sexta-feira, 22 de julho de 2011

O desejo pelo poder::: Odete Bezerra

A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.(Hanna Arendt)

No princípio a luta pelo poder era decidida por quem possuía força muscular, substituída em seguida pelo uso de equipamentos e de acordo com as habilidades de quem as manuseavam, depois das armas chegou a vez do uso do intelecto. Agora o intelecto luta entre suas instâncias internas.

Quando seu desejo encontra o objeto amado faz seu investimento para conquistar aquele bem precioso, a luta que se segue foge ao seu controle, o indivíduo necessita usar seu instinto de destrutividade para não perder o objeto ade desejo. Essa correlação entre poder e violência e o desejo de dominar é o processo que nos faz criar o MODELO DO JOGO que nos leve ao poder.

Na política quando o desejo de poder torna-se um vício, convida-se a cobiça e a inveja como principais protagonistas dessa luta, passando para a instância do ser individual. Cria-se assim o modelo e as regras para o jogo. Essas regras dependem do grau de narcisismo da pessoa que está com o poder, pois esse poder deve preencher suas necessidades para se sentir valioso, querido ou importante. Conforme a dificuldade de manter o poder aumenta entra em ação a ansiedade que é sentida como um medo de ser aniquilado.

O poder desta destrutividade dentro do indivíduo o faz perder sua condição de sujeito que ama e de agregação, integração e ganha um caráter destrutivo, uma união que se organiza para o mal.

O mal existe? Sim, mas não tem interesses, mas sua existência precisa ser neutralizada para que abra espaço para a vida se desenvolver e o poder ser usado de forma criativa e integradora.

Despertar a consciência para as regras que criamos poderá nos levar a caminhos mais saudáveis dentro do processo de realização pessoal.

Há que se ensinar as pessoas que o exercício do poder público é um meio de exercer a cidadania, o ideal é que o prazer pessoal esteja em exercer a cidadania.

Odete Bezerra é da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS, dirigente do PPS-RN, psicanalista e economista.

Nenhum comentário: