sábado, 29 de janeiro de 2011

Presidente diz que não muda mínimo de R$ 545

A presidente Dilma Rousseff reafirmou ontem que o governo manterá a elevação do mínimo para R$ 545, contrariando as centrais sindicais, que pressionam por R$ 580. "O que queremos é saber se as centrais querem manter este acordo (feito no Congresso). E, se quiserem, nossa proposta é de R$ 545", disse ela, referindo-se ao acordo que prevê a correção com base na inflação e na variação do PIB de dois anos antes.

"Proposta é de R$545", diz Dilma sobre mínimo

Presidente afirma que centrais sindicais têm que decidir se querem ou não manter o acordo feito no Congresso

João Guedes* e Adauri Antunes Barbosa

PORTO ALEGRE e SÃO PAULO. A presidente Dilma Rousseff mostrou ontem que não pretende ceder aos apelos das centrais sindicais, que querem um reajuste para o salário mínimo superior ao proposto pelo governo. As entidades pedem R$580, contra os R$545 oferecidos pelo Planalto. Em entrevista coletiva concedida em Porto Alegre, Dilma lembrou que, no passado, "não se dava sequer a inflação". Ela disse que seu objetivo é manter, pelo menos até o fim de sua gestão, a metodologia de correção prevista no acordo entre o ex-presidente Lula e os sindicalistas.

- O que queremos é saber se as centrais querem manter este acordo. E, se quiserem, nossa proposta é de R$545 - disse a presidente.

Dilma criticou as discussões simultâneas sobre o aumento do mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda (IR):

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

A possibilidade de alterar a forma de indexação da tabela do IR também foi descartada pela presidente:

- Jamais damos indexação inflacionária. Por isso, não concordamos com o que saiu nos jornais de que o reajuste, se houvesse, da tabela do IR, fosse feito pela inflação passada. Teria que olhar não a inflação passada, porque isso seria carregar inércia inflacionária para dentro de uma questão essencial, que é o IR.

Antes da entrevista, Dilma teve encontro com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que apresentou uma lista de obras prioritárias para o estado no PAC 1 e no PAC 2 e pediu apoio do governo federal aos pedidos de empréstimos encaminhados por sua gestão ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (R$1,3 bilhão) e Banco Mundial (R$700 milhões).

Em São Paulo, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse ter estranhado a declaração de Dilma de que o governo não vai oferecer nada além dos R$545. De acordo com Paulinho, se as negociações em curso não tiverem como conclusão um acordo com os trabalhadores, "o único caminho" será o confronto no Congresso.

- Não estou entendendo muito essa conversa do governo, principalmente da presidente. Se as negociações não continuarem e não houver acordo, o único caminho será o confronto no Congresso - disse ele, que é deputado federal do PDT.

Paulinho lembrou que as negociações do governo com as centrais estão apenas começando. As reuniões com os ministros Guido Mantega (Fazenda), e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) começaram esta semana. Por isso, acredita em acordo:

- Ainda estou acreditando. Se não fosse para fazer um acordo, por que o governo começaria a negociação? O governo não tem porque abandonar uma política que deu certo, que ajudou o país num momento difícil.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, lembrou dos termos do acordo de 2007 para a política de valorização do mínimo. Mas defendeu que o aumento de 2011 seja estabelecido de maneira diferente:

- Cobramos excepcionalidade para o salário mínimo da mesma forma como foram tratados de maneira excepcional os empresários durante o período da crise de 2008 e 2009. Diferentes setores econômicos tiveram isenção tributária e outras formas de incentivo. Por que, então, os trabalhadores deveriam ficar sem aumento real agora?

Uma nova reunião do governo com centrais está marcada para a próxima quarta-feira, em Brasília.

FONTE: O GLOBO

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