quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Reflexão do dia - Alberto Aggio

O lulismo só pode operar com êxito num clima de criação ou invenção da unanimidade ou em situações tendente a ela, na qual a oposição tem que ser residual ou deve ser “exterminada”. Tal como outros personalismos conhecidos, o lulismo não foi feito para enfrentar situações constrangedoras nas quais vêm à tona críticas e questionamentos. Opera bem a partir da blindagem do seu principal protagonista, não importando o custo que tenha isso.

(Alberto Aggio, no artigo, ‘O espectro do lulismo’ Jornal do Comércio de Franca/SP, 23/10/2010)

Apequenados:: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

A campanha eleitoral chega à semana final com um acúmulo de desvios de conduta dos candidatos e do governo que é difícil não chegar à conclusão de que os seus principais personagens, especialmente o próprio presidente da República, se apequenaram no caminho, e o processo democrático brasileiro sofreu um retrocesso que os principais líderes políticos terão que se esforçar para superar.

A incontestável popularidade do presidente Lula por si só já seria um fator de desequilíbrio da disputa, o que é do jogo democrático. Se seu governo fosse impopular, seria um fator negativo para a coligação que o apoia.

Mas ele potencializou essa distorção usando e abusando do poder político e econômico que lhe confere o cargo, e da popularidade, para colocar a máquina governamental a serviço da eleição de sua candidata, o que prejudicou a disputa desde o primeiro momento.

O candidato do PSDB, José Serra, tentou o primeiro truque ainda na pré-campanha como governador de São Paulo, recusando-se a fazer oposição na suposição de que, explicitando sua boa relação com o presidente Lula, o eleitorado acreditaria que poderia continuar a votar nele, que liderava as pesquisas.

Quando viu que a transferência de votos de Lula para Dilma, que acreditava que não ocorreria, era um fator de desequilíbrio contra sua postulação, tentou, já na campanha, fingir-se de amigo de Lula colocando-o na sua propaganda televisiva.

O tiro saiu pela culatra, pois quem estava disposto a votar na oposição não gostou daquela proximidade, e o próprio Lula tratou de rejeitar a insinuação, deixando claro que sua candidata era Dilma.

Para contrabalançar a popularidade do presidente Lula, o candidato Serra, conhecido por sua maestria em controlar as finanças públicas e por ser um gestor eficiente, passou a prometer o céu e mais alguma coisa aos eleitores, na esperança de que não se sentissem inseguros com sua candidatura.

E dá-lhe aumento real do salário mínimo maior do que o do governo federal; 13 salário para o Bolsa Família; aumento real também para os aposentados.

O ambiente eleitoral nunca foi propício para que se discutam reformas estruturais que mexem no bolso dos eleitores, ou retirem privilégios de corporações. Muito menos em um governo populista, que não se peja de sair distribuindo casas e verbas em plena época de eleições.

Prometendo esse festival de bondades para contrabalançar a gastança do governo, a plataforma de Serra perdeu consistência, e o candidato transformou-se em outra persona política.

Para piorar a situação, o debate sobre o aborto pegou os dois candidatos no contrapé. Tanto a candidata oficial quanto o adversário oposicionista, dispostos a tudo para não perder votos, mostraram-se capazes de fazer qualquer papel na exploração religiosa da campanha.

Dilma renegou todas as suas convicções a respeito da descriminação do aborto, enquanto Serra despertou um insuspeitado lado religioso, a tal ponto que o efeito esgotou-se pela exaustão.

A começar pela verdadeira geleia geral em que se transformaram as coligações partidárias, o eleitor está perdido, sem parâmetros para se decidir. Quem ontem estava no governo hoje está na oposição com a mesma desenvoltura, explicitando a falta de um programa que cimente as negociações políticas.

As acusações de corrupção de lado a lado pareceram igualar os contendores num triste campeonato. A candidata Dilma Rousseff conseguiu neutralizar o escândalo de sua amiga Erenice Guerra na Casa Civil, levantando o caso de Paulo Preto na Dersa de São Paulo, mesmo que, até simbolicamente, os casos sejam bastante diferentes. Mas nesse tiroteio eleitoral, é difícil para o cidadão comum marcar as diferenças, e a candidata oficial foi bem-sucedida no propósito de nivelar todos por baixo.

O caso das privatizações, que mais uma vez foi utilizado pelo marqueteiro João Santana para mexer com o imaginário do eleitor médio, é sintomático dos descaminhos que a campanha tomou.

Ao dizer que utilizar o sistema de concessão para a exploração do pré-sal é o mesmo que privatizar a riqueza nacional, a candidata Dilma Rousseff está tentando enganar o eleitor.

Mas o candidato oposicionista em nenhum momento conseguiu deixar isso claro, provavelmente com receio de ser confundido com um entreguista.

Cometendo o mesmo erro da campanha de Alckmin em 2006, que “denunciou” o governo pela privatização da exploração da madeira na Amazônia, que havia sido aprovada com o apoio do PSDB, a propaganda eleitoral de Serra passou a incorporar a tese de que o sistema de concessão é uma espécie de privatização, acusando o governo atual de ter entregado nossa riqueza a diversos investidores privados, nacionais e estrangeiros.

Em vez de ter a coragem de rebater essa tese, e mostrar que a participação privada é mais benéfica para o desenvolvimento do país, a campanha tucana ficou presa na armadilha da privatização, disputando com a candidata oficial quem consegue enganar mais o eleitor.

Essa maneira de fazer política distorcendo a realidade tem no presidente Lula seu maior cultivador. O exemplo mais recente é o discurso que fez esta semana, criticando os governos passados por não terem investido na indústria naval na solenidade em que a primeira-dama foi madrinha do lançamento do navio Jatobá, segundo de cinco porta-contêineres encomendados pela empresa Log-In ao estaleiro Eisa.

Esses novos navios ampliarão em 300% a capacidade do serviço de navegação costeira da empresa. E a construção de cada embarcação, cria, direta ou indiretamente, cerca de 3 mil empregos.

Quem ouve a crítica de Lula pensa que o investimento é de uma empresa governamental, mas a Log-In Logística Intermodal é uma empresa da Vale, que foi privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mágicos das contas :: Miriam Leitão

DEU EM O GLOBO

O governo Lula está produzindo o maior retrocesso na História recente do país na transparência das contas públicas. Ontem foi um dia de não se esquecer. Dia em que o governo fez a mágica de transformar dívida em receita. E assim produziu o maior superávit primário do país em setembro, quando, na verdade, o Tesouro teve um déficit de R$ 5,8 bilhões.

O passo a passo do governo nessa confusão é o seguinte:

1) o Tesouro emitiu dívida no valor de R$ 74,8 bilhões.

2) transferiu uma parte, R$ 42,9 bilhões, diretamente à Petrobras, para subscrever as ações da empresa.

3) entregou o resto, R$ 31,9 bilhões, ao BNDES e ao Fundo Soberano.

4) BNDES e FSB repassaram esses títulos à Petrobras para pagar pelas ações que também compraram.

5) a Petrobras pegou todos esses títulos que recebeu e com eles pagou a cessão onerosa dos barris de petróleo do pré-sal. 6) o governo descontou o dinheiro que gastou na subscrição e considerou que o resto, R$ 31,9 bilhões, era receita.

De acordo com o secretário do Tesouro, Arno Augustin, isso é igualzinho à receita de concessão que o governo Fernando Henrique registrou no seu superávit primário quando vendeu a Telebrás. Não é não. Aquele momento o governo estava vendendo ativos e recebendo em dinheiro. Agora ele está transferindo petróleo, ainda não retirado, e recebendo de volta títulos da dívida que ele mesmo emitiu. Se fosse igual à receita de privatização, como Augustin fala, por que então o governo precisou que o dinheiro passasse pelo BNDES? É para que na passagem acontecesse a mágica de o título de uma dívida do Tesouro virar receita.

O secretário disse que essa ideia de que o BNDES participou por causa do superávit é errada. Segundo ele, se o BNDES não entrasse o Tesouro perderia participação na Petrobras. Conversa.

O governo não fez diretamente porque ficaria mais explícito o truque de fazer sopa de pedra.

Para completar a confusão, os R$ 24 bi em títulos que foram para o BNDES o resto dos R$ 31,9 bi foi para o Fundo Soberano entraram na conta da dívida pública bruta, mas não na dívida líquida porque o governo alega que é empréstimo e um dia o BNDES vai pagar. Portanto, a dívida líquida não sobe, apesar de o governo ter se endividado. Foi assim com outros R$ 180 bi em títulos transferidos para o BNDES.

O governo está desmoralizando os indicadores de superávit primário e dívida líquida. Pelos números, está tudo bem: superávit na meta e dívida com tendência de queda.

Maílson da Nóbrega acha que o governo não está apenas fazendo mágica, está destruindo a transparência e a solidez das estatísticas do país pelas quais vários governos trabalharam: Eles produziram artificialmente receitas públicas para simular um superávit inexistente, que não resulta de esforço de austeridade fiscal.

Além disso, zombam dos analistas. Será que acham que jornalistas, economistas, consultores não perceberam a manobra? Esse truque não tem fim, porque eles podem agora vender petróleo futuro e dizer que é receita.

O assunto contas públicas é considerado o mais árido da economia. Mas quanto mais transparentes forem as contas mais capaz é a sociedade de saber o que o governo está fazendo com o dinheiro coletivo e mais poder tem de influir no destino dos recursos. A névoa nas contas públicas retira esse poder.

