaste com mensalão e aloprados. O partido perdeu a identidade, a ética, e o charme. O PT mobilizava formuladores de opinião, atores, artistas e estudantes. Tudo isso foi para o saco, acabou. Nos últimos dez anos, o PT só perdeu gente. Erundina, Plínio de Arruda Sampaio, Heloísa Helena, Luciana Genro, Marina, [Fernando] Gabeira. Só se vê gente saindo, ninguém entrando. Outros foram cassados ou se esconderam como [Luiz] Gushiken, [Antonio] Palocci, [José] Genoino, João Paulo [Cunha], José Dirceu. E os que ficaram perderam expressão, como [Aloizio] Mercadante e [Eduardo] Suplicy. O partido não tem liderança e o Lula resolveu inventar uma pessoa. Acho que o Brasil está diferente. É difícil eleger um poste, independentemente dele [Lula] estar muito bem avaliado. Principalmente sendo uma pessoa que nunca participou de eleição que não tem voto, carisma ou simpatia.

Valor: Mas diante do desgaste do PT será que Dilma não seria favorecida exatamente por não ter tido cargo eletivo no PT?

Montenegro: O candidato precisa ter currículo, história. É a primeira vez que Lula não será candidato. Muitas pessoas de baixa renda que melhoraram de vida podem até votar no candidato de Lula por gratidão. Por isso mesmo Dilma tem de 13% a 15% das intenções de voto. Sem Lula, teria 1%. Qualquer um que Lula apoiasse teria 13% a 14% [das intenções de voto] pois é o que pode transferir. A rejeição a Dilma ter chegado a 40% significa que ela anda para trás. Possivelmente, foi o episódio da Receita [Federal, quando a secretária Lina Vieira declarou que ouviu da ministra pedido para apressar investigação em torno da família Sarney].

Valor: O senhor acha que uma pesquisa um ano antes das eleições retrata o quadro para daqui a 12 meses?

Montenegro: Por acaso nas últimas quatro eleições presidenciais quem estava na frente um ano antes, ganhou. Isso aconteceu na segunda eleição de Fernando Henrique Cardoso e nas duas vezes em que Lula venceu.

Valor: Mas na de Fernando Collor foi diferente.

Montenegro: Collor não conta pois foi a primeira eleição presidencial após a ditadura. E ainda: eram 12 candidatos numa eleição. A primeira eleição de FHC também foi diferente pois foi muito influenciada pelo Real. Lula estava na frente, veio o Real e FHC ganhou no primeiro turno. Depois dessa quem estava na frente [um ano antes nas pesquisas] venceu. FHC em 1997, Lula em 2001 e Lula em 2005 exatamente neste período. Não é uma regra, mas hoje é difícil mudar. É preciso fato muito forte para mudar. Dilma não é um fato forte.

Valor: E os 80% de popularidade de Lula? Não contam?

Montenegro: A pesquisa mostra que Dilma está descolada do Lula no sentido negativo. Ele manteve quase intacta a aprovação e Dilma caiu quase cinco pontos percentuais. Se ela estivesse totalmente atrelada a Lula, também estaria na onda ascendente. Ele ficou com uma aprovação exuberante e ela caiu. A questão é se a população quer mais quatro anos de PT sem Lula. Depois do mensalão, teve o petismo e o lulismo. Lula se descolou do PT e ficou acima de tudo. Lula foi uma das coisas boas que restaram do PT. E ele agora vai embora. Quem quer quatro anos de PT sem Lula? Na hora de mudar, o PT está ficando com as coisas ruins e o Lula com as boas.

Valor: O senhor não acha que a pesquisa espontânea, a essa altura, é a que melhor reflete o quadro?

Montenegro: Espontânea funciona como quase certeza de voto, mais perto das eleições, quando o eleitor já sabe quem são os candidatos, o programa de governo, o jingle. Quando se pergunta em quem [o eleitor] vai votar sem citar nome e quando já é difícil mudar o nome de quem vai votar.

Valor: Com a alta aprovação a Lula, qual seria a mensagem que a oposição teria a apresentar?

Montenegro: As pessoas já começaram a entender que não é só Lula que faz o governo. O fato da Dilma estar caindo mostra isso. A maioria da classe média já entendeu que PT e PSDB têm propostas [de governo]parecidas. Lula avançou na área social ou talvez outro avance mais na infraestrutura mas as pessoas já perceberam que o ritmo das coisas não muda. O Brasil estava fadado a crescer e a questão é quem vai atrapalhar. Bandeira do PT tem que ser de continuidade e a do PSDB de manutenção da política econômica que foi de estabilidade e talvez falar de reformas política e tributária. Ninguém vai brigar contra ninguém. O PSDB não vai contra o Bolsa Família. A classe média aumentou e muitos saíram da pobreza mas os ganhos não vão para o PT.

