quarta-feira, 4 de maio de 2011

Chefe da segurança da ANP consta da agenda de Rosário

Capitão da reserva tem telefone citado na lista de contatos de sargento morto em atentado no Riocentro, 30 anos atrás

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. O nome e um dos telefones do capitão da reserva do Exército Wilson Monteiro Pino constam da agenda do sargento Guilherme Pereira Rosário, morto na explosão de uma bomba no fracassado atentado ao Riocentro, em 30 de abril de 1981. Pino é hoje o chefe da Segurança na Agência Nacional de Petróleo (ANP). O atentado pretendia forçar um retrocesso na abertura política do país.

O nome do capitão aparece na agenda do sargento Rosário escrito à mão ao lado do número 350.2043. O nome do capitão também está nos autos do inquérito aberto para apurar a responsabilidade pelo atentado. Ele está na lista de pessoas que seriam chamadas para depor. Mas, a exemplo de outras, Pino não prestou depoimento. Segundo o ministro Júlio de Sá Bierrenbach, primeiro relator do caso, as investigações foram manipuladas para proteger a cúpula militar.

Segundo um dos agentes que atuaram na repressão política, Pino era conhecido como "tenente Emerson", um dos mais influentes agentes do DOI (Destacamento de Operações de Informações), do I Exército, no Rio. Em 1982, ele foi agraciado com a Medalha do Pacificador pelo então ministro do Exército, general Walter Pires, por atos de bravura de 1974 a 1976 e em 1979.

O codinome tenente Emerson aparece num depoimento de Suely, viúva do sargento Rosário. Segundo ela, foi o tenente quem devolveu a ela as chaves do carro do colega morto pela explosão. Em abril de 1985, Pino foi chamado para o Gabinete do ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves. Seis anos depois, foi alçado para o Gabinete Militar da Presidência da República. Em 2004, se tornou chefe da Segurança da ANP. Procurado pelo GLOBO, Pino disse que não vê problema que seu nome apareça na agenda.

- Ele me conhecia. Qual o problema?

O capitão disse que os dois teriam se conhecido no Exército, mas negou que tivessem trabalhado juntos. Pino nega o planejamento do atentado e o codinome tenente Emerson.

- Não tenho que dar satisfação a ninguém.

Em reportagem da segunda-feira da semana passada, O GLOBO publicou erradamente que o nome citado na agenda de Rosário era Wilson Pina, em vez de Wilson Pino, que é o nome verdadeiro que consta do documento.

FONTE: O GLOBO

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