segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Reflexão do dia – Fernando Henrique Cardoso


Em segundo e principal lugar, o dia de hoje é importante porque abre um caminho para a convergência entre os que resistem ao rolo compressor do oficialismo (o PSDB com Serra e o PV com Marina). Temos em comum a recusa ao caminho personalista e autoritário. Rejeitamos a ideia de que esse caminho seja o único capaz de trazer progresso econômico e bem-estar social. Sabemos que, junto com o que de positivo possa haver sido alcançado nos últimos oito anos, houve também a penetração avassaladora de interesses partidários na administração pública.


(Fernando Henrique Cardoso, no artigo, ‘Segundo turno’, O Estado de S. Paulo, 3/10/2010)

O calendário e a coluna :: Luiz Werneck Vianna

DEU NO VALOR ECONÔMICO

A eleição já passou e o leitor já conhece o seu resultado, mas esta coluna, necessariamente escrita antes dela, foi condenada pelo calendário a desconhecê-lo. Resta a ela cogitar sobre o processo - ainda em curso? - de uma das sucessões mais frias da história da moderna democracia brasileira, vale dizer, das que se realizaram a partir de 1989. E sobre isso há muito do que cogitar, muito joio a separar do trigo, muita suspicácia contra o plano liso das aparências e das pretensões do senso comum.

A começar pela constatação de que as práticas da vida política democrática se vêm constituindo em rotina, uma segunda pele no cidadão brasileiro, que já as compreendem como a via real para a realização de seus interesses e de suas expectativas por direitos, deixando para trás o tempo em que aguardava intervenções providenciais. Dilma, Serra, Marina distam anos-luz de qualquer veleidade providencial.

Nessa sucessão, não houve quem ameaçasse, em atos ou palavras, as instituições. Um dos melhores exemplos desse novo estado de coisas se encontra na iniciativa da sociedade civil, chancelada pelo parlamento, e que se converteu na chamada lei da ficha-limpa, cujo impacto benfazejo no processo eleitoral foi, agora, experimentado pela primeira vez.

Essa é uma inovação de não pequena monta, e, na esteira dela reforçaram-se tanto os instrumentos como os procedimentos criados pelo legislador para zelar pelo caráter republicano da administração pública, em particular a Justiça Eleitoral, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União. E nunca é demais lembrar que a moralidade pública é um princípio constitucional da república brasileira, e não um atavismo cediço de combates eleitorais de tempos de antanho.

De outra parte, contrariando o diagnóstico de que nada teria mudado na cena política, uma vez que, nessas eleições, ter-se-ia reiterado a polarização entre o PT e o PSDB, está aí a emergência do PV, que foi representado por uma candidatura competitiva, possui quadros qualificados e uma liderança nacional, Marina Silva, cuja presença política certamente não se limitará a esse episódio eleitoral. Os verdes têm audiência internacional, e, a essa altura, como se fez demonstrar nessa campanha, estão conscientes de que seu programa e discurso necessitam se ancorar em temas e projetos de alcance geral, fundamentalmente traduzindo em linguagem corrente o que compreendem como desenvolvimento sustentável, lema forte da sigla. Desde logo, pode-se arriscar, que, no novo governo, inclusive na próxima disputa presidencial, Marina, seus temas e o seu partido serão peças importantes no tabuleiro.

Maior importância ainda terá o PMDB, com a vice-presidência - no caso da eleição de Dilma -, seus governadores, prefeitos e sua poderosa bancada congressual. Sem Lula para mediar a relação difícil desse partido com o PT, os custos de transação entre eles não serão pequenos, em especial se a agenda presidencial se fixar em questões altamente controversas, tais como as da reforma política, da previdência, da trabalhista e tributária. Em qualquer caso, a linha de governo de Dilma, que deverá evitar rotas de conflagração, não será a do seu partido, mas o da sua coalizão. A oposição estará fincada nos governos dos dois principais estados de federação, São Paulo e Minas Gerais, mais uma circunstância a reforçar o papel do PMDB no futuro governo.

Os partidos ditos nanicos da esquerda, que não foram tão mal como se alega - basta ver o desempenho da candidatura Plínio e sua audiência na juventude universitária -, se tiveram poucos votos, souberam aproveitar o horário eleitoral a fim de marcar posições, e alguns deles saem da campanha com seus quadros renovados. Outro sintoma de que à esquerda sopram ventos de mudança está na vitória da central Conlutas, vinculada ao PSTU, sobre a CUT na disputa eleitoral recente travada no estratégico sindicato dos metroviários de São Paulo.

Esse lugar da política, até há pouco um monopólio do PT, hoje à deriva em razão do posicionamento ao centro do espectro político por parte desse partido, diante das grandes transformações sociais em curso, não deve permanecer vazio. Especialmente, como se espera, se os imperativos de racionalidade da moderna ordem burguesa brasileira impelirem o governo no sentido das reformas trabalhistas e previdenciárias, as duas já presentes, às vezes apenas em registro subliminar, nos discursos de Dilma.

Do mundo agrário, por sua vez, são claros os novos sinais de mudanças a que o processo político não poderá ser indiferente. Desde as discussões sobre a reforma do Código Florestal, tendo como referência a questão nacional, testemunha-se uma imprevista aproximação entre o agronegócio e setores da esquerda, no caso representada por um parlamentar do PCdoB, Aldo Rabelo, que se tem traduzido em apoio de certos círculos do capitalismo agrário brasileiro à sua reeleição.

O fenômeno não é nada trivial, uma vez que, tradicionalmente, é dessa região do mundo que provém, à direita e à esquerda, expressões de radicalização política. O alinhamento ao centro dos nossos culaques, caso as tendências atuais se afirmem, não condiz com as previsões de imutabilidade do nosso sistema político. A ver, ainda, o que o MST tem a dizer sobre isso, dado que essa reviravolta lhe tira um bom pedaço de chão.

É enganosa, então, essa placidez de águas paradas, percepção equívoca a que fomos levados pela modorrenta sucessão de que acabamos de sair. A vida está à espreita esperando sua boa hora.

Se Serra fosse Marina... :: Ricardo Noblat

DEU EM O GLOBO

"Em suas mãos entrego o destino do meu povo"
(Trecho de um jingles da campanha de Dima, ungida por Lula para suceder-)

Lula ficou rouco de tanto garantir a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Na véspera da eleição, o Vox Populi conferiu a Dilma seis pontos percentuais a mais do que a soma dos votos dos seus adversários. O Datafolha e o Ibope cravaram que a eleição estava empatada. Na pesquisa boca de urna, o Ibope deu dois pontos a mais para Dilma.

Com 96% das urnas apuradas, Dilma reunia 46% dos votos válidos, José Serra 33% e Marina Silva, 20%. Lula errou feio. Os institutos de pesquisa foram incapazes de antecipar o tamanho que ganharia a “onda verde”. Não enxergaram também que Serra crescera na reta final da campanha.

