quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Protestos antirregime chegam à Líbia

ONDAS E REVOLTAS

País governado desde 1969 por Gaddafi registra primeiras ações opositoras após o início das revoltas na região

Confronto em cidade no litoral deixa 38 feridos; Gaddafi, neoaliado dos EUA, promete aumento de salários em reação

A onda de protestos que assola países árabes e do Oriente Médio há dois meses chegou ontem pela primeira vez à Líbia, onde confrontos entre opositores antirregime e forças de segurança deixaram ao menos 38 feridos.

O país governado desde 1969 pelo ditador Muammar Gaddafi, mais longevo mandatário africano, era um dos poucos até então imunes às revoltas que depuseram ditadores na Tunísia e no Egito e já ameaçam outros líderes.Segundo relatos, as manifestações eclodiram na cidade mediterrânea de Benghazi -a cerca de 1.000 km da capital, Trípoli-, com tradição de oposição, e tiveram como estopim a prisão de um ativista de direitos humanos.

Em pouco tempo, porém, assumiram contornos anti-Gaddafi, com algumas centenas de pessoas ateando fogo em carros e atacando a sede das forças de segurança, que reagiram com balas de borracha e com canhões d"água.Vídeo postado na internet mostrava manifestantes entoando cânticos de "nenhum Deus além de Alá. Muammar é inimigo de Alá" e "abaixo a corrupção e os corruptos".

Nas cidades de Zentan, cerca de 120 km ao sul de Trípoli, e Beyida, a leste de Benghazi, manifestantes atacaram delegacias de polícia.

Segundo a ONG Human Rights Watch, nove opositores foram presos pelo governo em Trípoli e Benghazi. O ativista cuja detenção desatou o início dos protestos foi solto horas mais tarde.

Os protestos foram contidos em poucas horas, mas seus organizadores convocaram para hoje um "dia de fúria", a exemplo de movimentos organizados em países da região nas últimas semanas.

Os levantes não foram noticiados pela imprensa oficial, mas a TV estatal transmitiu atos de apoiadores do ditador líbio e a convocação de novas ações em defesa de Gaddafi, refletindo o temor do regime de que os protestos se espalhem pelo país.

O governo líbio anunciou ainda aumento de 100% nos salários dos funcionários públicos e a libertação de 110 supostos ativistas de organização islâmica proscrita.

PETRÓLEO

Durante muito tempo um pária internacional e alvo de sanções, a Líbia de Gaddafi se reaproximou nos últimos anos dos EUA e é atualmente aliado americano na região.

Com índices sociais e econômicos relativamente mais avançados do que os de vizinhos, o país de 6,5 milhões de habitantes tem importância estratégica por deter as maiores reservas comprovadas de petróleo da África. São 47 bilhões de barris.

Gaddafi, que chegou ao poder mediante golpe militar, governa há mais de 40 anos com poderes quase ilimitados, sem Parlamento eleito e sem Constituição.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO E DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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