sexta-feira, 4 de março de 2011

Desobedientes têm destino certo: freezer

Vera Rosa

A presidente Dilma Rousseff sempre vai pôr no freezer aliados que se insurgirem contra decisões do governo. O tempo de congelamento dependerá do tamanho da falta. Do PDT ao PT, Dilma já teve dissabores com quase todos os partidos da base e decidiu agir de forma dura para enquadrar os rebeldes.

"Não se fazem omeletes sem quebrar ovos", afirmou o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. A advertência, feita a líderes governistas na quarta-feira, um dia após Dilma preparar omelete com Ana Maria Braga, foi entendida pelos deputados como um recado.

A retaliação do Planalto será sempre seletiva, punindo os desobedientes, e não o partido. Nenhuma escapadela, no entanto, ficará impune. O freezer do governo será acionado na forma de perda de cargos, comissões ou das poucas emendas restantes após o corte no Orçamento.

No caso do PT, a ordem é punir os deputados Francisco Praciano (AM) e Eudes Xavier (CE), que votaram contra o salário mínimo de R$ 545. Praciano estava de olho na Comissão de Educação e vai para a da Amazônia. Xavier perdeu o direito de ocupar vice-lideranças e comissões especiais. O castigo valerá por três meses.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), foi poupado. Na conversa de ontem, a presidente destacou que o problema é com o líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), e com o deputado Paulinho Pereira da Silva (SP).

Queiroz encaminhou contra o valor de R$ 545 para o mínimo, pois defendia R$ 560. Paulinho insuflou a rebelião no PDT e disse não temer ameaças do Planalto, que, no seu diagnóstico, pressionava os aliados com "carguinhos".

"A votação do mínimo foi um grande teste para o governo, que verificou com quem pode contar e quem consegue ser firme, sem ceder a pressões", disse o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Embora diga que "não se trata de pôr ninguém na geladeira", o ministro admitiu a insatisfação de Dilma com os desobedientes. "Revelamos o descontentamento com quem não votou com o governo. Agora, cabe aos líderes das bancadas resolver o problema."

No PMDB, o escanteio não foi resultado de votação - todos os 77 deputados apoiaram o governo -, mas da pressão por cargos. Quem mais reclamou perdeu ainda mais, como o deputado Eduardo Cunha ( RJ). "Na próxima votação polêmica, como a da reforma tributária, o governo terá de criar amplos consensos. Caso contrário, reunirá contra si do PSOL ao "PLUA", ironizou o senador Walter Pinheiro (PT-BA).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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