Segundo turno não é uma segunda eleição. Quem votou em Dilma, por exemplo, não tem motivos para votar em Serra no segundo turno. A recíproca também é verdadeira. São raros os casos de candidatos que chegam atrás no primeiro turno e na frente no segundo. É natural, pois, que Dilma continue como favorita para suceder Lula.

O apoio de Marina será disputado no tapa por Serra e Dilma. O PV está mais inclinado a apoiar Serra. Mas de que valerá o apoio dele se Marina preferir apoiar Dilma ou ninguém? O PV é um partido cartorial. Que cede sua legenda sem cobrar em troca o mínimo de fidelidade aos seus princípios.

Marina sabe o que quer para apoiar Dilma ou Serra: o compromisso de um deles com uma espécie de programa de governo que em breve lhe será apresentada. O programa deverá condensar os principais pontos do discurso que rendeu a Marina quase 20 milhões de votos. Ciro Gomes (PSB) está com inveja...

Mesmo que Marina apoie Serra ou Dilma isso não será nenhuma garantia de transferência automática de votos. Longe disso. Lula só existe um. Nenhum presidente da República jamais transferiu tantos votos para seu candidato. E Marina nada tem a ver com o tipo de chefe político que manda e que é obedecido.

Pelo menos três tipos de voto se juntaram para favorecer Dilma — e eles não se extinguem por encanto. O primeiro voto: o que emana do bolso do eleitor. Esse voto é importante, mas não é o mais importante. Ele, sozinho, não garantiria para Dilma a vaga de Lula. É o voto dos satisfeitos com o aumento do seu nível de rendar.

Serra tentou conquistar parte do voto do bolso acenando com o 13º salário para os que recebem o Bolsa Família, um salário mínimo maior do que o anunciado pelo governo, e um reajuste de 10% para os aposentados. Tais promessas foram insuficientes para catapultálo nas pesquisas. E por quê? Por causa dos outros dois votos.

O segundo voto que beneficiou Dilma: o do coração que bate forte por Lula. Pois é. Antes temido, depois tolerado, Lula caiu no gosto dos brasileiros de todas as faixas de renda e de escolaridade. Foi isso o que o salvou dos efeitos perversos dos escândalos que abalaram seu governo — e não foram poucos.

Lula fez do combate à corrupção um dos motes de sua campanha em 2002. A corrupção pregou-lhe boas peças. Não é injusto afirmar que ele conviveu com corruptos porque quis, fingiu não ver o que armavam e empenhou-se em livrar a cara de muitos deles. Mas seus antecessores não agiram assim? — se indagam os de bom coração.

O terceiro tipo de voto que empurrou Dilma para o alto: o racional. Os titulares desse voto não acreditavam que um ex-operário, inteligente, mas inculto, acabasse dando certo como presidente. O voto racional é um reconhecimento de que Lula e a sua turma governaram melhor do que a turma do PSDB. Então por que trocar de turma?

Lula deu-se ao luxo de escolher para sucedê-lo quem não seria eleita nem síndica de prédio porque identificou com bastante antecedência os fatores destinados a selar a sorte das eleições deste ano — no primeiro ou no segundo turno. E também porque soube agir em perfeita consonância com eles, mandando às favas interesses alheios.

A receita deu certo. Para que desande, precisaria que Serra fosse menos Serra e mais Marina.

Onda verde, marola tucana: Fernando de Barros e Silva

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - A erosão na candidatura de Dilma Rousseff foi maior do que as pesquisas realizadas nos dias que antecederam a eleição conseguiram captar. O tucano José Serra se beneficiou, sobretudo, da arrancada final de Marina Silva, que atingiu quase 20% dos votos válidos e, no Nordeste, teve um desempenho bem acima do esperado.

Embora maior do que vinha sendo anunciada, a "onda verde" não foi o único fator que desgastou Dilma. Houve ainda, em menor escala, uma onda tucana na reta final.

Ela foi particularmente expressiva em São Paulo, onde as pesquisas projetavam até a véspera uma vitória de Dilma. Serra derrotou a petista em casa, o maior colégio do país.

Apesar do revés, Dilma segue como favorita para vencer no segundo turno. Mas terá de administrar a frustração de um resultado amargo, à luz das expectativas e da euforia alimentadas no campo lulista.

Como em 2002, contra Lula, Serra chega ao segundo turno como azarão, mas talvez não seja muito exagero dizer que, desta vez, ressuscitou das cinzas. Sua morte política foi decretada sucessivas vezes no decorrer da campanha.

O efeito eleitoral da sobrevida do tucano, para muitos inesperada, é algo que ainda está por ser conhecido. Em 2002, Serra ficou com 38,7% dos votos válidos no segundo turno, índice muito parecido ao de Geraldo Alckmin em 2006 (39,2%), contra o mesmo Lula. Pode ser um padrão, mas não é um destino.

Mais do que obter o apoio formal de Marina (que, em princípio, tem a intenção de se manter equidistante), as campanhas terão de mapear e conquistar os "marineiros". Do eleitor evangélico aos jovens ricos e instruídos dos centros urbanos, este não é um eleitorado homogêneo.

Segundo o Datafolha, 50% dos eleitores de Marina tendem agora a optar por Serra, enquanto 29% se inclinam por Dilma. Os 21% restantes não escolhem, por ora, nenhum dos dois. É um retrato que pode mudar, mas que já aponta para uma disputa mais difícil do que parecia.

Beth Carvalho - VouFestejar (Com a Bateria da Mangueira)

Aloysio, que não escondeu FHC, supera favoritos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Colocado pelas pesquisas atrás de Marta e Netinho de Paula, tucano surpreende e tira a vaga do cantor

Ana Paula Scinocca

Aloysio Nunes Ferreira fez campanha como tucano legítimo. Foi o único que não escondeu Fernando Henrique Cardoso, fazendo do ex-presidente e símbolo maior do PSDB seu principal cabo eleitoral na campanha ao Senado. Em votação surpreendente, foi eleito ontem senador com quase 11 milhões de votos, apesar de ele aparecer apenas em terceiro lugar nas pesquisas de véspera.

Ex-secretário da Casa Civil de José Serra, ex-vice-governador de São Paulo na gestão de Luiz Antônio Fleury Filho, ex-ministro da Justiça no governo FHC, Aloysio fez campanha sem renegar o passado. Foi um dos poucos tucanos a fazer também críticas contundentes ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que exibe alto índice de popularidade.

Nas andanças pelo interior do Estado, o ex-homem forte do governo Serra focou no ex-governador e candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Geraldo Alckmin. Usou depoimentos de prefeitos paulistas em seu favor e, sem sobressaltos, foi subindo nas pesquisas. Seu crescimento também pode ser atribuído à saída de cena de Orestes Quércia (PMDB) da disputa ao Senado. Ao deixar a campanha, por motivo de saúde, o peemedebista recomendou voto em Aloysio.

