quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ideli defende Novais e fala em armação da imprensa


Planalto e PMDB saem em defesa do ministro e peemedebistas jogam a responsabilidade para o PT de Marta

Adriana Vasconcelos, Gerson Camarotti e Maria Lima
BRASÍLIA. Surpreendido pela operação da Polícia Federal no Ministério do Turismo, o PMDB só respirou aliviado ontem quando soube que o motivo da ação seria um convênio de R$4 milhões assinado em 2009, ou seja, antes de o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) assumir a pasta. Mas, antes disso, cobrou explicações do Planalto, de manhã, por não ter sido avisado previamente. Coube à ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, acalmar os peemedebistas defendendo publicamente Novais e dizendo até que ele é vítima de armação da imprensa, apesar de a operação ter sido feita pela PF e autorizada pela Justiça.

- Até onde sabemos a operação teve como origem um convênio de 2009, portanto, o ministro não teria tido qualquer participação - disse Ideli, antes de se reunir com a bancada do PMDB no Senado, à tarde.

As declarações de Ideli corroboraram o que alguns caciques peemedebistas já alertavam desde cedo: que a Operação Voucher poderia comprometer muito mais o PT do que o PMDB, pois envolvidos no escândalo seriam ligados à senadora petista Marta Suplicy (SP), ex-ministra da pasta. O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), foi um dos primeiros a dividir com os petistas a responsabilidade pela crise no Turismo.

- Esse convênio que deu início à investigação é de 2009, quando o PMDB nem administrava a pasta ainda. O secretário-executivo pode até ter sido indicado pelo ministro, mas cada um tem o seu CPF. O PMDB é uma instituição gigantesca, e não é porque houve problema com uma ou duas pessoas do partido que vamos ficar todos comprometidos - argumentou Raupp, lembrando que em passado recente 40 pessoas foram denunciadas, referência indireta ao escândalo do mensalão.

- O PMDB está de passagem nesta crise. O ministro sequer é suspeito - emendou o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL).

Constrangido com o episódio de desvio de emendas no Amapá, sua base eleitoral, e com o fato de ser padrinho político do ministro do Turismo, Sarney não participou da cerimônia do Supersimples, no Planalto, assim como o vice-presidente Michel Temer. Na chegada ao Senado, Sarney defendeu Novais, mas negou que o tivesse indicado:

- O ministro não foi indicação minha, mas da bancada da Câmara. Mas, pelo que conheço dele, trata-se de um homem que tem uma reputação ilibada.

Com o aval do Planalto, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), anunciou que Novais permaneceria no cargo:

- Lógico que fica, vai sair por quê? O que o Pedro Novais tem a ver com isso? Se houve algum procedimento irregular, foi em Macapá, onde o recurso pode não ter sido repassado corretamente para a atividade fim que deveria.

Diante da irritação e das cobranças da cúpula peemedebista, que acusava o governo de não ter alertado o partido, Ideli apelou para um argumento que acabou aumentando o constrangimento e irritação de alguns. Primeiro, ela disse que nem mesmo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sabia da operação da PF. Ninguém acreditou. Depois, ela tentou atribuir a uma armação da imprensa a tentativa de desmoralizar Novais:

- Eu sinto muitas saudades do ministro Palocci, ele faz uma falta imensa ao governo. Mas foi vítima de uma armação da imprensa e o mesmo está acontecendo agora com o ministro Pedro Novais.

Antes de ir embora da reunião com o PMDB, Ideli pediu o apoio da bancada e ressaltou que o mais preocupante neste momento é a crise internacional. Hoje, Dilma reúne o Conselho Político, formado por presidentes e líderes de partidos aliados, para discutir a crise financeira.

- Não podemos perder esse foco, pois precisamos blindar o Brasil, nossos empregos e o bem-estar da população.

FONTE: O GLOBO

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