domingo, 23 de maio de 2010

Para analistas, petista cresceu graças a Lula

DEU EM O GLOBO

Presidente estaria conseguindo transferir votos para candidata

Marcelle Ribeiro

SÃO PAULO. A melhora do desempenho da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na pesquisa Datafolha vai além da variação de sua preferência junto aos eleitores. Na avaliação de analistas políticos, significa também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está conseguindo transferir sua popularidade para a candidatura da ex-ministra.

Segundo o coordenador do programa de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico Figueiredo, Lula tem tido sucesso em tornar Dilma uma pessoa conhecida pela população.

O Tribunal Superior Eleitoral já aplicou quatro multas ao presidente por fazer campanha antecipada da pré-candidata.

— Historicamente no Brasil, os grandes líderes têm conseguido fazer seus sucessores desconhecidos ficarem conhecidos.

O (Paulo) Maluf conseguiu eleger o (Celso) Pitta. Além disso, temos duas máquinas atuando, a do PT e a do PMDB, e que vão aumentar — lembra Figueiredo.

Para o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Wanderley Reis, o resultado da pesquisa é um “feito” de Lula, principalmente pelas características pessoais da candidata petista.

— O fato de a Dilma ter se viabilizado é um milagre do Lula.

Ela é pesada, difícil, com uma personalidade pouco atraente para o eleitorado — observa.

Programa de TV teria influenciado pesquisa Fábio Reis, assim como Ricardo Ismael, professor de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), acredita que o programa partidário do PT, exibido na TV há cerca de uma semana, influenciou no levantamento. O programa dava destaque a Dilma: — O PT usou o programa para fazer propaganda dela, e não do PT — afirma Ismael.

Os especialistas acreditam que o tucano José Serra deve manter a estratégia de reconhecer os progressos do governo Lula, mas afirmam que o tucano deveria enfatizar a ideia de que é mais experiente que Dilma.

Para os cientistas políticos, ao apontar queda nas intenções de voto em Serra, os dados do Datafolha podem fazer com que o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves decida, de fato, não ser vice na chapa nacional do PSDB, apesar das pressões.

— Essa opção de ser vice é ruim (para Aécio) porque ele fica atrelado a uma possível derrota do Serra e não tem muito a ganhar na eventual vitória da chapa. Uma posição de vice-presidente não abre muito espaço para manobra — acredita Fábio Wanderley Reis.

Para Ricardo Ismael, a saída de Ciro Gomes (PSB) da disputa também influenciou: — Sua saída confirma a tese de que Dilma seria favorecida.

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