quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cidadezinha qualquer::Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar ... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Um comentário:

Anônimo disse...

Deliciosa descrição do tempo que é tão subjetivo na cidadezinha qualquer, lá o tempo tem a lentidão de quem se permite contemplar a vida, a existência, é um tempo delicoso..."Eta vida besta, meu Deus." Besta, mas suave...nela se tem tempo pra amar, pra parir, pra ver crescer a cria, pra ensinar o filho a ver o corredor de formigas que irão comer as roseiras, a textura das folhas, as estrelas que na roça brilham mais...eta vida deliciosamente besta!!!