quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Criação de vagas no país é a menor desde 2003

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O mercado de trabalho brasileiro fechou 2009 com a criação de 995.100 vagas com carteira assinada, disse o Ministério do Trabalho. É o menor saldo desde 2003, ano em que foram criados 645.433 empregos formais. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que previra 1 milhão de novas vagas em 2009, comemorou: "Errei por apenas 5.000".

Recuperação do emprego perde fôlego

Depois do recorde de criação de vagas em novembro, dezembro registra fechamento de postos acima do esperado

2009 fecha com a criação de 995 mil novas vagas, menor número desde 2003; governo fala em 2 milhões de novos postos neste ano

Eduardo Rodrigues
Da Sucursal de Brasília

O mercado de trabalho encerrou 2009 com a criação de 995.100 vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.

Após um novembro com criação recorde de vagas para o mês, dezembro registrou queda acentuada devido ao fechamento de vagas temporárias. Assim, o resultado anual foi o menor desde 2003, quando o saldo totalizou 645.433 novos empregos formais.O total de admissões no ano passado chegou a 16,187 milhões, enquanto as demissões somaram 15,192 milhões.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que havia previsto 1 milhão de novas vagas em 2009, comemorou o resultado: "Apesar da crise, geramos quase 1 milhão de empregos, eu errei por apenas 5.000, que estatisticamente é praticamente zero percentual", argumentou.

Mesmo assim, afirmou ele, o Brasil obteve o melhor resultado dentre os países do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo.

Lupi citou os saldos negativos registrados na Europa e nos Estados Unidos e ponderou que os dados positivos na Índia e na China não podem ser comparados com a realidade brasileira pela ausência de rigor nas legislações trabalhistas.

Para Anselmo Luis dos Santos, professor do Centro de Estudos Sindicais da Unicamp, a geração de quase 1 milhão de empregos formais em um ano no qual o PIB deve ficar estagnado é um resultado importante. "Apesar da crise, foi possível continuar a trajetória de redução do peso dos trabalhadores informais e dos autônomos de baixa renda na estrutura ocupacional do Brasil", avaliou.

No ano, o único setor da economia que registrou saldo negativo foi a agricultura, com o fechamento de 15.369 vagas, em decorrência da retração do comércio global, que dificultou as exportações brasileiras.

Já o setor de serviços, que foi o menos afetado pela turbulência financeira, foi responsável pela abertura de 500.177 postos, mais da metade dos novos empregos criados no país.Apesar do grande volume de demissões no início do ano, a indústria conseguiu encerrar 2009 com saldo positivo de 10.865 vagas, sobretudo na fabricação de produtos alimentícios, voltada para a demanda doméstica, que vem sustentando a atividade econômica.

Demissões em dezembro

Ainda assim, no último mês do ano passado, o resultado foi negativo em 415.192 empregos formais. Fatores sazonais como a entressafra agrícola, o término do período escolar e a demissão de temporários no fim do ano geralmente geram saldos negativos em dezembro.Mas só no fim de 2008, no auge da crise global, houve maior fechamento de vagas para o último mês do ano.

Segundo Lupi, a forte rotatividade no mercado de trabalho e o aumento das contratações temporárias para suprir a demanda aquecida no segundo semestre foram as maiores causas para a piora do saldo em dezembro. "Eu esperava um saldo melhor, mas dezembro superou a média negativa, porque durante os quatro meses anteriores houve crescimento nos postos temporários", disse.

No entanto, como foram registradas 1,068 milhão de contratações em dezembro, recorde para o mês, a estimativa do ministro é de uma reação mais forte em 2010.

"Em janeiro já vamos enxergar um resultado expressivo, inclusive na comparação com o mesmo mês do ano passado, que ainda foi negativo. Vamos criar 2 milhões de novos empregos neste ano", projetou.

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