sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sarmiento: Viajante americano:: Ana Amélia M.Cavalcanti Melo

Resumo: Neste artigo busco refletir sobre as representações da América, sua natureza e cultura, contidas nas cartas escritas por Domingo Faustino Sarmiento em suas viagens de 1945 a 1947. Posteriores à publicação de Facundo: civilização e barbárie, e realizadas com o objetivo de conhecer o sistema educacional da Europa, estas viagens e as cartas que escreve nesse interregno, desvelam uma paisagem e ambiente construídos e marcantes no imaginário de alguns intelectuais e homens letrados Ibero-americanos. Destarte neste texto pretende-se examinar as formas de ver e descrever essa América meridional elaboradas por Sarmiento em sua passagem pelo continente, estabelecendo uma relação entre as cartas e Facundo: civilização e barbárie

Palavras-chaves: Sarmiento, Viajantes, Civilização e Barbárie

Abstract: In this article I reflect on the representations of America, its nature and culture, contained in letters written by Domingo Faustino Sarmiento in his travels from 1945 to 1947. Later publication of Facundo: civilization and barbarism, and carried out in order to meet the educational system of Europe, these journeys and the letters they write in this interregnum, unveiled a landscape and built environment and striking the imagination of some intellectuals and learned men Ibero Americans. Thus this paper seeks to examine ways of seeing and describing the American South developed by Sarmiento in his passage through the continent, establishing a relationship between letters and Facundo: civilization and barbarism.

Keywords: Sarmiento, travel, civilization and barbarism.

Introdução

Este estudo parte de duas inspirações. A primeira, de ordem metodológica, representa mais que nada, uma aspiração utópica. Esta vem de Carlo Ginsburg, de seu trabalho metódico de pesquisa através do que chama de indícios, especialmente de dois livros: Nenhuma ilha é uma ilha, publicado no Brasil em 2000 e O fio e os rastros de 2007 [1]. Em ambos o historiador italiano desenvolve um trabalho de pesquisa e análise partindo de achados provenientes das margens, de comentários e referências de um escritor sobre outro. Em termos metodológicos esta é minha primeira inspiração.

A segunda inspiração, que justifica este trabalho, é a referência que Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, faz a um também autor emblemático, desta feita, e também um clássico, o argentino Domingo Faustino Sarmiento. A aproximação entre estes autores não é nova. As indicações são significativas. Se, como nos diz Berthold Zilly [2], não pode ser encontrada nenhuma alusão em Os Sertões, a Sarmiento, sua presença é manifesta na estrutura do texto e em seus tópicos: o meio físico, a população e a cultura, a guerra. Podem ser citadas ainda as referências teóricas e a combinação de autores aos quais se referem. Entretanto a menção de nomes como Comte, Guizot, etc. não representaria prova do conhecimento e leitura de Sarmiento por Euclides, uma vez que são autores lidos e citados por toda uma geração.

Porém a indicação do conhecimento que tinha o escritor brasileiro de Facundo: civilização e barbárie tornam-se enfáticas em dois textos. Em A Margem da História, publicado em 1909 e Contrastes e confrontos de 1907. Segundo B. Zilly nos informa Euclides conhecia bem o Facundo:

“Em seu ensaio “Viação Sul-Americana”, publicado em Á Margem da História, fala das ‘páginas admiráveis de um dos maiores livros sul-americanos, ressoantes ao tropear das cavalarias disparadas dos Quirogas e dos Chachos’. Analisando a relação entre estrada de ferro, progresso econômico e liberdade política, aplaude o raciocínio de Sarmiento na obra que cita como Civilización y barbarie. No “Discurso de recepção” proferido na Academia Brasileira de Letras, o novo acadêmico aponta o autor argentino como historiador-escritor modelar, junto com Thierry, Macaulay, Alexandre Herculano, pois todos eles trabalhariam no ‘domínio comum da fantasia e da razão’, ao passo que no Brasil faria falta um autor ‘que nos abreviasse a distancia do passado e, num evocar surpreendente, trouxesse aos nossos dias os nossos maiores com os seus caracteres dominantes, fazendo-nos compartir um pouco as suas existências imortais (...)’ ” [3]

É esclarecedora a nota explicativa de B. Zilly. Este olhar entusiasmado de Euclides sobre Sarmiento e as semelhanças já apontadas incitaram, em alguma medida, a reflexão aqui proposta: como um americano do sul, especificamente argentino, viu e descreveu outros territórios dessa mesma América? Se Euclides pode ter visto o Brasil através do binômio civilização e barbárie e marcado pelo olhar sarmientino, como seria possível realizar uma leitura inversa? Como um argentino viu e descreveu o Brasil? O objetivo deste texto é o de dar a conhecer e analisar a representação que Sarmiento fez da América que conhece de passagem, estabelecendo uma relação entre as cartas e Facundo: civilização e barbárie.

