quinta-feira, 19 de maio de 2011

PMDB forma coligação de 18 partidos para reeleger Paes

O PMDB articula coligação de 18 partidos para reeleger, em 2012, o prefeito Eduardo Paes. A operação, a cargo do presidente estadual do partido, Jorge Picciani, tenta atrair para a base governista o PPS e setores do PSDB, bem como Índio da Costa, ex-deputado tucano, hoje no PSD. O plano é fazer da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim (PSDB), candidata a vice na chapa de Paes. O movimento reduz a oposição no Estado a duas siglas: DEM e PSOL. O ex-prefeito César Maia (DEM) se mostra resignado. "Com o FHC foi assim. Com Marcelo Alencar e Garotinho, idem. É a "desideologização" da política. Quem ganha atrai todos, ou quase, para o poder."

Paes costura aliança inédita de 18 partidos em apoio à sua reeleição

Paola de Moura

Rio - O PMDB do Rio costura novas alianças para garantir a reeleição, ainda em primeiro turno, do prefeito da capital, Eduardo Paes, e tranquilidade ao governo de Sérgio Cabral Filho. O presidente estadual do partido, Jorge Picciani, opera em duas frentes: tenta atrair para a coligação da base governista o PPS, partido que esteve aliado ao PSDB no Rio, pelo menos, nas últimas três eleições, e fazer da presidente do Flamengo, a vereadora Patrícia Amorim (PSDB), candidata a vice-prefeita na chapa de Paes. Além disso, o recém-nascido PSD já promete aliança total. Com isso, a base do governo teria 18 partidos aliados.

Só com Patrícia Amorim calcula-se que Picciani atrairia cerca de 300 mil votos para a chapa porque depois de passar por momentos difíceis no clube que dirige, ela vive momento de felicidade com a torcida flamenguista, depois de ganhar os dois turnos do Campeonato Carioca, levar Ronaldinho Gaúcho para o time e ainda entregar a camisa do Flamengo ao presidente americano Barack Obama.

Índio da Costa, responsável pela formação do PSD no Rio, confirma que está iniciando conversas com Picciani e o governador Cabral para apoiar o governo. "Queremos ajudar um governo que está dando certo, que tem a aprovação da população. Há um ponto ou outro que podemos discutir e propor melhorias, mas existe no Rio um círculo virtuoso de um governo que está funcionando. Não há porque fazer oposição por oposição", explica Índio.

Já no PPS, a adesão ainda não é unânime. Enquanto as lideranças negociam com o PMDB, outros setores são contra a união. "Eu tenho nove representações no Ministério Público contra a prefeitura. Sou contra a taxa de iluminação, a tentativa de transformar a administração dos hospitais em OS. Como vou agora me unir ao partido a que me oponho? As pessoas vão achar que eu sou louco", reclama o vereador Paulo Pinheiro, líder da bancada do PPS na Câmara dos Vereadores. Nesta semana o diretório estadual se reuniu e o impasse se manteve. Na próxima semana os líderes terão encontro com o governador.

Jorge Picciani afirma que não se trata de uma estratégia de reduzir a oposição. "Todo partido que busca uma candidatura majoritária procura reunir o maior número de partidos", explica. "Estamos fazendo este trabalho desde a eleição do governador. No primeiro turno da eleição de 2006, tínhamos 6 ou 7 aliados. No segundo, éramos 11 ou 12. Na última eleição foram 16", conta o ex-deputado. "O PPS tem um quadro bom, com nomes de peso". Picciani conta, no entanto, que com o PPS não estão sendo negociados cargos, mas admite que é natural que alguns partidos ganhem quadros no governo. "O PDT tem o Ministério do Trabalho, fica mais fácil se o secretário também for do partido."

A adesão vai além dos acordos. Até dentro da oposição oficial há deputados e vereadores que aderiram ao governo. Parte da bancada do PR na Alerj já enfrentou a fúria do ex-governador e deputado Anthony Garotinho por votar, na eleição da presidência da Assembleia, no candidato de Cabral, o deputado Paulo Melo. Deputados estaduais como Samuel Malafaia, Iranildo Campos e Roberto Henriques ameaçaram migrar para o PSD. O levante foi levado ao Conselho de Ética do PR e os deputados ameaçados de perder o mandato caso optassem pela migração. O único punido foi Iranildo Campos, que perdeu por um ano suas funções e prerrogativas partidárias, inclusive de líder de bancada. O grupo baixou a bola e não fala mais do assunto, por enquanto.

Quem permanece na oposição reclama da forma de se fazer política no Brasil. Chico Alencar, deputado federal do PSOL, diz que o sistema político só encarece a eleição e faz com que a máquina acabe atraindo ainda mais partidos fisiologistas. "No Rio, estamos vivendo um momento que une o fisiologismo chaguista ao populismo brizolista", reclama. "O Estado tem problemas na educação, na saúde e nos transportes. Mas existe um falso consenso. No fim, o eleitor perde a credibilidade de votar na oposição, principalmente quando ela não tem voz na campanha, porque as alianças se traduzem em dez minutos de propaganda na televisão da situação contra dez segundos da oposição".

No DEM, outro partido que se mantém na oposição, o ex-prefeito Cesar Maia é mais resignado com a base de Cabral e Paes. "Com FHC [o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso] foi assim. Com [o ex-governador] Marcello Alencar e Garotinho idem. É a desideologização da política. Quem ganha atrai todos, ou quase, para o poder", explica. "As eleições para o executivo são eleições entre personagens no Brasil. Pouco vale, além do tempo de TV, ter cinco ou 10 partidos apoiando".

Mesmo assim, Maia continua negociando a candidatura de seu filho, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) na mesma chapa de a filha de Garotinho, a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) para a prefeitura.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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