quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dnit foi todo loteado por partidos nos estados

As 23 superintendências do Dnit nos estados foram loteadas entre partidos aliados desde o governo Lula, sendo que 12 delas ainda estão nas mãos do PR do ex-ministro Alfredo Nascimento. O superintendente de São Paulo, Ricardo Rossi Madalena, já foi condenado e cumpriu pena por desvio de cimento. No Rio, Marcelo Cotrim Borges é indicação do PR paulista

Dnit é loteado entre partidos nos estados

Superintendentes apadrinhados de diversos parlamentares aliados começarão a ser exonerados

Maria Lima

BRASÍLIA. Depois de comprar briga com o comando do PR ao fazer degolas no Dnit e no Ministério dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff deve azedar a relação também com parlamentares que apadrinharam os dirigentes do órgão nos estados. Na próxima semana devem começar exonerações de superintendentes do Dnit que estão sob investigação e com problemas de gestão, e os padrinhos políticos desses gestores já manifestam insatisfação.

O Planalto já identificou que todas as 23 superintendências têm afilhados políticos em seus comandos, mesmo quando os dirigentes são técnicos, sendo que 12 são apadrinhados do PR. Mas as intervenções poderão ter como seus primeiros alvos indicados pelo PT, para não parecer perseguição ao PR.

Para dar legitimidade ao processo de trocas nas superintendências, a presidente Dilma determinou que as ações incluam, por exemplo, o superintendente em Santa Catarina, João José dos Santos, indicação da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Há suspeitas de irregularidades nas obras de rodovias que ligam Santa Catarina ao Rio Grande do Sul.

Deve cair também o superintendente do Dnit no Rio Grande do Sul, Vladimir Casa, ligado ao PT e colocado no cargo por Hideraldo Caron, que, sob pressão do PR, se demitiu da diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Dnit.

No caso do PR, as mudanças devem atingir afilhados de líderes regionais do partido como o próprio ex-ministro Alfredo Nascimento no Amazonas; o deputado Inocêncio Oliveira em Pernambuco; o deputado Sandro Mabel em Goiás, e o deputado Wellington Roberto, na Paraíba.

O superintendente em Goiás é Alfredo Soubihe Neto, casado com prima de um desafeto de Valdemar Costa Neto, o deputado Sandro Mabel, que o indicou para o cargo. Mabel disse que Soubihe é supercompetente e não vê razão para sua saída do órgão. Sobre investigações do TCU em três obras do Dnit goiano, disse que são coisas normais.

Em Pernambuco, o comandante do Dnit no estado é Divaldo de Arruda Câmara, indicação política do deputado Inocêncio Oliveira. Após a veiculação de notícias sobre investigação do Ministério Público de escândalos envolvendo o Dnit pernambucano, Inocêncio chegou a confidenciar a interlocutores sua intenção de deixar a política se Divaldo fosse afastado. Políticos locais informam que ele estaria inconformado .

- Divaldo tem 35 anos de carreira na área e reputação ilibada. Mas, se a presidente Dilma resolver mudar e tiver alguma coisa errada, ela tem a prerrogativa. Não vou interferir - disse Inocêncio, por meio de sua assessoria.

No Amazonas, o superintendente do Dnit é braço de Alfredo Nascimento: Afonso Lins foi assessor do ex-ministro por três anos nos Transportes. Nascimento foi procurado, mas não deu retorno.

- A faxina de Dilma tem que chegar ao Dnit do Amazonas, que é totalmente controlado por Nascimento - cobra o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), adversário local do ex-ministro.

Na Bahia há o exemplo de um técnico com padrinho político. O dirigente local é José Lúcio, que foi indicado pelo ex-senador Cesar Borges (PR).

Em Minas, a indicação também é do PR: Sebastião Donizete de Souza, que assumiu o cargo depois da queda de seu antecessor, Fernando Guimarães Rodrigues, acusado de usar dinheiro público para favorecer apadrinhados.

O superintendente do Dnit no Paraná, José da Silva Tiago, é homem de confiança do ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot e um dos que têm a situação mais delicada: é investigado por TCU e CGU por sobrepreço em obras. No Mato Grosso, também da cota de Pagot, já caiu o superintendente Nilton de Brito, acusado de favorecer a empresa do irmão, o engenheiro Milton de Brito.

FONTE: O GLOBO

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