quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Metalúrgicos de SP param e pedem aumento real maior a montadoras

Greve atinge GM. Em Honda, Toyota e Mercedes estão em estado de greve

Paulo Justus e Wagner Gomes

SÃO PAULO. Depois de dez dias de folga para ajustar seus estoques, os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos (SP), no interior paulista, decidiram ontem entrar em greve por 24 horas. Na unidade da GM de São Caetano do Sul, no ABC paulista, os empregados pararam a produção por duas horas e decretaram estado de greve. O mesmo aconteceu nas fábricas da Honda, da Toyota e da Mercedes, na região de Campinas. As paralisações e a ameaça de greve foram a reação dos metalúrgicos paulistas à proposta de reajuste salarial apresentada pelas montadoras, de aumento real de 2%, que somados à correção da inflação, chega a 9,4%, além de abono de R$2 mil.

- A proposta foi rejeitada por estar longe dos 17,4%, ou 8,5% de aumento real, que a categoria pede. Não aceitamos acordo inferior aos 4,5% de aumento real do ano passado. - disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, onde os trabalhadores decidiram cruzar os braços logo na entrada do primeiro turno da fábrica, às 6h.

Hoje, os metalúrgicos da GM aproveitam o feriado para protestar contra a proposta da montadora. Após a greve relâmpago, ontem à tarde a GM convocou nova rodada de negociações para amanhã, às 9h, segundo o sindicato. Caso seja apresentada uma nova proposta, ela será votada em assembleia no sábado. Os metalúrgicos de montadoras têm data-base em setembro no estado de São Paulo.

Em São Caetano do Sul (SP), a produção foi interrompida por duas horas na tarde de ontem, quando foi aprovado o estado de greve. O trabalhadores deram 72 horas para a empresa apresentar uma nova proposta. Caso isso não ocorra, entram em greve por tempo indeterminado.

- Queremos construir um aumento acima de 10% - disse Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul.

Em Campinas (SP), o sindicato também decretou estado de greve e paralisou por uma hora a produção das três montadoras com fábricas na região: Toyota, Mercedes-Benz e Honda. O presidente da entidade, Jair dos Santos, diz que a categoria vai decidir em assembleia segunda-feira se entra ou não em greve. Eles reivindicam aumento real de 8,5%.

Em Santos, os metalúrgicos também entraram em estado de greve, depois que as fabricantes de autopeças da cidade ofereceram reajuste real de 0,84% para os trabalhadores. Uma assembleia, também na segunda-feira, decidirá se haverá greve. O mesmo ocorre em Limeira (SP), que com Santos, São José dos Campos e Campinas reunirá os trabalhadores no fim de semana para avaliar as propostas dos empregadores.

Mas não só as montadoras estão pondo o pé no freio. A LG confirmou a demissão de 200 empregados de sua fábrica de celulares em Taubaté, no interior de São Paulo. A empresa informou ainda que outros 800 funcionários da unidade entraram em licença remunerada e só voltam ao trabalho na segunda-feira. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Isaac do Carmo, disse que mais de um milhão de celulares estão estocados na fábrica.

Segundo ele, a empresa vendeu 840 mil unidades em agosto, abaixo da previsão de comercialização de 1,2 milhão.

Duas empresas que fornecem peças para a LG - a Blue Tech e a Sun Tech -, também ameaçam demitir. Parte dos trabalhadores está em férias remuneradas e retornaria ao trabalho em 1º de setembro, mas agora ficarão em casa até sexta-feira.

FONTE: O GLOBO

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