quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os finalistas :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

CARTAGENA - Que Chávez, que nada! Num encontro de 17 acadêmicos e jornalistas latino-americanos e alemães aqui em Cartagena, na Colômbia, só se pergunta e fala sobre o Brasil pós-Lula, a Argentina sem Néstor Kirchner, a Colômbia de Santos e o Chile de Piñera.

Estão aí, nesses quatro países, as grandes expectativas políticas e econômicas sobre a América Latina num mundo que olha com pessimismo o futuro dos Estados Unidos e com um certo temor o da China.

Como disse Celso Amorim à Folha, esse novo mundo não é mais unipolar nem poderá reviver a bipolaridade dos tempos da Guerra Fria. Exatamente porque há muitos fatores e muitos outros jogadores em campo para equilibrar o jogo.

O Brasil está muitíssimo bem colocado, e sob aplausos da plateia, apesar das cicatrizes causadas pelos exageros da reta final dos dois mandatos de Lula.

Uma opinião comum aqui é que Lula e Amorim extrapolaram ao se meterem com a política nuclear do Irã, tão distante da nossa realidade. Como também erraram e erram ao conduzirem uma diplomacia ideológica que vincula o Brasil à Venezuela e a Cuba, irritando, por exemplo, a Colômbia do ex-presidente Uribe. No mínimo, correram um risco desnecessário, já que o Brasil vai tão bem e tem um papel moderador tão natural e desejável.

Agora, uma ressalva: se a Venezuela vive um caos econômico e Chávez perdeu a graça nos debates formais, é diferente no cafezinho e no almoço. Aí, ele continua sendo um papo irresistível. Não há quem não reconheça, entre alemães, colombianos, argentinos e até a brasileira presente, que Chávez, mal ou bem, provocou densas reflexões e jogou luzes sobre a América do Sul no noticiário internacional.

A grande pergunta é o que vai acontecer na Venezuela. Enquanto os outros quatro grandes andam para frente, o risco venezuelano é andar para trás, perigosamente, sem saber onde vai dar.

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