Risco nacional

Miriam Leitão
DEU EM O GLOBO


A ministra Dilma Rousseff tem razão: nacionalista não é xingamento. O sentimento de amor à pátria é bom. Mas há perigos sobre os quais a ministra não falou: o da manipulação e uso político do nacionalismo; a apropriação pelo governo do sentimento de pátria como se pertencesse a um grupo político. Foi isso que se viu no lançamento do présal e no modelo de exploração.

O histriônico discurso da nova independência do Brasil, as criticas à oposição e o palanque para a sua candidata mostraram que o presidente Lula, já no lançamento do projeto, confundiu pátria e governo.

A modelagem tem um defeito de fabricação que vem exatamente dessa manipulação do sentimento nacional em favor de uma empresa de capital aberto que tem sócios privados. A Petrobras não é o Brasil. É a maior empresa brasileira, mas não pertence a todos os brasileiros.

Tem menos de um milhão de acionistas privados — num país de 190 milhões de habitantes — e os acionistas é que serão beneficiados de forma ilegítima pelo modelo escolhido.

No sistema de partilha, a Petrobras vai receber até cinco bilhões de barris de óleo equivalente sem ter o trabalho de entrar em uma licitação.

Por ter 30% em todas as áreas de exploração ela já entra como a operadora, com poder decisório.

O Brasil não é o grupo político que hoje está no poder. Vantagens concedidas a uma empresa não são transferências de riqueza ao povo. O poder dado a uma empresa de capital misto não é defesa de soberania nacional. O governo faz confusão deliberada.

Essa mistura é explosiva, perigosa, conhecida.

O modelo escolhido para o pré-sal tem outras distorções evidentes. O governo diz que explorar o petróleo em profundezas inéditas é uma atividade sem risco e por isso cria dificuldades, ônus, obrigatoriedades para as empresas participantes.

Se fosse sem risco não teria acontecido o que aconteceu em Tupi, para começo de conversa. A produção diária foi metade da esperada e os testes tiveram que ser suspensos porque o equipamento teve problemas de corrosão ao enfrentar a pressão do fundo do mar. O primeiro fato é normal, o segundo é preocupante, segundo os técnicos.

O governo já discute o gasto do dinheiro de um petróleo que ainda não se sabe como retirar e comemora o petróleo como redenção nacional perpétua numa época em que o mundo está às vésperas de um imposto sobre combustíveis fósseis.

O investidor que vier terá que aceitar as seguintes condições: ser sócio da Petrobras queira ou não, em qualquer área. Ver esse sócio ter o privilégio de receber 30% do negócio. Ter no comando do empreendimento integrantes de uma outra estatal com poder de veto. E isso, se ganhar uma licitação na qual vencerá quem der mais petróleo para o governo. Petróleo que, depois, será entregue à Petrobras. O sócio privado terá o direito de entrar com o dinheiro de investimento, correr riscos, e conviver com uma participação estatal completamente excessiva.

Para ficar mais claro, os consórcios serão formados pela Petrobras, pela PetroSal (ou Petroqualquercoisa) e pelas empresas que ganharem a licitação. O consórcio será administrado pelo comitê operacional, no qual a Petro-Sal terá metade dos integrantes, o presidente, o poder de veto e de voto de qualidade. Portanto, o burocrata da empresa a ser criada que decidirá como, quando e onde furar.

O sistema escolhido pelo governo é estatizante. Isso não tem nada a ver com nacionalismo. Transfere recursos públicos para sócios privados. Isso também não tem nada a ver com nacionalismo.

Cria uma burocracia com poderes excessivos e ingerência em decisões empresariais.

Isso é qualquer coisa menos nacionalismo.

Quando o monopólio foi retirado da Constituição há 14 anos, o governo estabeleceu um modelo que deu certo. Trouxe 50 empresas estrangeiras para o Brasil que investiram bilhões, escolheram em sua maioria — mas não por imposição — a sociedade com a Petrobras, e ajudaram a ampliar as reservas brasileiras. Na época, a Petrobras pediu mais tempo do que os três anos que teve para escolher as áreas nas quais tinha feito investimento.

Recebeu esse prazo a mais e foi assim que chegou às reservas do pré-sal.