O ponto de partida é o livro de Viagens de Sarmiento no qual estão publicadas as cartas escritas pelo argentino entre 1845-1847, durante seu longo trajeto rumo á Europa. Estas são posteriores ao livro-tese de 1945.

Sarmiento: Viajante americano

Não foram poucos os viajantes europeus a percorrer o território americano durante o século XIX. Os objetivos ou a categoria destes homens que chegavam aos trópicos eram diversos. Cientistas naturalistas uns, ávidos em catalogar espécies, religiosos missioneiros outros apressados no registro das almas, curiosos aventureiros, ou meros passageiros o que se via por estas paragens eram olhares curiosos e estranhos a interrogar sob o significado e a magnificência deste outro extremo do mundo. Suas narrativas modelam as representações sobre as terras distantes e se impõem como gênero.

O fascínio pelo estilo da narrativa de viagens, verificado entre os séculos XVII e XIX presta-se a algumas observações. Por um lado devemos lembrar seu significado de domínio europeu sobre as terras do “outro mundo”, domínio este também intelectual, de apropriação e interpretação de um vasto universo já colonizado. Alexandre Von Humboldt, um dos mais proeminentes viajantes-cientistas reinventaria uma América do Sul para europeus e norte-americanos assim como para as elites da América meridional [4]. Seu relato serviria de inspiração para muitos outros que o seguirão. O gênero é representativo também da experiência moderna do individualismo. Nesse sentido é possível estabelecer uma relação de aproximação entre as narrativas de viagens do século XIX e a forma do romance moderno.

A narrativa marcada pelo olhar subjetivo, é definida pelas impressões, sejam elas apresentadas em cartas, crônicas ou relatos. A própria ascensão do romance, que representa em síntese, no dizer de Ian Watt, essa experiência individual e o relato da memória autobiográfica, busca no modelo da viagem a forma de expressão [5]. O que é senão impressão de um viajante o que nos descreve Defoe em Robson Crusoe? Vale lembrar também aqui que a relação não é unilinear. A experiência de Robson alimentou a imaginação de muitos viajantes reais e imaginários. [6]

Segundo nota filológica preliminar apresentada por Elena Rojas na edição de 1997, da coleção Arquivos da Unesco, as cartas que compõem o livro de Viagens foram publicadas pela primeira vez em Santiago do Chile em 1849, num primeiro tomo e em 1851 o tomo dois. Três anos depois, em 1854 sairia em Buenos Aires uma segunda edição e em 1886 uma terceira como parte das obras completas publicadas ainda em vida. Nessas reimpressões nenhuma alteração ou correção foi realizada por Sarmiento.

O livro está organizado como uma coletânea de cartas escritas aos amigos durante os dois anos (1845-1847) da viagem que começara no porto de Valparaiso no Chile e tinha como destino final a Europa.

O olhar deste viajante que não vinha do velho mundo “civilizado” é pouco conhecido do leitor brasileiro. Domingos Faustino Sarmiento passaria pelo Brasil, depois de ter atravessado Montevidéu e de ter vivido e evocado uma “aventura robinsoniana” na ilha de Más-a-Fuera [7].. A viagem, feita com o propósito de conhecer o sistema educacional primário na Europa por encomenda do governo chileno, e que, portanto teria no percurso do território americano, um caráter de fato “passageiro”, seria registrada em cartas escritas a amigos que deixara no Chile e Argentina. Nelas encontramos não somente anotações sobre a vida das cidades que conhecia, entre elas uma curta estadia no Rio de Janeiro em fevereiro de 1946, mas especialmente a elaboração de representações e a imaginação em torno do horizonte de construção das nacionalidades americanas.

Sarmiento é especialmente conhecido no Brasil por sua mais significativa obra, considerada um clássico do pensamento latino-americano - Facundo: civilização e barbárie, publicada em Santiago do Chile em 1845. Sua produção foi, entretanto, muito mais vasta e sua biografia compõe o perfil de um escritor e político polêmico. Se em breves linhas caracterizamos as feições deste intelectual, em primeiro lugar temos que ressaltar seu autodidatismo. Pertencente a uma família tradicional e empobrecida de San Juan, teria seu destino marcado pelas fatalidades históricas das lutas caudilhas na Argentina da primeira metade do século XIX. [8]

Na leitura de Facundo é possível destacar os autores que compunham o contexto cultural e ideológico desta primeira geração pós-independência. Da evocação a Tocqueville, passando pelas citações de abertura de cada capítulo, e os comentários realizados ao longo do texto, comparecem Humboldt, Maquiavel, Guizot, Victor Hugo, Victor Cousin, Raynal, Voltaire, Rousseau, etc. Assim como para Sarmiento, estes escritores e pensadores marcariam um grupo de intelectuais argentinos conhecidos como a Geração de 37. Organizados em torno da luta contra a arbitrariedade dos caudilhos, ou segundo estes, na luta pelo estabelecimento de uma res publica, pela construção da nação argentina, este grupo de liberais e sua atuação só pode ser compreendida no âmbito das lutas políticas entre unitários e federalistas. A elaboração de Facundo é parte deste debate sobre o projeto nacional argentino.

A situação privilegiada, tanto geográfica quanto economicamente, de Buenos Aires em relação às demais províncias e o domínio que esta exercerá sobre a região platina deve ser compreendido valendo-se da desorganização política e econômica causada pelas sucessivas guerras do período de independência. Buenos Aires, controlando as comunicações com além-mar e, dessa forma, também os ingressos alfandegários conseguiu impor um domínio muitas vezes contestado pelas Províncias del Rio de la Plata. As demais províncias, quando puderam recuperar-se da devastação das guerras já encontraram Buenos Aires monopolizando as rendas e buscando subjugar aos vizinhos. Se após a independência criou-se uma elite de políticos profissionais vinculados aos comerciantes de Buenos Aires, já a partir de meados da década de 1820 o investimento em terras e gados faz surgir um grupo social de proprietários rurais de grandes fortunas e poder local que aspiram ao controle político direto. Rosas será a figura emblemática desta nova organização de poderes [9]. Esta nova classe política, fazendo-se porta-voz do federalismo irá representar e dominar através dos poderes caudilhos.

Ao escrever Facundo, Sarmiento refaz o caminho das disputas locais e acaba por elaborar uma interpretação da nacionalidade argentina e também do caudilhismo. A ótica será a de um liberal pensando a política ou os caminhos de construção da esfera pública e do mundo da política. É por esta ótica que ele faz o apelo a Tocqueville, buscando espelhar-se e equiparar-se na tarefa de desvendar a política argentina. [10]

A importância de Tocqueville na interpretação de Sarmiento é central, atravessando a própria oposição civilização e barbárie. Não serão as poucas referências a América do Sul feitas por Tocqueville que marcariam a visão de Sarmiento sobre a Argentina, especialmente o modelo de análise da sociedade Norte-Americana e a apropriação do conceito de civilização para a interpretação da América. Vale a pena citar as palavras de Sarmiento:

“`A América do Sul em geral, e à República Argentina sobretudo, fez falta um Tocqueville, que munido do conhecimento das teorias sociais, como de barômetros, octantes e bússolas o cientista viajante, viesse penetrar no interior de nossa vida política como num campo vastíssimo e ainda não explorado nem descrito pela ciência, e revelasse à Europa, à França, tão ávida de fases novas na vida das diversas porções da humanidade, este novo modo de ser que não tem antecedentes bem demarcados e conhecidos”. [11]

Ainda em Facundo o olhar de Sarmiento é sobretudo o de um viajante. Neste livro de 1845 os cinco primeiros capítulos trarão a descrição dos aspectos físicos e dos costumes da Argentina. Há nele um estilo, um tipo de observação característico e devedor dos relatos dos viajantes europeus. Os sentidos do mundo americano vão originando-se a partir de analogias que refletem muito mais e, paradoxalmente, a imaginação de uma outra América.

A América: entre civilização e barbárie

A leitura dos principais ensaios e da literatura ibero-americana das primeiras décadas do século XX revela um dado não pouco significativo: a presença abrumadora da natureza. Carlos Fuentes, num estudo sobre a natureza em Rómulo Gallegos nos traça um interessante percurso do que ele chama um “problema clássico da origem da civilização: como responder ao desafio da natureza, ser com ela, mas distinta dela?” [12]. Ele mesmo trata de dar uma resposta a esta pergunta através de Canaima de Rômulo Gallegos. Segundo o escritor mexicano, a literatura ibero-americana do século XX, na qual a natureza é uma constante, apresenta o problema com base na perspectiva de uma natureza devoradora, em síntese, bárbara. A disjuntiva civilização-barbárie é representada por outra disjuntiva: história-natureza. E a história seria o primeiro passo na humanização da natureza. A história, neste sentido, está associada diretamente a idéia de civilização.

Se retomarmos as obras narrativas dos primeiros tempos da conquista veremos que representam uma tentativa de domínio desse novo espaço geográfico e dessa natureza do novo mundo. Crônicas e relações de viagens vão fundar uma tradição cujas expressões se estruturam mais organicamente com o nascimento da narrativa ibero-americana em princípios do século XIX. [13]

Nas primeiras décadas do século XX, quando ganha força na América Latina, o processo modernizador, aprofunda-se o afã de explicar esse mundo que, aos olhos da elite letrada formada pelos padrões europeus, parecia inexplicável [14]. Explicar esse mundo, em certo sentido significava domá-lo. O assombro que vinha dos primeiros navegadores em face do novo continente, perpetua-se na descoberta posterior de uma natureza ainda “bárbara” [15]. A pampa, o llano e o sertão aparecem como um desafio de dimensões metafísicas. A natureza é vista como hostil uma vez que está culturalmente vazia.

