sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A cidade da garoa:: Roberto Freire

Quem poderia imaginar que aquela missão jesuítica, iniciada em 1554, como decorrência da expansão do império português, no século 16, reunindo, em sua origem, indígenas e europeus, tornar-se-ia o centro dinâmico do maior pais da América do Sul? Conhecida pelo nome de Vila de São Paulo de Piratininga, a partir de 1560, foi durante mais de três séculos um povoamento pobre e isolado das áreas mais prósperas da colônia.

Construída pela ação dos bandeirantes que com bravura e determinação alargaram os domínios da empresa colonial, em busca de riquezas e glórias, em função de sua prestigiada localização, tendo à disposição os mananciais do rio Tietê, cujo curso era um caminho natural ao interior da capitania e à atual região Centro-Oeste.

A antiga Vila de Piratininga converteu-se no principal centro do movimento bandeirante, especialmente a partir da segunda metade do século 17. Foi dela que partiram as históricas expedições de Fernão Dias Pais, Antônio Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho e de Bartolomeu Bueno da Silva, entre outras.

Empresa dos naturais e "negros da terra" (como eram chamados os autóctones) a expansão do interior brasileiro deve muito à ação dos bandeirantes. Foi isso que possibilitou o encontro das minas de ouro e diamantes em Minas Gerais, que foi de tal magnitude que ajudou, inclusive, o processo de industrialização da Europa.

O declínio da importância das regiões produtoras de açúcar, em fins do século XIX, com a concomitante relevância do café na pauta de exportação brasileira torna São Paulo, rapidamente, o centro difusor de um processo de industrialização que transformaria seu poder relativo na História do Brasil.

Desde o início do século XX, o país é tocado pelo dinamismo de São Paulo, que se torna polo de atração dos brasileiros de todas as regiões e de imigrantes dos mais diversos países do planeta, dotando-lhe de uma característica ímpar, dentre os estados que constituem o país: a mais cosmopolita de todas, rivalizando, inclusive, com Buenos Aires no que respeita ao continente sul-americano.

Hoje, quando completa 457 anos, a cidade de São Paulo é a mais importante de nossas metrópoles.

Em suas fronteiras co-habitam o mundo do capital, do trabalho e da cultura em uma interação dialética que revolucionou, no decorrer do século passado, o próprio país, estabelecendo novos modelos de sociabilidade e de intervenção política.

A mais paradigmática de nossas cidades, ao adentrar o século 21, encontra-se convulsionada por conta de seus inúmeros e imensos desafios, que requerem uma extraordinária vontade política e capacidade técnica.

No instante em que a globalização com seus permanentes desafios e promessas apontam para o crescente processo de urbanização, e a cristalização das megalópoles, onde residirá a maior parte do planeta.

Agora, residindo na cidade das promessas da modernidade, e que me deu a honra de representá-la no Congresso, venho somar-me aos milhares de cidadão do país e do mundo que transformaram a modesta cidade da garoa na mais cosmopolita, descortinando para o futuro próximo e mediato o desafio de torná-la mais democrática e solidária.

Roberto Freire é presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Um comentário:

Anônimo disse...

O nosso representante no Congresso Nacional, Roberto Freire, do alto de sua sensibilidade política e analítica, deixa implícito, em seu bem elaborado artigo, que há em São Paulo-Capital, toda uma conjunção de fatores/problemas/desafios do mundo moderno, que transformam a cidade aniversariante paradígma nacional, qual um laboratório de pesquisa, na qual o Brasil espera encontrar a materialização de suas maiores esperanças. Aqui recebemos e acolhemos, sem discriminações, todos os que buscam progredir e desenvolver nosso estado e o país. Rodolpho Varella