Esse não é o primeiro truque, é apenas o mais extravagante.

Em agosto do ano passado, a MP 468 permitiu que o governo usasse depósitos judiciais como receita.

Contribuinte que entra na Justiça discutindo a legalidade de um imposto tem que depositar a quantia contestada.

Esse valor pode ser do governo, ou não. Mas pela MP, R$ 5 bi entraram como receita em 2009 e R$ 6,4 bi, em 2010.

No final do ano passado, outra MP, a 478, permitiu ao Tesouro vender antecipadamente os dividendos que tem a receber de estatais e empresas de economia mista.

O BNDES comprou e repassou ao Tesouro R$ 5,2 bilhões que ele teria de dividendos da Eletrobrás.

O governo decidiu excluir os investimentos do PAC da contabilidade das despesas.

Alguns gastos já estavam excluídos da conta porque estavam no Plano Piloto de Investimentos.

Só que para entrar no PPI o investimento tem seguir várias regras e ter metas de desempenho. O governo fez o PPI perder suas qualidades e enquadrou o PAC na mesma brecha fiscal.

Na série estatística está registrado que o governo cumpriu a meta. Só cumpriu por manobras assim.

No governo militar inventouse uma fórmula que criava dinheiro. Era a conta conjunta entre Banco Central e Banco do Brasil. O governo mandava o Banco do Brasil pagar e depois pegar no BC.

Assim surgiu o orçamento monetário, uma espécie de orçamento do B no qual cabiam todas as despesas. Essas e outras maluquices deixaram uma montanha de dívida não contabilizada. O governo Fernando Henrique tirou as dívidas do armário e pôs na conta.

Foi com mágicas como a do orçamento monetário que o Brasil produziu uma inflação alta, longa e que virou hiperinflação.

Já vimos esse filme, morremos no final. O problema é que quando chega o final, quem fez o mal não está aí para responder por ele.

A luta continua :: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Em oito anos uma das marcas do governo Luiz Inácio da Silva foi a total falta de disposição para comprar brigas com este ou aquele setor em prol do bem coletivo. Para não se indispor com áreas que poderiam a vir lhe fazer falta nos momentos que realmente interessam - os eleitorais -, o presidente da República desistiu das reformas sindical, trabalhista, previdenciária, política e tributária.

Defendeu malfeitorias em público e precisou até desistir de seu plano de conquistar um terceiro mandato quando viu que o Senado não aprovaria e, se aprovasse, o Supremo Tribunal Federal não deixaria prosperar. Mudou, então, o plano e decidiu disputar por meio de interposta pessoa.

De um só propósito Lula e o PT não desistiram até hoje: de controlar os meios de comunicação. As tentativas têm a idade dos dois mandatos de Lula, mudam de feição, alteram o figurino, mas não abandonam o ringue.

O mais direto seria propor regras mediante as quais o governo federal exercesse controle sobre o conteúdo do que é divulgado nos jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão.

Mas, por aí o caminho está interditado. Há a acusação de censura e reação forte.

Tenta-se, então, montar um disfarce e construir um discurso de defesa da "democratização" dos meios de comunicação. A palavra de ordem é desconcentrar, romper a ação da "mídia monopolista". O objetivo, entretanto, é sempre o mesmo: controlar, fiscalizar, punir, pressionar.

Todas as iniciativas que surgiram até agora tiveram esse mesmo caráter: o conselho lá do início, aquele cuja proposta de criação o próprio Planalto se comprometeu a encaminhar ao Congresso, a Conferência de Comunicação, o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, o programa do PT aprovado em congresso no início deste ano e agora essas iniciativas estaduais de montagem de conselhos controladores.

Claro que a exposição de motivos oficial não é essa assim tão dura. Apresentam-se como defensores da sociedade contra abusos e ilegalidades cometidas por revistas, rádios, jornais e televisões.

E para isso evidentemente o Estado precisa ter instrumentos de fiscalização sobre os conteúdos. Ora, aquela argumentação acima é falsa pelo seguinte: para coibir abusos há a Justiça, para controlar ilegalidades, também; para regular confiabilidade há a avaliação do público e para assegurar a multiplicidade há a concorrência.

Mas, como o que interessa de fato é o controle direto para assegurar o enquadramento na "linha justa" e a disseminação do mesmo tipo de pensamento para que se possa, assim, construir uma hegemonia social em torno de um projeto de poder, torna-se imprescindível criar os conselhos.

E, se não for de um jeito, vai de outro como o Poder Legislativo do Ceará fez e como os Poderes Executivos dos Estados da Bahia, Piauí e Alagoas propõem.

Os dois primeiros governados pelo PT, mas o último pelo PSDB que se diz contrário às ofensivas autoritárias, mas não se pronunciou a respeito da proposta feita pela Casa Civil do governo Teotônio Vilela Filho.

Nenhuma das ofensivas prosperou até hoje. Dificilmente prosperarão as novas, exatamente porque a imprensa está atenta (daí a contrariedade).

Mas convenhamos que é um atraso uma democracia que se pretende madura precisar ficar de vigília para que não lhe roubem a liberdade de pensar e de dizer.

Simplicidade. Pelo menos um dos políticos de muito destaque que procuraram Marina Silva em busca de apoio eleitoral no segundo turno, ouviu dela com todos os efes e erres que será candidata a presidente em 2014.

Como aposta em ser reconhecida como a alternativa à dicotomia entre PT e PSDB, Marina explicou que não poderia se associar agora a nenhum dos dois candidatos.

O interlocutor não insistiu, mas saiu se perguntando se Marina tem noção de que só nas asas do PV não chegará nem perto de seu intento.

Achou bonita, mas um tanto utópica a ideia dela de juntar o melhor do PT e o melhor do PSDB para governar.


Mas que Polícia Federal, que nada! :: José Nêumanne

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O Departamento de Polícia Federal (DPF), subordinado ao Ministério da Justiça, tem sido um ai-jesus do marketing eleiçoeiro nestes sete anos e dez meses das gestões petistas de Lula. Vende-se a ideia de que, na "nova administração", os agentes encarregados de reprimir contrabando e tráfico de drogas, entre outros delitos de sua alçada, tornaram-se, de repente, mãos armadas pelo Estado brasileiro, pela primeira vez sob controle popular, para prender e algemar criminosos contra os interesses do povo trabalhador. Como num passe de mágica, a estrutura repressiva, truculenta e corrupta de antes da República pete-lulista se teria transformado num instrumento incorruptível e implacável de justiça, que passou a povoar seus xadrezes com políticos e burgueses inescrupulosos que fazem fortuna se apropriando do parco pão dos pobres. Será essa a expressão da verdade ou mera propaganda enganosa?

A pergunta tornou-se inevitável após as notícias da investigação feita pelos federais sobre a quebra de sigilo fiscal e bancário da filha do candidato da oposição à Presidência da República, José Serra, do PSDB, do marido dela e de outros tucanos de alta plumagem, entre os quais o vice-presidente nacional do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira. A duas semanas do segundo turno da eleição presidencial, em que a sorte da candidata do presidente, Dilma Rousseff, do PT, será lançada, os investigadores descobriram o óbvio: o sigilo foi quebrado por servidores da Receita Federal, que tinham em comum a carteirinha do PT. Só que com a conclusão factual veio um palpite, que virou veredicto, de que não havia conexão entre a quebra de sigilo de tucanos por petistas e o pleito, apesar da feroz disputa deste por vítimas e algozes. Nem o dr. Watson seria capaz de explicar ao detetive Sherlock Holmes a lógica da teoria de que, além das aparências, as evidências também enganam. Ou seja, a prova definitiva de não ter havido motivação partidária na prática do delito seriam os laços dos servidores delinquentes com o partido no poder e dos contribuintes lesados com o partido do opositor renitente.

Algum desavisado pode imaginar que esse absurdo da prática investigativa tenha sido um mero tropeço numa caminhada de acertos da polícia cidadã de que tanto os ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro sempre disseram se orgulhar. Uma radiografia isenta e desapaixonada das operações com denominações escalafobéticas do DPF, porém, conduz à conclusão exatamente oposta.

O militante petista Waldomiro Diniz foi filmado e gravado achacando o "empresário" da jogatina Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Em 2002, ano da primeira vitória eleitoral de Lula para a Presidência, ele abordou o referido doador potencial para lhe pedir dinheiro para as campanhas eleitorais de Rosinha Matheus (PMDB, ex-PSB), Benedita da Silva (senadora do PT), do Rio de Janeiro, e Geraldo Magela (PT), de Brasília. Em contrapartida, ofereceu ao interlocutor a possibilidade de modificar a seu bel-prazer um edital da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), estatal que presidia naquela ocasião. Mas, seis anos e oito meses depois da denúncia do caso pela revista Época, o DPF não conseguiu produzir um inquérito capaz de servir de base para o Ministério Público processar o ex-encarregado por José Dirceu das negociações do Palácio do Planalto com as bancadas governistas no Congresso. A impunidade por ele gozada agora é perpétua, pois, já prescrito, seu crime ficará impune para sempre.