Esta discussão sobre a natureza no pensamento ibero-americano confunde-se com uma outra discussão muito mais ampla, que é a da identidade. Na literatura como na ensaística busca-se pensar a América Latina para definir sua identidade em contraposição a Europa. Neste sentido, a oposição entre civilização e barbárie esteve presente de maneira particular [16]. Já no final do século XVIII, quando os cientistas-viajantes europeus se deslocam pelo mundo, em específico pelo continente americano, definem e representam o território não-europeu, nos relatos científicos, ou nas narrativas sentimentais e impressionistas, como algo que foge a seus paradigmas. A catalogação desse novo mundo faz-se não apenas como espaço da natureza, desprovido de história, posto que o homem que aí vive é visto como parte dessa natureza, mas de sobremaneira como natureza exótica. [17]

Esta perspectiva que marca os valores europeus atinge a elite de letrados das recentes nações latino-americanas. Começa a surgir na América Latina um discurso que, procurando definir uma identidade, encontra sobretudo nos discursos científicos, os argumentos que pareciam capazes de dar conta de uma realidade distinta daquele mundo europeu e civilizado. Domingo F. Sarmiento inscreve-se entre estes homens para o qual analisar significava descrever, ordenar e classificar conforme as categorias das ciências modernas. Sarmiento inaugurava com Facundo: civilização e barbárie um tipo de análise que se tornaria referencia no pensamento latino-americano.

Emblemático, neste autor, seria a oposição civilização e barbárie. O dualismo partia de leituras determinadas. Tocqueville seria, mais uma vez, um caso explícito. A comparação entre a América do Norte e a América do sul e identificação de civilização ao mundo europeu serviria também de inspiração a Sarmiento.

“A Europa, entregue a si mesma, chegou por seus próprios esforços a transpassar as trevas da Idade Media; a América do Sul é cristã como nós; têm as nossas leis, os nossos costumes; encerra todos os germes das civilizações que se desenvolveram no seio das nações européias e de seus rebentos; a América do Sul tem mais que nós, o nosso exemplo, por que permaneceria sempre bárbara?” [18]

O binômio marcaria o pensamento latino-americano da segunda metade do século XIX. Sua constância e relevo, assim como o grau de generalidade nos conduzem necessariamente à análise de Norbert Elias, ao que ele chama de uma “sociogênese” do conceito [19]. No exame dos sentidos de civilização, N. Elias aponta para a existência de uma consciência que o Ocidente tem de si mesmo. Porém para cada nação do Ocidente o conceito de civilização tem significações distintas. Para ingleses e franceses a palavra é empregada para expressar o “orgulho pela importância de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade” [20]. Este significado torna-se mais obscuro e impreciso quando é utilizado para aludir a outras áreas que não às sociedades inglesas e francesas. Sua utilização nestas sociedades é feita, segundo Elias, para fazer referencia tanto a fatos políticos, econômicos, religiosos, morais, artísticos ou intelectuais. Dizem respeito também, com o adjetivo civilizado, às qualidades sociais das pessoas, sua educação formal, sua fala, suas roupas, etc. Civilização concerne também a uma idéia de progresso, um processo em permanente evolução.

De igual maneira a idéia de progresso nasce de modo explícito, nos primórdios da modernidade, assentada nas grandes descobertas científicas do século XVI. Primeiramente a idéia de progresso surge e se consolida no domínio científico. Somente no século XVIII ela se generaliza sendo utilizada seja para referir-se à história, filosofia ou economia [21]. Também a ele está associada a confiança na razão e num mundo governado por leis físicas e morais. O tema tornar-se-á dominante em fins do século XVIII consolidando-se, finalmente, como categoria essencial no século XIX.

Convém ainda realçar o estudo de Raymond William sobre os significados historicamente construídos da palavra civilização. A origem tanto de sua acepção em inglês e francês é encontrada no latim medieval cuja raiz seria civil ou civis e dizia respeito a cidadão. No século XVI, aproximadamente, teria sido usada em inglês com o sentido ampliado de ordeiro e educado. Segundo Williams já nos séculos XVII e XVIII começaria a ser usada a palavra civilidade com o sentido tanto de ordem social quanto de refinamento. Tratava-se de um estado e não ainda de um processo. Finalmente a palavra civilidade seria substituída, ainda no século XVIII por civilização trazendo o significado, como nos diz Williams (2007), de um processo e de uma qualidade adquirida. A história deste conceito é inequivocamente devedora da tradição do Iluminismo e seria incorporada no ideário das elites ilustradas da América Latina. [22]

O livro de Viagens

Composto de 11 cartas escritas a amigos diversos, apenas três estarão dedicadas aos vizinhos da América do Sul: a primeira falando de sua experiência robsoniana na ilha de Más-a-Fuera escrita em Montevidéu e datada de 14 de dezembro de 1845; uma segunda sobre Montevidéu escrita e datada nessa cidade em 25 de janeiro de 1846; e finalmente a terceira e ultima carta em território sul americano escrita do Rio de Janeiro em 20 de fevereiro de 1846. A estadia nessas cidades é passageira. Além das 24 horas em Más-a-Fuera, ficaria uma curta temporada em Montevidéu sitiada e de lá se dirigiria para a cidade do Rio de Janeiro, em que se instalaria durante dois meses até partir para a Europa.