A oposição, que governava naquela época, continua demonstrando os sinais agudos de amnésia. Não sabe o que fez, por que fez e o que defende como melhor caminho para o Brasil. O presidente Lula disse que o “companheiro” Serra defende o modelo. E Serra parece ter gostado mesmo porque esteve no lançamento-palanque e nada contestou, exceto a divisão federativa dos impostos. Entre as emendas que o PSDB apresentou está a de distribuir ações preferenciais para as famílias do Bolsa Família. E os pobres que não estão no programa? Ou a oposição já se esqueceu também dos conhecidos problemas do cadastro do Bolsa Família? O Brasil está na seguinte situação: tem uma oposição que não faz oposição e um governo que manipula o sentimento nacionalista da população para ter dividendos eleitorais. Aí é que está o perigo. Não no nacionalismo, mas no uso que se faz dele.

Militância quadrilateral

Marcelo Mário de Melo
DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)


1– Para que se conquistem mudanças profundas na república brasileira, sintonizadas com as necessidades da maioria da população e impulsionadas pela sua mobilização, é preciso mudar o padrão atual da militância de esquerda, fundado na absolutização dos processos eleitorais e nos arranjos de cúpula característicos da política tradicional. Nessa construção, coloca-se o desafio de um encontro de contas com o passado recente, recolhendo-se as experiências e análises que fecundam uma nova perspectiva e rejeitando-se aquelas que, à esquerda e à direita, induzem à repetição de velhos erros e alimentam a mesmice.

2 – São abundantes as pesquisas e análises sobre o perfil atual da sociedade brasileira nos seus aspectos econômicos, sociais, culturais, psicossociais, demográficos, regionais, organizacionais - estatais, civis, formais, informais e marginais. Em muitas delas se revelam realidades e vertentes com potencialidade para a geração de novas articulações políticas. Mas esse conhecimento não chega aos arraiais da esquerda. E estabelecer o traço de união é um segundo desafio que se impõe.

3 – A ação militante deve compreender a rejeição da fome, do raquitismo político, da subnutrição cultural e da corrupção visceral, sob o fundamento da elaboração crítica e do desdobramento de propostas em torno de cada um destes aspectos, e considerando as esferas do programa, da estratégia, da tática e da política de organização. Este é o alcance da militância quadrilateral.

4 – A fome, num conceito expandido, refere-se não só ao alimento, mas a todos os tópicos inscritos entre os direitos sociais e as políticas públicas, como emprego e renda, habitação, saúde, educação, cultura, seguridade, etc.

5 – O raquitismo político diz respeito às limitações e deformações que marcam a representação popular e o controle civil nas esferas estatais, nas instâncias e ocorrências da sociedade civil, como o processo eleitoral, a vida partidária, as estruturas sindicais e associativas, os movimentos sociais e comunitários.

6 – A subnutrição cultural, por um lado, expressa o bloqueio à população do acesso aos bens de cultura e a ausência de uma política cultural voltada para assegurá-los, numa rede de equipamentos públicos básicos e obrigatórios, a partir do município, a exemplo do SUS. Os debates culturais de hoje são centrados nas reivindicações dos segmentos da produção cultural, profissional e amadora, individual e grupal, deixando-se ao largo as necessidades e os direitos culturais dos cidadãos. No âmbito da militância, é necessário incrementar o componente teórico na análise e na formação política, a partir do conhecimento da realidade nacional e internacional e da articulação com a intelectualidade de esquerda.

7 – A corrupção visceral caracteriza o tradicional comportamento predatório e corrupto das classes dominantes ante o patrimônio público, à frente das instâncias do poder.

Paralelamente, esses mesmos setores, ao longo da história brasileira, colocando o lixo debaixo do tapete e tentando ocultar os seus rabos de palha, têm levantado a bandeira da moralidade, como forma de desviar a atenção e confundir o debate político, sempre que sentem alguma ameaça aos seus interesses econômicos ou aos seus esquemas políticos. Mas marcando a distância ante esses expedientes, típicos da velha UDN e do udenismo, coloca-se para os militantes de esquerda e socialistas, a exigência inarredável de uma postura vigilante, nítida, exemplar, substanciosa e prática, no que se refere aos bens públicos ou coletivos. O combate à corrupção das classes dominante integra o ideário socialista e não pode ser descartado. A denúncia das mordomias foi um dos componentes da luta democrática contra a ditadura de 1964 e mantém a validade. O peleguismo renitente, enraizado na Era Vargas, precisa ser enfrentado em suas variantes atuais e nas irradiações para além do movimento sindical.

8 – Esta é uma pauta para discussão, traçada em linhas gerais, que requer desdobramentos e especificações. E aí se destaca, entre outros tópicos, a situação da juventude e a sua mobilização política.

