quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sarney volta, 'com sacrifício', a presidir Senado

Peemedebista vai comandar a Casa pela quarta vez e promete o que não fez nos últimos dois anos: a reforma administrativa

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Sentindo-se superior a Rui Barbosa e prometendo ser seu último cargo público, o senador José Sarney (PMDB-AP) não teve dificuldades ontem para se reeleger, pela quarta vez, para a presidência do Senado. Num jogo pré-definido, com 70 votos ele atropelou seu adversário, o novato senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que recebeu oito votos. No pronunciamento, Sarney prometeu que fará a reforma administrativa que não fez nos últimos dois anos e uma gestão independente e transparente. Foram registrados dois votos nulos e um em branco.

Embora tenha reiterado em seu primeiro pronunciamento após a vitória que não desejava a presidência e falando em sacrifício, Sarney quase chegou às lágrimas ao agradecer o apoio e lembrar a trajetória que lhe garante hoje o posto de mais antigo parlamentar da Casa.

- Não desejava o encargo, dele não pude fugir, tendo na carne o alto preço do exercício destas funções... Acredito que tenha predominado no exame que levou à escolha do meu nome a graça da vida que me fez o mais antigo parlamentar na História da República, com 56 anos de mandatos, dos quais cinco no Senado, onde passei 35 anos, o que mais tempo passou aqui, ultrapassando mesmo o nosso patrono, Rui Barbosa.

Mesmo identificado como um dos principais aliados da presidente Dilma Rousseff, Sarney defendeu a independência do Legislativo e cobrou a participação da Casa na formulação das políticas públicas.

- Tenho deveres de amizade, partidários e políticos, mas não será com o Senado que resgatarei qualquer dever de amizade, política ou partidário. Acima de tudo isso estão a independência, a autonomia, a dignidade e os grandes interesses da nossa Casa - disse, ao anunciar a intenção de não mais disputar novas eleições, como já fizera antes.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) acabou levando a melhor numa queda de braço dentro da bancada petista com o ex-ministro José Pimentel (CE). Foi eleita vice-presidente do Senado, mas com o compromisso de renunciar à função no fim deste ano para ceder a vaga para Pimentel. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) chegou a questionar em plenário o acordo informal acertado entre os dois parlamentares do PT.

Já o PSDB, como terceira maior bancada, garantiu o direito de indicar um representante para ocupar a 1ª. Secretaria. O escolhido para a vaga foi Cícero Lucena (PB). O PTB e o PT chegaram a se estranhar em plenário, quando o líder petebista, senador Gim Argello (DF), questionou o acordo pelo qual a bancada petista cedeu para ao PR a 2ª. Secretaria. Após apelo do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Gim recuou e aceitou a indicação de João Ribeiro (PR-TO) para a vaga.

O PTB indicou João Vicente Claudino (PTB-PI) para a 3ª Secretaria da Mesa. O PMDB cedeu a sua segunda escolha para o PP, que indicou Ciro Nogueira (PI) para a 4ª Secretaria.

FONTE: O GLOBO

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