segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Serra sobe o tom; Dilma e Lula adotam o silêncio

DEU EM O GLOBO

Tucano fala em "mentira permanente"; petistas evitam discursos e polêmicas

No último domingo de campanha, os presidenciáveis adotaram estratégias diferentes em eventos no Rio. José Serra, em Copacabana, subiu o tom dos ataques ao governo Lula e ao PT: "Precisamos de um governo que tenha caráter. Não podemos viver situação de mentira permanente". Para ele, o PT tem critérios diferentes contra a corrupção: "A justiça dos companheiros é mais lenta, não anda."

Em carreata na Zona Oeste, Dilma Rousseff e Lula não discursaram nem deram entrevista, fugindo de polêmicas. Dilma fez uma declaração breve: "Foi maravilhoso. Um final de campanha para cima."


Serra eleva tom de ataques

Com críticas a Lula e ao PT, tucano diz que "justiça companheira" é lenta contra corrupção

Fabio Brisolla e Rafael Galdo

No último domingo de campanha, o candidato do PSDB, José Serra, atacou o presidente Lula e a campanha de Dilma Rousseff, do PT, ao discursar na manifestação organizada pelos tucanos ontem na Praia de Copacabana.Ele citou a impunidade de petistas envolvidos em escândalos e disse que o partido tem critérios diferentes no combate à corrupção. E atacou a postura do governo Lula: — Precisamos no Brasil de um governo que tenha caráter, que se traduza na verdade e na honestidade.

Não podemos viver uma situação de mentira permanente — disse Serra, ao lado do vice Indio da Costa (DEM), dos senadores eleitos Aécio Neves e Itamar Franco, de Minas, dos governadores eleitos Beto Richa (Paraná) e Geraldo Alckmin (São Paulo) e do deputado federal Fernando Gabeira.

Serra citou o caso dos “aloprados”, que envolvia petistas na compra de falso dossiê contra ele, na campanha pelo governo de São Paulo, em 2006.

— Todos são iguais perante a lei.

Não há Justiça separada. Mas a justiça dos companheiros é sempre mais suave, lenta, não anda. É obstruída.

Veja o que aconteceu com o dossiê dos aloprados, com todos esses escândalos. Ninguém na cadeia até hoje — disse Serra, que voltou a acusar Lula de tratar adversários como “inimigos a serem destruídos” e reclamou da participação do presidente na campanha.

— Temos que olhar o governo como entidade de todos, não de um partido, de um grupo de interesses.

Foi assim com Itamar, Fernando Henrique.

Ambos presidiram a transição de governo com dignidade. Não há um gesto com o qual ele tenha cometido qualquer espécie de transgressão.

Hoje vemos o contrário. É o governo deixado de lado para se encarnar num partido, numa candidatura.

Serra se disse alvo da “indústria de profissionais da mentira”. Destacou que não privatizará a Petrobras e que quer “estatizar estatais, que não vão mais servir aos interesses privados de partidos e grupos aliados”.

Após o conflito com petistas semana passada, o ato na orla também começou tumultuado. Ao sair do Hotel Sofitel, no Posto Seis, Serra teve dificuldade para passar por militantes tucanos, fotógrafos e cinegrafistas, até subir no carro de som. Na orla, cabos eleitorais desfilavam com capacetes azuis com a inscrição “paz”, em alusão à bobina de fita lançada contra Serra. Aécio fez um curto discurso: — Valeu, Rio. Quando o Rio fala, o Brasil escuta. Chega de bandalheira.

Serra presidente, para o Brasil ser mais decente.

Rio é citado como ponto estratégico

No primeiro turno, Serra foi o candidato à Presidência mais votado na Zona Sul do Rio, com 31,6%. Ele destacou o papel do eleitor fluminense: — Nenhum outro lugar neste momento tem a importância estratégica do Rio de Janeiro.

Um carro de som transmitiu mensagem do jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, com críticas: “É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo. Não precisamos de soberanos com pretensões paternas.” Na concentração, a caminhada reuniu cinco mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A deputada federal Andreia Zito trouxe 400 cabos eleitorais de Nova Iguaçu. Em frente à Rua Miguel Lemos, dois quilômetros depois, Serra discursou para encerrar a manifestação, que iria ao Leme. Não houve incidentes. Um petista solitário cruzou a passeata com a camiseta “Dilma Sim”.

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