» Marcelo Mário de Melo é jornalista, foi militante do PCBR e atualmente assessor da Fundação Joaquim Nabuco

O QUE PENSA A MÍDIA

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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Amorim perde outra, na Unesco

Deborah Berlinck
Correspondente
DEU EM O GLOBO

A série de derrotas do Itamaraty em eleições para órgãos internacionais, na gestão Celso Amorim, aumentou ontem com a derrota do egípcio Farouk Hosni, candidato apoiado pelo Brasil à direção-geral da Unesco. Ele perdeu para a ex-chanceler e atual embaixadora da Bulgária na França, Irina Bokova.
Hosni era acusado de antissemitismo.

Egípcio perde para búlgara eleição na Unesco

Ex-chanceler, que corria por fora na disputa, surpreende e vence na 5° rodada derrotando candidato apoiado pelo Brasil

PARIS. Farouk Hosni, o candidato egípcio à direção-geral da Unesco (a agência da ONU para Educação e Cultura) que causou polêmica ao admitir ter defendido a queima de livros de Israel das bibliotecas do Egito, foi derrotado ontem por uma candidata improvável: a embaixadora da Bulgária na França, Irina Bokova.

Essa ex-comunista convertida em pró-União Europeia convicta, de 57 anos, que foi ministra das Relações Exteriores da Bulgária e parlamentar, correu discretamente por fora e surpreendeu a todos, obtendo 31 votos contra 27 do comitê executivo da Unesco, formado por 58 países. Bokova ainda vai entrar para a História: será a primeira mulher e a primeira representante de um país do ex-bloco comunista a chegar ao comando da Unesco. Seu nome deverá ser endossado pelos 193 membros da Unesco, na assembleia geral da organização, em outubro.

Brasil se saiu mal, diz excandidato à vaga A eleição foi uma batalha: pela primeira vez, a disputa teve que ir a cinco turnos, com árabes e africanos se aliando ao egípcio, e europeus eliminando seus candidatos e mudando de campo à medida que as controvérsias em torno do egípcio aumentavam.

Emocionada, ela prometeu ontem união.

— Todos os candidatos propuseram boas ideias. Vou usar todas as boas ideias. Vamos trabalhar juntos, porque nunca acreditei em guerra de civilizações — disse.

O Brasil, que derrubou dois candidatos do país para apoiar abertamente o egípcio — oficialmente, para dar uma chance aos árabes, que há muito tempo querem o comando da Unesco — sai mal desta eleição. Esta foi a avaliação de um dos candidatos brasileiros preteridos, Márcio Barbosa, vice-diretor-geral da Unesco. Ele disse que alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dos riscos da candidatura egípcia.

— O Brasil se sai muito mal, porque se alia a países que praticam uma política que não imaginamos como uma democracia — disse, acrescentando que EUA e Japão já consideravam até cortar ajuda a alguns programas da Unesco, caso Hosni tivesse sido eleito.

Funcionários da Unesco se mostram aliviados Para Barbosa, a eleição da búlgara salvou a imagem da Unesco. Com um egípcio que pregou queima de livros israelenses, diz Barbosa, a organização perderia credibilidade nas suas principais vocações: diálogo entre culturas, diversidade cultural e liberdade de imprensa.

— Ela (Bokova) é competente, qualificada, não tem arestas, tem uma vida que todos reconhecem como importante na democracia no país dela, conhece a organização, é simpática e tem tudo para ser uma grande diretora — disse Barbosa.

O candidato derrotado, horas antes da eleição, já pressentia a dificuldade da disputa.

Numa entrevista à televisão egípcia El Hazat, Hosni acusou organizações judaicas de não quererem um árabe no comando da Unesco. E ainda fez críticas à organização: — A forma como a Unesco lidou comigo mostra que está se tornando uma organização política e não uma organização cultural.

Na campanha, o candidato egípcio, ministro da Cultura há mais de 15 anos, e um dos homens mais próximos do presidente egípcio Hosni Mubarak, chegou a pedir desculpas por suas declarações contra israelenses, alegando que foram feitas no calor do conflito entre palestinos e Israel. Mas, nos corredores da Unesco, funcionários não escondiam alívio com a eleição da búlgara.

Câmara aprova 7,7 mil novas vagas de vereador

Isabel Braga
DEU EM O GLOBO

Pela emenda, que agora será promulgada pelo Congresso, posse de suplentes é retroativa a 2008, mas OAB irá à Justiça

BRASÍLIA. A Câmara aprovou ontem, em segundo turno, emenda constitucional que recria mais de 7,7 mil vagas de vereadores no país. Mais uma vez, as galerias estiveram lotadas de suplentes de vereadores, que aplaudiram o resultado e cantaram, de pé, o Hino Nacional: 380 votos sim, 29 votos não e duas abstenções. A emenda será promulgada pelo Congresso, mas a tão sonhada posse dos suplentes não deve se concretizar imediatamente.

