sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dilma vai fazer nova regulação da mídia, diz Lula

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Segundo presidente, meta será aprovar marco regulatório dos meios de comunicação

Simone Iglesias e Breno Costa

BRASÍLIA - Mesmo negando publicamente interferência no governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem medidas que serão tomadas em 2011 e mudanças na atuação do Ministério das Comunicações.

Segundo ele, a pasta se tornará responsável por tornar realidade o projeto de regulação da mídia.
Um anteprojeto a respeito deve ser entregue por Lula a Dilma.Para o presidente, que concedeu entrevista a um grupo de oito rádios comunitárias no Planalto, a regulação tem que acontecer "agora". Disse ainda que prevê "debate envolvente" a respeito do tema.

"O novo ministério está diante de um novo paradigma de comunicação. Quero alertar vocês porque esse debate vai ser envolvente, tem muita gente contra e muita gente a favor.

Certamente, o governo não vai ganhar 100% e quem é contra não vai ganhar 100%", disse.

Hoje controlado pelo PMDB, o ministério deverá passar para o comando do PT. O atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deverá assumir a pasta.

A meta principal do primeiro ano do governo Dilma, diz Lula, será aprovar um marco regulatório dos meios de comunicação.

"Ela sabe que ela tem que fazer o ministério ter um papel mais importante do que teve no meu governo, exatamente por conta do marco regulatório", disse.

Um anteprojeto de lei será o ponto de partida para uma nova política para o setor. A expectativa é que Dilma encaminhe o texto para consulta pública ou discussão do Congresso.Entidades como ANJ (Associação Nacional de Jornais), Abert (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), entre outras, enxergam na proposta tentativa de tutela dos meios de comunicação.

Lula também voltou a criticar a atuação dos meios de comunicação, dizendo que não aceitam críticas. "É uma coisa mais absurda, mais pobre do ponto de vista teórico que eu conheço no mundo, é alguém achar que não pode receber crítica, alguém achar que são intocáveis."

Ele citou o aumento do número de veículos de comunicação beneficiados com verba do governo para explicar uma suposta posição contrária ao seu governo por parte da imprensa.

"Tudo isso teve uma reação bruta, porque você tinha um pequeno grupo que estava acostumado a comer sozinho. Na hora em que você começa a repartir isso, as pessoas se zangam."

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