sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PMDB perde para o PT comando dos Correios

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Estatal sai das mãos de partidos aliados para ser entregue ao petista Wagner Pinheiro, citado em relatório da CPI dos Correios

João Domingos, Karla Mendes e Leandro Colon

O PT passou mais uma rasteira no PMDB na disputa pelos cargos das estatais. O sindicalista Wagner Pinheiro, filiado ao PT, será o novo presidente dos Correios. Ligado ao ex-ministro Luiz Gushiken, desde 2003 Pinheiro é presidente do Petros, o fundo de pensão da Petrobrás, e foi alvo de investigação da CPI dos Correios, em 2005.

Os Correios têm orçamento anual de cerca de R$ 12 bilhões, dos quais R$ 500 milhões para investimentos. Partidos aliados do governo, como o PMDB e o PTB, passaram a deter seu controle desde 2004. A partir daí, a estatal, uma instituição secular que gozava de grande credibilidade, acabou sendo envolvida numa série de escândalos.

Estes começaram com um vídeo em que o ex-funcionário Maurício Marinho recebia propinas, seguiram pelo escândalo do mensalão e pela CPI dos Correios, até a queda de Erenice Guerra do comando da Casa Civil. Seu filho Israel Guerra está sendo investigado pela Polícia Federal por lobby a favor de uma empresa que mantinha contrato com os Correios. Não bastasse isso, começou a haver falhas na entrega das correspondências e encomendas.

Por coincidência, o futuro presidente da estatal foi investigado pela CPI dos Correios, criada no Congresso em 2005 para apurar o esquema do mensalão no governo do PT. O relatório final da comissão, aprovado em 2006, mencionou Pinheiro e levantou suspeitas em transações financeiras do Petros, mas não pediu seu indiciamento.

De acordo com o relatório, havia indícios de irregularidades na contratação, pelo Petros, dos serviços da empresa Globalprev. O relatório da CPI questionou ainda a participação do Petros no aporte de R$ 5 milhões da Telemar na empresa Gamecorp, de Fábio Luís Lula da Silva, filho de Lula. O fundo de pensão era um dos acionistas da Telemar.

Pinheiro sempre negou qualquer falha na gestão. Afirmou que não teve nenhum envolvimento nas relações da Telemar com a Gamecorp. Para ele, o relatório da CPI foi falho.

O atual presidente dos Correios, David José de Matos, trabalhava para continuar no cargo, mas não conseguiu convencer ninguém de que deveria ser mantido. Matos é ligado ao PMDB de Brasília. Em sua gestão a estatal fez algumas maquiagens administrativas e contratou para a Diretoria de Operações o coronel Eduardo Arthur Rodrigues, que antes representava uma empresa aérea de carga - a MTA -, contratada pelos Correios.

Secretário executivo. O futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, escolheu o assessor especial da Presidência Cezar Alvarez para o cargo de secretário executivo da pasta. Alvarez esteve à frente dos programas de tecnologia de comunicações do governo Lula.

Sua nomeação para o cargo de secretário executivo das Comunicações indica que, além de recuperar os Correios, Paulo Bernardo e sua equipe se empenharão no Plano Nacional de Banda Larga, que visa a levar a banda larga na internet às escolas e aos locais mais distantes do País, uma fixação de Dilma Rousseff.

PARA LEMBRAR

A CPI dos Correios foi criada em maio de 2005 para investigar denúncias de corrupção na estatal. O estopim da crise surgiu com a revelação de um vídeo, que mostrava o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho negociando propina com empresários interessados em participar de uma licitação. No vídeo, o funcionário dizia ter o respaldo do deputado federal Roberto Jefferson (PTB). A CPI foi o embrião do chamado mensalão, esquema de corrupção denunciado posteriormente pelo deputado. Após as denúncias, Jefferson revelou que parlamentares aliados de Lula recebiam mesada de R$ 30 mil do tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

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