Ao iniciar sua viagem Sarmiento acabava de publicar Facundo em folhetim, no jornal O Progresso de Santiago de Chile. A viagem originou-se de uma proposta do governo chileno para realizar uma análise de instituições de educação na Europa. Os desígnios assim como as polêmicas de Facundo orientam suas observações, particularmente quando se sublinha a dicotomia civilização e barbárie. A viagem tem um amplo sentido pedagógico. Representava um aprofundamento de sua formação como também era, a seu entender, um modo de buscar os meios capazes de superação da barbárie americana. Por outro lado o prólogo atribui um sentido claro a seu projeto, segundo suas próprias palavras as cartas dão a conhecer “o espírito que agita às nações, as instituições que retardam ou impulsionam seu progresso” [23].

A afirmação condiz com as idéias que propõe em O Progresso do Chile. Munido de imaginário liberal e formado pelo que Maria Odila chama de a ética do Século das luzes no qual a liberdade e a felicidade eram alcançadas através das ciências. [24]

Com relação a este transplante, entretanto, algumas observações devem ser colocadas. O complexo da ilustração iberoamericana é entendido a partir das reformulações Ibéricas e Americanas. Se seguirmos as indicações de Richard Morse, compreenderemos não tratar-se de um continuum no qual um pensamento tradicional é seguido por um moderno, mas de readaptações e remodelações que mais que nada conformam um mosaico. Aqui destaco que o uso que se faz do termo Iberoamérica diz respeito a um propósito: o de realçar a distinção da tradição Ibérica nas Américas, em relação a anglo-saxônica [25]. Nesta tradição tem relevo o ecletismo que, se como nos afirma o autor supracitado, em sentido amplo o ecletismo é comum a todos os sistemas de idéias, no caso espanhol, pela inexistência de uma situação revolucionária, seja política ou religiosa, prevaleceu o caráter de harmonização entre um ideário tradicional e o novo racionalismo. [26]

Na América, a impropriedade de um continente majoritariamente constituído por escravos e índios, aliados a um legado europeu incompleto, levantava especialmente no período de pós-independência, o dilema da conformação ou harmonização desta malsinada realidade. A interpretação desta dicotomia entre um mundo imaginado e a realidade disforme estaria expressa na disjuntiva civilização e barbárie que Sarmiento nos apresentaria na década de 1840.

Seguindo este sentido Sarmiento empreende, em sua viagem iniciática de 1845, um percurso em busca da utopia da civilização. Os primeiros dias da viagem, desde a saída do porto de Valparaiso até a chegada a Montevidéu, a primeira parada prevista, Sarmiento descreve uma natureza a desfazer os esforços da “arte humana”. O percurso que seria pela costa do Pacífico até o Cabo de Hornos, se realizaria não sem transtornos dignos de um aventureiro. Sarmiento, ao escrever a carta ao amigo Demetrio Pena, se pergunta sobre o que escreveria a respeito de uma viagem de Valparaiso a Montevidéu. Ao evocar a esperada quietude torna mais que nada saliente, pela oposição, o caráter pouco ordinário da experiência.

Os mencionados “incidentes” de uma viagem são apresentados como naturais, não obstante a advertência inicial de que “no mar o homem aprende a resignar-se ao destino e esperar”. A natureza é portadora de uma “vontade soberana”, fortes ventos retêm o barco durante dias na costa sul do Chile, ondas gigantescas levam o barco para fora de seu rumo, baleias enormes acompanhavam a travessia e ainda, nas proximidades da ilha de Chiloé um homem cai no mar sem que seja possível resgatá-lo. Todos estes eventos extraordinários para o leitor de hoje, são descritos como incidentes que não mudariam a qualidade pouco memorável da viagem não fosse a inusitada experiência na ilha de Más-a-Fuera, acentuada sob a inscrição de uma “experiência robinsoniana”. Claro está a necessidade de se fazer uma ressalva quanto aos recursos literários amplamente utilizados por Sarmiento, dando ao leitor uma idéia da insignificância de tais episódio. Sobretudo se lembramos que não seria estranho conjeturar que Sarmiento escrevia pensando num público leitor para além de seus confidentes amigos.

