sexta-feira, 29 de abril de 2011

Acusado de vazamento de dossiê

Falcão é ligado ao grupo de Marta Suplicy e, hoje, também a Dirceu

Sérgio Roxo

SÃO PAULO. O futuro presidente do PT, Rui Falcão, de 67 anos, tem sua trajetória no partido marcada por polêmicas. Na campanha presidencial do ano passado, foi citado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., em depoimento na Polícia Federal, como responsável por ter roubado informações de seu computador para fazer um dossiê contra o tucano José Serra. Falcão negou a acusação e entrou com uma queixa-crime contra o jornalista. O episódio causou constrangimento para a então candidata Dilma Rousseff, que foi companheira de militância de Falcão contra a ditadura na organização guerrilheira VAR-Palmares, nos anos 60.

A crise na campanha de Dilma, que levou ao afastamento de Falcão do núcleo de decisões petistas, não foi a primeira vez em que o jornalista e atualmente deputado estadual por São Paulo causou dor de cabeça para colegas de partido. Nos anos 90, quando presidiu o diretório paulistano da sigla, se colocou como opositor da administração petista da então prefeita da cidade, Luiza Erundina, hoje no PSB.

Apesar da grande participação nas articulações internas, em público, o mineiro de Pitangui costuma se mostrar discreto e cauteloso nos contatos pessoais. Os aliados o descrevem como "disciplinado e organizado". Advogado e jornalista, Falcão ingressou no PT em 1982, dois anos depois da fundação da legenda. Na época, era diretor de redação da revista "Exame", da Editora Abril. Ficou no posto até 1988, mas antes trabalhou em diversos jornais paulistas, como o "Jornal da Tarde".

No ano seguinte, assumiu a direção do PT na capital paulista e iniciou o embate com Erundina. A trajetória no partido também é marcada pela troca de lado nas disputas internas. Em 1993, rompeu com a corrente moderada Articulação, de Lula e José Dirceu, e que atualmente atende pelo nome de Construindo um Novo Brasil (CNB), que agora dá aval para que ele assuma a presidência do partido. Foi apoiado pela tendência de esquerda "Hora da Verdade", no entanto, que se elegeu vice-presidente nacional da legenda. Em 94, quando Lula deixou comando do partido para se candidatar a presidente da República contra o tucano Fernando Henrique Cardoso, acabou herdando o comando do PT e coordenou a campanha derrotada de Lula.

No mesmo ano, se elegeu deputado estadual. Quatro anos antes, havia ficado como suplente do cargo, mas assumiu o mandato. Em 1998, tentou um passo maior, mas ficou apenas como suplente de deputado federal. Aceitou o convite de Marta Suplicy e assumiu a Secretaria de Governo da administração da Prefeitura de São Paulo. Era responsável pelas articulações com a Câmara Municipal e novamente provocou polêmica no PT ao ser acusado por parlamentares da legenda de organizar um loteamento da administração municipal. A base de Marta montada por Falcão incluía vereadores de legendas que, na época, não costumavam se aliar ao PT como PMDB, PL e PPB. Por sua estreita ligação com Marta, foi candidato a vice na chapa de reeleição da petista, que acabou derrotada por José Serra (PSDB) em 2004.

Com o tempo, Falcão se reaproximou do grupo de Lula e Dirceu. Apesar disso, nunca foi próximo do ex-presidente. A relação com Dirceu, pode ser classificada como "ioiô". Foram aliados até 1993, quando romperam depois da aliança de Falcão com o grupo de esquerda do partido. Na época do governo Marta, de acordo com petistas, Falcão e Dirceu ficaram "muito próximos", o que acontece até hoje.

FONTE: O GLOBO

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