segunda-feira, 18 de abril de 2011

MST invade 8 fazendas em Pernambuco

Ações do Abril Vermelho relembram 15 anos do massacre dos sem-terra em Carajás

Letícia Lins

RECIFE. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) invadiu oito propriedades rurais em Pernambuco no fim de semana, numa mobilização que envolveu cerca de 1.800 famílias, segundo divulgou ontem a coordenação regional do MST. Ao todo, nove fazendas e engenhos foram invadidos na última semana. A jornada de ocupações é parte do chamado Abril Vermelho, que assinala os 15 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, quando 19 sem-terra morreram em confronto com a polícia.

A maior ocupação ocorreu em Petrolina, no sertão do São Francisco, onde cerca de 900 famílias acamparam na Fazenda Califórnia do Nordeste. O município, a 769 quilômetros de Recife, é conhecido como a Califórnia brasileira, por conta dos campos irrigados para fruticultura de exportação, inclusive uvas. A atividade se estende a outros municípios da região, como Santa Maria da Boa Vista, onde fica a Fazenda Catalunha, que foi ocupada pelos sem terra em 1996 e se transformou no maior acampamento do MST no estado, com 800 famílias. A propriedade foi desapropriada, e 600 famílias foram assentadas.

Na Zona da Mata, três engenhos são ocupados

A segunda maior ocupação de ontem ocorreu em Inajá, a 350 quilômetros do Recife, uma das áreas de menor índice de desenvolvimento do estado, onde 300 famílias ocuparam a Fazenda Geraldo Bulhões. Houve ocupações, também, na Zona da Mata, onde se concentra a agroindústria açucareira: três engenhos foram invadidos por 320 famílias. Os municípios de Altinho, Sertânia e Granito também tiveram fazendas ocupadas.

Segundo os 17 movimentos sociais que atuam no estado, há 23 mil famílias acampadas em Pernambuco, mas, de acordo com o Incra, são 17 mil. O MST afirma que tem 15 mil famílias acampadas. Em nota, o MST afirmou ontem que "57% dos latifúndios cadastrados no Incra em Pernambuco são improdutivos", um "total de 411.657 hectares", que dariam "para assentar 23 mil famílias".

FONTE: O GLOBO

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