quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

No início, tudo são flores:: Eliane Cantanhêde

O discurso do Estado da União feito por Barack Obama deixou o Planalto e o Itamaraty felizes da vida, por alguns motivos.

O primeiro deles é que não é usual o presidente da potência anunciar uma viagem a outro país no seu principal discurso do ano, feito na abertura do Parlamento e voltado para o público interno.

Ao dizer ali que vem em março ao Brasil (num giro que inclui Chile e El Salvador), Obama sinalizou aos congressistas e à opinião pública que o Brasil está no foco. Surpreendeu o próprio governo brasileiro.

Obama também reiterou a prioridade por temas que interessam diretamente ao Brasil, como energia limpa, inovação tecnológica, educação, pacificação interna e boa vontade externa.

Ele fez um esforço evidente para reenergizar a sociedade americana e recuperar o orgulho estremecido, mas mostrando que o mundo não é mais o mesmo. Os EUA têm de competir, mas também de ouvir e prestigiar os emergentes.

A expectativa é que tudo isso paute a agenda de Obama no Brasil, com um item substancioso a mais. Depois de defender a Índia como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU durante uma visita àquele país, a diplomacia espera que ele diga o mesmo sobre o Brasil quando pisar aqui.

Depois, Dilma Rousseff pretende ir a Nova York em setembro, justamente para a abertura da Assembleia Geral da ONU. Não se trata de uma visita bilateral, mas abre a possibilidade de outro bate-papo com Obama, num momento em que Washington e Brasília trocam sinais de paz e amor.

A dúvida é como os dois vão se virar com o tema emergente no cenário de 2011: a revolta popular que começou na Tunísia, chegou ao Egito e está com pinta de se alastrar pelo mundo árabe, ou pela parte dele aliada ao Ocidente -leia-se: aos EUA.

Nesses casos, pesa mais o valor democracia ou o pragmatismo e o apoio dos ditadores?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Nenhum comentário: