domingo, 31 de julho de 2011

Congresso da SBS homenageia grandes nomes da Sociologia Brasileira

Celi Scalon, presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, entrega gravura de Denise Roman ao sociólogo Luiz Werneck.

Professores, pesquisadores e estudantes lotaram o Centro de Convenções de Curitiba na noite dessa terça-feira (26) para a cerimônia de abertura do XV Congresso Brasileiro de Sociologia, que acontece até sexta-feira em salas, auditórios e em uma tenda armada no pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. O evento – o mais importante da Sociologia no Hemisfério Sul – foi oficialmente aberto pela presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, a professora Celi Scalon. “Com 62 anos de história, a SBS acompanha de perto todos os movimentos da Sociologia, vivenciando suas permanentes mudanças. Daí o tema geral deste Congresso: ‘Mudanças, Permanências e Desafios Sociológicos’, observou.

“É a primeira vez na história da nossa universidade, que em 2012 completa cem anos, que sediamos o Congresso mais importante da Sociologia brasileira. Desejo que vivamos esses dias como se vive uma festa”, declarou José Miguel Rasia, professor da UFPR e presidente do comitê organizador do evento.

Para o Departamento de Sociologia da UFPR, sediar a 15ª edição deste evento que reúne bienalmente os mais importantes sociólogos do Brasil e do exterior tem simbologia especial. “Com mais de 60 anos de existência, a SBS é uma jovem senhora. Esta edição representa um rito de passagem, da adolescência para a vida adulta”, disse Ana Luisa Sallas, professora da UFPR e secretária geral da SBS. Segundo ela, o grande número de trabalhos inscritos nas sete conferências, 31 mesas-redondas, 32 grupos de trabalho, quatro fóruns e sete sessões especiais vão possibilitar um intercâmbio de ideias, conhecimentos e múltiplos modos de interpretar o presente.

Também participaram da mesa o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, e o vice-reitor, Rogério Andrade Mulinari. “Vibro quando vejo a universidade cheia, mesmo nas férias. Uma universidade cidadã tem o papel de servir de casa para debates como esse”, disse o reitor, agradecendo a compreensão de parte dos funcionários que trabalharam no evento mesmo durante a greve da categoria.

Homenagens – Os momentos mais emocionantes da abertura do Congresso aconteceram durante a entrega do prêmio Florestan Fernandes para os sociólogos Maria de Nazareth Baudel Wanderley, da Universidade Federal de Pernambuco, e Luiz Werneck Viana, da PUC-Rio. Impossibilitada de participar do evento, Heloísa Fernandes, filha do renomado sociólogo que dá nome ao prêmio (criado em 2003 pela SBS e que já premiou personalidades como o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso), enviou uma carta em que parabeniza Maria Nazareth por seus conhecimentos e seu trabalho com o mundo rural. Na carta, Heloísa Fernandes parabenizou Luiz Werneck Viana, saudando-o por “se manter um sociólogo socialista, como Florestan”.

Luiz Werneck Viana também recebeu um presente especial: uma gravura da artista paranaense Denise Roman. Rompendo o protocolo e para evitar – em suas próprias palavras – “o tom de comício”, o sociólogo fez um discurso improvisado. “Essa homenagem, no ano em que completo 72 anos, surge como mais um acidente nessa minha vida tão acidentada”, brincou, relembrando sua trajetória intelectual, intimamente relacionada aos principais momentos históricos recentes do país, como a ditadura militar e a redemocratização.

Werneck ressaltou a importância da Sociologia em um momento em que o país vive um crescimento econômico questionável. “Há um desejo de projeção do capitalismo brasileiro no mundo. Mas queremos entrar nesse festim? Solidariedade e fraternidade são valores da tradição brasileira que vêm sendo erodidos por essa lógica da economia. A sociedade não pode ser prisioneira de um mundo sistêmico, cuja lógica passa longe de seus valores.”

Em seu discurso, Maria de Nazareth Baudel Wanderley – doutora em Sociologia pela Universidade Paris X (Nanterre) -, lembrou que o sociólogo precisa “conhecer para reconhecer”. “Foram os contatos com as pessoas no campo que construíram meu caminho, a eles devo o enriquecimento, sobretudo, da minha experiência humana”, lembrou a professora pernambucana, que tem diversos livros publicados sobre Sociologia Rural. Ao concluir seu discurso, alertou: “O sociólogo faz da linguagem tomada de consciência e aumento de lucidez.”

15º Congresso Brasileiro de Sociologia. Realizou-se de 26 a 29 de julho, na Reitoria da Universidade Federal do Paraná.

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