domingo, 4 de setembro de 2011

Oposição tenta ajustar discurso

BRASÍLIA. A faxina ética deflagrada pela presidente Dilma Rousseff provocou estragos não só em sua base parlamentar como também na oposição, que vem patinando diante da crise instalada dentro do governo. Na tentativa de unificar o discurso pelo menos dos tucanos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) entrou em campo.

Numa conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vinha sugerindo o apoio às ações de Dilma no combate à corrupção e fez um apelo para que o PSDB desistisse da estratégia de instalar uma CPI para investigar as denúncias no governo, Aécio conseguiu convencê-lo a rever sua postura. Mas não foi o suficiente para apaziguar os demais partidos oposicionistas que se irritaram com a postura de FH.

Fernando Henrique recuou em sua crítica à iniciativa da oposição de criar a CPI Mista da Corrupção diante dos argumentos de Aécio de que a faxina ética teria se transformado em peça de marketing do governo e já foi freada diante da pressão dos partidos aliados. Mas, para evitar que os tucanos sejam acusados de estar tentando tirar a governabilidade de Dilma, ao pressionar por uma CPI, Aécio e FH decidiram propor um pacto em favor das reformas consideradas essenciais para o país. A oferta, porém, não foi bem recebida pelo presidente nacional do PPS, deputato Roberto Freire (PE), que considerou que a iniciativa "beira o adesismo".

Setores da oposição têm considerado discreta a atuação de Aécio no Senado e cobram postura mais crítica em relação ao governo. Mas o mineiro teme que postura muito agressiva, neste momento, possa comprometer seus planos de disputar a sucessão presidencial de 2014. Ele já tem admitido nos bastidores ajustar seu discurso.

No Congresso, a atuação da oposição tem oscilado. PSDB, DEM e PPS têm batido cabeça nas convocações de ministros envolvidos em denúncias. A apatia da oposição é evidente. No depoimento do ministro do Turismo, o peemedebista Pedro Novais, no Senado, por exemplo, só dois oposicionistas compareceram, e um deles sequer ficou para escutar as respostas do depoente. (G.C.)

FONTE: O GLOBO

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