quarta-feira, 2 de março de 2011

Oposição: governo quer encobrir medidas negativas

A HORA DO AJUSTE

Ao reagir a críticas, Vaccarezza diz que, se beneficiados por Bolsa Família comprarem cachaça, ajudam a economia

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A oposição reagiu ontem ao anúncio do reajuste dos benefícios pagos pelo Bolsa Família e acusou o governo de, com a medida, tentar anular a repercussão negativa dos cortes do Orçamento - que reduziram despesas em áreas sociais e no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, além do fato de o salário mínimo ter ficado sem aumento real (acima da inflação).

- A presidente quis arrumar uma boa notícia para tentar neutralizar a repercussão da gastança herdada do governo petista anterior - afirmou o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP).

O tucano disse que o Bolsa Família nasceu da unificação dos programas criados na gestão de Fernando Henrique Cardoso: Bolsa Escola, Cartão Alimentação, Bolsa Alimentação e Auxílio Gás. Para o líder, o reajuste é "importante", mas é preciso encontrar alternativas para que as pessoas deixem o programa no futuro.

Vaccarezza: oposição não entende programa

Ao defender o reajuste do Bolsa Família, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), criticou a oposição por nunca ter "entendido" a intenção do programa. E - ao afirmar que a oposição criticava o programa alegando que as pessoas gastavam os recursos até em cachaça -, disse que o programa é bom para a pessoa ter acesso até a cachaça. O petista lembrou que o Bolsa Família ajuda na economia local e que impede que os mais pobres passem fome.

- Esse dinheiro não tem nenhuma intermediação política. O cidadão compra pão para sua família, os gêneros de primeira necessidade. Eles (oposição) brincavam, inclusive, que o cara ia lá e comprava cachaça, que o chefe de família comprava cachaça. Não vamos incentivar isso. Mas, mesmo que uma família dessas compre uma garrafa de cachaça por mês, são 11 milhões, ou 12 milhões de garrafas de cachaça. Isso ajuda toda a economia. É como se cada uma comprasse uma garrafa de água: são 12 milhões de garrafas d"água. Então, infelizmente, a oposição não entendeu o Bolsa Família e continua a não entender - afirmou Vaccarezza.

Na verdade, durante a discussão do reajuste do salário mínimo no Congresso Nacional, veio de um integrante da base aliada, o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), a alusão à cachaça, ao criticar o fato de o governo federal não dar aumento real. Segundo o deputado, o "arredondamento" de R$5 - de R$540 para R$545 - não dava nem para "comprar duas cachaças".

FONTE: O GLOBO

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