De Waldomiro Diniz para cá, o DPF tem brilhado nas páginas dos jornais com prisões de empresários, banqueiros e políticos sem relevância de regiões remotas do imenso território brasileiro. De 2003 a 2004, no primeiro governo Lula, foram realizadas 292 operações, nas quais 153 políticos tiveram a vida devassada. Em 2007, 54 políticos foram investigados em 188 operações. Em 2008, 101 em 235; e em 2009 e 2010, 69 em 288. Entre 2003 e outubro de 2010, 393 políticos tiveram de se explicar aos agentes federais do DPF. Entre eles, o único figurão do governo federal que virou alvo dos policiais foi o ex-presidente da Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) Carlos Wilson Campos. A diferença entre o governista e seus colegas da oposição indiciados é que, enquanto os outros foram autuados, ele foi "dispensado": afinal, tinha morrido.

Dois anos depois do achaque ao "bingueiro", o DPF, sob Lula, tentou prender o financista Daniel Dantas na Operação Chacal, deflagrada por uma fraude - um CD-ROM produzido pela sócia italiana que disputava com ele o controle da Brasil Telecom foi entregue aos federais como "prova" de que o acusado tinha contratado a empresa de consultoria americana Kroll para espionar sócios e autoridades. Foi provado pela perícia oficial que não houve crime. Mas o DPF não descansou até prender o gestor de fundos, tendo como base outra fraude - o vídeo produzido pela equipe do repórter César Tralli, da Globo, procurando exibir a hipotética tentativa de suborno do delegado por dois pretensos emissários de Dantas. A Procuradoria de Milão, ao investigar fraudes da Telecom Italia, constatou que ela subornou autoridades da República e policiais brasileiros para defenderem seus interesses. O próprio DPF processou o delegado encarregado do caso, Protógenes Queiroz, o que não impediu que ele se elegesse deputado federal com sobras dos votos do palhaço Tiririca, e isso lhe garantirá, entre outros benefícios, foro privilegiado.

Dois lembretes antes de concluir: Lula pediu que o ex-presidente FHC mandasse o DPF investigar o assassinato de Celso Daniel, em 2002. E garantiu à viúva de Toninho "do PT" que, no poder, tudo faria para punir quem matou o marido dela, em 2001. Algum leitor arguto pode informar em que, nove anos depois do assassínio do prefeito de Campinas e passados 106 meses da execução do de Santo André, o DPF contribuiu para os inquéritos que apuram estes dois casos?

Jornalista e escritor, é editorialista do "Jornal da Tarde"


O grande vencedor :: Marco Antonia Villa

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Lula deseja regressar ao poder, daqui a 4 anos, nos braços dos velhos oligarcas e do capital financeiro

A quatro dias da eleição, independentemente do resultado, o grande vencedor não foi candidato a nada. Ele conseguiu transformar uma desconhecida, sem voo político próprio, sem história no PT, em uma candidata competitiva. Os escândalos do primeiro governo, paradoxalmente, foram fundamentais para fortalecer seu poder sobre o partido. Livrou-se dos rivais. E o PT tem um só dono: Lula.

Foi gradualmente isolando os fundadores do partido. Antigos políticos do pré-64, egressos da luta armada e novas lideranças surgidas na resistência democrática, hoje giram em torno dele. Nada fazem sem a sua anuência. Aguardam que a "estrela de Belém" aponte o caminho. É o velho caudilhismo latinoamericano, messiânico e tosco.

Lula marcou sua vida sindical pela despolitização. Foi o que atraiu a atenção dos ideólogos do regime militar, como Golbery do Couto e Silva, que o recebeu várias vezes. Era uma espécie de muro de contenção contra os comunistas e o populismo representado por Brizola, os únicos adversários considerados pela ditadura.

O presidente sempre desprezou a discussão política, de princípios, de programas. Política foi, para ele, algo enfadonho, sem interesse, um debate sobre o nada. Quando obteve o domínio absoluto do PT, após a crise do mensalão, finalmente pode fazer o que sempre desejou, sem ter de prestar contas às instâncias partidárias. Além do que, tinha nas mãos o "Diário Oficial", que, no Brasil, funciona como um poderoso argumento.

Surfou no segundo mandato sem ter qualquer oposição. A confortável maioria no Congresso impediu CPIs e somente perdeu, no Senado, a votação da CPMF. De resto, fez o que bem quis. Deu rédea solta aos oligarcas, entregou fatias do governo e das empresas estatais para que saciassem a sua fome. E estabeleceu sólida aliança com o grande capital especulativo, a nova burguesia lulista, burguesia do capital alheio, dos fundos de pensão e do BNDES.

A aliança conservadora que passou a sustentar o governo é a garantia para o seu projeto continuista. Projeto pessoal. O partido pouco importa. Desde 2008, quando impôs a "mãe do PAC" como candidata, começou a planejar a sua campanha de 2014. Assim como Luís Bonaparte, "produz uma verdadeira anarquia em nome da ordem, ao mesmo tempo que despoja de seu halo toda a máquina do Estado, profana-a e torna-a ao mesmo tempo desprezível e ridícula". E se Getúlio voltou nos braços do povo, em 1950; Lula deseja regressar ao poder, daqui a quatro anos, nos braços dos velhos oligarcas e do capital financeiro.

Marco Antonio Villa é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar

Dilma no limite:: Fernando de Barros e Silva

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - "Vocês podem ter certeza, eu estou preparada para ser a primeira mulher presidente do Brasil". Foram as últimas palavras pronunciadas por Dilma Rousseff no debate da TV Record, já no início da madrugada de ontem. Quando um evento como esse chega ao fim e, mais uma vez, ela parece ter sobrevivido, seus assessores só podem comemorar aliviados -ufa!

O fato é que Dilma não inspira certeza sobre nada. É aflitivo vê-la na TV. Não apenas pelo aspecto rombudo e robótico da sua figura. A aflição de Dilma está estampada no ritmo da sua fala, ao mesmo tempo lenta e acelerada, feita de arranques e soluços, de frases decoradas mas quase sempre truncadas.

Como o debate foi na emissora de Edir Macedo, falar em Deus pegava especialmente bem. E Dilma falou, mais de uma vez: "No que depender do meu governo se Deus quiser" -assim, sem pausas, sem vírgulas, sem ênfases, como alguém que se desincumbe de um fardo.

Dilma passa a impressão de estar no limite das suas capacidades, a um triz de um curto-circuito. Isso apesar da vantagem relativamente folgada que abriu sobre José Serra -56% a 44%, segundo o Datafolha.

Não se trata, certamente, de uma pessoa despreparada. Dilma tem substância. Mas não é, nunca foi, uma pessoa preparada para chegar à Presidência. É uma neófita. Nem de longe reúne os recursos pessoais para o exercício da função de seus antecessores -Lula ou FHC.

Sua candidatura representa a continuidade de um projeto, mas é também um capricho de Lula. Ninguém sabe como ela vai arbitrar conflitos, como irá gerir a máquina do Estado ou como se sairá enquanto líder política. A rigor, ninguém sabe qual a turma que ela pretende atrair para perto de si no poder.

A revelação de que Erenice Guerra fez da Casa Civil um centro de arte em família é um péssimo cartão de visitas para quem patrocinou a ascensão da ex-ministra. Sobretudo quando se trata de uma candidata também aclamada no escuro.

Sem medo do passado – Fernando Henrique Cardoso

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.

“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”. (José Eduardo Dutra)

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer
(Artigo publicado na impresna nacional, em 7/2/2010)

Cabral cria feriadão pós-eleitoral no Rio

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Governador passa o Dia do Servidor para segunda-feira e tenta esvaziar a zona sul carioca, reduto de Serra

Medida permite quatro dias seguidos de folga e estimula eleitores de renda mais alta a viajar no dia da votação


Plínio Fraga e Janaina Lage

RIO - O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), criou um feriadão nos dias seguintes ao final de semana do segundo turno para tentar ampliar a abstenção em reduto do tucano José Serra, a zona sul da capital fluminense.

Cabral adiou de amanhã para segunda-feira, dia 1º, a comemoração do Dia do Servidor Público no Estado.

Na terça é Dia de Finados, o que, somando-se ao final de semana, dá quatro dias sem trabalho para os fluminenses, estimulando que eleitores de renda mais alta deixem o Rio na eleição.

Cobrado pelo presidente Lula por ter tido 1,5 milhão de votos de eleitores do Rio a mais do que Dilma Rousseff no primeiro turno, o governador afirma que suas pesquisas internas dão hoje uma frente no Estado de 2,1 milhões de votos para a petista em relação ao tucano.

ANTIGA ESTRATÉGIA

Em favor de Dilma, Cabral repete estratégia que assegurou a vitória de Eduardo Paes (PMDB) contra Fernando Gabeira (PV) na disputa pela Prefeitura do Rio em 2008, com uma diferença mínima de 55 mil votos.Em 2008, Cabral antecipou o feriado e facilitou uma debandada da cidade, fazendo com que a eleição tivesse abstenção de 20,25%, a maior desde 2000.

Na zona sul do Rio, que em 2008 era reduto de Gabeira e neste ano é de Serra, a abstenção foi de 25,78% naquele ano; já na zona oeste, onde Eduardo Paes era mais forte e hoje Dilma domina, o índice foi de 17,90%.Serra ficou em primeiro na zona sul do Rio no primeiro turno, e Dilma, em terceiro.

Na zona oeste, as colocações se inverteram. Resumindo, o feriado amplia a abstenção em áreas em que o tucano é mais forte e não muda significativamente o comparecimento em regiões em que a petista é hoje mais forte.

Em Estados administrados por tucanos, como Minas e São Paulo, o feriado do Dia do Servidor foi antecipado para a segunda passada.