Outro fator que contribuiu para a vitória de Aloysio foi a "carona" que o tucano pegou nas campanhas de deputados não apenas do PSDB como do PMDB. Seu nome apareceu em vários santinhos de postulantes a vagas na Câmara e na Assembleia Legislativa. A mesma estratégia, em 2006, quase fez com que Guilherme Afif Domingos (DEM) roubasse a vaga do senador petista Eduardo Suplicy.

Aloysio acompanhou a apuração em casa, no bairro de Higienópolis, acompanhado da mulher, filhas e netos. Recebia os números com euforia. Segundo relato de pessoas próximas, o tucano enxergava a vitória, mas não em primeiro lugar. Ao confirmar que sua vaga estava, de fato, assegurada, Aloysio fez questão de telefonar para Quércia e FHC, a quem agradeceu o apoio e as declarações de voto.

O tucano foi um dos primeiros a votar na Faculdade D. Pedro, em São José do Rio Preto, sua terra natal.

FH critica Lula e diz que Dilma é 'fantoche'

DEU EM O GLOBO

Ex-presidente elogia performance de Serra diante do "rolo compressor do governo"

Gilberto Scofield Jr

SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez no momento de sua votação, ontem — no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis — duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidata do PT, Dilma Rousseff. Ele elogiou a performance do candidato tucano, José Serra, diante do que chamou de “rolo compressor do governo”. Para ele, que de manhã já acreditava num segundo turno, o desempenho de Serra e do seu partido, o PSDB, podem ser considerados muito bons diante da pressão de Lula para eleger candidatos do seu partido e de aliados.

Mas as críticas mais afiadas ficaram mesmo para Dilma. Ao ser indagado sobre a possibilidade de transferência expressiva de votos do presidente Lula para ela, FH a chamou de fantoche.

— Se tivesse ocorrido transferência de voto, ela teria 80% (aprovação de Lula). Houve transferência, mas o que está se demonstrando é que, apesar da aprovação do Lula, a candidata não conseguiu a mesma coisa. O importante é ter vontade política própria, capacidade de liderança.

Tem que ter políticos reais e não fantoches — disse ele, que votou às 10h30m, acompanhado do secretário municipal de Cultura, Andrea Matarazzo.

Fernando Henrique chamou Lula de “chefe de facção” por desconsiderar a liturgia do cargo de presidente e fazer campanha aberta por candidatos da coligação petista: — Não é fácil o rolo compressor do governo. Nunca houve igual na História da República.

Como o Lula gosta de dizer, nunca antes neste país. Nunca neste país nenhum presidente fez tanta pressão para ganhar uma eleição, e não obstante, está aí gemendo, chorando, vendo se vai, não vai. Claro, o que é chefe de facção? O presidente representa o país, ele tem um partido. Ele pode e deve expressar o seu partido, mas não pode se transformar em um instrumento de pressão contra o outro, que é o seu adversário, e transformá-lo em inimigo, falar em eliminar o inimigo.

Você deixa de ser chefe da nação para ser chefe de um pedaço.

Facção é um pedaço.

Balanço parcial do TSE aponta eleição de 12 deputados federais pelo PPS

DEU NO PORTAL DO PPS

Por: Da Redação

Balanço parcial * com base nos resultados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta eleição de 12 deputados federais pelo PPS. São eles:
Roberto Freire (SP)
Arnaldo Jardim (SP)
Dimas Ramalho (SP)
Rubens Bueno (PR)
Cezar Silvestri (PR)
Sandro Alex (PR)
Alexandre Silveira (MG)
Geraldo Thadeu (MG)
Stepan Nercessian (RJ)
Arnaldo Jordy (PA)
Moreira Mendes (RO)
Cesar Halum (TO)

* O resultado final ainda pode mudar em virtude de candidaturas sob júdice (fichas suja), que não tiveram seus votos computados.

Freire conquista mais de 120 mil votos e volta para a Câmara dos Deputados

DEU NO PORTAL DO PPS

Por: Valéria de Oliveira

Roberto Freire chegou a São Paulo levando na bagagem apenas a bela biografia que ostenta depois de mais de 40 anos de vida pública. Uma história limpa, sem nenhuma mácula. Deputado por Pernambuco por cinco mandatos e mais um de senador, resolveu aceitar o desafio que uma decisão partidária lhe impôs: de fortalecer o pensamento do PPS em São Paulo.

Com coragem e sem recursos, Freire candidatou-se para disputar um das cadeiras mais difíceis de se conquistar, uma vaga pelo Estado mais populoso do país no Congresso Nacional. Elegeu-se com mais de 120 mil votos e deu ao país a certeza de que a ética e a defesa da democracia terão um defensor ferrenho. Afinal, essa é a marca de Freire.

Numa eleição disputada por nomes conhecidíssimos dos paulistas, lá foi Freire, para debates com a juventude nas universidades, corpo a corpo nas ruas com os eleitores, manifestações pela democracia, caminhadas com Serra, com Geraldo Alckmin. Campanha na veia desde o final da convenção nacional do partido, em junho. Os amigos diziam que bastava que São Paulo soubesse que ele pretendia uma vaga de deputado pelo Estado para que os votos viessem. Mas ele foi atrás deles, com seu nome conhecido em todo o país e a biografia impecável na história.

A eleição foi consequência. Fruto do trabalho não deste ano, mas de uma vida inteira, ela veio porque os paulistas compreenderam Freire. Muitos já haviam votado nele para presidente do país, em 1989; outros tantos muito ouviram falar desse brasileiro para cujos passos não há fronteiras, para cujas idéias não há preconceito.

Feliz por poder representar a população de São Paulo, por ter atravessado uma fronteira geográfica na política, coisa que poucos políticos fizeram na história do país, Freire diz que o segredo é ter uma vida honrada e coerência na defesa das idéias e propostas. Chegou a hora de comemorar. E o frevo soou na festa pela eleição.

Pesquisas subestimaram votação de Marina

DEU EM O GLOBO

Institutos não previram desempenho da candidata do PV, nem queda de Dilma Rousseff

Chico Otavio

Até o último instante, os institutos de pesquisa subestimaram a votação da candidata do PV, Marina Silva, que encerra a participação na campanha presidencial com 19,4% dos votos válidos, maior do que as sondagens previam.

A boca de urna do Ibope, embora acenasse para a possibilidade de segundo turno, com Dilma atingindo 51% dos votos válidos e Serra, 30%, mostrou Marina contida nos 18%. Para superar as previsões e quebrar o caráter plebiscitário das eleições, como ela mesma defendia na campanha, a candidata contou com uma massiva votação no Nordeste, fenômeno atribuído por especialistas ao voto religioso (ela é evangélica).

No decorrer da semana, as pesquisas mantiveram a petista sempre acima dos 50%. O presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, chegou a declarar a sua vitória.

— Nos dados de nosso tracking (corroborados por vários outros que temos de pesquisas desenvolvidas em paralelo), a vantagem dela para a soma dos outros estava em 12 pontos percentuais ontem (segundafeira, dia 27) — disse Coimbra, na terça, em entrevista a um site de notícias.

