segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Governo segue FHC e busca nova classe média


Dilma abre hoje seminário sobre grupo social que, em 2014, representará 57% do eleitorado; preocupação é não deixar que avanços sejam perdidos

Marta Salomon

BRASÍLIA - Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu que a oposição deveria voltar a atenção para a nova classe média, quatro meses atrás, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco, provocou seu antigo chefe: "Já cuidamos disso aqui." Na semana passada, ele ironizou: "A nossa sorte, no governo, é que ele está cercado de pessoas que não o compreendem."

A chamada "nova classe média" do País representará 57% do eleitorado em 2014, votos suficientes para definir a sucessão de Dilma Rousseff, e detém a maior fatia do mercado de consumo, alega o ministro da SAE, fascinado com as pesquisas que encomendou. "Nosso futuro está ligado a ela, não tenho dúvida", arrisca Franco. Foi com essa disposição que ele organizou o seminário "Políticas Públicas para a Nova Classe Média", que começa hoje, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff abrirá os trabalhos.

A prioridade do debate é buscar formas de impedir o retorno do grupo à pobreza e impedir que se reduza o crescimento da população nessa faixa de renda. Desde 2003, ele foi de 46,57%.

Se o peso dos votos dos emergentes é claro, o peso do bolso não fica atrás. No cenário econômico, eles também ganharam a posição de protagonistas. Segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a classe média já concentra 46,24% do poder de compra dos brasileiros, à frente dos consumidores das classes A e B, com 44,12%. Diferentes metodologias calculam entre 104 milhões e 105,5 milhões o número de integrantes da classe média - algo entre 53,9% e 55% da população do País.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), pertencem à classe média os brasileiros com renda familiar mensal entre R$ 1.200 e R$ 5.174. O Data Popular, instituto de pesquisa dedicado ao tema, considera da classe média quem tem renda mensal entre R$ 323 e R$ 1.388 por pessoa da família, ou renda domiciliar de R$ 2.295.

"A popularização da internet e a educação funcionam como travas contra o risco de empobrecimento dessa população", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular, um dos palestrantes. Para outro, Márcio Pochmann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o destino da classe média dependerá do modelo de desenvolvimento adotado. Ele defende investimentos em inovação tecnológica e geração de empregos de melhor qualidade.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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