Pelo menos outros oito Estados já comunicaram o adiamento da comemoração do Dia do Servidor, endossando a estratégia do feriadão pró-Dilma, que tem mais eleitores entre os mais pobres e menos entre os mais ricos -estes, em tese, os que mais viajam nos feriadões.

Para tentar ganhar votos no Rio, a campanha de Serra abriu conversas com o ex-governador Anthony Garotinho (PR), o deputado federal mais votado do Estado, com 695 mil votos.

Garotinho, cujo partido faz parte da coligação de Dilma, só declararia voto no tucano caso o depoimento fosse levado para a TV. Serra teme se desgastar com a alta taxa de rejeição ao ex-governador.

Garotinho também conversou com Dilma e reclamou que o principal aliado da candidata no Estado, o governador Cabral, estaria "se movimentando" em Brasília para que sua candidatura seja impugnada nos tribunais.

Em e-mail que distribui a evangélicos e que assina como "irmão Garotinho", o ex-governador do Rio faz campanha velada contra Dilma.

"Não devemos confundir mudança de opinião com oportunismo político.

Como pode alguém que a vida inteira declarou não acreditar em Deus, ser a favor do aborto, defender as causas dos homossexuais, lésbicas e travestis, mudar repentinamente de opinião?", escreve.


Colaborou Fábio Grellet, do Rio

Aécio leva Serra às regiões de Minas onde Anastasia perdeu

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Senador eleito e candidato visitam norte e Triângulo Mineiro

Paulo Peixoto

BELO HORIZONTE - O presidenciável José Serra (PSDB) vai visitar amanhã duas das três regiões de Minas Gerais mais dilmistas, o norte e o Triângulo Mineiro. Ele irá acompanhado do senador eleito Aécio Neves (PSDB) e do também tucano Antonio Anastasia, governador reeleito.

As duas regiões têm 2,25 milhões de votos, sendo 60% deles eleitores de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno. Serra obteve apenas 24,5% dos votos válidos na média das duas regiões.

Em Uberlândia (Triângulo) e em Montes Claros (norte) haverá encontro com lideranças políticas municipais.

O Triângulo se mostrou nessa eleição um reduto desfavorável até mesmo para o PSDB de Aécio, que está há quase oito anos no comando político do Estado.

Foi a única região mineira onde Anastasia perdeu a disputa para o seu principal concorrente na eleição, Hélio Costa (PMDB). Com 1,07 milhão de votos, o Triângulo deu a vitória a Costa por 51,5% dos votos válidos. Na região, Dilma obteve 55%.

O presidente do PSDB-MG, deputado federal Narcio Rodrigues, que tem base eleitoral no Triângulo, disse que Costa tem tradição eleitoral e conseguiu criar uma certa "identidade" com a região.

Quanto à votação de Dilma oito pontos acima da média do Estado, ele atribuiu à "presença" do governo federal por meio de obras expressivas para a região, como duplicações de rodovias.

No norte, onde Dilma teve 65% dos votos e Serra 20%, a presença do governo se dá especialmente por meio de programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família.

Mesmo tendo o cuidado de não prometer a vitória, os tucanos acreditam que crescerá bastante a votação de Serra em Minas, que no primeiro turno só venceu no sul.

No primeiro turno em BH, Marina Silva (PV) venceu em BH (40%), seguida de Dilma (31%) e Serra (28%).

Ontem, em Salvador (BA), ao ser questionado sobre a importância de Minas nesse segundo turno, Aécio disse: "Tenho feito o que posso".

Nos últimos dias, seguiram via Correios quase 50 mil cartas de Aécio endereçadas a lideranças políticas municipais com pedido de apoio a Serra.

E foram disparadas 5 milhões de ligações.

Pelo PAC, Ibama ignora parecer e dá aval a desmate

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A pressão para dar rapidez às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ganhou a forma de uma portaria no Ibama que deu superpoderes ao presidente do órgão, Abelardo Bayma. Com isso - e contrariando parecer de seis técnicos do Ibama -, Bayma autorizou o desmatamento de parte da mata que será transformada no futuro lago da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia.

Pressão faz Ibama autorizar corte de madeira

Presidente do órgão permitiu desmatamento de 3,2 mil hectares do futuro lago da Usina de Jirau, apesar de parecer contrário

João Domingos / BRASÍLIA

Irradiada do Palácio do Planalto, a pressão para acelerar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ganhou a forma de uma portaria no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) que deu superpoderes ao presidente do órgão e permitiu o desmatamento de 3.202,63 hectares de parte da mata que será transformada no futuro lago da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia.

Mesmo com o parecer contrário de seis técnicos do Ibama, o presidente do órgão, Abelardo Bayma, autorizou a supressão da vegetação que está neste espaço, cerca de um quinto dos 15 mil hectares que sumirão para que no lugar surja o lago da hidrelétrica. Desde o dia 13 de julho o presidente do Ibama dispõe de um poderoso instrumento para fazer esse tipo de centralização: a Portaria 17, que ele mesmo criou e assinou.

O que mais chama a atenção é a rapidez com que se deu a autorização para o desmatamento, algo até então impensável numa burocracia das mais preguiçosas, como a do Ibama. No dia 12 de agosto, mesmo dia em que recebeu o parecer técnico contrário à liberação do desmatamento no local onde ficará o futuro lago de Jirau, Bayma assinou a autorização para a supressão da mata.

De acordo com cálculos feitos por técnicos do Ibama, levando-se em conta que cada hectare de floresta na Amazônia produz em média 40 metros cúbicos de madeira nobre, os 3.302,63 hectares deverão resultar em 128.105,2 metros cúbicos de madeira, ou 4.270 carretas carregadas de toras, para ser mais exato.

A pressão do governo para garantir o andamento das obras do PAC, de acordo com informação de técnicos do Ibama, vem principalmente da Casa Civil. No dia 12 de agosto, em que foi assinada a autorização para o desmatamento dos mais de 3,2 mil hectares do futuro lago de Jirau, a titular da pasta ainda era Erenice Guerra. Ela foi demitida no dia 16 de setembro por ter se envolvido num escândalo de tráfico de influência a favor do filho Israel.

Como não se tem informações do interesse de Erenice por autorização de desmatamento nem negócios com madeira, a pressa no caso de Jirau seria mesmo para que o presidente Lula consiga inaugurar nem que seja uma das 46 turbinas da Usina antes de deixar o cargo, em 1.º de janeiro.

No parecer contrário à autorização para que Jirau começasse a abater as árvores, os técnicos disseram que as vistorias feitas por eles encontraram diferenças de 63% na relação do tipo de madeiras relacionadas pela empresa na mata que será suprimida.

O comum nestes casos, disseram, é que esse erro seja de no máximo 10%. Além do mais, segundo os técnicos, Jirau discriminou as árvores por nomes científicos e não pelo popular, o que é uma recomendação do órgão, visto que a madeira será vendida ao mercado.

Levando em consideração esse tipo de diferença, os técnicos optaram por recomendar que fosse negada a concessão. Bayma, no entanto, decidiu por autorizar a supressão das árvores.

O documento assinado por ele tem validade por dois anos. Entre as espécies encontradas pelos técnicos do Ibama no meio das árvores que serão cortadas estão jatobá, angelim, ipê e maçaranduba, entre outras madeiras tidas como nobre.

Procurado, Bayma informou pela assessoria que não se manifestaria sobre a autorização para o desmatamento nem sobre eventuais pressões do governo para a liberação rápida das licenças e autorizações que interessam às obras do PAC.

Internamente, no Ibama, o comentário é que agora cabe ao presidente do órgão a palavra final sobre todas as decisões. O trabalho dos técnicos, de acordo com as informações que correm dentro do Ibama, visa apenas a orientar a decisão dos superiores. Não é vinculativo.

PARA LEMBRAR

Em julho, portaria garantiu superpoderes

Desde o dia 13 de julho o atual presidente do Ibama, Abelardo Bayma, tem mais poderes do que seus antecessores. Cabe apenas a ele a decisão de interromper o funcionamento de instalações que envolvam a comunidade, a economia e a infraestrutura, como portos, aeroportos, rodovias e hidrelétricas, mesmo que não estejam com a licença ambiental em dia.

Esse poder foi autoconcedido pelo presidente do Ibama pela Portaria 17, publicada no dia 13 de julho no Diário Oficial da União, em pleno período de campanha eleitoral, depois que três fiscais do órgão embargaram o Porto de Santos sob o argumento de que o maior porto da América Latina não tinha a devida licença de operação.

Desde a assinatura da portaria, a paralisação prévia de obras de instalações por parte dos fiscais do Ibama é possível apenas quando for comprovado dano ambiental capaz de pôr em risco a saúde pública.

A portaria que deu poderes discricionários ao presidente do órgão foi assinada depois de uma semana de grande conflito interno vivido pelo Ibama por causa da suspensão do funcionamento das instalações do Porto de Santos.

Governo, empresários e sindicatos de trabalhadores portuários fizeram intensa pressão sobre o órgão para o fim da interrupção das atividades do porto. Hoje, por causa de tal portaria, o clima continua tenso. Os fiscais insinuam que o presidente do órgão usurpa suas atribuições.

No mesmo documento, Bayma acrescentou ainda que a paralisação de atividades ou obras de interesse estratégico de Estado pode resultar em prejuízos para a coletividade.

