quinta-feira, 28 de abril de 2011

Empresas já se preparam para disputar aeroportos

Empreiteiras e grupos estrangeiros têm interesse. Infraero ficaria fora do Galeão

O sinal verde do governo para a concessão à iniciativa privada da construção e operação de aeroportos no país já está despertando o interesse de grandes empreiteiras nacionais e de operadoras estrangeiras. Antecipando-se à decisão oficial, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht fizeram associações com companhias no exterior ou criaram subsidiárias de olho nesse mercado. Em conversas no Palácio do Planalto, vários grupos estrangeiros também mostraram forte apetite pelas licitações dos cinco principais aeroportos do país - Cumbica (Guarulhos-SP), Viracopos (Campinas-SP), Brasília, Galeão e Confins (Belo Horizonte). Entre eles, estão a Fraport (Alemanha), o Aéroport de Paris-ADP (França), o British Airport Authority-BAA (Reino Unido), a Aeropuertos Espanõles y Navegación Aérea-Aena (Espanha) e a Brussels Airport Company (Bélgica). Pressionada pelos governadores Sérgio Cabral (Rio) e Antonio Anastasia (Minas), a União tende a passar integralmente ao setor privado os terminais de Galeão e Confins no regime "de porteira fechada". Sendo assim, a Infraero deixaria de administrá-los.

Empreiteiras dos ares

Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht estariam de olho na concessão dos aeroportos

Danielle Nogueira, Chico de Gois, Fábio Fabrini e Geralda Doca

Grandes empreiteiras nacionais e empresas internacionais com tradição em gestão de aeroportos são as mais cotadas na disputa pelos terminais que serão concedidos à iniciativa privada pelo governo Dilma Rousseff. Antecipando-se à decisão oficial, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht criaram joint-ventures ou subsidiárias com este fim. E vários grupos estrangeiros que mantiveram conversas com o Palácio do Planalto demonstraram forte disposição de participar das licitações dos cinco principais aeroportos do país - Cumbica (Guarulhos-SP), Viracopos (Campinas-SP), Brasília, Galeão e Confins (Belo Horizonte). Correndo por fora, estão as aéreas nacionais: todas as grandes já trocaram informações com o governo e sinalizaram interesse nas concessões.

Quem saiu na frente foi a Camargo Corrêa. Em 2008, a construtora se associou à suíça Flughafen Zürich AG, que opera o Aeroporto de Zurique (Suíça), e à chilena Gestión e Igeniería para criar a A-port. O objetivo era avançar sobre a construção e gestão de aeroportos na América Latina. A joint-venture já assumiu a operação de nove aeroportos em Chile, Honduras, Colômbia e Curaçao. No Brasil, a empreiteira gerencia o estacionamento do Aeroporto de Congonhas.

Também no páreo, grupos estrangeiros

No exterior, a Andrade Gutierrez participa dos consórcios que operam os aeroportos de Quito (Equador), e San José (Costa Rica). A empreiteira também já manifestou publicamente interesse na concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), apontado como laboratório para o modelo.

Procuradas, as duas empresas não comentaram o assunto. Odebrecht tampouco se manifestou, mas vem sinalizando interesse pelo setor. No ano passado, criou a subsidiária Odebrecht TransPort, para explorar concessões em aeroportos, rodovias, portos e transporte urbano (metrô). Tem ainda vasta experiência na construção. Até agora, foram 33 aeroportos no Brasil e no exterior, entre eles o de Miami.

Segundo uma fonte do setor, as três empreiteiras estão dispostas a investir, mas avaliam que, para que o negócio seja rentável, o prazo de concessão deveria ser de 30 anos e não 25, como prevê o governo.

Entre os grupos internacionais, a alemã Fraport é uma das mais interessadas. Semana passada, representantes da empresa bateram às portas do Palácio. Além dela, só na Europa, há quatro grandes grupos de referência: Aéroport de Paris-ADP (França), British Airport Authority-BAA (Reino Unido), Aeropuertos Espanõles y Navegación Aérea-Aena (Espanha) e Brussels (Bélgica). Todas estão ávidas por novos mercados, já que suas áreas de atuação são consideradas maduras.

No caso das aéreas, o interesse é tão grande que a participação delas poderá ser elevada à fatia máxima, e não limitada a 10%, como em São Gonçalo do Amarante. A administração total poderá até ser liberada, como ocorre em EUA e Europa. Uma fonte lembrou que a American Airlines é responsável pelo aeroporto de Miami, enquanto a Delta domina o de Atlanta, nos EUA.

A participação de aéreas estrangeiras nas licitações brasileiras ainda não foi avaliada. O Galeão é um dos aeroportos mais atrativos..

- Nos últimos dois anos, temos sido procurados por administradores da França, da Alemanha, da Espanha e por empresas nacionais. Há um enorme interesse - disse o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.

O governo federal também deverá permitir a licitação em bloco dos aeroportos. Ou seja, se um consórcio tiver interesse em três unidades simultaneamente, poderá fazer uma oferta em pacote. O Planalto ainda não discutiu a questão do financiamento, mas, em princípio, não quer colocar dinheiro do BNDES nas intervenções nas áreas concedidas. Porém, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) são céticos quanto às promessa de agilidade do governo. Em São Gonçalo do Amarante, por exemplo, a Casa Civil levou seis meses para publicar o decreto com o modelo a ser adotado, primeiro passo do cronograma.

FONTE: O GLOBO

Um comentário:

Anônimo disse...

Se é melhor que a União passe para o setor privado, e tem o apoio de Cabral, então que seja logo feito.