O texto aprovado diz que o aumento de vagas retroage ao pleito de 2008, mas a eventual posse de suplentes será contestada na Justiça.

Logo após a aprovação da emenda em plenário, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ayres Britto, afirmou, mais uma vez, entender que a emenda só valerá para 2012. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, avisou que, se alguma Câmara de Vereadores insistir em dar posse a suplentes, a entidade entrará com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a legalidade da medida.

— Se a interpretação dada pelas Câmaras de Vereadores for a de que a lei retroage, vamos entrar no Supremo com uma Adin. Uma lei poderia dizer que não pode mais haver vereadores no país e eles perderem, imediatamente, seus mandatos? Não. Se não pode mais, também não pode menos — disse Britto.

Além de recompor vagas, a proposta aprovada é uma reação à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, em 2004, cortou 8 mil vagas de vereadores.

Desde 2004, os vereadores vêm se mobilizado pelo novo aumento das vagas.

Emenda reduz limite de repasses para Câmaras A emenda aprovada ontem irá reduzir os limites percentuais previstos na Constituição de repasse de recursos das prefeituras para as Câmaras de Vereadores. Segundo o texto, hoje as prefeituras repassam entre 5% e 8%, de acordo com a população. O percentual irá variar de 3,5% a 7%.

Ontem, muitos deputados voltaram a destacar nos discursos que a posse dos suplentes não é algo pacífico e imediato.

— Nunca vi PEC para eleger vereador. Quem elege é o povo.

Essa Casa critica a interferência do Judiciário, mas aprova emenda inconstitucional — afirmou o deputado Silvio Costa (PTB-PE), provocando reações indignadas dos que estavam nas galerias.

Os que defendem o aumento de vaga estabelecido na proposta de emenda constitucional (PEC) reagiram e muitos defenderam a aplicação imediata da regra.

— Estamos corrigindo o jogo e valorizando a democracia — afirmou o deputado Fernando Ferro (PT-PE).

— Essa PEC recompõe o número de vereadores reduzido pelo TSE e reduz gastos das prefeituras com as Câmaras de Vereadores — afirmou o relator da emenda, Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

Ibope aponta crescimento de Ciro na corrida presidencial

Daniel Bramatti
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ele tem 17% das intenções de voto, ante 34% de Serra e 15% das preferências para Dilma

Na primeira pesquisa CNI/Ibope em que é incluído o nome da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, recém-filiada ao PV, Ciro Gomes (PSB) aparece empatado, em segundo lugar, com Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência em 2010. O tucano José Serra (PSDB) lidera, mas com menos do que a soma dos adversários - ou seja, haveria segundo turno se as eleições fossem hoje.

Ciro está em trajetória ascendente desde a pesquisa anterior, feita em junho, conforme indicam dois dos cenários avaliados pelo Ibope - em outros quatro não é possível fazer uma comparação, por causa da recente entrada de Marina na corrida. Nas simulações em que a representante do PV não aparece na lista apresentada aos eleitores, o pré-candidato do PSB sobe cinco pontos de junho para setembro. Com 17%, fica atrás de Serra, que cai de 38% para 34% e empata tecnicamente com Dilma, que passa de 18% para 15%. Quando é Aécio Neves quem aparece como candidato do PSDB, Ciro chega a liderar.

Nos cenários com Marina - os mais prováveis, dada a movimentação política da ex-ministra -, a preferência por Ciro oscila entre 14% e 17%, quando Serra também está na disputa, ou entre 25% e 28%, quando o governador paulista é substituído por seu colega de Minas Gerais.

"A pesquisa foi feita em um momento de boa exposição para Ciro e de desgaste para Dilma", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Ele se referiu ao programa de TV do PSB, exibido em rede nacional no último dia 3, e ao episódio em que Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, acusou a ministra da Casa Civil de pressioná-la para supostamente favorecer a família Sarney, alvo de investigação do Fisco.

Carlos Melo destacou que uma pesquisa feita com tanta antecedência em relação à eleição serve mais para "definir o grid de largada" do que para indicar favoritos em 2010. Para ele, com o resultado, Ciro se posiciona como possível "plano B" da base governista ou como eventual vice de Dilma - cargo que o PMDB cobiça.