Empresária confirma à PF que filho de Erenice recebeu propina

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Vannildo Mendes / BRASÍLIA

Em depoimento de mais de duas horas à Polícia Federal, a empresária Ana Veloso Corsini confirmou ontem que seu irmão, o piloto de motocross Luís Corsini, pagou propina de R$ 40 mil a Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), pela intermediação de um patrocínio de R$ 200 mil da Eletrobrás, em 2008. Com isso, o delegado Roberval Vivalvi, encarregado do inquérito, deve preparar o indiciamento de Israel.

Segundo relato de Ana Veloso, o patrocínio estava "entravado" e chegou a ser recusado, quando Israel, apresentado ao piloto, ofereceu-se para reverter a situação, alegando que "a mãe e a tia" o ajudariam a remover as dificuldades.

A tia a quem Israel se referia seria a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, substituída por Erenice no cargo em março deste ano, quando ela se desincompatibilizou para disputar a Presidência pelo PT. Erenice é braço direito de Dilma desde 2003, quando a candidata tornou-se ministra de Minas e Energia. A Eletrobrás era a área onde as duas exerciam mais influência. A candidata nega envolvimento com os atos atribuídos aos familiares da ex-colaboradora.

Ana contou à polícia que, de fato, após a intermediação de Israel, a Eletrobrás reconsiderou o projeto de patrocínio à equipe Corsini Racing e o dinheiro saiu em duas parcelas - em julho e agosto de 2008. Ela relatou que, atento às datas de liberação, o filho de Erenice fez pressões pelo imediato pagamento da sua "comissão". Como Corsini demorou a efetuar o pagamento, ele intensificou a cobrança e estendeu as pressões a Ana, que trabalha na equipe. Ela disse ter ficado chocada com a situação. "Foi chantagem mesmo e eu vim aqui reafirmar tudo em detalhes", disse ela, ao chegar para depor.

Corsini depôs na quinta-feira e confirmou que a propina foi paga em duas parcelas, uma em dinheiro, no valor de R$ 24 mil e a outra, de R$ 16 mil, em cheque.

Jornalista diz que Falcão infiltrou 2 espiões no comitê

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

À PF Amaury Ribeiro Jr. contou que por trás da manobra estava a briga pelo dinheiro dos serviços de comunicação da campanha da petista Dilma

Leandro Colon / BRASÍLIA

O jornalista Amaury Ribeiro Jr. disse à Polícia Federal que o petista Rui Falcão, coordenador da campanha de Dilma Rousseff (PT), infiltrou dois espiões no comitê eleitoral em Brasília. Por trás disso, estava a briga pelo milionário dinheiro pago pelos serviços de comunicação da campanha.

Segundo Amaury, essas pessoas foram apresentadas por Falcão como "voluntários" e militantes do PT paulista. O jornalista afirmou no depoimento dado na segunda-feira, cujo teor foi obtido pelo Estado, que acredita ser esse "grupo do PT Paulista" - segundo palavras dele - a origem dos vazamentos de informações sigilosas da coordenação de comunicação entre abril e maio deste ano.

A briga por espaço e dinheiro levou à revelação do polêmico dossiê com dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, que circulou pelas mãos de integrantes da campanha de Dilma. Amaury é apontado pela PF como o responsável pela encomenda da violação ilegal dos dados de Eduardo Jorge e de outros tucanos, incluindo a filha e o genro do presidenciável José Serra. O jornalista, por sua vez, afirma que Rui Falcão furtou esses dados e insinua que ele vazou o material pela imprensa com a versão de que integrantes da campanha de Dilma estariam preparando um dossiê contra o PSDB.

O objetivo do grupo paulista seria desgastar a equipe do jornalista Luiz Lanzetta, contratado, por R$ 150 mil mensais, para cuidar da assessoria de imprensa de Dilma em Brasília. A "espionagem" serviria para Falcão saber o que o grupo de Lanzetta vinha fazendo em Brasília.

Rui Falcão trabalhava por um grupo de São Paulo, contrário à contratação de Lanzetta, que teve de deixar a campanha em junho quando estourou o escândalo do dossiê. Foi Lanzetta quem convidou Amaury em abril para fazer parte do grupo de inteligência da campanha. Numa reunião num restaurante em Brasília, teriam discutido o dossiê contra Serra produzido por Amaury.

Outra linha. As oito páginas do último depoimento de Amaury mostram que a PF quer insistir na ligação do jornal Estado de Minas com a atuação do jornalista na violação do sigilo. É uma linha de investigação que tenta afastar da campanha de Dilma a quebra ilegal dos dados. É que Amaury diz que iniciou as investigações em 2007 depois de saber que aliados do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) ligados a José Serra estariam investigando o ex-governador Aécio Neves.

No depoimento de segunda-feira, Amaury Ribeiro - indiciado por encomendar os dados fiscais dos tucanos - reafirmou o que dissera antes, não confessou a quebra de sigilo, e acrescentou a existência de duas pessoas infiltradas na campanha de Dilma, cujos nomes não foram revelados por ele. "Tendo sido os mesmos os responsáveis pelo acompanhamento do que se passava na referida casa", disse, citando a casa do Lago Sul onde funcionava a coordenação de comunicação da campanha.

O delegado Hugo Uruguai não perguntou, entretanto, qual o nome das duas pessoas que teriam sido infiltradas pelo PT paulista na campanha de Dilma em 2010. Por outro lado, fez várias perguntas sobre as relações de Amaury com o jornal do qual era empregado no período da violação do sigilo fiscal dos tucanos, ocorrida entre 29 de setembro e 8 de outubro de 2009. O jornalista recusou-se a respondê-las. Disse, no primeiro depoimento, que estava em férias quando os dados foram violados e que se desligou do jornal logo depois. Bilhetes aéreos e o depoimento do despachante Dirceu Garcia - que comandou a operação de violação - mostram que Amaury esteve em São Paulo naqueles dias.

Anteontem, Amaury ficou calado quando a PF perguntou sobre quem pagou as despesas de viagem e hospedagem durante a violação do sigilo dos tucanos. A investigação mostra que o jornalista encomendou as declarações de renda - protegidas por lei - do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha e do genro do presidenciável José Serra. Procurado pela reportagem, o jornal Estado de Minas não se pronunciou sobre o assunto.

No Rio, tucano reclama de 'truculência' petista

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Candidato afirma que o ambiente hostil cria dificuldades para que a disputa transcorran em alto nível

Luciana Nunes Leal / RIO

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reclamou ontem da "truculência" petista na campanha das ruas e citou o tumulto ocorrido há uma semana na zona oeste do Rio, quando o tucano disse ter sido atingido por um objeto durante briga entre militantes do PT e do PSDB. Serra afirmou que o ambiente hostil prejudica o nível da disputa e reclamou de "mentiras" dos rivais.

"A principal truculência é a das ruas. Sofri em vários lugares, com bloqueios dos batalhões de choque do PT, como aconteceu aqui", disse. "Nunca vi tanta mentira por unidade de tempo proferida pelos nossos adversários como nesta campanha. Quando um não quer, o nível não fica bom."

Serra criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não tomar providências para evitar o aumento dos alimentos. "Estamos tendo uma inflação de alimentos como há muito tempo não se via. Carne está virando produto de luxo, aumentou (o preço do) frango, carne de porco, arroz, feijão, açúcar", observou. "O governo está inerte. Políticas de estoques e de infraestrutura mais adequadas evitariam esta situação."

Penâlti. Depois de visitar o estádio do Maracanã, que está em obras para a Copa de 2014, Serra procurou tirar da adversária Dilma Rousseff (PT) a exclusividade do discurso da parceria da União com o governador reeleito Sérgio Cabral (PMDB). O tucano disse que, se eleito, dará "toda cooperação tanto para a Copa como para a Olimpíada" e não terá problemas em cooperar com Cabral e com o prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB).

Na visita às obras, que terão investimento de R$ 705 milhões do governo do Estado, sendo R$ 400 milhões financiados pelo BNDES, o candidato tucano disse estar "feliz de ver as obras andando com rapidez".

Palmeirense doente, Serra pôs pela primeira vez os pés no gramado do Maracanã. Pegou um pouco da grama e bateu dois pênaltis. O primeiro foi defendido pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). No segundo, atendendo a pedidos dos companheiros, o deputado praticamente não se mexeu e Serra fez o gol. O candidato do PSDB tirou os sapatos e pisou nas marcas dos pés de Garrincha, Pelé e Romário, eleito deputado pelo PSB. "O único que encaixou comigo foi o Pelé."

Sul. À noite, ao chegar a Caxias do Sul para um comício, Serra criticou a política econômica do governo federal. "O País está tendo dois desequilíbrios galopantes no caso das contas públicas e no caso das contas externas", afirmou. Organizado pelo Movimento Suprapartidário Gaúchos com Serra, que reúne apoiadores do PSDB, PMDB, DEM, PPS e PP, o comício tentou ser uma demonstração de força na maior cidade do nordeste gaúcho. Na quinta-feira, Dilma também fez comício em Caxias ao lado de Lula.

Colaborou Elder Ogliari

Ex-diretor da Petrobrás contesta Dilma

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Segundo Ildo Sauer, o governo Lula já sabia da existência do pré-sal quando realizou rodada de licitações em 2006

Nicola Pamplona / RIO

Diretor da Petrobrás nos primeiros anos de governo Lula, o professor Ildo Sauer contesta as declarações da candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, a respeito do setor de petróleo no debate de anteontem. Segundo ele, o governo já sabia da existência do pré-sal quando realizou a 8.ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2006, com a venda de áreas na maior bacia petrolífera brasileira.