Para explicar a sua aposta, Coimbra disse que o prognóstico de segundo turno somente seria possível se seis pontos passassem de Dilma para os outros adversários, empatando a disputa eleitoral.

Como cada ponto equivale a cerca de 1,35 milhão de eleitores, seis representariam 8 milhões, gente demais para convencer Coimbra e outros institutos que a tendência de primeiro turno não estava tão consolidada assim.

O Ibope, em parceria com Confederação Nacional da Indústria (CNI), também apontou, no dia 29, Dilma eleita no primeiro turno, com 50% das intenções de voto, contra 27% de Serra e 13% de Marina, na lista estimulada.

Embora a pesquisa Ibope/ CNI detectasse um elevado crescimento da candidata do PV, comparativamente ao levantamento anterior, o diretor de Operações da CNI, Rafael Lucchesi, seguiu Coimbra e cravou a vitória da petista no primeiro turno.

Já o Datafolha, em levantamento feito nos dias 1oe 2 de outubro, mostrou a petista com 50%, mas evitou prever a decisão no primeiro turno.

Serra obteve 31% dos votos válidos e Marina, 17%.

Em vez dos esperados 50 mil militantes, festa do PT teve 300

DEU EM O GLOBO

Evento se resumiu a minicomício com Agnelo e Cristovam Buarque

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. A festa preparada com antecedência pela direção do PT — para a comemoração de uma eventual vitória da candidata à Presidência Dilma Rousseff ainda no primeiro turno — terminou num retumbante fracasso. Pelos cálculos da Polícia Militar, cerca de 300 pessoas compareceram à área externa do Ginásio Nilson Nelson, onde participaram do ato, um número bem abaixo dos 50 mil militantes esperados pelos organizadores do evento.

A grande festa da vitória se resumiu a um minicomício do candidato petista ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do candidato a vice, Tadeu Filipelli (PMDB), e dos senadores eleitos Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). O presidente Lula e Dilma, principais convidados, desistiram de participar do encontro com os poucos militantes que, até por volta das 20h30m, ainda esperavam o triunfo da ex-ministra da Casa Civil no primeiro turno.

— Era uma concentração para acompanhar os resultados e comemorar. Comemorar tudo (vitória de Dilma e Agnelo).

Mas no segundo turno vai ter uma grande reação da militância — afirmou a professora Luciana Leite, decepcionada com o resultado das urnas.

Festa tinha telões e palco montado sobre trio elétrico A militante esperava que Dilma vencesse logo, conforme indicavam as pesquisas de opinião divulgadas na reta final da campanha. A professora Carol Autuori também estava desconsolada com o desempenho de seus dois candidatos preferidos.

Para ela, mais surpreendente foi a votação local, que empurrou Agnelo para um segundo turno com Weslian Roriz (PSC), mulher do ex-governador Joaquim Roriz. Weslian substituiu Roriz nos últimos dias de campanha e, ainda assim, vai enfrentar o candidato do PT no segundo turno.

— É uma decepção saber que tem segundo turno. A culpa foi de quem aprovou a candidatura da mulher do Roriz — queixou-se Carla.

Coordenadores das campanhas de Dilma e Agnelo prepararam uma festa de arromba para uma eventual vitória. O grupo teve a preocupação de isolar uma área, ao lado do Ginásio Nilson Nelson, com a expectativa de receber 50 mil pessoas, segundo a PM. O palco foi montado em cima de um trio elétrico, ao lado de dois telões, com caixas de som espalhadas pelo espaçoso terreno. A coordenação chegou a montar um palco exclusivo para jornalistas.

Foram destacados 50 seguranças para reforçar o trabalho da PM. Mas todo o esforço resultou em vão. Por volta das 21h, militantes enrolados nas bandeiras se dispersavam rapidamente.

— Toda vez tem concentração.

Essa, pela estrutura montada, era para concentração e festa. Mas, infelizmente, para o PT nada é fácil. Não foi fácil com Lula e não está sendo fácil agora — resignou-se o servidor Paulo Henrique Cruz, pouco antes do final da festa que não houve.

‘Vamos à luta e vamos à vitória’, diz Serra sobre segundo turno

DEU NO G1

Candidato falou na noite de domingo, em São Paulo.Tucano vai disputar o segundo turno com a petista Dilma Rousseff.

Não foram as pesquisas que nos trouxeram até aqui. Foi o povo brasileiro, a população brasileira que nos trouxe até aqui", diz José Serra

De braços dados, cabeça aberta, coração leve, nós vamos caminhar para a vitória. Vamos à vitória pela Presidência e pelo Brasil", afirmou José Serra

Carolina Iskandarian e Marcelo Mora

O candidato tucano à Presidência José Serra, que disputará o segundo turno das eleições com a petista Dilma Rousseff, afirmou na noite deste domingo (3) que vai “à luta” e “à vitória”. Serra fez um pronunciamento em São Paulo de cerca de 10 minutos, onde agradeceu à população por ter chegado ao segundo turno das eleições.

No momento do pronunciamento, com 99,76% das urnas apuradas, Dilma tinha 46,87% dos votos e Serra, 32,63%.

“Quero agradecer o carinho, a compreensão. Não foram as pesquisas que nos trouxeram até aqui. Foi o povo brasileiro, a população brasileira que nos trouxe até aqui. Eu sempre disse isso, que sendo a nossa 9ª campanha eleitoral, eu nunca tinha tido uma acolhida carinhosa, fraterna, esperançosa, e confiante como a que encontrei em todo o Brasil”, afirmou o candidato.

O tucano falou sobre seus adversários. Agradeceu a participação de Dilma, de Marina Silva(PV) e de Plínio Sampaio (PSOL). O agradecimento especial, contudo, foi para Marina.

"Queria me congratular com a Marina [Silva] pela votação expressiva dela. Ela contribuiu para o jogo democrático do Brasil e por ter aproximado tanto os jovens da campanha política".

O tucano ainda agradeceu também a participação dos partidos aliados, e prometeu fazer um país mais justo, caso vença a eleição.

“Precisamos de um país mais generoso e mais justo. Vamos à luta e vamos à vitória com os meus ideais democráticos que nos trouxeram até aqui. Vamos lutar condicionalmente pela liberdade de imprensa, respeitar os poderes legislativo e Judiciário”, afirmou o candidato.

O tucano aproveitou também para falar sobre suas propostas de campanha, que devem ser reforçadas neste segundo turno.

“Vamos trabalhar para termos no Brasil uma economia forte, que garanta o emprego de hoje, melhore o emprego de amanhã e abrigue aqueles que não tem emprego.

Serra ainda afirmou que não tem o que esconder dos eleitores:

“Não tenho nada guardado em cofres, não tenho nada secreto, tenho posições claras e uma única cara. O que na vida pública é muito importante para que a população se sinta representada”.

O tucano finalizou seu pronunciamento dizendo que vai caminhar rumo à vitória:

“De braços dados, cabeça aberta, coração leve, nós vamos caminhar para a vitória. Vamos à vitória pela Presidência e pelo Brasil”.

Ao final, Serra ainda pediu um minuto de silêncio em homenagem a Aécio Cunha, pai do senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), que morreu na tarde deste domingo.

Alckmin e Aloysio

Antes de Serra falar, o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes agradeceu os votos e disse que a luta agora é eleger Serra. “Meu coração esta transbordando de alegria e emoção. Amanhã, estaremos na rua para levar o Serra à Presidência da República. Essa é a nossa luta agora. Nós aqui agora vamos aprofundar essa aliança aqui de São Paulo para todo o Brasil”.

Nunes agradeceu também ao prefeito Kassab e Quércia. “Ao nosso comandante Kassab que comandou a luta aqui na capital e quero agradecer ao que Quércia está vibrando com a nossa vitória”.

O governador eleito Geraldo Alckimin também agradeceu os votos e declarou que Serra “é o melhor” para o país. “Estou alegre. É uma alegria muito grande porque o Brasil resolveu esperar para elegeu o melhor para o presidente do Brasil, José Serra. São Paulo resolveu não esperar, mas avançar”, disse se referindo à vitória. “Muito obrigado paulistas”, completou.

“Vamos trabalhar unidos para servir São Paulo e ao Brasil. Quero agradecer ao Quércia cuja aliança com o PMDB foi fundamental para nos eleger. A partir de hoje, arregaçar as mangas. Vamos suar a camisa aqui em são Paulo. Pelo Brasil, faça o máximo e o máximo é o José serra”, concluiu.

O atual governador paulista Alberto Goldman comentou sobre a eleição do Alckimin para o governo de São Paulo, e Anastasia eleito em Minas. “As duas principais lideranças do partido foram eleitas", comemorou. Ao comentar sobre a vitória de Aloysio Nunes, o governador brincou:
“Demos uma lavada neles. No Senado, [a vitória] foi gostosa”.

Marina Silva defende 'plenária' para decidir sobre apoio no segundo turno

DEU NO G1

Terceira colocada, candidata quer incorporar 'núcleos vivos' da sociedade.

'Brasil tem um segundo turno para pensar duas vezes', afirmou.

Mariana Oliveira

São Paulo - A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, que alcançou quase 20% dos votos válidos e terminou em terceiro lugar na eleição, defendeu uma discussão interna no partido para decidir se a legenda apoiará Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) no segundo turno.

Em pronunciamento na noite deste domingo em São Paulo, ela pediu que o partido faça uma reunião plenária que incorpore, além dos militantes, "os núcleos vivos da sociedade", refererindo-se a intelectuais e artistas, entre outros segmentos. "Façamos a discussão no partido, mas que esses núcleos vivos sejam ouvidos", afirmou.

Segundo a candidata, a discussão é necessária porque os votos pertencem ao eleitor. "Vamos fazer uma discussão. Que sejam ouvidos o Movimento Marina Silva, os intelectuais. Faremos uma plenária para avaliar nossa posição. O voto não é da Marina, nem de José Serra, nem da Dilma. O voto, fora da visão patrimonialista das coisas, é do eleitor", afirmou.

Integrantes do partido disseram na noite deste domingo que a decisão será tomada por um grupo composto por 21 pessoas, criado para discutir a campanha de Marina. Esse grupo, no entanto, acabou não atuando tanto quanto se esperava e as decisões foram tomadas pela coordenação. Desses 21, 10 pessoas foram indicadas pelo partido, 10 por Marina e o outro é o presidente nacional do PV, José Luiz de França Penna, que já se manifestou favoravelmente ao apoio a Serra. Marina Silva não quis comentar o posicionamento do presidente da legenda.

Ela marcou entrevista com jornalistas para as 20h deste domingo, mas só chegou ao local instantes depois de ser confirmado que haveria segundo turno na eleição presidencial.

Marina Silva classificou como vitoriosa a campanha que fez para a Presidência. Agradeceu aos companheiros de partido e parabenizou Dilma e Serra.

A candidata também agradeceu pelos cerca de 20 milhões de votos recebidos e afirmou que cumpriu seu papel de "quebrar o plebiscito". "Essa jornada nos deixa feliz e nos faz sentir profunda vitória. Quebrar a ideia do plebiscito é vitoriosa. O Brasil ouviu nosso apelo de pensar duas vezes."

“Ainda que não tenhamos ido para o segundo turno, o Brasil tem um segundo turno para pensar duas vezes”, completou Marina, que, na última semana de campanha, ascendeu nas pesquisas de intenção de voto.

Marina pediu ainda que os adversários do primeiro turno Dilma e Serra "façam jus" à possibilidade de ir ao segundo turno. "Será um segundo turno para que o Brasil possa aprofundar o que não foi aprofundado no primeiro turno."

Ela também disse que sua campanha passou o primeiro turno sem partir para o "vale-tudo eleitoral". "Não fomos para o vale-tudo, não usamos situações difíceis como estratégia eleitoral. Politicamente, optamos por fazer com que o processo fosse tratado institucionalmente", disse, comentando as denúncias divulgadas durante a campanha.

Marina chegou com a voz rouca e atribuiu a situação às intensas atividades de campanha na véspera da votação do primeiro turno. Citou que visitou São Paulo, Rio deJaneiro, Minas Gerais, Goiás e o Acre. "Não foi um uso muito sustentável da voz", brincou a candidata, que teve como uma de suas principais propostas o crescimento da economia com sustentabilidade.

Futuro

Ao ser questionada sobre se aceitaria atuar na equipe de governo de um dos dois candidatos, respondeu: "minha contribuição já foi dada a qualquer governo que queira aprender com o que foi sinalizado nesses mais de 20 milhões de votos".

Marina Silva afirmou que, agora que seu mandato de senadora chegou ao fim, ela vai "voltar para a sociedade". "Sempre atuei na política institucional. Pertenço a um partido, mas faço parte de um movimento muito maior", afirmou, acrescentando que deve voltar a ser professora.

Votos de Marina põem Serra no 2º turno contra Dilma

DEU EM O GLOBO

Graças à onda verde que rendeu à candidata Marina Silva quase 20 milhões de votos (19,5%), o tucano José Serra irá disputar, em 31 de outubro, o segundo turno da eleição presidencial contra a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT. Com 47 milhões de votos (46,4%), menos que os 48,6% obtidos pelo seu padrinho, o presidente Lula, no primeiro turno da reeleição, em 2006, e bem abaixo dos índices apontados pelos institutos de pesquisa, Dilma venceu em 18 estados, incluindo Minas Gerais e Rio. Mas só conseguiu superar na soma de seus adversários em 10 deles, concentrados nas regiões Norte e Nordeste.

