segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PSD cresce com a ajuda dos "amigos"

Nova legenda de Kassab consegue angariar mais prefeitos nos estados comandados por aliados no governo estadual

Denise Rothenburg

Um levantamento preliminar sobre os prefeitos recentemente filiados ao PSD mostra que o partido cresceu mais onde teve um empurrãozinho do governo estadual. Na Bahia, por exemplo, o vice-governador, Otto Alencar — um dos primeiros a assinar o manifesto de criação do partido —, teve uma colheita das mais proveitosas. O PMDB, por exemplo, calcula que ficará com apenas 60 dos 117 prefeitos que detinha antes do arrastão promovido por Alencar. "Perdemos muita gente para o PSD. O vice-governador oferecia o que fosse preciso para que os prefeitos trocassem de partido. O PSD já nasceu usando a máquina", reclama o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Ao dizer que o PSD nasce como "partido de aluguel" dos governadores em quase todos os estados, Geddel torna público o que muitos políticos de outras legendas avaliam nos bastidores. O próprio secretário-geral do PSD não nega que houve um crescimento maior onde o PSD é aliado dos comandantes estaduais: "Não somos de aluguel, mas temos uma boa convivência com os governadores. Geddel nos fez um favor ao brigar com o governador Jaques Wagner (PT). O máximo que íamos conseguir na Bahia era dividir o DEM. No momento em que Geddel brigou com Wagner, os insatisfeitos vieram para nós. Isso é da política", comenta Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD.

Ter o governador ou vice ajudou o PSD em estados como Santa Catarina, Amazonas, Mato Grosso. O quadro final de todo o país só estará pronto na próxima sexta-feira, quando deve sair a listagem final de cada partido. Mas em alguns estados já é possível fazer essa relação. Em Santa Catarina, por exemplo, o governador Raimundo Colombo, um dos primeiros a embarcar no PSD, angariou 70 dos 293 prefeitos catarinenses. No Amazonas, até a sexta-feira comentava-se que 16 prefeitos já haviam seguindo o govenador Omar Aziz, que migrou do PMN para o PSD. O estrago não foi maior porque, ali, ainda prevalece a liderança do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-governador e padrinho da candidatura de Aziz ao governo.

Em Mato Grosso, o vice-governador, Chico Daltro, levou seis deputados estaduais e 16 dos 62 prefeitos. Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos, do PSB, embora seja apresentado nacionalmente como um dos maiores aliados do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tratou de tentar calibrar o poder de fogo da nova sigla no plano estadual. O PSD lá obteve apenas 19 dos 184 prefeitos. Ou seja, não houve um arrastão nos partidos aliados ao governador. Ainda assim, o PSD considera positiva a sua atuação por lá.

Performance

A contabilidade inicial dos pessedistas mostra que eles só não tiveram sucesso — ou pelo menos acham que poderia a performance poderia ter sido melhor — no Rio Grande do Sul, no Acre e em São Paulo. Coincidência ou não, nos três eles não obtiveram a ajuda nem a neutralidade do governo estadual na busca de filiados com vista à eleição municipal do ano que vem. No caso do Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro, do PT, e quase todos os seus aliados apostaram contra o partido de Kassab. Nem no DEM, a colheita foi das melhores.

Um dos poucos gaúchos que se mostrou disposto a mergulhar no projeto de Gilberto Kassab é o deputado Danrlei de Deus, do PTB, que cumpre seu primeiro mandato na Câmara e chega ao PSD como presidente estadual. Talvez por isso, entre os 496 municípios gaúchos, ele só conseguiu levar dois prefeitos para o novo partido. No Acre, Sérgio Petecão, que também não contou com o apoio do governo de Binho Marques, do PT, nem mesmo sua neutralidade, não obteve sucesso na conquista de prefeitos. O levantamento preliminar apontada apenas a prefeita de Tarauacá, Marilete Vitorino, como integrante do PSD e candidata à reeleição.

Em São Paulo, onde o prefeito Gilberto Kassab comandou pessoalmente as filiações do PSD ao lado do vice-governador, Guilherme Afif Domingos, o saldo também foi inferior ao que o partido esperava. A aposta ontem era a de que até a sexta-feira apenas 40 prefeitos de um total de 645 tinham trocado suas legendas pelo PSD, segundo o levantamento preliminar. O número, se confirmado, não é nada desprezível, considerando a força dos tucanos no estado e o trabalho de Geraldo Alckmin para evitar um crescimento do novo partido. Alckmin sabe que entre os projetos de Kassab está conquistar o governo do estado em 2014. E, nos bastidores, há quem diga que o PSDB não pretende ajudar o PSD a concretizar esse plano.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Um comentário:

Anônimo disse...

E no Rio de Janeiro