terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dilma já discursa como eleita

DEU EM O GLOBO

Durante comício com o presidente Lula na porta da Mercedes-Benz, em São Bernardo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, discursou como eleita: "Vou ser a primeira presidenta deste país, a presidenta de vocês." Mais tarde, no Brás, disse que a campanha não tem clima de "já ganhou".

Dilma: "Serei a 1ª presidenta deste país"

Com Lula, petista faz comício em pátio de montadora e, abandonando a cautela, fala como vencedora das eleições

Flávio Freire
SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP).

Apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como a futura presidenta do país, em comício na madrugada de ontem na porta da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, deixou de lado o cuidado com as palavras e mostrou confiança na sua vitória. Para funcionários da montadora que chegavam para trabalhar, a petista, do alto de um caminhão de som, disse que não poderá errar no seu governo, para que outras mulheres também possam ser presidentes.

A luta de vocês levou o Brasil a ter, pela primeira vez, um presidente metalúrgico, e hoje o Brasil é bem diferente do Brasil de 2002. Este Brasil de hoje tem esperança. O Lula sempre disse que, como trabalhador, não poderia errar, porque, senão, nunca mais um trabalhador chegaria à Presidência. Eu, como mulher, também não vou errar, porque senão jamais uma mulher vai chegar a presidente do país disse ela, emendando no discurso frases sobre a forma feminina de governar: Eu quero dizer para vocês que vou ser a primeira presidenta deste país, a presidenta de vocês.

Mais tarde, em visita ao Senai, no bairro paulistano do Brás, assumiu tom mais moderado: Na minha campanha não tem clima de já ganhou. Na minha campanha, quem dá o clima sou eu. O presidente foi o primeiro a dizer que, se você quer respeitar o eleitor, tem que lembrar que eleição se ganha na urna.

Porque quem vota não é o pesquisado, e sim o eleitor. Minha campanha não tem salto alto porque eu não tenho salto alto.

Antes, na porta da MercedesBenz, Dilma disse ter compromisso sagrado com os trabalhadores para fazer um governo melhor que os anteriores. De mãos dadas com Lula, que chegou a dizer que se Deus está conosco, quem estará contra a gente?, Dilma disse que trabalhará pelo crescimento econômico com geração de emprego, valorização do salário mínimo e mais investimento em educação para aumentar as oportunidades de filhos e filhas de trabalhadores.

Em momento algum, a candidata abandonou o tom confiante, mas não citou números das pesquisas de intenção de voto que a põem na liderança da corrida presidencial. Segundo o último levantamento do Datafolha, ela tem 47%, contra 30% do candidato tucano, José Serra, e venceria no primeiro turno.

Dilma e Lula chegaram ao estacionamento da MercedesBenz às 5h30m. Após cumprimentarem trabalhadores, subiram no caminhão de som e discursaram.

O PT distribuiu bandeiras e a equipe de TV da campanha gravou imagens.

Lula voltou a usar um velho chavão: disse que nunca antes nesse país um presidente da República fez comício ou corpo a corpo em porta de fábrica junto a trabalhadores. Lembrando da época de sindicalista, disse que fazia tempo que não panfletava no chão de fábrica e brincou: Faz tempo que não entrego panfleto, mas como vou perder o emprego no dia 1o(de janeiro) é melhor mesmo voltar a entregar panfletos para os trabalhadores disse, acompanhado da mulher, Marisa Letícia, e dos candidatos do PT ao Senado, Marta Suplicy, e ao governo paulista, Aloizio Mercadante.

A montadora autorizou que os funcionários chegassem atrasados ao trabalho. Ao chegar à empresa, Lula se mostrou contrariado com a organização do evento: Fizeram um comício, que não era o que a gente queria. Tinha que fazer uma coisa normal, ir para o corredor da fábrica, para a Dilma cumprimentar a companheirada.

A ideia não era um comício, mas, já que tem microfone, a gente fala. Depois, a gente desce e fala com o pessoal disse Lula, que, depois, fez corpo a corpo com os operários.

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