domingo, 6 de fevereiro de 2011

Reflexão do dia – Raimundo Santos

As presentes notas procuram mostrar que a referida “teoria revolucionária”, em gestação antes da referida Declaração de Março, tem força renovadora por ser o esboço de uma imagem da concretização da “revolução brasileira”, revolução entendida aqui na acepção dos clássicos (antigo, Caio Prado; os isebianos a partir de 1956; e Celso Furtado, poucos anos depois), verossímil à circunstância nacional. Essa imagem “brasileira” da revolução desenhada por Armênio Guedes, ao tempo que expressa áreas já então resistentes à velha orientação comunista, faz-se presente no pecebismo que irá ser posto em prática a partir de março de 1958.

Essa construção inovadora no modo de pensar dos revolucionários comunistas, tão antiga, termina por acrisolar entre nós componentes de uma outra cultura política de esquerda. É ela que dá o mais firme suporte à natureza não rupturista da atuação agrária dos comunistas orientados pelo agrarismo sindical “medidas parciais de reforma agrária” (direitos trabalhistas, à terra etc., cf. PCB, 1958), em particular, “políticas públicas” voltadas para a afirmação progressiva da “exploração familiar camponesa”, como, depois, diria Ivan Ribeiro (RIBEIRO, 1977; 1988; e SANTOS, 2007).

SANTOS, Raimundo. cf. Teoria e prática no nosso marxismo político (Antecedentes do campo da “revolução passiva”), in Interpretações, Estudos Rurais e Política - Roberto J. Moreira e Regina Bruno. Orgs., editoras Mauad e Universidade Rural do Rio de Janeiro, dezembro de 2010.

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