Ele lembra que o primeiro poço do pré-sal foi anunciado em 2005, batizado de Parati. Já a primeira descoberta de Tupi foi feita em julho de 2006, quatro meses após a realização do leilão. "Junto com a comunicação da ANP, em 10 de julho de 2006, o governo foi avisado que o modelo geológico longamente estudado revelou-se concreto", contou Sauer. "Mesmo assim, a ANP disse que queria acelerar a venda de blocos."

Liminar. Durante o debate, Dilma afirmou que o governo suspendeu todas as licitações após a descoberta do pré-sal. A declaração foi feita em resposta a um questionamento do candidato tucano, José Serra, que afirmou que durante o governo PT a Petrobrás concedeu áreas de exploração de petróleo para 108 empresas privadas. "Se isso (conceder áreas petrolíferas) é privatizar, o que ela mais fez é privatizar petróleo", acusou Serra.

A 8.ª Rodada de Licitações, realizada depois de duas descobertas do pré-sal, ofereceu uma série de blocos no entorno de Tupi, maior descoberta brasileira de petróleo, mas foi suspensa por liminar judicial logo após a primeira manhã de ofertas.

Sauer lembra que a modelagem do leilão limitava o número de ofertas da Petrobrás, "para evitar o retorno do monopólio", o que motivou os pedidos de liminar.

Antes da liminar, a italiana Eni comprou uma área do pré-sal perto de Tupi, pela qual pagou R$ 303 milhões. A empresa, porém, ainda não recebeu a concessão, uma vez que o governo ainda não decidiu sobre o futuro do leilão.

Em 2007, após uma série de novas descobertas no pré-sal, o governo decidiu retirar 41 áreas do pré-sal da lista de ofertas da 9.ª rodada de licitações da ANP, mas manteve o leilão de blocos tidos por Sauer como promissores por estarem "nas franjas do pré-sal".

Reação. O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, comentou ontem que o candidato Serra cometeu um "erro crasso" ao afirmar, durante o debate, que a Petrobrás vendeu as áreas para empresas privadas.

"A concessão é uma responsabilidade do governo, e que está regulamentada na lei das concessões. Não é nunca foi e não se pretende que seja uma função da Petrobrás", comentou em rápida entrevista ao deixar o auditório onde foram escolhidos os 44 projetos que receberão R$ 78,2 milhões para serem desenvolvidos em 2011.
Colaborou Kelly Lima

Em cerimônia no Planalto, Lula ironiza agressão a tucano

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Tânia Monteiro, Leonencio Nossa / BRASÍLIA

Depois de atacar o tucano José Serra, chamando de "mentira descarada" a agressão que ele sofrera, no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou cerimônia no Planalto para ironizar o incidente. "Aos poucos, compreendemos que ninguém é melhor do que ninguém, que o governo não se tranca numa redoma de vidro", disse. "O governo ia para reuniões, de forma preventiva, com aquele negócio que a polícia de choque usa para não tomar bordoada, ou seja, para que não caísse um papelete na cabeça".

A plateia, formada por funcionários públicos, riu. O próprio Lula deu uma risadinha. Serra, de acordo com laudo de peritos, foi atingido duas vezes. Primeiro, por uma bolinha de papel, e depois por outro objeto, que parecia um rolo de fita crepe.

À noite, Lula fez apelo em comício na Cidade Industrial de Curitiba, bairro mais populoso da capital paranaense, para que a população não permita que se volte ao "atraso" que vivia em 2002. "Nestas eleições não está em jogo votar em uma mulher ou em um homem, votar em um partido ou em outro. (Está em jogo) a gente não esquecer o que era o País em 2002", discusou.

Aniversário. Lula completa hoje seus 65 anos e muitas comemorações devem marcar o dia.

Colaborou Evandro Fadel

Debate entre Dilma e Serra na Globo será sexta

DEU EM O GLOBO

Os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) se enfrentarão novamente num debate, o último antes das eleições, que será realizado pela Rede Globo nesta sexta-feira, depois da novela Passione.

A mediação será do jornalista William Bonner. No encontro, Dilma e Serra vão responder a perguntas formuladas por eleitores indecisos, que estarão na plateia. A seleção dos participantes foi feita pelo Ibope em diferentes estados.

De acordo com a emissora, cada eleitor indeciso vai elaborar amanhã cinco perguntas individualmente e por escrito , sobre temas de interesse nacional, definidos pela produção.

Na lista estarão saúde, educação, meio ambiente, políticas sociais, previdência, investimento em infraestrutura, política econômica, agricultura, saneamento, política externa, corrupção, transportes, desemprego, segurança, habitação, funcionalismo público, impostos, legislação trabalhista e energia. De 400 perguntas, serão selecionadas as 12 mais representativas de cada tema. As questões não serão específicas ou dirigidas a um dos dois candidatos.

O debate terá três blocos, em que os dois candidatos responderão às perguntas dos indecisos.

Um sorteio definirá o candidato que vai responder à primeira pergunta. A segunda pergunta será respondida pelo segundo candidato, e assim sucessivamente, fazendo com que ambos respondam ao mesmo número de questionamentos.

Tucano: depoimento de Erenice Guerra desmente Dilma

DEU EM O GLOBO

Serra afirma que adversária não poderá mais dizer que caso foi invenção da mídia

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que a confirmação da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, à Polícia Federal de que se encontrou com lobistas esvazia o discurso da sua adversária, Dilma Rousseff (PT). Para o tucano, o depoimento de Erenice desmente a petista: — A candidata Dilma atribuiu o que tinha acontecido na Casa Civil a invenções da imprensa. Pelo menos agora não vai poder mais fazer isso — afirmou José Serra.

Ao depor anteontem à Polícia Federal, Erenice entrou em contradição e reconheceu, pela primeira vez, que teve uma reunião com o lobista Rubnei Quícoli, da empresa EDRB, interessada num financiamento de R$ 9 bilhões do BNDES. Quando o caso veio a público, em setembro, a Casa Civil negou que Erenice tivesse se encontrado com Quícoli e dirigentes da empresa. Ex-braço direito de Dilma, ela também confirmou à polícia dois encontros com o lobista Fábio Baracat, da Master Top Airlines, empresa que tentava renovar contratos com os Correios.

Serra participou ontem, em São Paulo, de uma reunião com a bancada de deputados estaduais do PV. No encontro, os parlamentares declararam apoio ao tucano, embora o PV da candidata derrotada Marina Silva tenha optado pela neutralidade no segundo turno da disputa presidencial.

O encontro foi a portas fechadas e durou cerca de uma hora.

Os parlamentares verdes classificaram o apoio como um gesto de gratidão ao tucano. Serra disse que a atitude dos verdes era reflexo de uma “aliança estreita” com o partido no estado.

— O apoio da bancada do PV na Assembleia Legislativa de São Paulo tem um significado importante para nós, uma vez que tivemos no estado uma aliança estreita das bandeiras ambientais. A lei de mudanças climáticas aqui em São Paulo, considerada uma das mais avançadas do mundo, foi feita conjuntamente pelo governo e pelo PV — afirmou Serra.

Collor tem mesmo um diretor da BR Distribuidora

DEU EM O GLOBO

O diretor de Operações e Logística da BR Distribuidora, José Zonis, foi de fato indicado para o cargo pelo senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL). No debate de anteontem, José Serra constrangeu Dilma Rousseff ao afirmar que Collor, aliado do governo Lula, tem poder na subsidiária da Petrobras. Sobre outra denúncia do debate, esta feita por Dilma, a Secretaria de Segurança Pública de SP informou que a acusação de receptação de roubo contra Paulo Souza foi investigada e relatada à Justiça. Souza é apontado por petistas como arrecadador tucano.

Diretor da BR foi indicado por Collor

No debate, Serra se referia a José Zonis quando afirmou que ex-presidente tem poder na subsidiária da Petrobras

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. O diretor de Operações e Logística da BR Distribuidora, José Zonis, foi indicado para o cargo pelo senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL). A indicação foi feita em setembro do ano passado.

No debate da TV Record, na noite de segunda-feira, o candidato tucano, José Serra, causou constrangimento à petista Dilma Rousseff ao afirmar que Collor tinha poder na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Depois que foi para a base governista de Lula, Collor passou a pressionar nos bastidores, segundo integrantes do governo e do Congresso, para fazer uma indicação política para a estatal.

Para evitar desgaste com o aliado, o Palácio do Planalto deu sinal verde, mas condicionou que a indicação fosse de um nome dos quadros da Petrobras. O pedido de Collor foi encaminhado pelo líder do PTB, senador Gim Argello (DF). Então ministro de Minas e Energia, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) defende a indicação.

É um nome qualificado. Foi uma nomeação vinda da liderança do PTB no Senado. Mas é um quadro de carreira. Não vejo problema no fato de ele ter sido indicado pelo Collor, se é um bom nome disse Lobão.

O ex-ministro ressaltou que não há problema quando um nome técnico recebe apoio político.

Formado em Engenharia de Produção pela UFRJ e com mestrado em Finanças pela PUC do Rio, ele está na Petrobras desde 1983, onde já passou pelos cargos de diretor superintendente da TBG (Gasoduto Bolívia Brasil), diretor da Gaspetro, gerente de Marketing e Comercialização de Gás da Petrobras, além de gerente executivo de Negócios de Energia da estatal.

PTB indicou outro nome no ano passado

Ontem, Argello elogiou a indicação, ignorando a possibilidade de Collor tentar, eventualmente, tirar proveito: O presidente Collor tem experiência. Portanto, se é uma indicação dele, significa que é um bom quadro.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), confirmou que Serra se referiu a Zonis quando citou no debate que Collor tinha afilhados na BR Distribuidora.

A estratégia foi associar o nome de Dilma ao do expresidente, que tem imagem negativa junto a população desde o impeachment, em 1992.

O Zonis foi uma indicação do Collor. Esse é um fato que não foi respondido por Dilma cobrou Guerra.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, ex-presidente da BR Distribuidora, disse que Zonis foi uma indicação que seguiu critérios técnicos.

A indicação do Zonis é uma barriga de aluguel. Ele é um quadro de carreira da Petrobras.

Essa não foi a única nomeação do PTB para a BR Distribuidora no ano passado. No mesmo período, o partido emplacou Luiz Claudio Caseira Sanches para a Diretoria da Rede de Postos de Serviço. Ele também é técnico de carreira do Sistema Petrobras desde 1980 e ocupava o cargo de gerente geral de Abastecimento da área Internacional de Suporte Técnico aos Negócios da estatal.

Integrantes do PTB ressaltam que desde que Collor indicou um afilhado para a estatal, se aproximou muito do comando da BR Distribuidora. Ele já recebeu na Comissão de Infraestrutura do Senado, que preside, o presidente da subsidiária, José Lima de Andrade Neto, para um debate. No início do ano, também recebeu Lima Neto num seminário em Maceió, que contou com o apoio de sua empresa de comunicação. Procurado pelo GLOBO, Collor não retornou.

Governo faz manobra e cria superávit bilionário falso

DEU EM O GLOBO

Analistas criticam uso da capitalização da Petrobras em artifício contábil

Uma manobra fiscal da União na capitalização da Petrobras rendeu R$ 31,9 bilhões e levou o governo a registrar superávit primário recorde em setembro, de R$ 26,1 bilhões. Sem o reforço da estatal, o déficit seria o pior do ano: R$ 5,8 bilhões. A União usou só parte do pagamento da Petrobras, de R$ 74,8 bilhões no total, para participar da capitalização da empresa. A diferença entre o que recebeu e aportou na estatal engordou as receitas e produziu o superávit. Analistas criticam o artifício contábil. Para Raul Veloso, a "gambiarra" permitirá cumprir a meta fiscal do ano, mas esta já não inspira confiança.

Manobra faz déficit virar superávit

Artifício usado na capitalização garante ao governo resultado fiscal recorde de R$ 26 bi

Martha Beck

BRASÍLIA - Uma manobra fiscal feita pela União no processo de capitalização da Petrobras rendeu R$ 31,9 bilhões aos cofres públicos e levou o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) a registrar, em setembro, o maior superávit primário da História: R$ 26,1 bilhões. Sem o reforço da estatal, o resultado teria sido a pior do ano, um déficit de R$ 5,8 bilhões. A mágica do governo fortemente criticada por especialistas será essencial para o cumprimento da meta fiscal de 2010, mas deixará para o próximo presidente uma estatística das finanças públicas menos transparente.

O superávit fiscal primário no mês passado (economia para pagamento de juros da dívida pública) equivale a um crescimento de 552% em relação a agosto, quando o saldo foi de R$ 4 bilhões. O recorde anterior era de R$ 16,7 bilhões e foi obtido em abril de 2008. No acumulado do ano, o superávit do governo central está em R$ 55,7 bilhões. Isso porque, embora o Tesouro tenha um resultado positivo de R$ 95,8 bilhões no período, a Previdência Social e o Banco Central são deficitários em R$ 39,7 bilhões e R$ 403,5 milhões, respectivamente.

Analista: meta fiscal foi jogada no lixo

O primário acumulado ainda está abaixo da meta fixada para o ano, de R$ 76 bilhões (2,15% do Produto Interno Bruto, o PIB, conjunto de bens e riquezas produzidos no país). Mas, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin, as contas vão fechar: No acumulado em 12 meses, o primário está em R$ 79,5 bilhões, acima da meta. Trabalhamos com a projeção de que ela será cumprida.

Augustin também defendeu a manobra fiscal: O que houve foi a entrada de uma receita de concessão (pagamento pela Petrobras da cessão onerosa de cinco bilhões de barris de petróleo), algo que sempre existiu. Usamos uma metodologia consagrada e que rendeu um primário importante.

A União usou apenas parte do pagamento da Petrobras, de R$ 74,8 bilhões no total, para participar da capitalização da empresa. A diferença entre o que recebeu e aportou na estatal foi o que engordou as receitas e produziu o superávit recorde.

Em 1998, por exemplo, o governo recebeu R$ 9,3 bilhões em receitas de concessão de telefonia e o primário daquele ano foi de R$ 5 bilhões. Esse tipo de receita é sempre significativo e sempre fez parte da nossa metodologia defendeu Arno.

A maior dificuldade do governo em realizar o primário este ano está no forte aumento das despesas, especialmente com investimentos. Esses gastos apresentam alta nominal de 57% (38% em termos reais) e chegam a R$ 32,2 bilhões.

Já os desembolsos com custeio da máquina apresentam alta real de 7,2% Arno considera que o nível ainda está acima do ideal, pois está próximo do ritmo da economia, mas é aceitável.

Os gastos com pessoal, por sua vez, tiveram alta nominal de 9,3%, caindo 3,7% em termos reais. Já as receitas totais, entre janeiro e setembro, cresceram 15,5% em termos reais.

É absolutamente sustentável a equação fiscal que temos. O aumento dos investimentos é a melhor ajuda que se pode dar à política monetária.

Eles vão garantir que o Brasil vai ter condições de atender à demanda sem gerar inflação defendeu Arno.

Para o especialista em contas públicas Raul Velloso, a gambiarra montada pelo governo permitirá o cumprimento da meta fiscal do ano, mas esta já não inspira mais confiança: O governo jogou a meta fiscal no lixo. Chegar a ela por meio de artifício contábil acaba fazendo com que o número caia em descrédito.

Felipe Salto, da consultoria Tendências, tem a mesma avaliação: A meta fiscal já não fornece mais informações relevantes.

Segundo Velloso, o descompasso nas contas públicas pode ser explicado pela crise mundial iniciada em 2008 e pela má qualidade dos gastos. Ele lembrou, que durante as turbulências, a arrecadação caiu, mas o governo manteve suas despesas elevadas para estimular a economia. Agora, apesar da recuperação nas receitas, elas ainda apresentam uma defasagem, que é agravada pelo fato de o governo não ter feito esforços significativos para conter gastos com custeio e pessoal ao mesmo tempo em que os investimentos públicos deslancharam.

Segundo Salto, a contabilidade fiscal varia entre países, mas regras fixadas precisam ser cumpridas: Se as regras são distorcidas, acaba havendo no futuro uma piora no acompanhamento das estatísticas, um aumento da incerteza, do risco.

Julião Boêmio e Nilze Carvalho

Datafolha: Dilma tem 56%, e Serra, 44%

DEU EM O GLOBO

Tucano perde votos nas regiões Sul e Sudeste, onde esperava compensar a ampla vantagem da petista no Nordeste

Cristiane Jungblut e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. A nova rodada de pesquisa Datafolha mostra a consolidação da vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ante o candidato do PSDB, José Serra. O levantamento mostra que, considerandose apenas os votos válidos, excluindo os em branco e os nulos, Dilma mantém a vantagem de 12 pontos percentuais e os mesmos desempenhos: 56% contra 44% de Serra. Nos votos totais, onde brancos e nulos são contabilizados, Dilma fica com 49% das intenções de votos, contra 38% de Serra, uma oscilação dentro da margem de erro e mostrando uma vantagem de 11 pontos, contra 10 pontos na pesquisa anterior.

Nos votos totais, Dilma oscilou um ponto percentual, caindo de 50% para 49%, se a pesquisa for comparada com a anterior, realizada no dia 21 e publicada no dia 22. Já o tucano José Serra perdeu dois pontos percentuais, caindo de 40% para os atuais 38% dos votos. Os indecisos somaram 8%, contra 6% da pesquisa anterior. Já os que declaram que votarão em branco ou nulo chegaram a 5%, contra 4% do levantamento anterior. A margem de erro da nova pesquisa Datafolha é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Tucano perde votos no Sul e no Sudeste

A pesquisa mostra ainda que Serra perdeu votos no Sul e no Sudeste, tendo frustrada sua estratégia de crescer nessas regiões para tentar compensar a ampla vantagem de Dilma no Nordeste. Segundo o Datafolha, Serra perdeu três pontos no Sudeste, ficando com 40%, ante 44% de Dilma. Na Região Sul, o tucano mantém a liderança, mas perdeu dois pontos: 48% contra 41% de Dilma. No Nordeste, a petista mantém ampla diferença: 64%, contra 37% de Serra.

Nesta rodada, o Datafolha entrevistou 4.066 pessoas, em 246 municípios, em todos os 27 estados. O levantamento está registrado no TSE com o número 37.204/2010 e foi encomendado pela Rede Globo e pela Folha de S.Paulo.

Desde o início do segundo turno e da realização da primeira pesquisa dessa fase, há uma estabilização na curva dos votos válidos. Dilma cresce dois pontos percentuais, e Serra perde dois. Na pesquisa de 8 de outubro, a petista aparecia com 54% dos votos válidos, contra 46% de Serra; na pesquisa dos dias 14 e 15, os dois mantiveram 54% e 46%, respectivamente, dos votos válidos; no dia 22, a pesquisa Datafolha publicada na Folha indicava 56% para Dilma e 44% para Serra, em votos válidos.

