domingo, 4 de julho de 2010

Em Maceió, José Serra diz que não comenta resultado de pesquisas

DEU EM O GLOBO

" O Brasil tem que estar em alerta através de radares meteorológicos para que em três horas as pessoas sejam retiradas das áreas de risco "

" Esta dívida faz uma cócega no Governo Federal. Mas, ela representa muito para Alagoas "

Odilon Rios

MACEIÓ - Questionado a respeito da pesquisa Ibope divulgada na noite deste sábado, que mostra empate entre os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), com 39% das intenções de voto, o tucano respondeu que não comenta resultados de pesquisas. Em troca, o candidato preferiu continuar listando promessas em visita às cidades atingidas pelas enchentes dos rios Mundaú e Paraíba, onde, entre outras coisas, disse que vai criar uma Defesa Civil Nacional especializada na área de desastres naturais. A proposta é que policiais sejam treinados e existam estudos e radares meteorológicos para se prever, em três horas, estes desastres.

- Não há uma organização para uma ação deste porte no Brasil. Temos que criar esta Defesa Civil Nacional com homens próprios, tropa permanente, com técnicos próprios. O Brasil tem que estar em alerta através de radares meteorológicos para que em três horas as pessoas sejam retiradas das áreas de risco. Tem que haver um levantamento geológico no Brasil inteiro - disse Serra, listando que o Governo de São Paulo enviou ajuda, tanto em técnicos como em mantimentos para auxiliar vítimas e ajudar na busca de corpos, além de reconstrução das cidades atingidas. Quinze municípios estão em situação de calamidade. As chuvas mataram 39 pessoas no Estado e 69 continuam desaparecidas.

Serra sobrevoou as cidades atingidas pelas chuvas. Antes, parou em São José da Tapera, cidade do sertão alagoano conhecida como o case tucano, na época do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), para a criação do Bolsa Escola, hoje Bolsa Família. Naquela época, São José da Tapera era a cidade mais pobre do Brasil. Ele gravou o programa eleitoral na cidade.

Com três horas de atraso, ele veio a Maceió, onde concedeu uma entrevista coletiva. E listou mais promessas: vai criar um Prouni na área técnica, chamado por ele de Protec. O Prouni é um programa do Ministério da Educação que oferece bolsas a estudantes de baixa renda para faculdades ou universidades privadas. São vagas públicas criadas nestas universidades.

No Estado que praticamente tem toda a sua economia movimentada por verbas federais, como Bolsa Família e Previdência Social, Serra prometeu fundir o Bolsa Família com o Programa Saúde da Família (PSF). Quer ainda que as famílias com filhos no Bolsa possam ser incentivadas a fazer cursos técnicos. "É preciso ensinar a trabalhar".

A respeito da indicação do vice, o deputado federal Índio da Costa (DEM/RJ) o candidato descartou ter recebido pressão e que "poderia ter escolhido um do PSDB ou do DEM. Ele é um dos 10 parlamentares mais atuantes", completou.

Sobre os problemas que enfrenta no palanque em Alagoas- o PTB alagoano vota em Dilma Rousseff (PT) - Serra minimizou: "Normal, o Brasil é um país homogêneo".

Serra voltou a chamar os candidatos a presidente da República para debates, afirmou que se as pesquisas apontarem vantagem favorável a ele, vai continuar a participar de encontros para discussões com outros candidatos. E em um dos estados mais pobres do Brasil, Alagoas, com uma dívida pública duas vezes maior que o Programa Interno Bruto- o PIB, a soma de todas as riquezas de um lugar, durante um ano- o candidato prometeu transformar o repasse de R$ 40 milhões por mês- para pagamento dos juros da dívida pública, hoje em R$ 7 bilhões- em investimento no Estado em saúde e educação.

- Esta dívida faz uma cócega no Governo Federal. Mas, ela representa muito para Alagoas. Por isso, o problema de Alagoas vai ser resolvido - afirmou.

A dívida pública alagoana saltou de R$ 500 milhões para R$ 7 bilhões na era FHC, depois de dois empréstimos fracassados, dos juros e a rolagem de títulos das Letras Financeiras do Tesouro Nacional, invalidadas pela Justiça. Os empréstimos foram aprovados pelo Senado Federal. O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), admitiu que a dívida é considerada "impagável".

Nenhum comentário: