quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

No PMDB, 'éticos' atacam fisiologismo, e líder cobra compensação por Furnas

Partido enviará ao Planalto lista dos postos cobiçados no segundo escalão

Gerson Camarotti


BRASÍLIA. No mesmo dia em que foi lançada uma corrente partidária dos éticos no PMDB com críticas ao comportamento fisiológico do partido, o líder da legenda, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), avisou que vai continuar brigando pelo espaço no governo e que a bancada do Rio de Janeiro terá de ser compensada com um cargo no segundo escalão depois que perdeu o comando de Furnas na semana passada.

A decisão da mudança na estatal foi tomada pela presidente Dilma Rousseff depois de uma disputa entre petistas e peemedebistas pelo cargo. Segundo Alves, até o final de fevereiro, o PMDB enviará para o Planalto uma lista com todas as reivindicações de cargos.

Segundo Henrique Alves, o processo de Furnas foi mal conduzido. Ele responsabilizou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de ter encaminhado o nome de Flávio Decat para comandar Furnas sem ter consultado antes a bancada da Câmara. Mas afirmou que os oito deputados federais do Rio precisam ser compensados com um cargo no segundo escalão:

- Viramos a página dessa questão de Furnas. Lobão encaminhou o nome de Decat sem conversar com a gente. Esse não era o nome da bancada. Mas se foi uma indicação de um ministro do PMDB, vamos superar essa questão. Mas a bancada do Rio de Janeiro precisa ser compensada com um novo cargo! Afinal, são oito deputados.

"É preciso discutir a montagem do governo"

Pouco depois de ter sido lançada a tendência "Afirmação Democrática" por 12 deputados do PMDB com um manifesto crítico à disputa de cargos pela legenda, o líder Henrique Alves disse que assinaria o texto, numa estratégia para esvaziar o movimento. O manifesto diz que a legenda ficou enfraquecida, mesmo tendo a vice-presidência da República. "A razão disso é o desgaste da imagem", diz um trecho do documento. O manifesto afirma ainda que o PMDB "vem recebendo críticas e tratamento de um partido preocupado só com cargos, e alguns de seus componentes colocados sob suspeição".

- No PMDB, todos lutam por afirmação democrática. Por isso, eu também assino esse manifesto. É preciso discutir a questão programática, mas também a montagem do governo. Quero saber agora se o partido vai discutir com o ex-governador José Maranhão (PMDB-PB) o programa de governo ou se ele vai para a vice-presidência da Caixa Econômica Federal - questionou Henrique Alves, numa referência ao cargo que deve ser dado a Maranhão, depois de ter sido derrotado na disputa pelo governo da Paraíba.

O líder peemedebista acrescentou que ele será o interlocutor da bancada para discutir os cargos do segundo escalão. Ele lembrou que além da reivindicação da bancada paraibana e fluminense, também há demandas da bancada da Bahia para conseguir um cargo para o ex-ministro Geddel Vieira Lima, da bancada de Goiás, para o ex-governador Íris Rezende, e da bancada de Minas Gerais para o ex-senador Hélio Costa e os ex-deputados Marcos Lima e Silas Brasileiro, todos derrotados nas últimas eleições.

- Até então, todos os deputados estavam de férias, enquanto eu estava em Brasília lutando pelo espaço do PMDB. E como vai ficar o Íris, como vai ficar o Geddel? Tem ainda o Marcos Lima, o Silas Brasileiro. Temos que cuidar disso. Posso adiantar que essas questões estão muito bem encaminhadas - justificou Henrique Alves.

FONTE: O GLOBO

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