segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Repressão militar cresce no Egito

As Forças Armadas do Egito apertaram ontem as medidas para conter os protestos de manifestantes que exigem a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Na Praça Tahrir, epicentro da crise, caças da Força Aérea fizeram voos rasantes, buscando um efeito psicológico de intimidação contra os ativistas. O presidente não deu qualquer sinal de estar pensando em deixar o poder. Jornais independentes já falam em 150 mortos.

Países tiram seus cidadãos do Egito

Jamil Chade

O Itamaraty afirma que já retirou turistas do Egito. Mas brasileiros acusam o governo de não ter um plano de ajuda para os visitantes que ontem continuavam presos em hotéis do Cairo. Segundo a embaixada brasileira no Egito, um primeiro grupo de turistas foi levado no sábado para a Espanha. O Itamaraty afirma estar à disposição para ajudar a quem solicitar a retirada. Estima-se que cerca de 200 brasileiros residam no Egito.

Apesar das promessas de ajuda do governo, um grupo de 14 brasileiros que havia viajado para o Cairo para um casamento acusou o governo de não estar provendo a assistência prometida. Diante da crise, a festa que contaria com mil convidados foi cancelada.

Segundo o grupo, diplomatas brasileiros disseram que nada poderiam fazer para ajudar e compararam a situação com a dos turistas israelenses, americanos, franceses e sauditas que eram socorridos por suas embaixadas. A Turquia mandou dois aviões, e a Arábia Saudita, oito. A Grã-Bretanha também estaria avaliando o envio.

Ontem, todas as atrações do Egito foram fechadas. As pirâmides não estão autorizadas a receber turistas, enquanto voos foram em grande partes cancelados ou modificados. O turismo é uma das maiores fontes de renda para o governo de Mubarak.

Sem opções, turistas israelenses presos no Hotel do Cairo após o toque de recolher se divertiram assistindo ao noticiário da TV estatal egípcia, que praticamente não mostrava cenas das manifestações e censurava grande parte das críticas ao regime de Mubarak.

"Parece que estão mostrando outro país", dizia um deles. "Viemos ao Egito para sair da confusão que é Israel e descansar", lamentava Igal, um vendedor de seguros de Tel-Aviv.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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