O comando da campanha dilmista comemorou o resultado, mas a ordem é manter a mobilização e evitar a abstenção, sobretudo no Nordeste.

As pesquisas mostram um quadro consolidado. Mas não temos que comemorar antes da eleição, temos é que intensificar a campanha. Fica claro que Dilma é a única que pode ampliar as conquistas do governo Lula, e que Serra é o retrocesso disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Já no comando da campanha de Serra, o resultado causou apreensão e a certeza de que o tucano precisa crescer em São Paulo e Minas. Mas a oposição garante que o resultado não desanima, já que ela trabalha também com os números de pesquisas internas sinalizando que a vantagem de Dilma seria de apenas 5,5 pontos percentuais.

Esta pesquisa está alinhada com as demais e mostra alterações discretas. Vamos ver como elas vão se comportar até a véspera da eleição. Estamos confiantes de que haverá movimentação a nosso favor e que esta disputa será definida por uma diferença muito pequena disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

O vice na chapa de Serra, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), encomendou pesquisa ao instituto GPP que indica uma diferença de 5,5 pontos entre os dois candidatos: 46,4% para Dilma, contra 40,9% para Serra, com margem de erro de 1,8 ponto.

Em votos válidos, Dilma fica com 53,2% e Serra, com 46,8%, numa diferença de 6,4 pontos, no GPP.

A pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 25, com 4.047 entrevistas.

Está registrada no TSE com o número 37.295/2010. Os dados estão sendo usados para definir a estratégia de Serra.

Instituto GPP: Dilma tem 46,4% e Serra 40.9%

Na pesquisa do Instituto GPP considerando os votos totais Dilma obteve 46,4% e Serra 40.9%.

Votos nulos /nenhum 5.1% e não sabe/não respondeu 6,6%.

A diferença a favor de Dilma é 5.5%.

Com os votos válidos Dilma tem 53.2 e Serra 46.8%.

A diferença a favor de Dilma é 6,4%.

A pesquisa foi realizada em 23 Estados e no Distrito Federal. Foram ouvidos 4.047 eleitores.

A data de aplicação foi entre os dias 23 e 25 de outubro.

Pesquisa registrada no TSE – Protocolo 37295/2010.

Vejam abaixo os municípios em foram feitas as pesquisas.

Foram realizadas entrevistas em 23 estados e Distrito Federal (Os estados não contemplados na amostra foram o Acre, Amapá e Roraima) e em 201 municípios.

Os municípios pesquisados foram:

Brasília, Aparecida de Goiânia, Goiânia, Itaberaí, Goiás, Campo Grande, Nova Alvorada do Sul, Cuiabá, Campo Verde, Rondonópolis, Maceió, Campo Alegre, Arapiraca, Salvador, Simões Filho, Feira de Santana, Catu, Serrinha, Itaberaba, Ilhéus, Brumado, Vitória da Conquista, Palhano, Fortaleza, Caucaia, Sobral, Amontada, Aratuba, Boa Viagem, Limoeiro do Norte, São Luis, Arari, Bacabal, Bela Vista do Maranhão, Miranda do Norte, Caxias, Guarabira, João Pessoa, Campina Grande, Mogeiro, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Recife, Goiana, Carpina, Escada, Bezerros, Joaquim Nabuco, Gameleira, Cocal de Telha, Piripiri, Teresina, Campo Maior, Natal, Angicos, Lajes, Ceará-Mirim, Aracaju, Salgado, Itabaiana, Manaus, Rio Preto da Eva, Belém, Ananindeua, Bragança, Santa Maria do Pará, Santa Luzia do Pará, Capanema, São Francisco do Pará, Nova Timboteua, Porto Velho, Candeias do Jamari, Palmas, Porto Nacional, Vitória, Serra, Cariacica, Viana, Iconha, Cachoeiro do Itapemirim, Atílio Viváqua, Colatina, Linhares, Belo Horizonte, Contagem, Betim, Pedro Leopoldo, Sabará, Sete Lagoas, Curvelo, Pompéu, Patos de Minas, Carmo do Paranaíba, Presidente Olegário, Piumhi, Arcos, Divinópolis, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Lambari, Paraguaçu, Varginha, Uberlândia, Uberaba, Monte Alegre de Minas, Juiz de Fora, Santos Dumont, Cataguases, Rio Pomba, São João Nepomuceno, Barbacena, Congonhas, Montes Claros, Bocaiúva, Mirabela, Francisco Sá, Governador Valadares, Ipatinga. Tarumirim, Iapu, Teófilo Otoni, Poté, Novo Cruzeiro, Rio de Janeiro, Nilópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Queimados, Japeri, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Petrópolis, Teresópolis, Três Rios, Barra do Piraí, Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Rio Bonito, Araruama, Cabo Frio, Macaé, Conceição de Macabu, Campos, Nova Friburgo, Bom Jardim, Itaperuna, Natividade, Bauru, Botucatu, Presidente Prudente, Assis, São Carlos, Piracicaba, Jundiai, Campinas, Sumaré, Itapetininga, Sorocaba, Ribeirão Preto, Batatais, São José do Rio Preto, Penápolis, Registro, Taubaté, São José dos Campos, São Paulo, Carapicuíba, Osasco, Diadema, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Curitiba, Colombo, Araucária, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Cascavel, Maringa, Campo Mourão, Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Caxias do Sul, São Marcos, Vacaria, Passo Fundo, Lajeado, Taquari, Joinville, Florianópolis, Itajaí, Brusque e Lages.

Pesquisa de serristas indica diferença menor

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Vantagem de Dilma sobre tucano fica em 5,5% no levantamento do GPP, registrado pelo vice de Serra, Índio da Costa

Alfredo Junqueira / RIO

Com o objetivo de tentar manter a mobilização dos militantes até o dia da eleição, o deputado Índio da Costa (DEM), candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB), registrou oficialmente uma pesquisa do GPP em que mostra que Dilma Rousseff (PT) está liderando com vantagem de apenas 5,5 pontos porcentuais.

É a primeira das seis sondagens que o instituto realizou ao longo da eleição presidencial a ter seus resultados divulgados. Segundo o GPP, a candidata Dilma Rousseff está com 46,4% das intenções de voto. O tucano José Serra aparece com 40,9% da preferência dos eleitores. A margem de erro é de 1,8 ponto porcentual para mais ou para menos.

Os resultados divergem dos últimos números apresentados pelo Datafolha e pelo Ibope, que mostraram que a petista liderava com vantagem entre 11 e 12 pontos porcentuais. A sondagem do GPP foi realizada no fim de semana e ouviu 4.047 eleitores. Custou R$ 160 mil e, segundo o instituto, foi bancada pelo próprio Índio. "Os nossos trekkings já mostram empate técnico. Um ponto para cá, um ponto para lá. Então não dá para ficar convivendo com essas pesquisas do Ibope e do Datafolha", argumentou Índio.

De acordo com o presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia, o resultado da pesquisa GPP é fundamental para manter a militância empolgada e trabalhando até o dia da eleição. O parlamentar acredita que a mobilização dos últimos dias e o debate entre os presidenciáveis na TV Globo, na noite de sexta-feira, podem virar o jogo a favor de Serra.

"É importante a gente mostrar que a eleição não está resolvida. A nossa militância precisa saber que resultado de pesquisa é importante, mas não define o pleito", afirmou Maia. "A diferença (apontada pelo GPP) é facilmente revertida se a militância ficar empolgada e trabalhando até o último dia."

De acordo com dados do instituto, Serra tem ampla vantagem na Região Sul do País. O tucano aparece com 52,9% das intenções de voto, enquanto Dilma tem apenas 35,1%. Na Região Nordeste, a vantagem da petista é bem inferior à apontada pelos outros institutos de pesquisas. Enquanto o Datafolha mostrava, na semana passada, Dilma com 37 pontos porcentuais de vantagem sobre Serra e o Ibope informava diferença de 31 pontos, o GPP apontou a petista na frente 26,2 pontos.

O estatístico responsável do instituto, Adriano Rodrigues, explicou que a diferença dos resultados com as demais pesquisas pode ser explicada pela diversidade de metodologias e pelas datas das sondagens. Ainda segundo ele, a eleição deverá ser definida pelo desempenho dos candidatos na disputa pelos votos da Região Sudeste nos últimos dias de campanha. O GPP informa que Dilma tem 42,9% e Serra 42,6% na região.

"De acordo com os números, dá para reparar que o Sudeste, onde tem empate, é a maior possibilidade de crescimento do Serra. O jogo está aberto. O Serra precisa avançar no Sudeste para ganhar a eleição. E a Dilma tem de tentar segurar os votos que já tem na região para vencer", explicou Rodrigues.

A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o número 37.295/2010.

Colaborou Bruno Boghossian

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Palavras – V :: Graziela Melo

Palavras,
as que
não
foram
ditas

e os
abraços
que
não
foram
dados,

flutuam,
até hoje

em espaços
que
nunca foram
preenchidos

ou
jamais
foram
ocupados!!!

Rondam
o universo
das estrelas,

das nuvens

lentas e
preguiçosas,

que
apenas
ao sabor
do vento,

se movem
pelo infinito,
astutas
e graciosas!!!



Rio, 26/10/2010