Lúcio Rennó, cientista político da Universidade de Brasília (UnB), fez avaliação semelhante: "Ciro Gomes fortalece sua posição e se posiciona como uma alternativa viável para a candidatura Dilma dentro do campo governista".

TUCANOS

Apesar de ter reduzido suas chances de uma vitória no primeiro turno, o governador de São Paulo, com índices entre 34% e 35%, permanece em situação confortável na disputa interna com Aécio. O tucano mineiro não passa da terceira colocação nos diferentes cenários e chega a empatar tecnicamente com Marina e Heloísa Helena (PSOL).

Serra e Ciro são os mais conhecidos e os menos rejeitados entre os candidatos. Dilma e Marina, por sua vez, têm alta rejeição e são pouco conhecidas. Os fenômenos estão relacionados, segundo a MCI Estratégia, do cientista político Antônio Lavareda, empresa que assessora a Confederação Nacional da Indústria na interpretação dos dados da pesquisa. "Candidatos menos conhecidos podem apresentar índice de rejeição mais elevado", alerta o relatório que acompanha o levantamento.

Em três meses, os eleitores que disseram não votar "de jeito nenhum" em Dilma passaram de 34% para 40%. No caso de Serra, essa evolução foi de 25% para 30%. Apenas 32% dos eleitores dizem conhecer "bem" ou "mais ou menos" a ministra da Casa Civil. Já o governador paulista é conhecido por 66% dos pesquisados.

PMDB ligado a José Serra pressiona Temer para evitar aliança com Dilma

Cristiane Jungblut e Isabel Braga
DEU EM O GLOBO

Quércia procura Temer e expõe racha no partido sobre eleições de 2010

BRASÍLIA. O grupo do PMDB que apoia a candidatura do governador tucano José Serra à Presidência, liderado por Orestes Quércia, explicitou ontem o racha do partido ao procurar o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e pressionálo a não antecipar a definição da aliança com a ministra Dilma Rousseff em 2010. Quércia quer adiar a decisão para o próximo ano, quando será realizada a convenção do partido.

A ala governista, comandada por Temer, reagiu e reforçou a mobilização para antecipar a decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a aliança entre PT e PMDB nas eleições presidenciais. No fim da tarde, depois de reunião com Quércia, Temer e o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), encontraram-se reservadamente com a ministra.

A conversa com Dilma teve também o objetivo de demonstrar que o resultado das pesquisas de opinião que apontam queda nas intenções de voto na ministra não afetou, ainda, o objetivo deste grupo do PMDB de apoiá-la. Temer defendeu a aliança, mesmo diante das cobranças de Quércia que, acompanhado do senador Jarbas Vasconcelos (PE), afirmou não ser hora de assumir compromisso.

O argumento de Temer é que o PMDB é governo, e a tendência é apoiar Dilma ou deixar os cargos que ocupa.

— Estamos em fase de definição, e dei declarações exatamente para buscar definições.

Temos que conversar sobre isso porque outros setores estão conversando — justificou Temer. — O PMDB está no governo, e a tendência natural é apoiar o candidato do governo.

Ou sair do governo.

Diante da declaração de Quércia de que é preciso esperar a convenção do partido, em 2010, disse: — Aí fica aético para o PMDB.

Quércia, Jarbas e o deputado Ibsen Pinheiro (RS) argumentaram a dificuldade de obter apoio de tucanos nos estados. Caso de Minas, onde o governador Aécio Neves deixaria de apoiar a candidatura do ministro Hélio Costa ao governo do estado. Quércia quer, pelo menos, deixar o partido livre, sem aliança formal, como em eleições passadas.

— Viemos ponderar que é precipitado definir agora que candidatos vamos apoiar. Precisamos discutir melhor. Ficou estabelecido novo diálogo, daqui a duas, três semanas. O assunto será definido na convenção, mas podemos ir conversando.

Há muitas mudanças ocorrendo nos diretórios do PMDB. O que deve orientar isso é a realidade dos estados — disse Quércia.

Já Temer citou o apoio de candidatos do PMDB que têm interesse em usufruir a popularidade de Lula.

A reunião de Quércia, Temer, Ibsen e Jarbas, que teve também a presença de Henrique Alves, foi tensa. Temer e Alves deixaram claro que não aceitam esperar a convenção. O líder argumentou que um partido não pode fazer parte do governo Lula e passar a apoiar um candidato da oposição. Ontem, Temer também foi procurado pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e os dois concordaram que é preciso melhorar o diálogo.

No Rio, Mangabeira se filia ao partido O ex-ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, filiou-se ontem ao PMDB do Rio. A presidente em exercício da executiva nacional da legenda, deputada Íris de Araújo (GO), confirmou a filiação.