A descrição do desembarque na pequena ilha rochosa e o encontro com os quatro únicos homens que ali habitavam está repleta de expressões que denotam sensações de espanto e rejubilo de encontrar “seres racionais”. A descrição evoca a imaginação construída com a leitura de Robson Crusoé. É numa mansão “semi-selvagem” construída com restos de caixas, barris e outros utensílios deixados por naufrágios que Sarmiento, junto a outros homens, é recebido calorosamente pelos ilhéus que saudavam o dia feliz em que, segundo o autor das cartas, a Divina Providência lhes concedia a ventura de ver outros seres inteligentes. É interessante destacar aqui as palavras de Sarmiento:

“Ya ve que no sin razón nos venia a cada momento la memoria de Robinson; creíamos estar con él en su isla, en su cabaña, durante el tiempo de su dura prueba. Al fin lo que veíamos era la misma situación del hombre en presencia de la naturaleza salvaje (…)” [27]

Seguindo as indicações de Peter Burke, é com base nessas leituras que se cria uma expectativa que finalmente conduziu, orientou e induziu a interpretação do mundo americano [28]. O que torna singular os escritos de Sarmiento é o fato, não da viagem propriamente, mas da descrição dessa experiência especialmente por tratar-se de um homem sul-americano. É possível perceber através dele a força que o imaginário sobre a civilização, teve entre os homens ilustrados da América meridional. Sarmiento seguiu a risca um itinerário de opiniões já anteriormente demarcadas. Insistia em determinados temas e assuntos, assim como utilizava fórmulas e expressões recorrentes numa certa tradição de relatos de viagens que vinham desde o século XVI com os primeiros viajantes e chegava a seus contemporâneos como os relatos de viagens de Humboldt [29]. Pratt, chama atenção para a particular importância deste livro de viagens [30]. Se era comum, entre as elites americanas, realizar tal empreendimento cultural, o mesmo não se pode afirmar da elaboração de uma obra que, como Sarniento faz, reinventa a Europa para os americanos. Esta particularidade pode ser desdobrada ainda no significado paradoxal do olhar de um viajante americano sobre o continente que, não obstante seu, pareceria mais estranho e exótico do que aquele distante para o qual rumava.

Para nossa análise serão salientadas aqui as observações sobre o Rio de Janeiro com o objetivo de refletir a cerca de certa distância cultural que ele destaca a propósito do exotismo natural, percebendo desta maneira, a enfática retórica da “civilização” a contrapor-se a barbárie, evocando seu livro anterior, Facundo: civilização e barbárie.

A estadia de Sarmiento no Rio de Janeiro se passa entre os meses do verão. Sua carta será datada de 20 de fevereiro desse ano, e então se refere aos já vinte dias na cidade. É importante observar três características importantes em Sarmiento. O fato de ser viajante, estrangeiro e sul-americano. O sentido de viajante é, como acentua Moreira Leite diferenciador [31]. Seu olhar já estará informado pelo caráter temporário de sua estada e, portanto, por certa autonomia em relação aos lugares sociais e as dinâmicas de um mundo no qual está efetivamente de passagem; por outro lado a perspectiva de partida e, especialmente neste caso, o objetivo da viagem, não será desimportante na elaboração de suas percepções. Da mesma forma, o fato de ser estrangeiro e, portanto de ocupar um lugar específico nesse universo social, a maneira como será visto, as formas de relacionamentos e as pessoas com que se relacionará é determinada pelo fato de ser um estrangeiro. Nesse sentido, nota-se as referências que fará às pessoas que conhece no Rio de Janeiro. Além de Rugendas, será apresentado ao naturalista alemão Mr. König encarregado dos jardins do palácio de São Cristóvão, a Hamilton, encarregado de negócios da Inglaterra no Brasil, Dr. Sigaud, médico do Imperador, etc. Todos nomeados e identificados. Os distanciamentos são estabelecidos nesta diferenciação social. È ele visto e recebido como representante do governo chileno. Esta terceira e última característica, traz maiores singularidades. Não se trata de um representante da Inglaterra, França ou Alemanha, mas de um argentino exilado no Chile e que represente este país também sul-americano. A diferença dos muitos estrangeiros da Europa, sua missão que não deixa de ser científica, deve ser realizada no Velho Continente.

Suas primeiras observações são dedicadas à natureza. Sublinha-se o aspecto negativo. O medo, a tirania, a prostração indicam e introduzem o leitor nessa natureza bárbara que limita as faculdades físicas e morais do homem. O sol abrasador mutila a existência humana. Os raios do sol são agudos como flechas, cortantes como chuva de agulhas [32]. É esse sol dos trópicos que traz “a morte em vida dos corpos” e a “irritação do espírito”.

