quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Conversão :: Valdo Cruz

Dilma Rousseff não vai defender publicamente a criação de um novo tributo para financiar a saúde, mas está convencida de duas coisas: não basta apenas melhorar a gestão, o setor precisa de mais recursos; e uma das soluções pode ser a velha CPMF.

Difícil não concordar que a saúde pública brasileira necessita de mais verbas. Basta ler o noticiário sobre o estado deplorável de hospitais que atendem a parcela menos privilegiada da população.

Questionável, porém, a tese de que é necessário aprovar um novo tributo para bancar a conta. Trata-se do caminho mais fácil para os governantes de plantão, mas com certeza não é o melhor para a economia brasileira.

O ideal seria rediscutir o tamanho do Estado, fora de cogitação num governo Dilma. Ou reduzir alguns gastos federais, como subsídios do Tesouro para bancar certos negócios empresariais de discutível prioridade -algo também fora dos planos presidenciais.

Voltamos, então, à saída que pode vingar caso o Congresso decida elevar os gastos com saúde na votação da emenda 29: aumento de impostos, possivelmente a criação da CSS, a velha CPMF.

Dilma, segundo sua equipe, converteu-se à ideia diante da crise global. Diz que os próximos anos vão exigir rigor fiscal, não havendo espaço no Orçamento para mais gastos sem novas fontes de receita. E porque foi informada que as outras alternativas não bancam, nem de longe, a conta.

Subir carga tributária de bebidas e do seguro de automóveis estará na proposta, mas não resolve. Royalties do pré-sal serão usados, mas só no futuro. O dinheiro começa a entrar só depois de 2015.

Resumindo: apesar das promessas eleitorais, o contribuinte pode pagar a conta. Sua chance de escapar está na estratégia governista de não bancar oficialmente a ideia. A base aliada pode muito bem não querer arcar com o desgaste, ainda mais em véspera de eleição.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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