O ex-ministro ligou dos EUA para aderir ao PMDB.

— Ele (Mangabeira) me ligou ontem, por volta das 11h30m, para comunicar a filiação, que foi feita no domicílio do Rio de Janeiro. O ex-ministro disse que vai me enviar algumas correspondências sobre os planos no partido — afirmou Íris.

Honduras sitia Embaixada do Brasil

DA REDAÇÃO
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


Governo golpista corta água e luz de casa onde Zelaya se abrigou; presidente deposto diz que está tranquilo

Forças de segurança do governo golpista de Honduras cercaram a embaixada brasileira no país, onde o presidente Manuel Zelaya, deposto em junho, está abrigado desde anteontem.

Soldados lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra cerca de 4.000 manifestantes pró-Zelaya nos arredores da casa, e os manifestantes atiraram pedras. Houve ao menos 20 feridos. De madrugada, o governo cortara água, luz e telefone da embaixada, deixando os 313 presentes na dependência de um gerador a diesel.

O Brasil pediu reunião do Conselho de Segurança da ONU para garantir a segurança de Zelaya. O presidente Lula chamou o governo hondurenho de "golpista" e defendeu negociações por "uma saída democrática". O presidente interino do país, Roberto Micheletti, diz que não invadirá a embaixada.

Em entrevista por telefone a Eliane Cantanhêde, Zelaya afirmou que não combinou com o Brasil sua volta a Honduras e se disse "muito tranquilo".

Honduras sitia Zelaya em missão do Brasil

Forças de segurança dispersam apoiadores do presidente deposto, e embaixada brasileira tem luz, água e telefone cortados

Líder golpista dá garantia de que representação não será invadida; polícia detém 150 pessoas, e ex-chanceler de Zelaya já fala em "mortos"

Apoiadores de Zelaya tentam proteger-se de bombas de gás lacrimogêneo em frente à Embaixada do Brasil; deposto antevê "atos piores, inclusive uma invasão"
Forças de segurança cercaram ontem a Embaixada do Brasil em Honduras, onde o presidente deposto Manuel Zelaya está refugiado desde anteontem, após entrarem em confronto com partidários de Zelaya, que haviam se aglomerado em frente à representação na véspera para comemorar o regresso do mandatário.

Utilizando bombas de gás lacrimogêneo, soldados e policias obrigaram cerca de 4.000 manifestantes pró-Zelaya a deixar os arredores da representação do Brasil em Tegucigalpa e ocuparam prédios contíguos, enquanto helicópteros sobrevoavam o local. Manifestantes reagiram atirando pedras, e ao menos 20 pessoas ficaram feridas.

Durante a madrugada, o governo golpista cortara água, luz e telefone da casa de dois andares que abriga a representação, deixando as estimadas 303 pessoas presentes -depois reduzidas a 70- na dependência de um gerador de energia a diesel.

Ao menos duas bombas de gás lacrimogêneo foram jogadas contra a embaixada brasileira durante a dispersão, mas não houve relatos de feridos.

Em clima de tensão, durante o dia de ontem forças de segurança patrulharam ruas de Tegucigalpa para garantir o cumprimento do toque de recolher decretado pelo governo golpista depois da confirmação da volta do deposto, estendido ao menos até hoje.

Segundo a polícia, cerca de 150 pessoas foram presas por desrespeito ao toque de recolher e por participação em distúrbios -que incluíram ataque a veículos das forças de segurança- e levados a um estádio de beisebol. Foram fechados também os quatro aeroportos internacionais hondurenhos e postos de controle na fronteira.

A emissora pró-Zelaya Canal 36 teve a energia elétrica cortada e não realizava transmissões desde a noite de segunda. Para o governo golpista, a imprensa realiza "terrorismo midiático".

O presidente deposto, que adotou o bordão "pátria, restituição ou morte", disse que o cerco à representação permitia "antever atos piores de agressão e violência, inclusive a invasão da Embaixada do Brasil".

"Sabemos que estamos em perigo. [Mas] estamos dispostos a arriscar tudo, a nos sacrificar", disse Zelaya, que convocou partidários a Tegucigalpa.

O líder golpista, Roberto Micheletti, rejeitou, porém, uma invasão: "Digo publicamente ao presidente Lula, respeitaremos sua sede, porque é terra do Brasil, e nós a respeitaremos".

Micheletti elogiou pedido de Lula a Zelaya para que não promova atos que deem argumentos a uma invasão, mas voltou a cobrar de Brasília que conceda asilo ao deposto -o que Zelaya rejeita- ou então o entregue à Justiça hondurenha para a realização do "devido processo".

O governo Micheletti rejeita a versão de que tenha destituído Zelaya por meio de golpe e acusa o deposto de ter desrespeitado a Constituição do país ao tentar levar a cabo uma consulta para promover referendo junto com a eleição do próximo dia 29 de novembro. Para o governo interino, a medida visava permitir a reeleição de Zelaya.

Em Nova York, a chanceler de Zelaya, Patricia Rodas, disse que "a repressão visa o povo hondurenho" e que, além dos feridos, "já estão por ser confirmadas mortes", entre as quais a de uma criança que aparentemente morreu devido à fumaça causada por gás lacrimogêneo.

Rodas exortou ainda países a restaurar os embaixadores retirados de Honduras, para apoiar o retorno de Zelaya ao poder.

Mediação

Devido ao retorno unilateral de Zelaya, Micheletti deu ainda por encerrada a mediação da crise realizada pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias.

Já os candidatos ao pleito de novembro ofereceram-se ontem como "interlocutores" entre as partes e exortaram Micheletti e Zelaya ao diálogo. O candidato Porfirio Lobo, direitista que havia respaldado o golpe, ameaçou retirar o apoio se o líder golpista não dialogar.

Com agências internacionais

Mozart - Requiem - Karl Bohm

Bom Dia!
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Dr. Felippe Mussi faleceu nesta segunda-feira, em Curitiba

Por: Da Redação
DEU NO PORTAL DO PPS


PPS lamenta morte de Mussi

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, divulgou nesta terça-feira (22) nota de pesar pelo falecimento, em Curitiba, do presidente do Conselho de Ética do partido, o advogado Luiz Felipe Haj Mussi. Confira abaixo a íntegra da carta.

Uma imensa perda

Com a morte do advogado Luiz Felipe Haj Mussi, aos 64 anos, na noite de ontem (dia 21), em Curitiba/PR, o Partido Popular Socialista (PPS) sofre uma imensa perda em seus quadros mais qualificados. Além de ser o presidente do Conselho Nacional de Ética do PPS, à qual lhe dava o brilho de sua inteligência e sensibilidade, além do seu vasto conhecimento do Direito, Mussi era também o companheiro à disposição para qualquer tarefa partidária, fosse ligada à profissão que abraçou como meta de vida, fosse vinculada a qualquer uma das nossas frentes de atividades.

Tendo iniciado sua militância política no movimento estudantil, no final dos anos 60, enfrentou os “anos de chumbo” do regime militar, e já na condição de advogado, na primeira metade dos anos 70, teve participação importante na resistência aos governos militares, lutando pela redemocratização do Brasil e defendendo presos políticos. Destaque-se sua coragem cívica e profissional, quando assumiu o cargo de secretário da Segurança Pública no primeiro governo eleito pelo voto popular, o de José Richa (1983-1986).

Em 2006, tivemos o privilégio de tê-lo como candidato ao Senado, por seu estado natal, o Paraná, levando ao debate, em nome do PPS, a crítica ao que chamava de "coronelismo moderno" - os mesmos grupos políticos se revezam nas posições mais importantes da política estadual há décadas.

Advogado, membro do Instituto dos Advogados do Paraná (IAP), desembargador Federal do Trabalho, Luiz Felipe Haj Mussi foi um estudioso preocupado com a falta de segurança pública. Em artigo recente, publicado num dos principais jornais paranaenses, sobre Municipalização da Segurança, um tema que o apaixonava e que é um dos problemas mais complexos e delicados que temos no país, ele se dizia esperançoso de que “o texto constitucional possa ser modificado para permitir que cada estado da federação organize a sua própria polícia, civil, única, desmilitarizada, hierarquizada, controlada pela comunidade e ciosa da preservação dos direitos civis.”

Mussi, que foi velado no Palácio das Araucárias desde a madrugada, será enterrado hoje, às 17 horas, no Cemitério Parque Iguaçu.

Pessoa de fino trato, de decência, de leveza humana, de fidalguia no seu relacionamento interpessoal, o querido companheiro, que deixou conosco a marca de sua sabedoria, de seu compromisso partidário e de sua lhaneza em nossa convivência - deixa, simultaneamente, um grande vazio de sua presença física, de seu humor. A perda que nos alcança, com impacto, é bem maior, sem dúvida, em seus familiares – esposa, filhos e netos, a quem transmitimos, em nosso nome pessoal e da direção nacional do PPS, as nossas condolências e nossos votos de muita paz.

Brasília, 22 de Setembro de 2009

Roberto Freire
Presidente Nacional do PPS