quarta-feira, 6 de julho de 2011

Base suspeita de fogo amigo de Dilma

Planalto pode ter facilitado denúncias contra setores que não estejam agradando

Adriana Vasconcelos, Gerson Camarotti e Maria Lima

BRASÍLIA. A base governista entrou ontem em estado de alerta diante das suspeitas, cada vez mais fortes, de que as denúncias que derrubaram quase toda a cúpula do Ministério dos Transportes teriam sido facilitadas pelo Planalto. A preocupação dos aliados é que essa forma de agir da presidente Dilma Rousseff - que fez limpeza rápida no segundo escalão da pasta - atinja outros assessores ou setores do governo que não estejam lhe agradando.

- Está todo mundo cabreiro, porque do mesmo jeito que corta a madeira corta o machado - avaliou um dos aliados da base.

Acuada nos seus primeiros seis meses de governo por sua base parlamentar, que lhe impôs derrotas e a chantageou para dobrar o governo, Dilma estaria disposta a mudar de estratégia para obter o que quer. No Senado, sob o comando do PMDB, a base busca neutralizar futuras investidas do Planalto contra outros ministros; de forma velada, ameaça reabrir as investigações sobre os aloprados petistas. Isso poderia se viabilizar com a aprovação de um requerimento de convocação do petista Expedito Veloso, que teria confirmado à revista "Veja" o envolvimento do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na fabricação de um falso dossiê contra o tucano José Serra, na campanha pelo governo de São Paulo de 2006.

No PR, partido do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o receio de que uma revelação mais bombástica agrave a crise levou setores da cúpula do partido a tentar convencer o secretário-geral e presidente de honra da legenda, deputado Valdemar Costa Neto (SP), a sair de cena imediatamente. Assombra integrantes do PR uma suposta gravação comprometedora entre Valdemar e empresários.

Um dos assessores de Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Dnit, contou que um empresário teria gravado uma reunião sob o comando de Valdemar com representantes de 15 empresas de consultoria interessadas em participar de negócios com o órgão. Segundo esse assessor, essa gravação seria bastante comprometedora e faria um "estrago" se viesse a público.

- Fomos informados de que um desses empresários, que teve a proposta vetada, gravou a reunião e as ordens dadas por Valdemar. Se essa gravação for divulgada, vai ser uma bomba - disse um dos integrantes do PR que participaram ontem de reunião com Nascimento.

FONTE: O GLOBO

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