Entretanto a natureza é também extraordinária. Sarmiento passeava pelos arredores da cidade sentindo que suas faculdades não alcançavam para tamanha maravilha. O olhar aqui trata de trilhar e desvendar uma natureza totalmente desconhecida. Através da escrita ele se apropria e vai construindo um sentido para este percurso iniciático. O relato é também parte deste processo de viajar. [33]

A imaginação construída através de leituras, de uma viagem textual, informa a experiência das sensações dando a escrita plasticidade. Se a diversidade da natureza e da realidade social do Brasil, entre europeus representava um abismo cultural a ser transposto a partir de uma série de convenções, para um viajante sul americano estas distâncias deveriam ser menores. Entretanto não o é. O que é bastante singular em si tratando de um argentino que discursa contra o barbarismo de sua terra. O que denota a adequação do olhar ao arquétipo europeu.

As anotações se prolongam num tema central neste século, a questão da raça e da mestiçagem. A escravidão é condenada como sinal do atraso. É baliza da debilidade, de onde não há dinamismo. Existem escravos onde não há poderes enérgicos. É ela o recurso dos últimos países na escala do progresso civilizacional. É ela considerada um câncer desagregador, consentido pela moral pública. Sarmiento se detém ainda num comentário e reflexão sobre o mulato. “Raça viril” ele conserva o sangue ardente do Africano e os elementos de crânio da família européia. Diz ele:

“Me detengo sin quererlo sobre las brillantes cualidades morales de esta raza intermediaria entre el blanco, que se enerva en los climas ecuatoriales, i el negro, incapaz de elevarse a las altas rejiones de la civilización. Otra vez habia notado la predisposición constante del mulato a ennoblecerse, i su sentimiento esquicito del arte, que lo hacen instintivamente músico (…)” [34]

A passagem dá continuidade a uma idéia já presente no livro anterior, de uma visão poética da realidade americana, da luta imponente e grandiosa, repleta de recursos dramáticos que o europeu nem o africano alcançam. O mulato é a fibra do nacional. Sarmiento reproduz nesta carta a ambivalência de suas idéias, seja apontando o “caráter odioso e deformante das degenerações dos trópicos”, seja afirmando, extasiado, a grandiosidade do espetáculo da natureza. A melodia que Sarmiento evocava no Gaúcho cantor nascida do espetáculo da barbárie, de um mundo incompreensível, faz-se presente também na natureza tropical aludida. “Hai en la naturaleza tropical melodías inapercibibles para nuestros oidos”

Como um observador atento Sarmiento procura conhecer a geografia da cidade os bairros aristocráticos de Botafogo e Catete, “verdadero Saint-Germain de la nobleza estranjera, de la diplomacia, la finanza”. Em poucas passagens há uma identificação social dos lugares, das hierarquias e dos espaços sociais. De um lado está uma “aristocracia”, do outro as zonas da cidade central, de ruas estreitas e movimentadas pelo comércio.

Finalmente, Sarmiento detém-se na forma de governo que no Brasil se organiza. A ausência da República denuncia a carência de projeto político esclarecido, civilizatório. Ao aludir aos movimentos republicanos numa referência à Minas e São Paulo, recupera a idéia marcante de facundo: civilização e Barbárie, de denúncia do caudilhismo. Alimentando uma profunda desconfiança daqueles movimentos oriundos do interior, das províncias distantes da capital, numa evocação às disputas unitárias e federalistas da Argentina, Sarmiento acaba por fazer uma representação obliqua dos movimentos republicanos no Brasil.

“La República se ha mostrado en el Brasil embozada en el poncho i armada del lazo, equipaje semi-bárbaro, que no abona, sin duda, sus principios. Yo no comprendo la republica sino como la última expresión de la intelijencia humana, i me desconfio de ella cuando sale del interior de los bosques, de las provincias lejanas de la capital, del rancho del negro, o del espíritu de insubordinación de algún caudillo de jinete.” [35]

Tratei de demonstrar aqui as convergências entre as cartas e o livro de 1845 de Sarmiento. A perspectiva do narrador destas cartas expõe uma América que está em facundo, uma América mais que tudo imaginada, construída através do argumento da civilização a contrapor-se à barbárie. Seu ponto de vista está já construído e determina seu olhar sobre a paisagem e realidade humana que conhece antes de rumar para a Europa. É nesse sentido que a viajem contem um significado amplamente pedagógico. Ela confirmaria a problemática apresentada anteriormente. A poética barbárie americana representava um obstáculo para a construção do progresso, da civilização e não permitia a edificação de instituições políticas governadas pela soberania da razão.

É professora do Departamento de História Universidade Federal do Ceará (UFC)

FONTE: ESPÉCULO, revista de estúdios literários. Universidad Complutense de Madrid, nº47, marzo-junio, 2011.

Notas:
[1] Ginzburg, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo, Cia das Letras, 2007. E também do mesmo autor: Nenhuma ilha é uma ilha: quatro visões da literatura inglesa. São Paulo, Cia das Letras, 2004.
[2] Zilly, Berthold. barbárie, do Facundoa Os Sertões.2001. G gramsci e o Brasil. http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv157.htm
[3] Ibid.
[4] Pratt, M. Louise. Humboldt e a reinvenção da América, in: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4. n.8, 1991, p. 151.
[5] Watt, Ian. São Paulo, Cia das Letras, 1990, p. 14.
[6] “O romance é a forma literária que reflete mais plenamente essa reorientação individualista e inovadora. As formas literárias anteriores refletiam a tendência geral de suas culturas a conformarem-se à prática tradicional do principal teste da verdade: os enredos da epopéia clássica e renascentista, por exemplo, baseavam-se na História ou na fábula e avaliavam-se os méritos do tratamento dado pelo autor segundo uma concepção de decoro derivada dos modelos aceitos no gênero. O primeiro grande desafio a esse tradicionalismo partiu do romance, cujo critério fundamental era a fidelidade à experiência individual - a qual é sempre única e, portanto nova. Assim o romance é o veículo literário lógico de uma cultura que, nos últimos séculos, conferiu um valor sem precedentes à originalidade, à novidade."Ibid., p. 14.
[7] Javier Fernandez, “De Valparaíso a Rio de Janeiro”, in: Domingo Faustino Sarmiento, Viajes. São Paulo, ALLCA XX , 1997.
[8] Prado, Maria ligia Coelho, “Para ler o facundo de Sarmiento”, in: América Latina no século XIX: tramas, textos e telas.”. São Paulo, Edusp, 2004.
[9] Lynch, John. “A República do Prata da independência à Guerra do Paraguai”, in: Bethell, Leslie. História da América Latina. Da Independência até 1870. Vol. 3, São Paulo, Edusp, 2004, p. 647.
[10] Beired, José Luis Bendicho. História, São Paulo, USP, 22(2), 2003.
[11] Sarmiento, D. Faustino. Facundo: civilização e barbárie. Petrópolis, Editora Vozes, 1997, p. 48.
[12] Fuentes, Carlos. Valiente mundo nuevo. Épica, utopia y mito en la novela hispanoamericana. México,Fondo de Cultura Económica, 1990, p.106.
[13] Ainsa, Fernando. Identidad cultural de iberoamerica en su narrativa. Gredos, Madri, 1986.
[14] Larraín, Jorge. “Interpretaciones de la identidad latinoamericana” , in: J. Larrain, Identidad chilena. Santiago de Chile, LOM, 2001, pp. 49-81.
[15] Magasich, Jorge e Jean-Marc de Beer, América Mágica. Mitos y creencias en tiempos del descubrimiento del nuevo mundo, Santiago, LOM Ediciones, 2001.
[16] Campra, Rosalía. América Latina:La identidad y la máscara, México, Siglo XXI, 1982, p. 49.
[17] Op. Cit. Pratt, Mary Louise, p. 151.
[18] Tocqueville, A. A Democracia na América, Belo Horizonte, Itatiaia, 1977, p.310.
[19] Elias, Norberto. O processo civilizador. Vol. I. Uma História dos costumes. Rio de Janeiro, Zahar, 1994, p. 24.
[20] Ibid. , p. 24.
[21] Le Goff, Jacques. “Progresso e reação”, Enciclopédia Einaudi - Vol. I, Memória e História. Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1984, p. 338.
[22] Williams, Raymond. Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo, Ed. Boitempo, 2007.
[23] Sarmiento, Domingo F. Prólogos, Viajes. Edición crítica. Javier Fernandez (Coord.). Primeira reimpressão. Madrid, ALLCA XX, 1997, p. 5. Faço aqui uma tradução diretamente desta edição em espanhol, mantendo a grafia antiga. Daqui em diante será citado apenas pelo título.
[24] Dias, Maria Odila L. da Silva, “Aspectos da Ilustração brasileira”, in: A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo, Alameda, 2005.
[25] Morse, Richard. O espelho do próspero: cultura e idéias nas Américas. São Paulo, Cia das Letras, 1988.
[26] Ibid., p. 73.
[27] Viajes, p. 10.
[28] Burke, Peter. “O discreto charme de Milão: viajantes ingleses no séc. XVII.” In: Variedades de História Cultural. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006, p. 137-158.
[29] Ver Dossiê Brasil Viajantes, Revista da USP, n. 30, junho/julho/agosto/ 1996 e Mary Louise Pratt, Humboldt e a reinvenção da América, Estudos Históricos, vol. 4, n. 8, 1991.
[30] Pratt, Mary Louise. Op. Cit.
[31] Moreira Leite, Miriam L. Livros de Viagem (1803-1900). Rio de Janeiro, UFRJ, 1997, p 162.
[32] Viajes, p. 56.
[33] Martins, Luciana de Lima. O Rio de Janeiro dos Viajantes. O olhar britânico (1800-1850). Rio de Janeiro, Zahar, 2001, p. 29.
[34] Viajes, p. 59.
[35] Ibid. p. 67.

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