quinta-feira, 28 de julho de 2011

Governo age e dólar tem maior alta em um ano

O governo anunciou ontem medidas para inibir a especulação com o dólar. As operações ficarão mais caras, pois quem fechar novos negócios com derivativos e elevar sua posição acima de US$ 10 milhões recolherá 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O primeiro efeito do pacote foi conter a queda da moeda americana, que teve alta de 1,3% -a maior em um ano- e atingiu R$ 1,557

Dólar tem maior alta do ano após novas medidas

Moeda americana sobe 1,3% com criação de imposto para derivativos, mas efeito no longo prazo é incerto

Decisão do governo pode inibir especulação, mas aumentará custos para exportadores e empresas endividadas

BRASÍLIA, SÃO PAULO, RIO - O governo anunciou ontem novas medidas para inibir a especulação com o dólar no mercado financeiro, em mais uma tentativa de combater os efeitos negativos da enxurrada de dólares que atinge a economia brasileira.

As medidas afetam o mercado de derivativos, instrumentos financeiros que empresas e investidores usam para se proteger contra variações inesperadas na taxa de câmbio ou simplesmente para especular com o dólar.

O primeiro efeito das medidas foi conter a queda do valor da moeda americana, cuja cotação no mercado brasileiro subiu ontem 1,3% e atingiu R$ 1,557. Foi a maior alta observada em um ano.

Mas o impacto das medidas no longo prazo ainda era considerado incerto ontem. Uma das únicas certezas era que elas aumentarão os custos que as empresas têm para evitar perdas em seus contratos de exportação e com dívidas contraídas no exterior.

O governo anunciou que passará a cobrar 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em novas transações feitas por investidores que tiverem mais de US$ 10 milhões em negócios no mercado de derivativos e quiserem aumentar suas apostas.

Ao apresentar as medidas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a alíquota do novo imposto poderá ser elevada para até 25% se o governo julgar necessário. "Vamos tirar rentabilidade da especulação", afirmou.

O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que as medidas trarão custos para os exportadores, um dos principais motores da atividade econômica no país hoje. Mas disse que esses custos poderão ser compensados se a queda do valor do dólar for contida.

O dólar barato ajudou o governo a conter a inflação nos últimos meses, barateando produtos importados que competem com mercadorias nacionais. Mas ele torna as indústrias exportadoras menos competitivas no exterior.

O governo adotou diversas medidas nos últimos meses para conter a entrada de dólares no país, taxando aplicações financeiras e empréstimos externos de curto prazo, mas não conseguiu evitar a valorização do real em relação à moeda americana.
Muitos investidores driblaram as restrições impostas pelo governo e continuaram trazendo dólares para aplicar no Brasil, que é hoje um país atrativo para os investidores por pagar taxas de juros muito superiores às encontradas nos EUA e na Europa.

INTERVENÇÃO

Operadores do mercado de câmbio disseram que as medidas anunciadas ontem dificilmente mudarão isso, mas poderão coibir operações financeiras mais arriscadas como as que muitas empresas teriam feito para lucrar especulando com o dólar.

Muitos investidores se assustaram com o poder que as medidas dão ao governo para intervir de maneira agressiva nos negócios com derivativos. "A medida autoriza uma ampla intervenção no mercado", disse Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que as novas medidas têm o objetivo de garantir a estabilidade financeira do país e não afetarão os investimentos estrangeiros no setor produtivo, que atingiram nível recorde nos últimos meses. "O Brasil continua sendo receptivo a investimentos estrangeiros", afirmou.

E EU COM ISSO? MESMO SE SUBIR, DÓLAR AINDA ESTARÁ BARATO

Se as medidas surtirem efeito, o dólar poderá voltar a subir. Essa alta não encarecerá as viagens ao exterior e o preço dos importados. A trajetória do dólar no mundo é de baixa. Quem precisa pode comprar em pequenas frações: se a moeda subir, a pessoa terá comprado parte do que precisa com preço bom; se cair, ainda poderá adquiri-la por valor atraente.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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