quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sem acordo sobre reajuste salarial, aeroviários marcam greve para dia 23

DEU EM O GLOBO

Aeronautas decidem hoje, mas expectativa também é de paralisação

Danielle Nogueira e Vivian Oswald

RIO e BRASÍLIA. O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) confirmou ontem que fará greve no dia 23 de dezembro, após o fracasso da reunião de ontem com o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea). A categoria havia reduzido seu pedido de reajuste salarial de 15% para 13%. Mas o Snea manteve a proposta de 6,08%, correspondente à inflação acumulada em 12 meses até novembro pelo INPC. O Sindicato dos Aeronautas faz assembleia hoje para avaliar o resultado da reunião de ontem. A expectativa, segundo a diretora da entidade Graziella Baggio, é que a categoria siga a decisão dos aeroviários.

- Não queríamos fazer a greve, mas fomos empurrados para isso - disse a presidente do SNA, Selma Balbino, sem dar detalhes de quantos aeroportos serão afetados pela paralisação ou quantos dias ela vai durar.

Antes de os aeroviários decidirem pela greve, as três maiores empresas aéreas do país (TAM, Gol e Webjet) garantiram ontem ao Congresso Nacional, em audiência pública, que não haverá caos no setor aéreo durante as festas de fim de ano, como em 2007.

- Vai haver movimento e fila, sim. Espero que não haja problemas. Estamos trabalhando para isso. Mesmo assim, é bom os passageiros chegarem com duas horas de antecedência ao aeroporto e, se possível, fazerem logo o check-in eletrônico - disse Fernando Sporleder, vice-presidente de operações da Webjet.

As empresas afirmaram que tomaram as providências para garantir o transporte dos passageiros, sem cancelamentos e atrasos. A Webjet, por exemplo, disse que já tem disponíveis duas aeronaves reservas e tripulação. A Gol, que imagina que o fluxo de passageiros no fim de ano, seja o mesmo da Semana Santa, também afirmou que os seus sistemas estão preparados. A TAM diz não haver riscos.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) garantiu que a fiscalização está apertada, afirmando ainda que o volume de multas saltou de R$700 mil em 2007, ano da crise do caos aéreo, para mais de R$15 milhões até o dia 31 de outubro deste ano.

- Teremos 120 funcionários administrativos da Anac que serão deslocados para os principais aeroportos - disse o diretor de Operações de Aeronaves da Anac, Carlos Eduardo Pellegrino.

Falta até motorista de carrinho de bagagem

As aéreas admitiram que há um gargalo de mão de obra no setor: faltam pilotos e mecânicos. Até os motoristas dos carrinhos de bagagem estão deixando as empresas, de olho nas vagas de motoristas de ônibus, que pagam melhor.

Na sessão, os deputados cobraram responsabilidade das empresas. Segundo a diretora-substituta do Departamento de Proteção e Defesa ao Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Laura Shertel Mendes, até o fim de outubro deste ano, os Procons de 24 estados receberam nada menos que 4.500 queixas contra as empresas aéreas. A campeã é a TAM, com 51,52% do total. A Gol vem em seguida, com 20%. A Webjet teve 8%. A Comissão de Defesa do Consumidor solicitou à Anac a participação de representante do DPDC para cuidar dos direitos do consumidor nas próximas reuniões com as empresas aéreas.

Para evitar o caos aéreo neste fim de ano nos aeroportos brasileiros, a Anac fechou um acordo com as companhias de aviação, proibindo a prática de overbooking entre 17 de dezembro e 3 de janeiro.

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