terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lula volta a atacar imprensa e vê 'covardia' na classe política

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Anne Warth

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma de suas mais duras críticas à imprensa do País e um chamado aos políticos para que deixem de ser covardes e desafiem o setor. "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande", disse durante discurso no evento "As empresas mais admiradas no Brasil", organizado pela revista Carta Capital.

Lula disse que se orgulhava de nunca ter almoçado ou jantado em grandes redações, mas fazia isso por independência. "A única coisa que quero que digam é a verdade, sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Durante o discurso, ele disse que a imprensa acusa sem provas. "Neste país ser sério é uma afronta."

O presidente citou o caso do jornal da CUT, que foi proibido de circular nesta semana por estampar uma foto de Dilma Rousseff em sua capa. Sem citar o nome, mas claramente referindo-se à revista Veja, ele disse que a capa da revista era uma "acinte à democracia e uma hipocrisia".

Lula também fez críticas direcionadas ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, embora não tenha citado o nome do tucano. Mencionou especificamente a proposta de Serra de elevar o salário mínimo para R$ 600. "Como é fácil prometer em eleição. Não vejo as críticas necessárias à irresponsabilidade. Quando eu queria dar um aumento de 2% aos aposentados, eu estaria quebrando a Previdência", afirmou. "Eu vejo na TV alguém dizer "vou dar tantos por cento, eu sei como é que faz e tem dinheiro" e ninguém fala nada, como se valesse a mentira sobre a verdade. Como se valesse a mesquinhez sobre a seriedade". Na avaliação de Lula a propaganda eleitoral de Serra faz um "leilão de benefícios".

O presidente Lula disse ainda que ao deixar a Presidência da República vai abandonar o "comedimento" que tem adotado em seus discursos.

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