sábado, 29 de outubro de 2011

Apoio do brasileiro à democracia diminui, revela levantamento

Pesquisa feita por ONG chilena mostra que queda no índice do país é maior do que média latino-americana

Estudo também mostra que a reeleição é vista com bons olhos na América Latina, com aprovação de até 77%

Sylvia Colombo

BUENOS AIRES - O índice de apoio dos brasileiros à democracia diminuiu nove pontos percentuais de 2010 para 2011. O dado é da 16ª edição da pesquisa Latinobarómetro, divulgada ontem em Santiago.

Realizado anualmente, o levantamento é feito pela ONG chilena Corporación Latinobarómetro, em 18 países da América Latina.

A queda do apoio à democracia no Brasil (de 54% para 45%) é mais acentuada do que a média da região, que caiu de 61% para 58%, após quatro anos de aumento.

A presidente do instituto, a economista Marta Lagos, atribui o fato principalmente ao impacto da crise econômica mundial nos países pesquisados. Sobre a queda do índice brasileiro, Lagos acredita ter relação com a mudança de governo.

"O combate de Dilma contra a corrupção expõe um problema político. Além disso, há uma distinção do discurso dela em relação ao de Lula. Enquanto ele dizia que combateria os problemas do povo, ela diz que combaterá os problemas da política."

Os números, porém, não são negativos quando a pergunta é sobre a aprovação dos governos.

O presidente mais bem avaliado da América Latina é o colombiano Juan Manuel Santos (75%), seguido de Dilma (67%) e do equatoriano Rafael Corrêa (64%).

O chileno Sebastián Piñera destoa com seu fraquíssimo desempenho, tendo apenas 28% de aprovação.

No ano passado, o campeão havia sido o ex-presidente Lula, com 86%.

A reeleição também mostrou estar em alta na região, com altos índices de aprovação, encabeçados por Argentina (77%), Brasil (72%) e Uruguai (69%).

"Houve uma excelente aceitação de líderes ou projetos que começaram na década passada, isso explica o desejo da população de que estes continuem, é o caso do kirchnerismo na Argentina, e dos governos do PT e da Frente Amplia no Brasil e no Uruguai", diz Lagos.

O Brasil lidera o ranking daqueles cuja população acha que a sua situação econômica pessoal será "muito melhor" no futuro, com 64% apostando nessa hipótese.

Porém, quando a pergunta é mais genérica sobre a satisfação com a vida, os que saem na frente são os costa-riquenhos, com 88% da população "muito ou bastante satisfeita".

"A Costa Rica tem uma das democracias mais estáveis da região, ao lado do Uruguai. A combinação de elementos favoráveis ali é grande, por mais que isso possa surpreender a alguns", diz Lagos.

Uruguai e Costa Rica lideram o ranking que indica os países cujos habitantes mais se consideram democráticos. Neste, o Brasil está em 10ª . Ambos também são os que mais rechaçam a ideia de um governo militar.

Nesse quesito, o Brasil novamente fica em 10ª.

Dilma aparece bem na "avaliação de líderes estrangeiros" - em segundo lugar, depois do presidente dos EUA, Barack Obama.

"Há algo notável em Dilma e em Cristina Kirchner, ambas passam uma imagem de liderança forte que talvez hoje nenhum presidente homem tenha na América Latina."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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