Serra enfrentará Dilma e Lula no segundo turno

Marina surpreende, tira votos da petista e ajuda tucano a garantir novo round

Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut e Carolina Brígido

BRASÍLIA e RIO - Os eleitores brasileiros terão mais tempo para decidir. Empurrada pela “onda verde”, que deu à ex-ministra Marina Silva (PV) surpreendentes 19,4% dos votos válidos, a escolha do futuro presidente do Brasil ficou para o dia 31 deste mês. O segundo turno será disputado pela petista Dilma Rousseff, que somou 46,8% (abaixo do que previam as pesquisas eleitorais), e pelo tucano José Serra, com 32,6% (mais do que davam as pesquisas). A grande eleitora será Marina, com seus 19 milhões de votos, já disputados por PSDB e PT. Diante do resultado menor do que o esperado para Dilma, o presidente Lula vai mergulhar ainda mais na campanha da petista no segundo turno.

O resultado foi recebido com surpresa tanto no Planalto como no PSDB. Nos dois lados, duas certezas: será necessário fazer ajustes significativos nas campanhas. O segundo turno só foi possível por causa de Marina, que tirou votos de Dilma, e a ordem dos dois lados agora é atrair esse eleitorado.

Recados discretos já foram enviados por PT e PSDB para Marina e dirigentes do PV. No PV, há simpatizantes dos dois candidatos, mas, segundo pesquisas, Serra seria beneficiado por 50% dos votos de Marina; Dilma herdaria 30%.

O PT sabe que ainda há muita mágoa com Dilma e o partido desde a época em que as duas foram ministras, e que isso pode favorecer Serra.

Portanto, uma postura de neutralidade dela já seria uma vitória. No PV, ontem, o clima era de cautela, até porque muitos petistas admitem que Marina sai das urnas bem maior que o partido.

Logo, a decisão passará necessariamente por ela.

Aparentemente consciente de que recebeu votos de parcela do eleitorado na qual se destacam desde evangélicos conservadores a militantes ecológicos e de movimentos a favor de legalização das drogas, aborto e casamento gay, Marina propôs ontem que, antes da abertura de negociações sobre o segundo turno, seja feita “uma plenária” do PV “com todos os movimentos que nos apoiaram”.

Mas integrantes da cúpula do partido admitem que “a correlação de forças internas” tende ao apoio a Serra.

Um dos líderes do partido, Fernando Gabeira, candidato derrotado para o governo do Rio, disse que já decidiu: — Meu caso é específico dentro do partido, e vou honrar o compromisso de apoiar Serra no segundo turno.

Ontem, apesar de todas as queixas contra os erros da campanha de oposição, a ordem era não expor Serra agora. O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, disse que os líderes regionais, em especial os eleitos em primeiro turno, como o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG), já estão mostrando interesse em “inflar a campanha”.

— O segundo turno virou uma realidade e, já na terça-feira, haverá muita coisa sendo feita. Dilma não suporta o confronto — disse Guerra.

No PT, o discurso ficou mais cauteloso: — É hora de ter humildade. E temos humildade.

Dilma começou com 5% das intenções e cresceu.

Teve um momento em que a Dilma subiu muito. E havia expectativa de vitória em primeiro turno quando ela passou muito o Serra. Mas isso não aconteceu. Ainda é cedo para avaliar o que aconteceu — disse o líder do governo e um dos coordenadores da campanha de Dilma, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O DEM apresentará já hoje a “fatura” sobre as vitórias que obteve, em especial conquistando bom desempenho para Serra em estados como Santa Catarina.

— A campanha de Serra terá de incluir (os vencedores) para ganhar. Em Santa Catarina, conseguimos 45% dos votos válidos para ele — disse o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen.

Subida de Marina força 2º turno entre Serra e Dilma

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Dilma Rousseff (PT), 62, e José Serra (PSDB), 68, vão disputar o segundo turno da eleição presidencial em 31 de outubro. Antes favorita a liquidar a disputa no primeiro turno, Dilma perdeu apoio nas últimas semanas; Serra e Marina Silva (PV) obtiveram votações acima do estimado nas pesquisas. Com 99,8% da apuração, Dilma tinha 46,9%, Serra 32,6% e Marina 19,4%.

Dilma e Serra disputam o segundo turno

CANDIDATA DE LULA REGISTRAVA 46,9% DOS VOTOS COM 99,8% DAS URNAS APURADAS TUCANO SE RECUPEROU NA RETA FINAL E CHEGOU A 32,6% MARINA SILVA, DO PV, SURPREENDEU COM 19,4%

Dilma Rousseff (PT), 62, e José Serra (PSDB), 68, vão disputar o segundo turno da eleição presidencial em 31 de outubro.

A candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu votos nos últimos dias da campanha eleitoral e ficava a 3,2 pontos de uma vitória no primeiro turno, com 99,8% das urnas apuradas. Até as 23h40, tinha 46,9%.

O tucano se recuperou principalmente em suas bases eleitorais, como São Paulo, e recebeu 32,6%, quase dez pontos percentuais a mais do que os 23,2% obtidos por ele em 2002.

A candidata do PV, Marina Silva, também surpreendeu na reta final e chegou a 19,4%, desempenho que foi fundamental para levar a disputa à segunda etapa.

A candidata escolhida por Lula enfrentou dois escândalos no último mês da campanha: a quebra de sigilos de pessoas ligadas ao PSDB e a revelação de esquema de facilitação de interesses privados montado na Casa Civil, que no último dia 16 derrubou a ministra Erenice Guerra, ex-braço direito de Dilma no governo.

A petista sofreu também rejeição de parte dos eleitores evangélicos e católicos por conta de boatos sobre sua fé e de controvérsia sobre sua posição em relação ao aborto. Em 2007, declarou-se a favor da descriminalização e agora afirma ser pessoalmente contra o aborto.

O principal espólio a ser disputado entre Dilma e Serra são os votos de Marina, que recebeu o apoio de cerca de 20 milhões de eleitores. Ela deve ficar neutra na disputa, mas seu partido estuda apoiar o candidato tucano.

O Datafolha mostrou na semana passada que 51% dos eleitores da candidata verde se dizem inclinados a votar em Serra no segundo turno. Dilma receberia o apoio de 31%, e outros 15% dizem que votariam em branco ou anulariam o voto -3% não haviam decidido o que fazer.

No Congresso, a oposição, alavancada por expressiva votação no cinturão centro-sul, conseguiu manter o patrimônio eleitoral. Apesar disso, lideranças tradicionais de PSDB e DEM perderam a eleição. Entre os tucanos, os senadores Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) não foram reeleitos. Marco Maciel (DEM-PE) também não voltará ao Senado.

O deputado mais votado do país foi Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP). Com 99,8% das urnas de São Paulo apuradas, tinha 1,351 milhão de votos, número próximo ao recorde nacional, que é de Enéas Carneiro -1,57 milhão de votos em 2002. Logo atrás no ranking, vem o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (RJ), com 694 mil votos (99% das urnas apuradas).

'Efeito Marina' surpreende e leva a 2º turno entre Dilma e Serra

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) disputarão o segundo turno da aleição presidencial no dia 31 de outubro. Marina Silva (PV), que cresceu na reta final e chegou a quase 20% dos votos válidos, impediu a vitória de Dilma no primeiro turno e foi a grande surpresa da eleição. A petista obteve cerca de 46% dos votos - abaixo do que previam as pesquisas. Serra, por sua vez, ficou com 33% e venceu em Estados onde Dilma era tida como favorita na véspera da votação, como São Paulo. Além disso, o desempenho da petista ficou abaixo do esperado em Estados do Nordeste. Marina festejou o fato de que haverá segundo turno, mas não definiu quem irá apoiar.

Marina tira eleitores de Dilma, que perde em mais Estados do que se previa

Com base nas pesquisas, pode-se dizer que quadro se inverteu em SP, por exemplo, em apenas uma semana

Daniel Bramatti


Os candidatos do PT, Dilma Rousseff, e do PSDB, José Serra, disputarão o segundo turno da eleição presidencial no dia 31 de outubro. Marina Silva, do PV, cresceu na reta final e teve papel decisivo para evitar que a disputa fosse encerrada ontem.

À meia-noite de ontem, quando haviam sido apuradas 99,84% das urnas, Dilma tinha cerca de 46,9% dos votos válidos, três pontos porcentuais a menos do que o mínimo necessário para encerrar a disputa no primeiro turno. Faltaram pouco menos de 3 milhões de votos. No primeiro turno de 2006, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva teve 48,6% do eleitorado.

O desempenho da petista ficou abaixo do que previam, na véspera da eleição, os institutos de pesquisa Ibope e Datafolha. Pesquisa de boca de urna feita ontem pelo Ibope, apenas com eleitores que já haviam votado, indicava que Dilma teria 51% dos votos válidos - levando-se em conta a margem de erro, de 49% a 53%. Serra chegou a 32,6% dos votos válidos. E Marina, a surpresa da eleição, a 19,3%.

Viradas. O candidato do PSDB venceu em Estados onde Dilma era tida como favorita ainda na véspera da votação. Em São Paulo, por exemplo, abocanhou 40,7% do eleitorado, contra 37,3% para a adversária.

Uma semana antes da eleição, o Ibope indicava um quadro inverso em São Paulo: a petista liderava com 45% dos votos válidos, seguida pelo tucano, com 39%. Marina aparecia com 14% no Estado, e acabou com quase 21% - seu eleitorado, portanto, cresceu 50% em sete dias no maior colégio eleitoral do País.

Na Região Sul, Serra perdeu no Rio Grande do Sul, mas colheu duas vitórias imprevistas pelos institutos de pesquisa no Paraná (44% a 39%) e em Santa Catarina (46% a 39%).

Na Região Centro-Oeste, o tucano venceu em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, por pequena margem (1,2 e 2,5 pontos, respectivamente), mas ainda assim em Estados onde a previsão era de desvantagem em relação a Dilma.

Na mesma região foi registrada a única vitória da candidata do PV em uma unidade da Federação: o Distrito Federal deu a Marina quase 42% dos votos válidos, uma vantagem de pouco mais de dez pontos em relação a Dilma, tida como favorita até poucos dias antes da votação.

Redutos. Enquanto Serra virava o jogo em Estados-chave do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, Dilma obteve vitórias significativas no Nordeste, mas não suficientes para compensar o quadro no restante do País.

Na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, a petista obteve 62,5%, quase o triplo do obtido por Serra. Em Pernambuco, terra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela chegou a 61,7%. No Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Alagoas e em Sergipe, o desempenho ficou abaixo dos 54%. Os Estados nordestinos onde Dilma foi melhor foram o Maranhão (70%), o Ceará (65%) e o Piauí (67%).

No Rio Grande do Sul, Estado onde desenvolveu sua carreira política, a candidata governista teve pouco menos de 47% dos votos - o suficiente para ficar seis pontos à frente de Serra. Mas a presidenciável teve, entre os gaúchos, proporcionalmente menos votos que o candidato de seu partido ao governo. Tarso Genro venceu no primeiro turno, com mais de 54% dos votos.

Votação nas cidades. O mapa da votação dos candidatos à Presidência nos municípios, publicado nesta página, mostra que tanto PT quanto PSDB perderam eleitores na comparação com o resultado de 2006.

Na maioria das áreas onde ganhou há quatro anos, o então candidato Lula teve margens maiores do que Dilma. Da mesma forma, Geraldo Alckmin, candidato na época pelo PSDB, venceu com mais folga do que Serra nas áreas "tucanas" do País.

A responsável por essa mudança é Marina, embora ela seja praticamente invisível no mapa - além do Distrito Federal, ela venceu em poucas cidades do Rio e de Minas, entre elas Belo Horizonte - e perdeu até em Rio Branco, sua base eleitoral.
Em 2006, a terceira força na eleição era representada pela alagoana Heloísa Helena, do PSOL, que definhou na reta final do primeiro turno e acabou com menos de 7% dos votos válidos.

Evolução. Na divisão do eleitorado por Estados, Dilma teve desempenho inferior ao de Lula na maioria deles. Em Minas Gerais, o presidente venceu com 51% há quatro anos, enquanto a ex-ministra da Casa Civil obteve 46%.

No Amazonas, onde Lula teve seu melhor resultado em 2006 (78%), Dilma ficou com 13 pontos porcentuais a menos (65%). Assim como Alckmin em 2006, Serra teve entre os amazonenses seu pior desempenho - menos de 8,5% dos votos.

Na comparação com Lula, Dilma conseguiu ir melhor no Rio Grande do Sul, em Alagoas e em três Estados do Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

A maior votação proporcional de Serra foi registrada no Acre (52,2%) - Estado governado há 12 anos pelo PT.

'O cara' carregou, e também atrapalhou Dilma

DEU EM O GLOBO

Como o presidente virou a situação adversa no pleito passado e começou a elaborar um projeto de poder para quando deixar o Planalto

José Casado

O presidente entrou na sala improvisada nos fundos do palanque, em Belo Horizonte.

Naquela tarde de agosto, vestia uma típica jaqueta boliviana.

E estava inquieto: — Vocês acreditam que o Aécio (Neves) teve a coragem de me mandar um recado pedindo para não vir? O tom irritadiço de Lula surpreendeu os políticos do PMDB e do PT que o recepcionavam.

— Como é? — quis saber Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo mineiro.

— Ele mandou o Sérgio Andrade (empresário mineiro, acionista dos grupos Oi e Andrade Gutierrez) telefonar para o Gilberto (Carvalho, chefe de Gabinete de Lula). O Gilberto contou que o Sérgio ligou, falando em nome do Aécio, com pedido para não vir a Minas.

Quem o Aécio pensa que é? Em quem ele acha que manda? Eu sou presidente da República, vou aonde quiser e agora vou para o enfrentamento.

Lula assumira o papel do político em transe com a adrenalina da vingança. E assim continuou.

Nas últimas dez semanas empenhou-se num acerto de contas com a oposição.

Embriagado com o próprio protagonismo, radicalizou na reta final e acabou por ofuscar sua candidata, Dilma Rousseff, com ofensivas como a promessa de “extirpar” o DEM do mapa políticopartidário, o confronto aberto com a imprensa (“nós somos a opinião pública”, anunciou) e o elogio ao “antigo radicalismo” petista, que ele próprio revogara na campanha de 2002.

Resultado: os pouco mais de 46% obtidos por Dilma ontem nas urnas ficaram muito abaixo das projeções do governo e do partido, que já haviam reservado a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para a “festa da vitória” no primeiro turno. Lula construiu, conduziu e viabilizou a candidatura de Dilma, mas acabou atrapalhando-a na reta final. Na votação, delineouse o limite da sua influência.

Ele perdeu nos campos de batalha onde deu ordens aos aliados para que não deixassem sobreviventes entre os oposicionistas.

Em Minas fez um desafio aberto a Aécio Neves e viu seu candidato (Hélio Costa, do PMDB) ser derrotado com quase 30 pontos de diferença por Antonio Anastasia (PSDB). Em Santa Catarina, onde pregou a “extirpação” do DEM, a sua candidata Ideli Salvati (PT) foi derrotada com 31 pontos de diferença por Raimundo Colombo (DEM).

O presidente passou a campanha exibindo certezas com base no carisma lapidado em 21 anos de campanhas presidenciais — completados neste mês —, e polido por uma custosa estrutura de propaganda voltada ao culto à personalidade (gasto médio oficial de R$ 1 milhão por dia). Lula chegou a uma situação singular: tornou-se o primeiro presidente que, à saída do Planalto, indica sucessor e exibe um projeto de poder.

Acuado, decidiu ir para a rua

A dimensão da sua influência política, confirmada na reeleição de 2006, quando somou 58 milhões de votos (60,8% dos válidos) o levou a se descolar do PT, planejar a eleição de Dilma e se manter como condutor dessa força — “lulismo” para alguns ou “movimento”, como define.

— Eles (da oposição) não sabem o que é ser popular porque nunca estiveram perto do povo, e aí confundem populismo com popular — repetiu em comícios.

— Ninguém imagina o que passei com um Senado raivoso, o ódio daqueles que até pensaram em me derrubar em 2005 (na crise do mensalão). Venci na rua, porque estabeleci uma relação real e direta com o povo...

Em agosto de 2005, Lula se sentiu acuado na Presidência.

Havia três semanas que demitira José Dirceu do comando da Casa Civil, envolvido em denúncias de corrupção, quando assistiu pela televisão ao ato de contrição do publicitário chefe de sua campanha, Duda Mendonça.

O publicitário confessou ao Senado que os custos da eleição de Lula e de outras campanhas do Partido dos Trabalhadores, em 2002, haviam sido pagos com dinheiro ilegal, extraídos de fundos não declarados (caixa dois) mantidos no Brasil e em paraísos fiscais. Na semana seguinte, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi denunciado por corrupção quando era prefeito de Ribeirão Preto (SP).

Lula se sentiu ameaçado. Meses antes era favorito à reeleição.

Agora, a melhor opção era ser candidato a terminar o mandato e voltar a assar coelhos na cobertura em São Bernardo do Campo — uma das suas receitas prediletas para fins de semana.

Chamou Marcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, e Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil.

Anunciou-lhes a decisão de partilhar o governo (Thomaz Bastos na condução política e Dilma com os negócios), enquanto voltaria “à rua” em busca de apoio. E assim fez, com o argumento autocomplacente de ter sido “traído” pelo PT .

A oposição acreditava ter emparedado o presidente e dobrou a aposta na “sangria” de Lula até a eleição do ano seguinte. Mas enquanto PSDB e DEM acenavam aos eleitores com o paraíso da higiene política, o governo entregava mais emprego, garantia renda mínima e acesso a uma fartura de crédito pessoal.

Lula confirmou a existência da margem de manobra em 20 dias de comícios em oito estados.

Numa quarta-feira, 24 de agosto, voltou a Brasília e chamou o publicitário João Santana, indicado por Duda Mendonça.

Examinaram as chances e definiram a retomada da ofensiva pelo presidente-candidato.

Na semana seguinte Lula foi a Uberlândia, levou o governador mineiro Aécio para o palanque e, diante dele, sinalizou a disposição de se manter na disputa: — As pesquisas começaram a dizer “o Lula é imbatível”, então resolveram me atacar no que nunca deveriam ter me atacado — disse, com Aécio ao lado. — Começaram a mexer na questão ética para ver se colocavam desconfiança na sociedade. Eu reajo agora, com a tranqüilidade de que a gente tem que tomar as decisões no momento certo, na hora certa. Só quero provar que ninguém cuidou dos pobres mais do que nós cuidamos.

Quando começou 2006, ano da reeleição, Lula se recuperava nas pesquisas na esteira de uma festa de consumo. As vendas de móveis e de eletrodomésticos cresciam ao ritmo de 10% ao ano e as de alimentos nos supermercados à velocidade de 7,5% acima da inflação.

O vento a favor na economia era resultante da combinação de inflação baixa e estável (herança do governo Fernando Henrique Cardoso) com uma política de juros recordes (19% ao ano) e atraentes para a especulação financeira, e com uma alta excepcional (60%) nos preços das matérias primas exportadas.

Havia um novo cenário. Em SP, por exemplo, o economista José Marcio Camargo desligou a calculadora ao concluir que a renda dos 20% dos mais pobres aumentara 10%. Dois terços disso, na sua conta, eram explicáveis pelo avanço do emprego formal e dos salários reais. Outro terço era efeito dos programas de transferência de renda.

Uma sofisticada rede de poder

Com esses programas, Lula sofisticou a velha fórmula da construção de uma rede de poder baseada no controle da máquina pública e na benevolência orçamentária.

Na política, travestiu favores em projetos de governo.

Deu às prefeituras autonomia tanto no cadastramento quanto na distribuição dos benefícios sociais — um fluxo de dinheiro relevante e administrado exclusivamente pelos municípios, sem interferência estadual.

Por consequência, o potencial de influência eleitoral dos prefeitos se ampliou. Formouse então uma aliança tácita que permitiu ao presidente-candidato à reeleição se apresentar como o construtor da estabilidade e patrono dos benefícios.

Um ano depois da crise do mensalão, em meados de 2006, Lula era, de novo, favorito nas pesquisas. Foi quando avisou à mulher, Marisa, que mudaria a rotina no Palácio da Alvorada.

O casal presidencial não recebia ministros nos fins de semana.

Passou a guardar um lugar à mesa no jantar de domingo para uma convidada: Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil.

O que pensa a mídia

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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No meio do caminho:: Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra